Independentemente dos paralelismos que se possam delinear entre a “consciência moral kantiana” e a formulada por Rousseau, este último recalca as duas pulsóns primitivas do home a piedade e o instinto de conservaçón, isto é, a repugnância natural a ver sofrer os outros e o interesse polo nosso próprio bem-estar, de modo que “todas as regras do direito natural parecem derivar non da razón, mas do concurso e da combinaçón que o nosso espírito está na disposiçón de fazer de ambos os princípios, sem que sexa necessário fazer entrar em xogo a sociabilidade”. Ao introduzir a sociedade no contexto anterior, o instinto de consercaçón devém amor-próprio e cada qual se xulga o centro do mundo. O papel da piedade resulta entón aínda mais capital. ”É a piedade que, em lugar desta sublime máxima da xustiça racional: ”Faz aos outros o que queres que te façam a ti”, inspira a todos os homes, esta outra máxima de bondade natural que, embora menos perfeita, talvez sexa mais útil que a precedente: ”Procura o teu bem com o menor mal para os outros que for possíbel”, dita Rousseau no seu discurso sobre a desigualdade. A piedade é unha condiçón de possibilidade para viver em sociedade, ao permitir a razón argumentar contra si própria. Sem empatia, a coesón social desvanece-se e, por isso, é tán oportuno reler Rousseau nos nossos dias, quando a referida empatia brilha pola sua ausência, eclipsada por unha feroz competitividade individualista. Assim, Kant e Rousseau referem-se a cousas muito diversas quando abordam a consciência, pese embora que a sua funçón poderia ter um certo ar de família. Com efeito, a consciência rousseauniana nada tem a ver com o imperativo categórico de Kant, enquanto imperativo de um desinteresse absolucto, que esixiria renunciar a todas as paixóns, ao passo que em Rousseau, bem polo contrário, é a paixón pola xustiça que debe cultivar-se cuidadosamente, porque só esta paixón pode opor-se às paixóns sociais do amor-próprio. ”Se concebemos o home como um ser cuxo sentimento ou paixón dominante é o amor-próprio, a consciência opôm-se entón às paixóns; mas Rousseau inverte os valores, porque vê no amor de si um sentimento bom que, bem desenvolvido, desperta unha consciência respeitadora do amor de si de cada home, isto é, do seu dereito natural à igualdade e à liberdade, tanto no plano físico como moral”, assinala Martin-Haag no seu libro “Rousseau ou a Consciência Moral do Iluminismo” (Rousseau ou la Conscience Sociale des Lumières). Esta consciência procuraria satisfazer o nosso interesse particular mediante a realizaçón do interesse comum. O chamativo é que, apesar de tanto Kant como Rousseau invocarem a consciência moral como pedra de toque para definir o eticamente correcto, o primeiro recorre para isso à razón como instância suprema, enquanto o segundo remete para o sentimento.
ROBERTO R. ARAMAYO