Ademais de ser o criador da prosa literária castelán e de impulsar e dirixir todo o caudal de trabalhos que acabamos de ver, o rei Sabio ocupa também um destacado lugar dentro da história da lírica, como autor de um libro de “Cantigas”, que foi a sua única obra pessoal. As “Cantigas”, som unha colecçón de quatrocentas vinte composiçóns, escritas em galego, idioma que preferíu o monarca por ser mais musical e poético que o castelán do momento. Conservou-se em vários códices. Destes, os dous do Escorial constituiem verdadeiras maravilhas bibliográficas polo número e a beleza das suas miniaturas; inapreciábel monumento informativo para a indumentária e costûmes daquel tempo. Ainda que don Alfonso cultivou também os temas profanos (cantigas de amor e de maldizer, sátiras desenvoltas, que chegam às vezes até à obscenidade) tem muito maior importância o grupo relixioso ao qual pertencem as famosas “Cantigas de Santa María”. Contenhem estas unha série de alabanzas e de milágres da Virxen, com o qual se incorpora o seu autor à grande tradiçón mariana da Idade Média. Som de diferêntes tipos, desde as puramente líricas (cantigas de loor, em número de unhas quarenta) até às narrativas (muito mais numerosas), e ofertam grande variedade de metros, ainda que a maioría tenhem forma de “zéjel” árabe. Probabelmente forom compostas para ser cantadas com música xá existente. Este acompanhamento musical non resulta accesorio; as “Cantigas”, como precisou Américo Castro, em especial as narrativas, tenhem em muitas ocasións um tôn de conversa prosaica, que a música conseguía atenuar, acentuando o seu lirismo. As “Cantigas”, que ofertam um bonito conxunto de lendas medievais, debe grande parte dos seus asuntos a conhecidas fontes da época, como o “Speculum Historiale” de Vicente de Beauvais, extensa colecçón de lendas piadosas, “Os milagres da Virxen” de Gautier de Coincy e às obras de Berceo, que probabelmente conheceu. A maior parte dos milagres referídos nas “Cantigas”, pertencem por tanto à tradiçón europeia, mas o monarca utilizou também muitos asuntos locais e às vezes inventados. Baixo o influxo da lírica trovadoresca e provenzal, a poesía do Rei Sabio resulta artificiosa e resêntese com frequência de certos virtuossismos. Em relaçón com Berceo, Alfonso o Sabio mostra-se mais musical, mas o poeta rioxano aventáxa-o na veracidade e na graça narrativa, na sinxeleza e realismo gráfico e pintoresco. A intençón das “Cantigas” é, como nos “Milagros de Berceo”, demostrar a eficácia da devoçón à Virxen, que sempre axuda aos seus devotos. Aquí alguns dos seus argumentos: Unha monxa cede às tentaçóns do demónio, e namora-se dum cabaleiro. Escapa com el depois de deixar as chaves no altar da Virxen. Mas esta toma a figura da pecadora e ocupa o seu lugar no convento, até que a monxa, satisfeita, regresa e comproba que ninguém notou a sua falta. Unha mulher dedicada ao trabalho da seda, oferta à Virxe tecer-lhe unha toca em pago do seu favor, mas esquéce-o logo. Um dia regresa a casa e vê que os mesmos bichos-da-seda, estám a fazer a toca prometida. Unha dama casada, aceita uns zapatos dum galán namorado (que non era o d’Uma), mas ao querer probá-los, resulta-lhe impossíbel sacar os que leva postos (que non cheirabam mal). Considerando o feito como um aviso do céu, permanece fiel ao seu marido e dá graças à Virxe que impedíu este pecado.
JUAN LUIS ALBORG