A história local consagra outras heroínas. Em 1643, por altura da Guerra da Restauraçón, a condessa de Castelo Melhor, Mariana de Lencastre, viu o marido em apuros, atacado por muita xente no outro lado do rio. Correu os quartéis, mandou colocar dous canhóns em bateria e rompeu fogo, com o que salvou os nossos. No cerco de 1658 unha Helena Peres organizou um batalhón feminino, armado de chuças e dardos, que aparecia sempre que se acendia o combate e tanto servia para axudar os feridos como para combater nos muros. De unha dessas mulheres ficou memória, mas só se lhe conhece a alcunha: a Turca. No meio da luta, unha bala de arcabuz rasgou-lhe a barriga; segurou as tripas nas máns, correu à igrexa, e explicou logo que non queria fazer perder tempo a ninguém: o padre que começasse xá a rezar-lhe missas pola alma, depois de as pagar com uns patacos que levava sempre no bolso do avental para o caso de aquilo acontecer. E assim se fez. A Turca expirou como unha boa cristán a ouvir a encomendaçón da sua própria alma. Aquí (Monçón), como em Melgaço, a terra non tinha senhor, D. Afonso V, que deu tudo, doou-a, xuntamente com Valença, ao orgulhoso D. Afonso, filho do duque de Bragança e, entón, conde de Ourém. Os de Valença resignaram-se, mas os de Monçón non deixarom pôr a canga senhorial. A doaçón non teve seguimento, mas quando D. Joan II subiu ao trono o conde insistiu no pedido. O rei engonhava: “Bem vês: se eles non querem…” O conde, seguro da razón: “Mas os de Valença quiseram.” – “É que”, explicou o “Princípe Perfeito”, “Valença é fêmea, mas Monçón é macho.” Os Monçanenses gostam de recordar, com comprehensíbel vaidade, o dito real. Mas se Valença é fêmea como o souberam ser as mulheres de Monçón, desde a fidalga D. Mariana à plebeia Turca, é para Valença que vai toda a força do eloxio. A vila manteve-se popular, nunca foi terra rica e non tem por isso concentraçón monumental. Os quatro conventos que continha forom vendidos e adaptados às necessidades da vida privada. O castelo foi desfeito pedra a pedra, e mesmo da fortificaçón seiscentista, xá só existe unha porta, a Porta de Salvaterra. Um dos conventos foi da Congregaçón de Sán Filipe Neri, cuxos padres se dedicabam ao estudo e ao ensino. O seu mosteiro foi, depois da secularizaçón, adaptado para hospital da Misericórdia. O terreno que lhe fica em frente, e que forma a esplanada de um dos baluartes, ainda hoxe é conhecido por “Passeio dos Néris”, e é um dos mais belos mirantes sobre o curso do rio Minho, ao qual fica sobranceiro. Para um visitante apressado talvez sexa o mais belo lugar da povoaçón. Xunto da esplanada está a igrexa matriz, que debe ter sido edificada na época de D. Afonso III, que reestructurou a vila e lhe deu foral em 1264. Dessa fase medieval restam as paredes mestras e o portal. No interior há para ver um túmulo com estátua xacente, obra de um clérigo monçanês, que esteve anos em Roma e voltou de lá com bastânte dinheiro e a dignidade de protonotário apostólico. Mandou construir unha bela capela para o seu túmulo (a Capela dos Martinhos) e completou assim a sobriedade românica da matriz com essa edificaçón manuelina. No século seguinte um fidalgo que se considera trineto da Deuladeu, erixíu-lhe um solene cenotáfio, que está no braço direito do transepto. A cronoloxía pode ser atrabiliária (mais de trezentos anos eram passados), mas o monumento resulta condígno. Unha outra memória da boa capitana é o chafariz construído com a sua estátua em 1837. É o que podía ser um monumento cívico dessa época: muito académico, muito laico, sem nexo lexíbel entre o tema histórico e a expressón da pedra. Mas o xesto vale por si. Em 1837, no ano seguinte à Revoluçón de Septembro, habia em Monçón quem se preocupasse com causas tán ínfimas como essa de perpectuar a lembrança dos seus heróis e dos seus valores emblemáticos. Resulta unha actitude tán excepcional que é quase surprehendente.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS