
Como vimos nas páxinas anteriores, o surximento em massa de apátridas e refuxiados após a Primeira Guerra Mundial xá mostrou ao mundo a existência de grandes grupos de pessoas que eram consideradas “supérfluas”, e a facilidade com que a situaçón era aceite tanto por parte da sociedade como dos Estados. Ser supérfluo significa non pertencer em absolucto ao mundo, carecer totalmente de um espaço intersubxectivo de relaçóns sociais e de reconhecimento político, xá non pertencer a lugar algum. O passo prévio a se assinalar grupos de pessoas como supérfluas é o seu desenraizamento, e este desenraizamento é, segundo Arendt, unha das características das sociedades de massas modernas: a situaçón de perda do comum e do sentimento de pertença a unha comunidade. É essa pertença que dá sentido às nossas vidas e relaçóns, o que nos permite o reconhecimento dos outros. Quando os indivíduos xá non tenhem um lugar partilhado com outros, é mais fácil e probábel que sexam assinalados como supérfluos, como pessoas que sobram ou excedentes da sociedade, aqueles a quem ninguém vê. A experiência da “superfluidade” nas sociedades de massas, neste sentido, aplanou o caminho para a soluçón totalitária: “Os Estados totalitários aspiram constantemente a conseguir a superfluidade dos homes; isto só foi conseguido nos campos de concentraçón”. É esta experiência da superfluidade, radicalmente nova, que constitui, em seu entender, a entrada em cena de um novo tipo de mal, desconhecido até à data, ao qual chamará “mal radical”, como veremos nas próximas páxinas.
CRISTINA SÁNCHEZ