Arquivos diarios: 31/12/2022

LITERATURA CASTELÁN (LIBRO DE APOLONIO)

O “Libro de Apolonio”. Ainda que no estudo do mester de clerecía antepuxémos a Berceo polo seu especial significado dentro dele, é muito possíbel que a primeira produçón desta espécie, tenha sido o “Libro de Apolonio”, obra anónima do século XIII, escrita probabelmente sobre 1240. O propósito, manifestado polo poeta no verso terceiro da obra, de “componer hun romançe de nueva maestría”, fai supor que se trata, em efeito, do primeiro poema deste xénero, mas non parece que o contexto da estrofa esixa admitir necesariamente a primacía absolucta do “Libro de Apolonio”; a “nueva maestría” podía muito bem ser xá conhecida e o poeta declara simplesmente a sua intençón de escreber nela. O texto, de 2.624 versos, chegou até nos num manuscripto único de “El Escorial”, o mesmo que contêm, como vimos, a “Vida de Santa María Egipciaca” e o “Libro de la infancia y muerte de Jesús” ou “Libre dels tres Reys d’Orient”. Debido ao lugar de nascimento do autor do poema, ou mais probabelmente por haber sído copiado por um aragonês, conserva alguns rasgos deste dialecto. As quartectas monorrimas do “Apolonio” ofertam algunhas irregularidades métricas; non obstânte – e habída conta, ademais, das que poidam ser debídas ao copista- non som muitas em proporçón; mais bem sorprehende, dada a novidade do mester que manexa, que o poeta domina a sua técnica com grande perfeiçón e logra dar ao relato unha plasticidade e movimento sorprehendentes em obra tán primeiriza. O tema da obra está tomado de unha novela “bizantina”, xénero equivalente durante as centurias medievais ao que podería ser nos nossos tempos unha novela de aventuras, das que aquelas som o remoto precedente. O seu orixinal grego non se logrou encontrar, ainda que gozou de grande difusón na Europa do seu tempo, como outras muitas obras da sua espécie. O poeta espanhol talvez se inspirou num modelo francês ou provenzal, tomado à sua vez das varias versóns latinas que circulabam; unha das quais se encontra nos “Gesta Romanorum”; conserva-se ademais a “Historia Apollonii regis Tyri”, versón latina atribuida a Simposio, e um poema do século X, titulado “Gesta Apollonii”. Mas, o poeta espanhol aparta-se frequentemente do modelo para amplificar ou reducir o orixinal, introducindo modificaçóns, que tendem a fazer os feitos mais familiares ao mundo habitual dos seus ouvintes; consegue assím dar nova vida aos dactos da lenda e criar às vezes animados quadros de costumes medievais casteláns, como a saída de Tarsiana à praça, para exercer as artes de xugraresa; episódio ponderado por Menéndez y Pelayo e que mereceu assim mesmo, a atençón de todos os comentaristas. O assunto do libro consiste nas aventuras de Apolonio, rei de Tiro, que ao cabo de muitos anos e complicadas peripécias recobra a sua perdida mulher, Luciana, e a sua filha Tarsiana, à qual encontra convertida em xugraresca. Este tipo de novelas tomaba como remoto modelo a Odisseia, e o enxenho e a astucia xogam nelas maior papel que o valor guerreiro próprio dos cantares de xesta ou dos libros cabalheirescos. O protagonista, experto nas artes musicais e em todos os xogos da cortesía, encarna um mundo refinado e poético no qual a aventura vale por sí mesma. Lances de toda espécie, encontros inesperados, raptos e naufráxios sucedem-se profusamente, sem que a verossimilitude importe em absolucto. A obra, com a sua acumulaçón de novelescos episódios, revela no autor unha habilidade narrativa, superior à de todos os demais poetas de clerecía, um estilo vivo e animado e unha innegábel arte para dispor os elementos da acçón.

J. L. ALBORG