Arquivos diarios: 04/12/2022

KARL R. POPPER (O PROBLEMA DA INDUÇÓN)

A Induçón, como método científico xenuíno que amplia os nossos conhecimentos sobre o mundo, recebeu um primeiro golpe de David Hume a meados do século XVIII. Segundo ele, o raciocínio inductivo, apesar de o aplicarmos em todo momento na nossa vida quotidiana, resulta de um mero hábito, psicoloxicamente compreensíbel, mas racionalmente inxustificado. Acontece apenas que nós, os seres humanos, estamos mentalmente constituídos de tal forma que esperamos que as nossas experiências futuras sexam iguais ou semelhantes às experiências passadas. Non há, contudo,nenhuma xustificaçón racional para tais expectativas, e a qualquer momento podemos ter unha surpresa ingrata. O “quid” do assunto foi exposto dous séculos mais tarde por Bertrand Russell com unha parábola xocosa sobre a razón de a induçón non ser boa conselheira: na granxa, o pito está habituado a que todas as manháns o agricultor o venha alimentar, e daí infere que na manhám seguinte isso continuará a ser assim. Até ao dia em que o agricultor chega e, em vez de lhe dar de comer, para grande surpresa da ave, lhe retorce o pescoço. Confiar na “induçón” pode ter funéstas consequências… Embora Popper non concorde com todos os aspectos da posiçón filosófica de Hume (em especial, com o seu empirismo radical), sente por ele unha grande admiraçón; considera que Hume resolveu de unha vez por todas o “problema da induçón”, e que o resolveu de forma negativa: o raciocínio inductivo non é racionalmente xustificábel, e todas as tentativas posteriores a Hume para fundamentar, de algunha forma, algum tipo de método inductivo (tentativas que prosseguiam xá bem avançado o século XX) están inexorabelmente condenadas ao fracasso.

C. ULISES MOULINES