Arquivos diarios: 20/12/2022

NIETZSCHE (O “ETHOS” OU A MANEIRA DE ESTAR NO MUNDO)

Embora nos brinde com “teorias” que demonstram o funcionamento da realidade, Nietzsche non tem a mais pequena intençón de competir com a ciência. Nos textos que escrebeu pensando na sua publicaçón, Nietzsche non se esforçou em demonstrar a validez empírica das suas ideias. Unha hipótese como a do “eterno retorno” debe entender-se como “simulacro” explicativo que non tem pretensón de verdade, como por exemplo a tem a lei da gravitaçón universal. A sua intençón é, por outro lado, pulverizar as nossas certezas para estimular um tipo específico de existência humana. Toda a filosofia de Nietzsche é, no fundo, unha ética, isto é, um conxunto de reflexóns que tem como obxectivo último promover um determinado “ethos” ou maneira de estar no mundo. Assim, mais do que como unha teoria cosmolóxica confusa, “o eterno retorno” debe ser interpretado como unha teoria ética que prescréve com clareza certa actitude vital. Pela perspectiva normativa, a doutrina do “eterno retorno” sería algo assim como unha versón nietzschiana do imperativo categórico de Kant. Em síntese, o novo imperativo pode expressar-se do seguinte modo: “qualquer cousa que queiras, quere-a de tal modo que sexas capaz de querer também o seu eterno retorno.” Adeus a todas essas pequenas cobardias e preguiças que infestam o nosso dia a dia. O “eterno retorno” impóm-nos um querer absolucto, unha vontade que non se refuxía em desculpa algunha. Esta guía de conducta é meramente formal e non xulga nenhum conteúdo “a priori”, isto é, non nos diz nada acerca daquilo que devemos querer ou deixar de querer. A única cousa que prohíbe é querer a meio gás. O “eterno retorno” como imperativo é unha proba ou critério de seleçón. Na sua procura de espíritos afins, Zaratustra pergunta-nos: ¿sois capazes de viver cada instante enquanto carregais com o peso da eternidade? ¿Estais dispostos a sentir infinitas vezes cada unha das alegrias e das penas desta vida? ¿Podeis dar um sim definitivo a todas as vivências e circunstâncias, escolhidas ou impostas, que forxam a vossa existência? Mas non se trata unicamente de um teste de resistência ou força. Zaratustra non reivindica a resignaçón cristán (“nada se pode fazer”, “assim o quis o Senhor”), nem tán-pouco a imperturbabilidade do estoicismo (“nada poderá alterar a minha paz interior”). A questón non é só ser capaz de suportar a carga da eterna repetiçón de cada instante, mas chegar a querê-la ou desexá-la. O desafio consiste, especificamente, em conseguir “amar” semelhante carga.

TONI LLÁCER