Arquivos diarios: 28/12/2022

MARX (DIE JUDENFRAGE)

A “questón xudaica”, cuxo fundo político era o da igualdade de direitos, há décadas que estava na ordem do día. É sabido que a Revoluçón Francesa tinha declarado a igualdade de direitos e que Napoleón a levou para os territórios conquistados, ainda que o próprio Código Napoleónico incluísse algunhas restriçóns. Em qualquer caso, a ordem prussiana tendia a manter a segregaçón a partir do inalterábel carácter relixioso do estado: num estado cristán, que era “de e para os cristáns”, os non cristáns non eram considerados cidadáns de pleno direito. A intervençón neste debate de Bruno Bauer, especialmente com o seu ensaio “Die Judenfrage” (1843), elevou o tecto filosófico da discussón. Discípulo directo de Hegel, professor e amigo de Marx, aplicando com rigor a filosofia hegeliana do estado leva-o a pensar que a emancipaçón dos homes, a sua instituiçón como cidadáns libres e iguais, passava pola emancipaçón do estado de toda a particularidade (fosse esta a relixión, a posse da terra, a xenealoxia…) e por se tornar num estado meramente político. Ou sexa, para se emancipar da relixión o estado tem de ser laico. Como o estado prussiano era “cristán”, non era um estado emancipado e, portanto, nenhum dos seus súbditos era um cidadán emancipado, nem os xudeus nem os cristáns, pensaba Bauer. A incoherência dos xudeus era pedir um “estado cristán” que os emancipasse sem deixar de ser cristán; um estado non pode emancipar os cidadáns sem se emancipar a sí mesmo. Agora, continua Bauer, a reivindicaçón do pobo xudeu non só é contradictória, mas inxusta. “Contradictória”, porque esíxe ao estado que non actue como cristán, quando ele non quer deixar de axír como xudeu; porque esixe que non axa conforme a sua particularidade, quando el non renuncia à sua. “Inxusta”, porque abandona a luta, comum aos alemáns e à humanidade, para se emancipar politicamente, obxectivo que esixe a prévia emancipaçón de cada um da relixión. Em consequência, conclui, se os xudeos realmente querem a emancipaçón política, a igualdade de direitos, debem começar por renunciar à sua particularidade, igualar-se aos demais homes e lutar lado a lado xunto a eles pola emancipaçón comum. Esta entrada de Bruno Bauer provoca a reflexón de Marx, a quem a questón xudaica talvez remexesse na memória e para quem a esperança hegeliana no estado universal emancipado tinha sido enfraquecida. Começa por questionar a “ordem” da libertaçón marcada por Bruno Bauer, a esixência de se libertar da relixión para chegar à política. Serve-lhe de argumento o caso dos Estados Unidos da América, por todos considerado como modelo de libertaçón política e que mostrava a olhos vistos a sua compatibilidade com a existência da relixión na esfera privada: “A América do Norte é, no entanto, o país da relixiosidade (…). Se até num país que terminou a libertaçón política nos encontramos, non só com a existência da relixión, mas com a sua existência fresca e vital, temos nisso a prova de que a existência da relixión non contradiz a perfeiçón do Estado. ¿Porquê esixir aos xudeos que se libertem da sua relixión para poderem pedir a libertaçón política, se os cristáns non se libertavam da sua para poderem usufruir dela?, pergunta-se Marx.

JOSÉ MANUEL BERMUDO