Arquivos diarios: 24/12/2022

UNHA TEORIZAÇÓN ISLÂMICA DA VIDA SOCIAL

Al-Farabi interessou-se vivamente pola política, como evidencia a sua ampla produçón sobre o tema: “O Compêndio das “Leis” de Platón, “A Concepçón Platónica” e a “Rectificaçón do Governo Político e dos Costumes”, “Capítulos sobre o Governo Cidadán”, “Sobre o Governo das Cidades” e “Tratado sobre as Opinións dos Membros da Cidade Virtuosa ou Ideal” (al-Madina al-Fadila), que é a mais influente das suas obras políticas e que, abreviadamente, chamamos “A Cidade Ideal” (aqui centrar-nos-emos nesta obra). ¿Porque é que comentou apenas as obras políticas de Platón? Porque a “Política” de Aristóteles era desconhecida entre os árabes medievais, embora soubessem da sua existência e pudessem ter tido acesso a um resumo helenístico da obra. O seu ponto de partida é o reconhecimento da natureza social do home. “É impossíbel o home obter a perfeiçón para a qual os seus dotes naturais foram criados a non ser formando sociedades xerais e muito variadas onde mutuamente se axudem e se ocupem, uns dos outros, com parte do que necessitam para viver. Associam-se pois, para poderem encontrar no trabalho de todos o que necessitam para que cada um subsista e obtenha a perfeiçón.” Distingue a natureza da sociedade, pois aquela funciona por necessidade, enquanto a vida social se baseia na liberdade, as disposiçóns, os hábitos e os actos de carácter social som, pois, voluntários. Distingue dous tipos de sociedades, perfeitas e imperfeitas. Som sociedades perfeitas o mundo, a naçón e a cidade, e imperfeitas a aldeia, o bairro, a rua e a casa. “O bem mais alto e soberano e a perfeiçón mais alta obtêm-se em primeiro lugar na cidade, mas non em sociedades menores e mais imperfeitas.” Pode destacar-se a importância dada polo nosso filósofo à cidade num período caracterizado polo desenvolvimento urbano e mercantil do mundo islâmico, do qual constituem um modelo as grandes cidades do medievo, Bagdade e Córdova.

ANDRÉS MARTÍNEZ LORCA