Arquivos diarios: 19/12/2022

O TEMPO E A ALMA (MELGAÇO, EM RIBAMINHO)

Em todo este Alto Minho os vestíxios da ocupaçón humana desde períodos remotíssimos, som densos e impressionantes. Está documentado o povoamento paleolítico. O conxunto de monumentos megalíticos é também excepcionalmente marcante. E nunha fase posterior, a cultura castrexa está presente em inúmeros locais. Aqui bem perto (e a valer um desvio) fica Castro Laboreiro, nome que só por si rebela unha orixe. Depois da época dos castros e das citânias, andarom por aqui os Romanos. Esta palabra “Melgaço” está ligada com isso, supón-se que a sua orixe, seria nome de um tal Melgaecus, romano ou nativo muito romanizado, cuxa vida pode ser documentada por inscripçóns epigráficas aqui do Alto Minho. Tudo nestas serranias bravas nos fala de muitos milhares de anos com sucessivos horizontes de povoamento. Existe unha tradiçón, sem outra consistência que non sexa a da lenda, segundo a qual a actual vila de Melgaço está edificada no lugar onde outrora esteve unha grande cidade que tinha por nome Ribaminho. No fundo destas fantasias há muitas vezes um grán de verdade, e neste caso a verdade é que Melgaço está implantada nunha rexión cuxo antigo nome foi efectivamente o de Ribaminho. Do mesmo modo que existe um Ribatexo, um Ribadouro, um Ribacoa, um Ribatâmega, um Ribadave, existíu outrora a rexión do Ribaminho, que era a que ficava para sul do curso do Minho. O lugar é terra pobre, plataforma entre montes de granito, donde o esforço pertinaz do Minhoto, consegue arrancar algunhas arcas de milho e duas mil pipas de vinho por ano. Além do rio Minho, há pequenos cursos de água que axudam os labradores: o rio Peneda, o Castro Laboreiro, o Trancoso (que define, do lado leste, a fronteira com a Espanha) e o rio Mouro, que atravessa todo o concelho de Melgaço. À volta avista-se a mole das serranias galegas, e sente-se que a vida ali nunca debe ter sído fácil. A terra non tinha senhor: era unha comunidade de xente brava, homiziados por violências, que alí buscabam abrigo. Nunha rexión predominantemente senhorial, Melgaço era, por excepçón, vila do povo. D. Sancho II concedeu aos moradores a própria alcaidaria do castelo. Mas debía ser unha luta ínvia contra o granito; a caça e a pesca no rio (esta era regulada no foral manuelino, como cousa que xá vinha de lonxe) mal axudavam a matar a fame. Em 1361 o rei D. Pedro deu-lhes unha regalía valiosa: tornou-a ponto obrigatório de passaxem para os mercadores e viaxantes que se dirixíssem à Galiza. Dous proveitos num saco: axudaba a terra e impedía o contrabando.

JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS