HABERMAS (A ÉTICA PROTESTANTE SEDIMENTANDO O NOVO MODO DE VIDA BURGUÊS)

Assim, os membros deste público burguês aprimorarom-se nas prácticas da autoilustraçón: a leitura, a escrita, o debate, a opinión e a crítica. O “cultivar-se a si mesmo”, entre outros, é um requisito para ser aceite nos espaços de discussón. A emerxente imprensa constitui um meio essencial para impulsionar a esfera pública. As pessoas “civilizadas” non só acedem à erudiçón, como hasteiam a pretensón igualitária dos “nascidos iguais”, os “meramente humanos” que, tendo atinxido a “maioridade” (Mündigkeit), están na disposiçón de xulgar criticamente tanto na esfera cultural como na política. Conquista-se o território da consciência individual ligada à liberdade negativa, aos direitos individuais, mas instiga-se a criaçón de um novo espaço de opinión e de crítica públicos que orixinará o anseio democrático, a liberdade positiva, o autogoverno colectivo. Habermas, muito influenciado por Max Weber, um dos pais fundadores da socioloxia, aponta para unha conxunçón de motivos económicos (o capitalismo emerxente) e relixiosos (a ética protestante) que ván sedimentando o novo modo de vida burguês e a sua mentalidade. É o fundamento histórico que delineia o ideal e a aspiraçón à autonomia: à liberdade de dirixir a própria vida sem ter de prestar contas a nada nem a ninguém senón a si mesmo, a própria consciência individual converte-se no último tribunal de recurso, a instância crítica por excelência. O valor que Habermas dará posteriormente à comunicaçón e ao reconhecimento dos outros supera, no início dos anos oitenta do século passado, a filosofia da consciência, do suxeito monolóxico, para passar ao âmbito intersubxectivo da comunidade de diálogo universal. Em capítulos seguintes, abordaremos os conceitos de actos de fala e comunidades de investigaçón, inspiraçóns para a viraxem intersubxectiva. A esfera íntima, no contexto da privacidade, converte-se no ponto de arranque da subxectividade burguesa. A possibilidade de exercer o raciocínio público dependerá directamente do processo de “autoilustraçón” das pessoas privadas no quadro das inovadoras experiências do íntimo na família e no círculo das amizades. As fases de criaçón da esfera pública som as seguintes: -Autoilustraçón centrada na educaçón e nas prácticas de leitura, escrita e diálogo entre íntimos na esfera privada. -Apreciaçón da “cultura”, especialmente dos romances, o xénero burguês por excelência, o que dá lugar à esfera pública literária. -Exercício do xuízo crítico e da opinión política, em que se pode sentir o papel central da argumentaçón e da deliberaçón. Encontramo-nos perante espaços de liberdade, mas também de exclusón. Unha exclusón cuxos eixos som, como xá se indicou, a classe social – os trabalhadores – e o sexo – as mulheres -, e que foi perpectuada polo ordenamento político, por exemplo, no código civil napoleónico. Assim se expressava o limite da “igualdade de qualidade humana dos nascidos iguais” que afirmaba, non obstante, “a autoridade do argumento” face à “autoridade da hierarquia social” ao tratar do “xeral”.

MARÍA JOSÉ GUERRA PALMERO

Deixar un comentario