Arquivos diarios: 09/12/2022

PASCAL (JANSENIUS E O SEU AUGUSTINUS)

Como dizíamos, a obra de Jansenius, o seu Augustinus, tinha como pano de fundo a disputa entre dominicanos e xesuítas, e com ela tentaba encerrar a polémica demonstrando que a opinión dos dominicanos, a interpretaçón dramática do pecado orixinal, era a correcta. Para isso dividiu a obra em três partes. Na primeira aborda o pelaxianismo, unha doutrina condenada pola Igrexa como heréctica. O seu fundador foi Peláxio (IV e V depois de Cristo), que afirmou que o pecado de Adán e Eva non tivo consequências históricas, pois non feriu nem enfraqueceu a natureza humana; esta é radicalmente boa por natureza e pode fazer o bem, inclusivamente sem a axuda da graça. Peláxio foi duramente atacado polo seu contemporâneo Santo Agostinho. Nesta primeira parte, Jansenius avisava os xesuítas de que caminhavam por unha linha muito fina e de que a qualquer momento podiam cair para o lado do pelaxianismo. A segunda parte do libro centra-se na ideia do pecado orixinal e na interpretaçón dramática feita por Santo Agostinho. Assim, segundo Jansenius, o pecado orixinal deixou-nos nunha situaçón de absolucta corrupçón: a nossa liberdade non é suficiente, precisamos da graça divina para conseguirmos a nossa salvaçón. A terceira e última parte do “Augustinus” aborda essa graça indispensábel para atinxir a salvaçón. Em suma, o que Jansenius afirmaba na sua obra é que Santo Agostinho estaba tocado pola inspiraçón divina e que tudo o que fosse contra o seu maxistério ia contra o próprio Deus. Quando o “Augustinus” foi publicado, a Inquisiçón leu-o atentamente e condenou-o como herético em 1641. Um ano mais tarde, em 1642, o papa Urbano VIII ractificou essa condenaçón. Entretanto, o amigo e colega de estudos teolóxicos de Jansenius, Duvergier, xá conhecido como o abade de Saint-Cyran, decidiu, com os irmáns Arnauld, que dirixiam a abadia de Port-Royal, estabelecer aí a doutrina jansenista, ignorando os ataques da Igrexa de Roma ao movimento. A reaçón dos teólogos xesuítas, que controlavam naquela altura a Sorbonne, non se fixo esperar. Nicolas Cornet, síndico da universidade, lançou um duro ataque contra o “Augustinus”, e considerou cinco das suas propostas heréticas por serem próprias do protestantismo. De Paris esixirom ao novo papa, Inocêncio X, que tomasse unha posiçón clara e categórica, e foi isso que fez ao emitir unha nova condenaçón em 1643. Desta vez, os jansenistas responderam argumentando que as proposiçóns tinham sido mal interpretadas, xá que tinham sido intencionadamente tiradas do conxunto do texto e lhes tinha sido dado um sentido diferente do que albergam na realidade.

GONZALO MUÑOZ BARALLOBRE