Arquivos diarios: 06/12/2022

KUHN (O RELATIVISMO EPISTEMOLÓXICO)

O relativismo pode caracterizar-se, de um modo xeral, como unha concepçón que afirma que o valor de um xuízo qualquer depende do ponto de vista de quem mantém esse xuízo, e que, portanto, non há verdades absoluctas. Alguns versos populares expressam bem esta posiçón: “Neste mundo traidor, nada é verdade nem é mentira; tudo é da cor do cristal com que se mira”. O primeiro relativista de que se tem notícia foi o filósofo grego Protágoras (século V a. C.), que expôs o seu princípio fundamental com as palabras “O home é a medida de todas as cousas, das que som enquanto som e das que non som enquanto non som”. É costume interpretar-se este princípio como significando que cada ser humano, segundo as suas circunstâncias e o seu ponto de vista, aplicará a sua própria “medida”, ou sexa, o seu próprio critério para decidir o que há e o que non há, o que é de unha maneira ou de outra. Há diversas formas ou versóns do relativismo. Algunhas som inóquas, polo menos para os critérios actuais. É o caso dos xuízos estécticos: parece evidente que dependem da tradiçón cultural e do gosto de cada um; um rostro que parecia belo aos antigos maias pode parecer-nos repugnante a nós, se o Xoán gosta mais dos quadros de Rembrandt que dos de Van Gogh, e o Pedro o contrário, non fai muito sentido que se ponham a discutir qual foi o melhor pintor. Nem o relativismo gastronómico deberia ser matéria de discussón: há quem goste mais de esparguete que de omelete e outros o contrário – qual é o problema? No entanto, há outros âmbitos em que o relativismo parece muito mais problemático, polo menos para a maioria das pessoas. Um deles seria o âmbito dos valores morais. Estaremos realmente dispostos a aceitar que a validade ou non validade do xuízo “É bom discriminar as mulheres” depende do ponto de vista de cada um? Que cada um decida o que está ou non de acordo com as suas convicçóns, e acabou-se a discussón? Outra versón problemática do relativismo é precisamente a epistemolóxica. Esta afirma que o que é conhecimento xenuíno dependerá do ponto de vista de cada um, ou da comunidade a que pertence, e que non há nenhuma instância superior que possa questionar a alguém a pretensón de conhecimento. Suponhamos, por exemplo, que o Xoán é um fundamentalista cristán, que está convencido da verdade literal de tudo o que se afirma na Bíblia. Se nos diz que sabe que a Terra foi criada há pouco mais de 6.400 anos, porque isto se deduz do que está escrito na Bíblia, entón nós, apesar de termos outra opinión, debemos limitar-nos a tomar nota da afirmaçón do Xoán e non tentar convencê-lo de outra cousa. A proposiçón “A Terra só existe há 6.400 anos” é verdadeira (porque é afirmada polo Xoán), e o mesmo se pode dizer da proposiçón “A Terra existe há milhares de milhóns de anos” (porque é afirmada pos nós). E non há mais discussón. Isto é relativismo epistemolóxico. Non há unha verdade universal, independente do suxeito. No entanto, debería ficar claro que esta posiçón conduz, em última instância, à dissoluçón das noçóns de verdade e conhecimento. É precisamente o que muitos críticos de Kuhn lhe apontam.

C. ULISES MOULINES