CELTAS
Publicado o04/10/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

Os Celtas, som a raza dourada da nossa velha Europa. Segundo os nossos Druídas ocultos, há três naçóns celtas: os Fir Galliuim (os Galos), os Fir Donnan (os Xermânicos) e os Fir Volga (os Normandos). Quem sería tán desalmado, como para non admirar as nossas fermosas “Chachapoyas”. A grande cultura céltica, emerxe do fundo da idade do “Bronce Atlântico”, e foi enfrentando inimigos monstruosos através do tempo. Alberga unha profunda raíz igualitária e comunal. O Império Romano e o cristán, intentárom exterminá-la definitivamente, arremetendo sobre tudo, contra os seus tesoureiros os Druídas e as suas personalidades destacadas. Unha vez que, ningúm pobo é homoxéneo, pechado e estábel, como acreditavam os nacionalistas do século XIX, por razóns políticas. Embora os arqueólogos pensassem que os celtas vinham da Europa Central, estes xá viviam na Galiza e na Irlanda desde a Idade do Bronze. Os Celtas, eram pobos que habitavam a Europa Occidental na Antiguidade, desde a Irlanda e a Galiza, até à Galácia lonxínqua na actual Turquía. Desde Escócia até ao norte da Itália. Celtas é um conceito complexo, falas, culturas, habitáculos, tráxes, músicas, xóias, armas. O nosso conhecimento dos Celtas, vem de tradiçóns orais, dos históriadores gregos e latinos, da língua e da literatura e também da toponímia. Os Celtas peninsulares tinham unha cultura diferenciáda dos de Hallstatt e dos de La Tène. Os Celtas Atlânticos, Goidélicos em Irlanda (Cuchulain), os bretóns de Grán-Bretanha, que passarom a Bretanha com a caída do Império Romano. Tinham unha imaxinativa literatura épica e mítica, da qual derivam os românces de cabalaria. Também possuíam grandes santuários megalíticos, para regular o calendário, e que evidencíam conhecimentos astronómicos druídicos. Unha arte, com forte personalidade e grande beleza abstrácta, e a sua música e os cantos dos seus bardos, ainda hoxe resoam nos nossos ouvidos. Tinham grande fama guerreira, e acabarom com Roma no ano 387 a. C.
LÉRIA CULTURAL
.
O TEMPO E A ALMA (SAN GREGÓRIO)
Publicado o15/07/2022por fontedopazo | Deixar un comentario

Entro em Portugal pela fronteira de Sao Gregório, que escolho por duas razóns: unha razón simbólica e outra, mais comezinha de ordem práctica. O símbolo é o da lactitude: é este o extremo norte, é o píncaro septentrional do território. Quando se fala nos confíns das terras portuguesas – “do Algarve ao Minho” – a ponta minhota é exactamente esta. Pode portanto escrever-se, com rigor xeográfico, que é aqui que Portugal principia. A razón práctica é comezinha: esta fronteira tem pouco movimento, non se perde tempo em longas filas nos carros que escalfam ao sol. De lonxe em lonxe vem um carro lixeiro. e os prolegómenos fronteiriços som aqui rápidos, cordiais, saturados de simpatia. Non chega a ser unha aldeia. Há um pequeno café quase deserto. Três ou quatro fregueses seguem no écran da TV unha emissón espanhola: o espada, de traxe azul e meias vermelhas, submete o touro à sorte da muleta. No balcao tenho de esperar que olhem para mim, porque chegou o instante de matar e o empregado, de olhos fascinados, non quer perder o grande momento. Quando o touro, ferido de morte, axoelha sobre as máns e inicia o estertor, digo que quero só um café.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
…
POETAS DA TERRA (MANUEL CURROS ENRÍQUEZ)
Publicado o26/10/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

CURROS ENRÍQUEZ, Manuel (Celanova, Ourense, 1851-Cuba, 1908). Importânte poeta galego, considerado o melhor da sua época xunto com Rosalia de Castro e Eduardo Pondal. Trabalhou toda a sua vida como xornalista e durante muitos anos colaborou para El Imparcial de Madrid (1870-1876), entre outros diários. Regressou depois à Galiza, xá que se sentíu sempre o representante do seu pobo, tanto no campo político como no literário. Foi um poeta galego, muito próximo do português Antero de Quental, na sua obra e na sua ideoloxía. O seu primeiro libro foi “Aires da miña terra” (1880), que alberga a exquisita lenda popular “A Virxen do Cristal”, poema que foi traduzído ao castelán por Constantino Llombart (1892). “O divino sainete” (Coruña, 1888), um longo poema em dezoito cantos, que descrebe unha viáxe a Roma feita pelo autor em companhia do seu amigo Francisco Añón. “El padre Feijoo” (estreáda em 1879), é unha loa num acto com tema totalmente fictício. Em 1904 trasladou-se a Cuba, onde morreu. Os seus artígos xornalísticos forom publicados em “Artículos escogidos” (1911), e há unha selecçón dos seus melhores escritos em “Obras escogidas” (1956).
LÉRIA CULTURAL
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
A NOSSA TERRA
Publicado o31/12/2011por guilladenses | Deixar un comentario
A nossa terra, está formada polos restos de tudo aquilo que antes passou por aquí. Para non ser menos, tamen ela anda um pouco abandonadinha como to-
das as cousas que mais necesitamos para a nossa vida. Pouco se sabe com rigor dos tempos pasados, mais bem reina a balburdia, e goberna a confusion xeral. E a version tendenciosa dos poderosos, a que vai impondo a sua lei, deturpando constantemente a veracidade dos feitos, acomodando os acontecimentos e dandolhes o prisma necesário ás suas conveniencias. E por esta razon, que a historia do ser humano e das suas civilizacions se oficializa, non obstante intentaremos navegar com a intelixencia através dos tempos perdidos.
Somos tan velhos, que nem sequer sabemos quem somos, nem donde procedemos, os nossos testemunhos mais fidedignos son as pedras parlantes, eternas, vixiantes, dactilares, bonitas. com mil “Oions” elas miran pra nós, e nos falan non só por fora, mas sobretudo por dentro. Elas encerran na sua mudés muito da nossa herdanza comun, nos “Campos do Mouro”, nos “Mourigades”, nas “Pedras Bonitas”, nos Moldes metalurxicos, nas ferramentas, nas armas, nas fermossissimas xoias, nas costumes, na fala, nos nomes das xentes e dos lugares. Daquí sacaremos os nossos materiais, para unha viaxem através dos espaços e dos tempos passados.
Ha várias culturas antergas que deixaron unha marca profunda no nosso caracter comun, a primeira delas penso eu que foi a grande Civilizacion do Bronce Atlantico, que abarcou toda a ribeira do nosso mar, num xeito de vida similar, de enterramentos colectivos, de megalitos, de ferramentas caracteristicas, de petroglifos, dunha espiritualidade que se adivinha nas vistas maxestuosas dos campos de mâmoas, esta talvés fora a nossa primeria nacion, a deste mar que nos alimenta e nos irmanda, que nos traslada mais alá das terras do fin do mundo, que voltaran algum dia nas suas naves, nunha manhan de nevoeiro como Don Sebastian.
Difícil seria, imaxinar a nossa terra sem os “Grovios”, aqueles que habitaban nas gorobas dos cotos, aqueles seres avispados, metidos nas suas colmeias, de pedras e palhas, vestidos com roupas multicolores, adornados com xoias primorosas, brandindo encantadas “Excalibur”, e unidos na Irmandade Circular de Arturo. Aqueles que amaban sobre tudo a Natureza nai, a irmandade das árvores, dos bosques, e das estrelas. A igualdade irrenunciábel das “Tavoras Redondas”, da propriedade comunal da terra, no disfrute do trabalho em comun. Os “Mourigades” circulares, dos quais venhen todas as nossas aldeias desperdigadas, da alma dos quais sacou Prisciliano a sua doutrina cósmica, a espiral céltica da enerxia rexeneradora do universo.
Continuadores, e herdeiros dos anteriores, é a grande nacion dos Galos, os “Fir Galiuin”, Porto Cale e os Calaicos, aqueles que deron o nome actual á nossa Terra, Galheirinha e o Galheiro, Galiza. O nome dunha xente e dum territorio, aos quais chegou unha monstruosidade chamada Império Romano, este Lebiathan depredador da vida das xentes, e sedento de ouro, provocou guerras continuas para facer escravos. Era um estado moderno, nada respeitaba ó seu paso, nem os homes nem a natureza, somente pensaba no roubo e na riqueza material, facer obras megalomanas e comprar vontades com ouro eran as suas paixons.
Da decadencia e ruina desta maquina de guerra e ódio, surxiu unha nova idade, e unha nova vontade de Igualdade e Fraternidade, que se encarnou no Cristianismo revolucionário, as Irmandades, os conventus, o trabalho em comun da terra, o amor pela natureza, a útopia do paraíso terreste. Reecarnase em Prísciliano, toda a alma Comunal Céltica, todo o caracter dunha civilizacion igualitaria, que marcaria profundamente a nosso país durante séculos, e o levaria a unha etapa de ouro das nossas xentes, e da nossa cultura popular que alcançou dimension universal.
Com a caída do Império, arrivaron as oleadas de Barbaros, como vindos dum passado “Mercado Comun Europeo”, dispostos a saquear tudo o que toparan por diante. A Nós tocounos os Suevos, um povo Xermanico, de guerreiros e agricultores, xentes orgulhosas e paganas, os quais muito mal aconselhados por San Millan tomaron rei.
O reino da Galiza, do que muitos ignoran incluso a sua existencia, durou aproximadamente mil anos, finou no seculo xv, com a perda real da independencia, ainda que a sua vida formal se prolongou mais, mas xá sem unha soberania autentica. Parece ser que foi a primeiro reino da Europa, com a capital em Braga. Idacio (obispo de Chaves) contanos escandalizado a sua chegada, desconsiderados com a orden Romana, mas parece ser que foron bem recebidos pola maioria da povoacion. Orosio foi testemunha presencial dos seus feitos. Hermerico pacta com o Imperador Honorio, a independencia do “Galliciense Regnum”, que abarca o territorio até o rio Douro, Asturias e León. O segundo rei foi Requila (438-448), que estendeu os dominios até Lisboa, anexionando a Lusitania e Cantabria, que permanecerian Galegas até o século VII. Requiario Rei (449), foi o primeiro reino Europeo que acunhou moeda propria. Maldras Rei (456-458) mantivo a union do povo e neutralizou a aristocrácia Romana, varios de cuxos membros foron mortos em Lugo no ano 460. Remismundo Rei (465). No ano 550 retornan as noticias escritas sobre Galiza, gracias á chegada de Martinho Dumiensis, reinaba enton Carriarico. Teodomiro Rei (559-570), reunese o primeiro Concilio Bracarensis no ano 561, como organo assesor do monarca (Parrochiale Suevum). Miro Rei (572-583), II Concilio Bracarensis ano 572, leva o exercito até sevilha, mas parece ser que non consegue nada, somente mortes. Eurico Rei (583-584), era filho de Miro. Andeca Rei (585), este ano desaparecia o Reino Galego dos Suevos, de nada valeu o intento de Malarico para restauralo, pois foi vencido e apresado.
Entre o ano 585 e o ano 711, Galiza foi um reino dos Visigodos, e mantivo todo o seu territorio até o ano 666, cando se lhe segregou o territorio a sul do rio Douro. Os futuros reis Visigodos, eran nomeados antes Reis de Galiza, tal foi a caso de Vitiza (696) que pasou a capital para Tui. Vitiza accedeu ao trono de Toledo (701), mas padeceu unha sublevacion aristocrática e foi deposto por Rodrigo.
Os Mouros entran na peninsula, apoiados polos Vitizanos no ano 711, mas non ocuparon o territorio do reino da Galiza, por causas que desconhecemos. Mantivo boas relacions com os Mouros, e voltou a reintegrar os territorios ó sul de rio Douro, non obstante nada sabemos sobre o século VIII, pois tanto Pelayo, como os seus inmediatos sucesores, como a batalha de Covadonga, carecen de qualquer fundamento historico fiábel. Paio (718-737), Favila (737-739), Adfonsus I (739-757), Froilán (757-768), Aurelio (768-774), Silo (774-783), Mauregato (783-789), e Vermudo I (789-791). Estes monarcas, dotados dum poder inestábel e em competencia coa nobreza, apenas dispunhan dum lugar proprio onde residiren e sobre o que exerceren a sua xurisdicion, por esta razon acabaron fundando unha cidade nova para instalar a sua corte, Oviedo.
Adfonsus II (813), foi quando se inventou o asunto do Apóstolo Santiago, para independizarse da igrexa Mozárabe de Toledo, dous centros de poder que se axudan mutuamente, a monarquia de Oviedo e a igrexa de Compostela. Ramiro I (842-850). Ordonho I (850-866), ataques de piratas normandos na costa. Adfonsus III (866-910), dividiu o reino polos tres filhos. Ordonho II (910-924), voltou a reunificar a maior parte do reino, e instalou a capital em Leon, antigo campamento Romano da Gallaecia. Froilán II (924-925). Sancho Ordonhez (925-929). Adfonsus IV (929-930). Ramiro II (930-950). Ordonho III (950-955), O territorio de Sahagún estaba dentro da Galiza. Sancho I (955-967), morreu envenenado. Ordonho IV (956-961), concedeu a independencia a Castela no ano 960. Ramiro III (967-982), con apenas cinco anos ninguem reconhecia a sua autoridade, agravada a situacion por unha longa incursion normanda no ano 970.
No ano 982 foi proclamado rei Vermudo II, nestas datas foi quando se deu a violenta intervencion militar de Almanzor, quem arrebatou Coimbra ao reino de Galiza, e saqueou Leon, Astorga e no ano 997 Compostela, deixandoa completamente destruida. Adfonsus V (999-1027), o país padeceu a incursion do normando Olaf Haraldson (1014), o rei foi morto dum frechazo quando intentaba tomar a cidade de Viseu. Vermudo III morreu no ano 1037, loitando contra Fernando I de Castela. Sancha foi a herdeira da coroa Galega. Entre o ano (1065-1072) reina Garcia, nos territorios que van até Coimbra,
Adfonsus VI (1072-1109), colheu para el Leon e Castela, para asua filha Urraca Galiza, e as terras ó sul do minho para a outra filha Tereixa, desaparecia enton a antiga configuracion politica, e surxian de Galiza tres estados novos. Adfonsus VII (Reimundés), coroado no ano 1111 em Compostela, o seu reino compreendia ainda Portucale, preocupada a aristocrácia Portucalensis pelo grande poder da igrexa Compostelana, onde Xelmirez se titulaba arcebispo em 1120, separaronse de feito no ano seguinte, ainda que oficialmente o reino de Portugal non foi proclamado até 1139 por Adfonsus D’Anrique.
Fernando II (1157-1188), e o seu filho Adfonsus VIII (1188-1230, este ultimo estendeu os seus dominios polo norte da Extremadura, onde non é estranho que algunhas aldeas falen Galego.
Fernando III (1230-1252).
Adfonsus X (1252-1284), o poder politico vaise desprazando cara a Castela, separase o territorio de Leon, desde as Asturias até á Estremadura.
Sancho IV (1284-1295)
Entre (1296-1301), gobernou o infante Xoán, xa independentes Galiza e Leon.
Fernando IV (1301-1312)
Adfonsus XI (1312-1350), em seu nome gobernou o infante Felipe.
Pedro I (1350-1369), que foi morto pola aristocrácia e polos obispos, pois apoiarase nos burgos para aumentar o seu poder.
Fernando I de Portugal , penetrou na Galiza no mesmo ano de 1369, sendo bem recibido polos Concelhos, desde Tui até á Corunha. A cidade de Tui permaneceu baixo a sua xurisdicion até 1372, e a Corunha até 1373, frustrandose a tentativa mais firme de union Galaico-Portuguesa.
Xoán de Gante, facendo valer os dereitos da sua mulher Constanza, desembarca na Coruña no ano 1386, sendo coroado rei em Compostela. Em 1387 renunciou e retirouse.
Xoán de Trastámara (1387-1454), introduce unha aristocrácia foranea em Galiza, e xuntase com os obispos feudais. Dagora em diante Galiza compartiria sempre reis com Castela, ainda que sem perder a condicion de reino.
Enrique IV (1454-1474), aqui se deu a grande revolucion Irmandinha entre 1466 e 1469, foi por tanto expresion da capacidade que ainda conservaba o país para actuar como unha sociedade igualitária.
Isabel (1479), o proxecto politico posto em marcha polos reis Católicos, o Estado Moderno, significaba um forte poder centralizado desde a Corte de Castela, desde enton a consideracion de Reino que Galiza continuou tendo era só um título carente de autentico significado.
O Reino durou muito tempo mais, polo menos reconheciase a sua cohesion e entidade nacional, e formaba parte da colecion de títulos dos reis. Até que no ano de 1833, a rexente Maria Cristina suprimiu a categoria e circunscripcion do Reino da Galiza.
Léria Cultural
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
HAI UNHA NUBE DENTRO DE TI
Publicado o28/06/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
Hai unha nube dentro de ti.
Hai unha nube en ti
máis pequena,
sempre máis pequena que ti.
Unha nube branca (ou incolora)
que se volve azul ou negra, ou branca ou gris,
depende, de cando en cando.
E esa nube só te cobre enteiro,
só se fai tan grande como ti
cando che pasan algo,
quizáis unha escura comprensón
do mundo,
cando acadas a madurez,
mixto de misterio e segredo,
ou cando te cren na vellez serena,
neno vivido mais olvidado,
e es ceo e terra
e terra e ceo
e rodeas, andas encol do teu silencio,
amas o sono, descres risoñamente
dos soños, queres un ventiño
que pasa, que outros compran.
Esa nube só crece toda,
só te ocupa enteiro,
só é ti mesmo
e se confunde contigo
cando comezas a aprender.
Mais pode crecer de golpe
se por un azar
acaece un accidente.
E pode chorar un ceo limpo,
unha nube soa, enorme, total,
se acaso, se en verdade expiras,
se de certo desapareces,
ti, ou a nube túa.
Francisco Candeira
…
EM NOME DE GUILLADE (XXIV)
Publicado o25/12/2017por fontedopazo | Deixar un comentario

O CATÁSTRO DE ENSENADA
A realidade física e imaxinária, reflectirá-se no catástro do Marquês de Ensenada, realizado entre 1749 e 1759. Este interrogatorio do século XVIII convertiria-se na principal fonte documental para achar os limites das aldeias, reflectindo nos seus fólios a realidade histórica dos lindes entre aldeamentos e montes. O catástro vinha a confirmar a longa tradiçón dos limites , dos deslindes realizados entre vecinhos, dos acordos eclesiásticos, dos pleitos vecinhais pelos montes do comúm. O interrogatorio do catástro manterá-se ainda no século XIX como referência básica da realidade histórica das aldeias. Deste xeito, à excepçón dalguns casos, cando os concelhos tomam por sua conta os expedientes de exclusón de venda dos baldios comunais, a sua inspiraçón está no interrogatorio do Catástro de Ensenada. Xunto com este interrogatorio incorporarom-se outros materiais como o Real de Legos, no qual figura o listado dos montes do comúm. Sendo esta unha informaçón complementária da riqueza de datos do interrogatório, convertidos em material imprescindível para conhecer com precisón a existência histórica dos montes Vecinhais em Man Comúm, orgulho civilizacional de todos os Guilladenses.
A Irmandade Circular
.
O TEXO VOA COMO UNHA GAIVOTA
Publicado o09/06/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
“¿En qué mirada o sentes palpitar?
Na tarde voas, vibras sobre o Tejo.”
Xavier Rodríguez Baixeras
O Texo voa como unha gaivota,
dá a volta, voa como unha mirada;
por iso só a memória é retorta.
E o río sobreposto cal alma delgada
xace como nube azul sobre unha rúa de prata.
Máis tal vez non voa o Texo
porque é máis grande que ésta e aquela ourela.
E máis leve que o ar do ceo
mostra escondido, deitado, levemente
a inmensidade súa.
francisco candeira
…
O PROBLEMA DA CASA DO “FRANCÊS”
Publicado o23/08/2022por fontedopazo | Deixar un comentario

Por esse país fora iremos encontrar este modelo mil vezes repetido. Aqui, no Alto Minho álacre e florido, resulta unha fantasia mais, unha lantexoula insólita num avental vianês. Mas elas, as casas dos emigrantes inçam xá o país inteiro. Esmaltam de garridice a austeridade honrada do Soajo, a penedia taciturna dos planaltos transmontamos, as gândaras verdes do país litoral. Nada escapou e a epidemia aumenta, ao mesmo tempo que sobe o clamor dos protestos, as recriminaçóns dos paisaxistas e aumentam as posturas das edilidades para tentar cohibir o que se considera unha perversón do bom estilo castiço de antano. que sumariamente se identifica com as pardieiras de granito, os telhados de quatro águas, a telha de meia-cana. É o problema da casa do “francês”, questón que anda tanto na moda que sinto a necessidade de, para meu próprio governo, passar algunhas ideias a limpo. Primeira ideia: cada um tem o direito essencial de fazer a sua casa conforme ao seu gosto, desde que com isso non ponha em risco a segurança de todos. Segunda ideia: gostos non se discutem. Terceira ideia: cada terra tem as casas que merece. E fico por aqui. Seria unha perda de tempo dizer que estamos a poluir a paisaxem, a falsificar a unidade estéctica dos quadros naturais, etc…, etc… porque tudo isso é evidente e as evidências non precisam de ser aclaradas, pois se notam imediatamente. Também non irei chorar sobre o leite derramado, a lamentar a facilidade com que o Português ganha o sabor da vasilha, a discretear sobre o que explica esta docilidade nacional perante a moda alheia, esta capacidade de trazer de França o telhado preto, de Marrocos a açoteia branca, da primeira revista que lê a arquitectura do tixolo, ou a do cimento, ou a da madeira dos bosques que xá non existem senon nas revistas. O que se passa é que nesta matéria de opçóns estécticas reflectem-se questóns mais profundas de interiorizaçón de valores culturais, e as posturas dos municípios non têm aí efeito algum. Na cultura xoga-se unha espécie de xogo da verdade, no qual a cultura mais forte fica sempre por cima. Estes emigrantes saíram das suas aldeias sem saberem nada, e quando voltam só sabem o que aprenderom por lá. Por isso – porque é unha valorizaçón, um enriquecimento, um ganho – fazem gala em o exibir. A casa de telhado de castanholas e xelosias envernizadas têm a mesma funçón afirmativa que o carro aspaventoso, ainda com a matrícula de orixem, ou o estropiamento voluntário da fala: o importante é que se vexa que vem de fora, que se esteve lá fora, com tudo o que isso representa de implícita promoción. E questóns destas non se resolvem com conversas sobre o património, nem com providências restrictivas: só o aumento da cultura e a interiorizaçón do arraigamento a pode axudar a solucionar.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS (O TEMPO E A ALMA)
…
O NOME DE GUILLADE (III)
Publicado o13/07/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
Despois das duas primeiras teorías sobre a orixem do nome de Guillade, chega a nós unha terceira vía desta vez polo caminho da história “As orixes desta parroquia vencellaríase a un propietario, “Williahathu” – “Viliati”, un xefe xermánico posuidor dun amplo latifundio na Alta Idade Media na marxe norte do rio Uma. A familia, magnates ou ricohomes, irían desmembrando o territorio desde o século XI con diferentes doazóns aos principais poderes eclesiásticos da rexión: a Catedral de Tui e o mosteiro de Melón. No século X comprobamos a fundación dunha igrexa en Guillade baixo a advocación de Santa Leocadia. No ano 963 un numeroso grupo de persoas, herdeiros do antigo propietario, contribuirán con diferentes bens no territorio para establecer unha casa e basílica, adicada a Santa Leocadia. Os nomes de orixe xermánica dos doantes sinalan eses vencellos coa antiga posesión agrícola, que se irá disolvendo coas diferentes doazóns que se practicarán nos séculos XI e XII. Restos da igrexa de Santa Leocadia, así como a súa pía bautismal, serian atopados polo equipo arqueolóxico do Baixo Miño e expostos os datos por Martínez Tamuxe. A tipoloxía da pía de bautismo, cunha banda sogueada ao seu redor, encadraría coa época da doazón (século X), do mesmo xeito que algúns dos restos atopados que sinalaría unha ocupación do lugar breve. Neste senso sinalar, como xa o fan Romaní e Otero no seu traballo, que Santa Leocadia non se trataría dun mosteiro, como nun principio se conxeturou, senón unha igrexa que atendía a un núcleo rural que esmorecerá probablemente nos comenzos do século XI. A igrexa de San Miguel de Guillade (Viliati), sería doada por Hermosenda Menéndez ao bispo tudense Auderico no ano 1074, o que sinala a antigüidade da parroquia pero tamén como a súa orixe se ligou a unha poderosa familia nobre na rexión miñota. En 1156 no reparto de bens entre bispo e cabildo, o bispo tiña a posesión da metade da igrexa de Guillade. Varios documentos do mosteiro de Melón, sinalan as diferentes doazóns que se fan no territorio de Guillade, como a de 1223 por Fernando, Maior e Rodrigo Petri, do lugar de Palaciis (Pazos). Este lugar de Pazos evidencia a fragmentación das velhas propiedades dos magnates altomedievais e tamén como o topónimo mostra o núcleo do territorio e residencia dos antigos latifundistas, nas inmediacións da mesma igrexa parroquial. En 1205 o rei Alfonso VIII de León concedería o realengo de Guillade a Suero Díaz; o señorío de Guillade pasará a mans da nobreza que acabará integrando a parroquia co paso dos séculos no condado de Salvaterra. Tal e como acontece coa igrexa de Santa Leocadia, a posesión dos documentos de doazón en mans de Santa Maria de Melón mostra como estas posesións acabarían formando parte do poder económico do mosteiro cisterciense, mentres que a igrexa parroquial quedaria en pertenza dos bispos tudenses. Deste xeito temos as separacións habituais entre señorío, bens e xurisdicción eclesiástica nunha mesma parroquia que provoca numerosas confusións e pleitos durante o Antigo Réxime. É importante entender o proceso de formación da parroquia, cos seus límites, toda vez que esta vaise producindo entre os séculos XI e XII, ata o seu proceso de maduración definitiva. O crecemento económico e demográfico que empurran á roturación de novas terras neste período, vai crear unha nova organización eclesiástica para dotar a eses núcleos de poboación emerxente do auxílio espiritual apropiado. Neste senso, San Miguel de Guillade ofrece unha información extraordinaria sobre o proceso de formación das parroquias baixomedievais. Desde un latifundio (villae), o territorio de Guillade vai desmembrándose ata acadar os límites formados con outras parroquias que crecerán ao seu redor (Cumiar, Mouriscados, Vilacoba, Uma, Celeiros e Santiago de Oliveira) desde o século XII”.
Léria Cultural
…
O TEMPO E A ALMA (O INVESTIMENTO SELVAXEM)
Publicado o04/10/2022por fontedopazo | Deixar un comentario

Um outro aspecto que non é menos grave nem mais fácil: o da dissipaçón de valores que o investimento selvaxem representa. Esta xente gasta os melhores anos da sua vida para prover um futuro com unha vida melhor. As economias som-lhes todas absorvidas pelos fornecedores dos chalés de chapéu preto e da quinquilharia que os recheia. ¿Quantas centenas de milhóns de contos leva um luxo barato, para o qual as instâncias responsáveis non prevêem nem oferecem qualquer alternativa? Estes oito quilómetros até Melgaço som ainda estrada serrana para fazer sem pressas, em que vamos deixando à mán esquerda encostas de pinhais sobre tufos de fentos húmidos, à direita a descida profunda e larga para o rio. Unha aldeia, lugar do Vau, recorda o tempo anterior às pontes, e, nunha paisaxem deslumbrante, contempla lá no fundo um vau do rio. A aldeia seguinte, Portela do Couto, combina duas palabras cuxo dramatismo desbotou com a força do tempo: portela, passaxem estreita entre os montes; couto, lugar de refúxio de homiziados. A portela marcava o lugar onde, na ânsia ou fuga, se sentiam libres: mas representava também a fronteira da reclusón, o lugar onde termina o priviléxio da impunidade. Melgaço gozou dessa regalia que procurava atrair moradores em lugares de vida difícil. O lugar tinha unha ermida a Santa Bárbara, padroeira contra as trovoadas; a capela está num adro no alto de um pequeno monte que é um miradouro de grande horizonte. A gravidade granítica do humilde santuário está a ser afogada pelos xardíns de moradias novas e alegres, que xá quase devorarom o cabeço onde se implanta o Santuário. Unha Senhora da Paz, bisonha e tosca, empoleirada nunha guarita de cimento, assiste impotente ao desastre. Logo a seguir, a marcar a chegada a Melgaço, está a Senhora da Orada, com o seu grande pórtico românico a olhar o vale, como um regaço acolhedor. Orada, é unha palabra perdida que significa oraçón. Debia ser ali que os homiziados, cansados de andar a monte, entravam a agradecer a deus tê-los trazido a terra de segurança. O templo é simples mas emocionante pelo enquadramento na paisaxem e pela funçón que o nome evoca. As arquivoltas do portal unem-se xá nunha discreta oxiva, o que significa que o românico estaba a acabar e o gótico se anunciava no horizonte. É talvez obra do tempo de Sancho I, xá depois da passaxem de Almançor que se sabe que atravessou o Minho por um destes vaus, e que arrasou todos os sinais de culto cristán nas terras que flaxelou.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS (O TEMPO E A ALMA)
…
ASÍ BEIXO ESTA CASA VELLA
Publicado o15/05/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
presidida, fóra, por un cácano (os froitos
son moi doces e da cor das laranxas).
Beixo as paredes deste pardiñeiro
con tellas novas
querendo rubir como ascende
unha avelaíña de luz ou unha barata
só disposta a procurar no escuro.
Beixo estas paredes (esta única parede perdida)
e non beixo unha sombra
nin a ausencia dunha sombra
(non podo beixar as sombras
das persoas que coñezo:
a miña avoa, que recitaba versos
de Rosalía
-nunca saberei por qué non souben bicala
cando me acenou o último adeus-,
o meu bisavó que no retrato
usa barba sen bigode)
Debo de estar a beixar unha presenza oculta
do tempo: a pura ausencia
da ausencia de sombras.
Debo de estar a beixar un carreiriño de terra
feito destraidamente no interior desta estancia
tal como un neno modela para un belén
un riacho con papel de prata.
Creo que estou a beixar esta parede
(estas paredes recuperadas)
e creo que estou beixando un exército
desarmado de sombras,
ou desarmado e armado de sombras:
isto é, non estou soñando,
estou a beixar un exército de nubes,
chorando, e case non me avergoño
de estar chorando
porque estou beixando
unha nube,
ou unha nube gris
e unha patria branca, moi branca, branquísima.
FRANCISCO CANDEIRA
…
O “HOMINES DE GUILLADE”, ¿AS PRIMEIRAS PALABRAS ESCRITAS EN GALEGO?
Publicado o31/07/2018por fontedopazo | Deixar un comentario
.
O presente artigo ten por intención divulgar e pór en valor un documento pouco coñecido e que fai referencia a unha parroquia do nosso concello. Dito documento reférese á fundación da denominada “Domus Sancta Leocadia” pelos “Homines” de Guillade no que se expoñen as diferentes doazóns que os homes de Guillade aportan para fundar e soster unha igrexa ou mosteiro baixo a advocación de Santa Leocadia. Trátase dun pergamiño de 555 mm de longo e 320 mm de alto, no que a escritura consérvase en bo estado. A importancia do “Homines de Guillade” queda reflectida no feito de ser estudado polo profesor Miguel Romaní Martínez, Profesor Títular da Área de Ciencias e Técnicas Historiográficas do Dpto. de Historia da Universidade de Santiago, e por Pablo S. Otero Piñeyro Maseda do Instituto de Estudos Galegos Padre Sarmiento, para certificar a sua autenticidade e demais aspectos relacionados co mesmo (1). Este pergamiño, datado no ano 963 (S. X), é o segundo mais antigo de que se teña constancia en que se menciona a unha parroquia de Ponteareas (o primeiro é do S. VI, no que se fai referencia á parroquia de Areas no Parroquial Suevo (2) ), e ademais é o documento máis antigo do fondo do Mosteiro de Santa María de Melón. Os investigadores antes citados, como primeiro paso para comprobar a autenticidade do documento, analizan o tipo de letra empregada para a súa escritura, xá que no S. X empregábase a denominada “Visigótica Cursiva”, sen embargo atopan que o texto do pergamiño está escrito nun tipo de letra chamado “Minúscula Diplomática”, empregada mais tarde, en concreto durante o S. XII, polo que chegan á conclusión de que o documento analizado é, en realidade, unha copia do S. XII do orixinal do ano 963 (S. X). Para sustentaren esta tese comparan a súa caligrafía com outro documento do fondo do mesmo mosteiro do S. XII, en concreto cun privilexio concedido ó Mosteiro de Melón polo Rei Fernando II (1157-1188) sendo a caligrafía case idéntica. Outro dato que reforza esta tese é que durante os séculos XII e XIII no reverso dos documentos de Melón e Oseira acostúmase a escribir unha pequena frase sobre o seu contido, que tamén aparece no pergamiño que se está a analizar. Segundo os investigadores, as razóns polas que se debeu facer a copia poden ser a antiguidade do documento, a súa mala conservación, a dificuldade da sua lectura, ou ben que o orixinal fose doado á propria igrexa de Santa Leocadia. O seguinte paso para comprobar a autenticidade do pergamiño é examinar se a redacción do texto corresponde coa usada habitualmente no S. X. Para iso, os investigadores anteriormente citados comparan este documento con outros dos mosteiros de Celanova, Samos e Sobrado dese mesmo século, para verificar se as expresións empregadas no documento son concordantes. Despois das comparacións conclúen que as expresións son de uso habitual no S. X, e as invocacións e referencias feitas ó princípio do documento son características de documentos solemnes desa época. Tamén reforza esta tese o grande numero de nomes e apelidos de orixe xermánica no pergamiño. Tendo en conta o expresado ata aquí, os investigadores consideran, aínda que con certas reservas, que o documento é fidedigno, ou sexa unha copia textual do século XII do orixinal do ano 963. Outra cuestión que chama a atención dos investigadores é a grande cantidade de “galeguismos” que aparecen nun texto orixinalmente escrito no ano 963 en latín, que incluso parecen precoces para o século no que se fixo a copia (S. XII). Considérase como primeiro texto en galego-portugues, escrito en Portugal, o denominado “Pacto dos Irmaos Pais”, escrito arredor de 1175 na zona de Braga (3), e o primeiro escrito en Galicia o titulado “O foro do bo burgo do Castro Caldelas” encargado por Alfonso IX, rei de Galicia e León, en 1228 (século XIII) e redactado por un notario de Allariz. Sobre esta cuestión os investigadores fan as seguintes observacións por un lado, e debido á calidade e habilidade gráfica do copista, parécelles improbable que introducise palabras romanceadas (galeguismos) polo que deben copiar todo como o atopou e se cometese unha falsificación consciente, non iría mesturar duas linguas. Outra posibilidade para a aparición dos galeguismos é que o copista puxera en galego algunhas das palabras latinas por consideralas improprias ou xa difíciles de entender no intre da copia. ( Outra grande possibilidade, foi que, para evitar problemas na identificación das propriedades, no texto orixinal do ano 963, se usara propositadamente o nome verdadeiro polo qual eran conhecidas entre os vecinhos.) As palabras que os investigadores identifican como galeguismos no texto do pergamiño son as seguintes:
– aqua de Sancgineiro
– cadeyras
– colmenas
– cruce
-duos libros
-fonte de Beteiro
-hordino perfecto
-isso
-juiz
-kalice
-larea de Requieiso
-libro mistico
-Mazana
-ovelias
-pena de Undurina
-pena de undurina
-psalteiro
-Rego
-rotea da Bocalosa
-uachas
Em todo caso, e como polas razóns expostas anteriormente o documento non puido ser escrito antes do reinado de Fernando II (1157-1188), nin muito despois do fin do S. XII, os investigadores apelan aos filólogos para veren se neste documento referente a unha parroquia do noso concello están as primeiras palabras escritas do galego, co cal, de ser así, o mesmo adquiriría unha relevancía incalculábel.
Xosé Manuel David Giráldez
notas:
(1) Miguel Romaní Martínez – Pablo S. Otero Piñeyro Maseda. La “Domus” de Santa Leocadia de Guillade (Ponteareas) en un documento del año 963. Estudio sobre su autenticidad. Cuadernos de Estudios Gallegos, LVI Nº 122, . Xaneiro – Decembro (2009), pp. 113 – 137.
(2) José Carlos Sánchez Pardo. Organización eclesiástica y social en la Galícia tardoantigua. Una perspectiva geograficoarqueológica del Parroquial Suevo. Hispania Sacra, LXVI 134, Xullo – Decembro 2014, pp. 439 – 480.
(3) José António Souto Cabo. Os primeiros escritos em galego-português: revisao e balanço. Revista Galega de Filoloxia. Monografía 9, pp. 369 – 393.
…
JOSÉ RÉGIO (CÂNTICO NEGRO)
Publicado o09/02/2019por fontedopazo | Deixar un comentario
.
CÂNTICO NEGRO
“Vem por aqui” – dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui”!
Eu olho-os com os olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por alí…
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Nao acompanhar ninguém
-Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mae.
Nao, nao vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos…
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: “vem por aqui”?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí…
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço non vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?…
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós.
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o longe e a miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos…
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mae;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intençoes!
Ninguém me peça definiçoes!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou…
Nao sei por onde vou,
Nao sei para onde vou,
-Sei que nao vou por aí!
.
José Régio
…
O TORREIRO E A SEÑORA BENITA
Publicado o29/12/2022por fontedopazo | Deixar un comentario

Resulta que entre os plans provinciais de acción especial, anda bailando un millón de pesetas para suvencionar a mellora da pista de baile e magreo do nosso torreiro de festas, que linda polo Sul co Bispado e polo Norde cun muro de pedra que sostén nos dias de festa aos que están de “mira quén ven” ou vixiando ás fillas, e nos dias de diário sostén o resto do torreiro, onde están plantadas unhas árbores que levan mais de sesenta anos dando sombra, para envexa dos de Cequeliños e orgullo da parróquia. Pois ben, nunha reunión da Xunta de Montes, supoño que arremedando aos de Xinzo de Ponteareas que andan a plantar carballos e castiñeiros nos montes comunais, houbo quen acordou tirar co muro e facelo de hormigón máis arriba, arrincando a primeira fileira de árboles e tamén houbo quen, para defender tan lucida idea, dixo: -¿Qué máis ten se arrincamos a primeira fileira? Depois queda a segunda de primeira. Acabaron a paraguazos. O señor abade dixo que non tiña inconveniencia en falar co Bispado para ver se cede unha tira de terreo, pagándolla no pior dos casos. Imos ver. Fixeron unhas obras de reforma na igrexa que din moito en favor do crego e do povo. A igrexa é pequena, pero tamén é pequeno o neno San Paio, que é viciño noso porque naceu en Alvelos, xa hai mais de mil anos e poucas parróquias poden decir outro tanto, ou nengunha. Faiselle unha romaria, mais ben adicada a nenos e rapaces, todos os anos. Xa falaremos diso. O señor Casiano do Mosteiro, home moi apreciado na parróquia e fora dela, rompeu unha perna por dous sítios por metela onde non debía. Sentímolo moito, pero sabemos que vai melhorando e iso énchenos de ledícia. A comisión da festa do Santo Cristo traballa arreu da man do Manolo da Lucia. A xente vai colaborando, como sempre, canto menos mellor. A señora Benita anda xá en cento cinco anos e saca as duas ovellas, lava, fai o xantar e durme dun tirón. As veces dícelle as netas: – Se falta a vosa nai (que é con quen vive) ainda hei pensar se quedo eiqui soliña ou vou para Vigo para onde vos. Podouse, mataronse os porcos e agora a xente anda a carretar esterco, queimar vides e atar viñas. O que non se atan son as lenguas que, como sempre, andan a cen: non se salva nin diós. O viño do Estanco mercárono, coma todos os anos, Frank Sinatra (o branco) e a raiña de Inglaterra (o tinto), que ao seu home góstalle moito.
ALVEOS (CORRESPONSAL)
…
O TEMPO E A ALMA (MELGAÇO, EM RIBAMINHO)
Publicado o19/12/2022por fontedopazo | Deixar un comentario

Em todo este Alto Minho os vestíxios da ocupaçón humana desde períodos remotíssimos, som densos e impressionantes. Está documentado o povoamento paleolítico. O conxunto de monumentos megalíticos é também excepcionalmente marcante. E nunha fase posterior, a cultura castrexa está presente em inúmeros locais. Aqui bem perto (e a valer um desvio) fica Castro Laboreiro, nome que só por si rebela unha orixe. Depois da época dos castros e das citânias, andarom por aqui os Romanos. Esta palabra “Melgaço” está ligada com isso, supón-se que a sua orixe, seria nome de um tal Melgaecus, romano ou nativo muito romanizado, cuxa vida pode ser documentada por inscripçóns epigráficas aqui do Alto Minho. Tudo nestas serranias bravas nos fala de muitos milhares de anos com sucessivos horizontes de povoamento. Existe unha tradiçón, sem outra consistência que non sexa a da lenda, segundo a qual a actual vila de Melgaço está edificada no lugar onde outrora esteve unha grande cidade que tinha por nome Ribaminho. No fundo destas fantasias há muitas vezes um grán de verdade, e neste caso a verdade é que Melgaço está implantada nunha rexión cuxo antigo nome foi efectivamente o de Ribaminho. Do mesmo modo que existe um Ribatexo, um Ribadouro, um Ribacoa, um Ribatâmega, um Ribadave, existíu outrora a rexión do Ribaminho, que era a que ficava para sul do curso do Minho. O lugar é terra pobre, plataforma entre montes de granito, donde o esforço pertinaz do Minhoto, consegue arrancar algunhas arcas de milho e duas mil pipas de vinho por ano. Além do rio Minho, há pequenos cursos de água que axudam os labradores: o rio Peneda, o Castro Laboreiro, o Trancoso (que define, do lado leste, a fronteira com a Espanha) e o rio Mouro, que atravessa todo o concelho de Melgaço. À volta avista-se a mole das serranias galegas, e sente-se que a vida ali nunca debe ter sído fácil. A terra non tinha senhor: era unha comunidade de xente brava, homiziados por violências, que alí buscabam abrigo. Nunha rexión predominantemente senhorial, Melgaço era, por excepçón, vila do povo. D. Sancho II concedeu aos moradores a própria alcaidaria do castelo. Mas debía ser unha luta ínvia contra o granito; a caça e a pesca no rio (esta era regulada no foral manuelino, como cousa que xá vinha de lonxe) mal axudavam a matar a fame. Em 1361 o rei D. Pedro deu-lhes unha regalía valiosa: tornou-a ponto obrigatório de passaxem para os mercadores e viaxantes que se dirixíssem à Galiza. Dous proveitos num saco: axudaba a terra e impedía o contrabando.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
…
A PARÁBOLA
Publicado o26/04/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
. “Quédanme as herbas, os niños, estes cantos,
. e un cabalo con rodas en algures”
. Luís G. Tosar
Pois eu xa te amaba cando as palabras tiñan algo de pedra
no tempo en que o home coñecia a sua forza, mentres eles,
afoutos, construían gumes de pedra, afiados apeiros
pra esculpiren o mundo.
Foi entón cando subín ás montañas máis altas e propicias
e labrando nas canteiras máis íntimas dunha palabra ceibe
forxei co granito máis prateado e máis belo das sílabas
unha estatua viva de harmoniosa e insuperábel música
rodeada por apóutegas, xestas e flores amarelas.
Semeei en ti, miña amiga, un alento erótico purísimo,
xuntei a miña forza aos tenros gumes da voz primordial
e tamén aos croios que me cedían os camiños máis antigos,
xuntei o meu amor aos rochedos que acollen as enormes ondas
nas costas bravías da nosa patria bañada por dous mares.
E entón xa, ao ver tanta fermosura humana, baixei aos vales,
aos muiños, aos hórreos, as casas, aos alboios,
recollín nas veigas os froitos tintos e brancos das videiras
e soñei logo que a cqda verba era unha uva doce e vidrosa,
un fráxil froito dos outonos, cando vai ancha e alta a lúa.
Seica estabamos no Tempo do Vidro. Si, pero eu xa te amaba.
Eu xa te amaba, pois, no vidro da auga lustral do val frondoso,
olvidaba entón a zafra, o martelo,o punteiro, as tenaces…
eu xa sabía de ti cando as palabras tiñan algo de vidro:
no tempo en que o home coñecia a súa autente fraxilidade,
cando eles, decididos, deseñaban Santos, Virxes e Cristos
nos vitrais das igrexas, dos mosteiros, das portas, das capelas,
e todo pra aplacaren o medo do mundo, e por outras cousas máis.
Foi entón cando me bañei nos rios máis nidios e sonoros,
e labrando nos croios máis perfeitos da maxia e máis da arte
forxei coa auga máis leda e transparente da buliciosa voz
un corpo quentísimo de sublime música celestial
beirado por fiunchos, toxos, herba xunqueira e manzanilhas.
Semeei en ti, miña noiva, un sopro erótico humanísimo,
xuntei a miña alma e o meu corpo aos doces fíos do soño
e tamén aos tan xeados codornos que me daba o inverno,
xuntei a miña utopía ás nubes que voan nos altos ceos
da verde bóveda da nosa Terra azoutada por dous ventos.
E entón xa, ao ver tanta maravilla xuvenil, ascendín
ás arbores, ao vento, ás estrelas, á choiva, ao sol, ás nubes…
E entón quedoume pra sempre o amor á maxia das palabras.
Francisco Candeira
…
O TEMPO E A ALMA (5)
Publicado o26/02/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

O PAI MINHO
Mais que unha fronteira, o rio Minho foi, na história, um factor constante de aglutinaçón. D. Adfonsus d’Hanrique considerava-se senhor das duas marxens, e só o desastre de Badajoz o obrigou a renunciar ao senhorio de Tui. Desde a Pré-História, o rio foi unha espécie de medula da Galiza, e é ele que explica a intensidade das sucessivas ocupaçóns humanas. Sem ser dos mais extensos, o rio Minho é dos mais ilustres rios ibéricos, e servíu de eixo à cristalizaçón humana e histórica da Galiza. Nas suas marxéns nasceram três grandes cidades romanas, que foram sedes de dioceses cristáns e ostentam templos monumentais: Vigo, Ourense e Tui. Só o Ebro se pode orgulhar de tanta nobreza. O rio, mais tarde adoptado como fronteira, foi estrada de acesso e caminho constante de civilizaçón. Foi a partir dele que sucessivos povos e culturas penetraram, se instalaram e se difundiram polos verdes vales. Como explicar portanto que, como nome de província, o topónimo Minho tenha ficado só do lado português? Talvez porque o rio non chega, no seu curso galego, a definir unha paisaxem própria. Três rios, os Medas, país de Valdeorras, som rexións naturais debruçadas sobre o Minho. A comarca ourensana, que podería ter sido um Minho, adoptou o nome da grande e milenária cidade que a domina. E xá no troço comum aos dous países, a marxem norte é um arrabalde de um quadro xeográfico muito mais espectacular, que domina toda a rexión: a profunda ria a que os nossos cancioneiros chamam o mar de Vigo. O destino histórico fez do rio, que foi a alma da Galiza, o marco da partilha que a dividiu e que servíu de escudo à independência portuguesa. E aí está dentro de nós, o que resta do castelo de Melgaço: unha muralha fechada e unha torre de menaxem que se ergue hoxe como um mirante pintoresco sobre um novelo de casario florido. Um documento de 1197 dá notícia de que el rei D. Sancho I concedeu carta de couto ao Mosteiro de Longos Vales, para assim remunerar o serviço que D. Pedro Pires, prior daquele mosteiro, fez ao rei edificando à sua custa a torre e fortaleza da vila de Melgaço. Depois disso hoube muitas reconstruçóns, como non podía deixar de ser. Unha lápida xunto da porta recorda que, em 1263, o Mestre Fernando consertou a muralha, por ordem real, e que o casteleiro do rei, Martinho Gonçalvez, fez um novo troço de muralha. Aí están três avatares esquecidos, dos que axudárom de maneira afectiva a construir Portugal: o prior Pedro Paulo, Mestre Fernando e o casteleiro Martinho Gonçalves.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
…
OS POETAS DA TERRA (ÁLVARO CUNQUEIRO)
Publicado o17/01/2019por fontedopazo | Deixar un comentario
.
QUEN POIDERA NAMORALA
No niño novo do vento,
hai unha pomba dourada.
Quen poidera namorala,
meu amigo!
Canta o luar e o mencer,
en frauta de verde olivo.
Quen poidera namorala,
meu amigo!
Ten aer de frol recente,
cousas de recen casada.
Quen poidera namorala,
meu amigo!
Tamén ten sombras de sombra,
e andar primeiro de río.
Quen poidera namorala,
meu amigo!
.
Álvaro Cunqueiro
…
POETAS DA TERRA (ALFONSO PEXEGUEIRO)
Publicado o23/07/2022por fontedopazo | Deixar un comentario

CANCIÓN CALADA (A NANA DO CONTO)
Eu atopei un reiseñor branco
Xogando na area…
Pero non dixen nada…
.
Unha garza azul buscando auga
Un mono verde xogando
Un pouco de vento correndo
.
Eu atopei un reiseñor branco…
E, anque el non me dixo nada, eu
Souben quen era…
Pero disimulei… e non dixen nada…
.
Vendo o mono xogar…
Vendo a garza beber…
Vendo o vento correr…
.
ALFONSO PEXEGUEIRO.
…
O ESPELHO VAZIO
Publicado o12/10/2015por fontedopazo | Deixar un comentario
.
Dos lugares que os homens criaram para se abrigar, o café é o que mais rua tem. Por isso, Mário Cesariny gostava tanto de Cafés. Aí, sentia-se onde poesia estava, onde “sempre esteve”. Aí, lembrando Lautréamont, podia fazê-la em comum. Foi em cafés que escreveu os poemas. Foi em cafés que conversou com os amigos e até com os inimigos. Foi em cafés que fitou os corpos com um olhar que os tornava mais visíveis. Era nos cafés, e no que eles tinhan de rua, que se sentia verdadeiramente em casa. Cafés cheios de fumo e de fadiga e de fuga e de fúria. Cafés onde se estava porque nao havia sítio melhor para estar. Cafés que resumiam o seu entendimento da vida: café-manicómio, café-convés, café-asilo, café-escritório, café-quase-salao e, pois claro!, café-de-engate. Viciado em cafés, nunca o vi aí tomar um café. Pedia uma água mineral e, muitas vezes, usava-a para lavar as maos, porque desconfiava que, depois de bebida, a garrafa era enchida pelo dono da casa. Ria e, em quanto a vertia nos dedos em abluçao ritual, olhava á volta para a “malandragem” que habitava as mesas e exclamava: “A água é a única coisa que nao é de confiança neste café”. Nos tempos gloriosos do grupo surrealista, era nos cafés (Herminius, Royal, Gelo) que se incendiavam a eles próprios e era a partir dos cafés que queriam incendiar o mundo. Depois, toda a sua vida foi vivida, nocturnamente, em cafés, até que os cafés acabaram e ele começou a acabar como eles. Passei, durante anos todas as noites, milhares de horas com Mário Cesariny, nos cafés e nas ruas á sua volta. Esse tempo foi o mais lúcido e o mais bem aproveitado da minha vida. Estou a vê-lo chegar, alto, magro e direito, como um fidalgo que nunca perde o porte. Logo que entrava, punha-nos, com o que dizia, á altura do desconcerto do mundo. Se alguém estava a ler um jornal, perguntava: “Fala de nós?! Se nao fala deita fora”. E sentava-se, com o olhar aceso de inteligência, gravidade, assombro, malícia e imaginaçao, a qual, como escreveu, é o contrário da fantasia e, por isso, habita o real. A conversa começava e nao mais parava, a nao ser que el quando ele fazia um silêncio para nos dar a ver melhor, como uma mímica só dele (que, para mim, se tornava uma mnemónica), o que queria dizer. Fazia perguntas para fazer das nossas respostas o chao a partir do qual levantava voo até ás alturas onde o ar era mais puro e rarefeito: ou para descer aos abismos onde o fogo queimava mais. Costumava dizer, cingindo o rosto com as maos, que tinha ardido num incêndio e aquele era o resultado. Esse incêndio era o Portugal da polícia de costumes, da censura, da PIDE, do “respeitinho é que é bonito” e do “trabalho é que educa”, onde viveu (nao o esqueçamos nunca!) cinquenta anos da sua vida, uma parte deles perseguido por “suspeita de vagabundagem”, ele mostrava a perversidade do ataque, lembrando que, se a acusaçao fosse de “vagabundagem”, era fácil provar a sua verdade ou falsidade, mas que uma “suspeita de vagabundagem” nao tinha prova possível e assim podia ser eterna…), e que afrontou da maneira mais intensamente livre que se pode: fazendo do seu corpo um lugar “tenebroso e cantante”, o sítio mais subversivo do universo. É por isso que a sua poesia nos ilumina e aquece e queima como a proximidade de um fogo alto e inextinguível. Para o converso tudo servia: o que acontecia e nao devia acontecer e o que nao acontecia e devia acontecer. Portugal (que, segundo ele, acabou na Segunda Dinastia, e de que desconfiava como se desconfia de alguém que já nos “fez várias”) ou o estrangeiro ( a sua viagem ao México, por exemplo), a política ou o amor, a poesia, que para ele era o contrário da literatura, ou a magia, a pintura ou a filosofia esotérica, os Aztecas, os OVNIS, Sade ou o amor entre Rimbaud e Verlaine. E os Pré-Rafaelitas, Swedenborg, Blake, Breton, Artaud, Gener, Paz. Ou os Cancioneiros Medievais, Gil Vicente, Bocage, Antero, Gomes Leal, Cesário, Sá Carneiro, Pessoa, Raul Brandao, Pascoaes, Botto, E Giotto, Bosch, os painéis de Nuno Gonzalves, Picasso, Miró, Dalí, Bacon, Vieira da Silva, Paula Rego. E também (ora essa!) o senhor Manuel da Hortaliça, o Grande, a Galga, a Doble-Quina, Titânia, o Reinaldo ou o Gato (Quem quiser saber mais leia Titânia história hermética em trés religioes e um só Deus verdadeiro com vistas a mais luz como Goethe queria: está lá tudo demonstrado). Dizia poemas de cor (sabia imensos e sabia-os dizer como ninguém), contava histórias do tempo em que “até os arrebentas tinham boca: queriam ser beijados, falava de sonhos e de pesadelos, de coincídencias e de acasos despectivos. E as troças que faziamos eran esplêndidas. De repente, nele e em nós com ele, era como se comparecessem, todos juntos, os narradores do Decameron, das Mil e Uma Noites e dos Cantos de Cantuária, com as suas vozes ora roucas ora agudas, os olhos ora astutos ora inocentes, as maos ora lentas ora ágeis. Quando a noite atingia o zénite, no meio do barulho do café, erguia-se a voz de Cesariny a declamar o Salve Rainha, dramatizando com gestos lúgubres o que ia dizendo. Ao chegar á passagem “A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas, bradava mesmo, com voz luctuosa e suplicante. Esta oraçao, que sabia toda de cor, era para ele como que uma “vera efígie” de um cristianismo enlouquecido, contra o qual tinha erguido a sua magnífica liberdade de corpo, de alma e de espírito. É verdade: Cesariny adorava ouvir histórias e adorava contálas. Para começar, as da infância, quando ia de férias para a casa da família, na Póvoa do Varzim. Havia um tio, homem “importante dos regimes”, que nao tinha aceite, para nao deixar a terra nem a pacatez, um lugar no goberno de Salazar. A mulher dele, espanhola efusiva e ambiciosa, insultava-o por isso, enquanto ele permanecia silencioso, a trabalhar no escritório. Toda a manha, ela andava pela casa atirando-lhe á cara um nome: estúpido. E, ao mesmo tempo, dizia baixinho, contentissima para o jovem Mário: “Niño, já viste o que é chamar estúpido a um homem desta posiçao!” Beata, esperta e má, quando regressava da missa,inspecionava minuciosamente a limpeza da cozinha e apertava o pescoço das criadas, gritando. “Este tacho nao tem o brilho que devia ter. Há aqui uma mancha. Isto é um pecado. Deus está nos pormenores”. Outra história que o divertia e nos divertia era a do poeta-aristócrata do Tâmega, devotado imitador de Pascoaes, e roído por uma avareza ainda maior do que a sua fortuna. Recebia, ao serao, no grande solar e, todas as noites, a certa hora, aparecia, no salao, uma antiquíssima e idêntica caixa de bolos. Era o dono da casa quem apresentava a lata, abrindo-a e fechando-a, instantaneamente, em frente de cada pessoa presente, sem que alguém se atrevesse a tirar sequer uma migalha, porque sabian que isso o poria rubro de raiva. Certa vez, um convidado desprevenido tentou tirar um bolo e foi imediatamente entalado pela tampa que o poeta, num gesto automático, fechou sobre a sua mao. O conviva deu um grito de dor e o avarento exclamou: “Nunca queres! Nunca queres!” Cesariny contava estas histórias e ria muito, muitíssimo. A sua ironia valia um ensaio literário. Ele gostava dos grandes poemas de Eugénio de Andrade (“Green-god”, “Espera”) e sabia-os de cor. Mas gostava menos de alguns, como dizer?, mais “preciosos”. Assim, quando ás veces se despedia de nós, dizia, mordaz: “Boa noite. Eu vou com as aves”, usando o verso de um desses poemas… Durante anos, o Reimar, na rua das Pretas, foi um templo de visita quotidiana obrigatória. Chegava-se lá e a “coisa” já estava montada. Quero eu dizer: havia sempre “coisa”. Ao pé “daquilo”, Fellini era Cecil B. De Mille. As empregadas, a Mena e a Mina, tinham as vozes sempre no tom e na altura em que a Maria Callas brilhava. Quando chegava a hora do tiroteio, faziam do balcao uma trincheira, deitavam-se no chao e esperneavam como se estivessem ligadas á corrente eléctrica. E, se calhar, estavam! O senhor Manuel da Hortaliça, ou do Bairro Alto, que antes tinha descido o Chiado entre a mulher, dedicada enfermeira dos Hospitais Civis, e o amante, aprumado marujo do Alfeite, ameaçava (ou estaria a oferecer conteúdos?) a tropa especial, agitando a pochette. E dizia para as “amigas”, “Vai com este, que é muito limpinho e nao mexe em nada”. Nesse magníficente antro, havia de tudo: putas e homens “coisa e tal”, chulos e travestis, artistas e ladroes, professores primários em crise de identidade e fadistas (com e sem voz), operários e vagabundos sem eira nem beira, filósofos ocultistas e jornalistas (proibidos, sob ameaça de morte, de falar do que alí se passava), funcionários públicos casados, mas com heterónimos sexuais, milionários em fuga para um Egipto qualquer, poetas e pintores, maiores e menores. E, se Cesariny era um enviado do fogo, havia também, apolíneos e dionisíacos, enviados (alguns fardados) dos outros trés elementos, terra, mar e ar, a que se juntavam, em temível contraste, anoes, gigantes coxos, zarolhos, corcundas, gagos e mudos. “Tudo boa gente”, dizia Cesariny. E acrescentava “Comparado com isto, o que Ulisses viu na viagem de regreso a Ítaca era banal…” Por entre a ginjinha e as ímperiais, de que a Mina e a Mena bebiam golinhos, antes de as entregarem aos clientes (“é para ver se estao fresquinhas”, diziam), falava-se de Nietzsche e do marujo da mesa ao lado. Alí estávamos como se estivéssemos em plena idade Média, o seu tempo histórico do Ocidente preferido (“com tanta treva e tanta peste, deviam querer aproveitar bem o tempo, divertindo-se muito…”, explicava) Mário Cesariny gostava de anarquistas, videntes, usurpadores, blasfemos, xamas, incendiários e revoltosos. E de reis destronados, deuses abolidos, bruxas ameaçadas, fidalgos arruinados, náufragos salvos no último minuto. Gostava de gostar e gostava que gostassem-até dele. Gostava de nao gostar e nao gostava que alguns nao gostassem dele. Nunca conheci ninguém que, ao mesmo tempo, tivesse em tao alto grau o sentimento trágico da vida e o sentimento cómico da vida. A sua palavra era grave e ameaçadora e alegre e ácida e inocente e ameaçado e leve e dura e genial, no juntar tudo isso na sua voz única, no seu olhar-clarao, na altivez, com que se impunha aos medíocres de todas as vaidades, culturas, universidades, classes, terras, aptidoes, idades e especialidades. Gostava de falar da “inteligência estúpida” e da “estúpidez inteligente”; contra o “discurso discursivo” e a “arte artística”. Este Cavafis de uma Lisboa-Alexanddria, que, nas ruas, falava com malucos, tresnoitados, mulheres do trapo ( havia uma de quem dizia “é igual á Vieira”), visionários, apocalipticos e seres de outros planetas que vinham tomar a bica á Avenida da Liberdade. Nessas falas com eles, tinha o dom de as tornar o que eram: poetas. O seu atelier da Calçada do Monte, onde ouviamos incessantemente os concertos para violino e orquesta de Beethoven e de Tchaikovsky, ficava num pátio com diferentes oficinas ( de estofador, por exemplo) e também tinha muita rua. Raro era o dia em que nao acontecesse qualquer coisa que dava uma história para contar, desde o que se passou no pátio, a seguir ao 25 de Abril, com motins, intentonas, escândalo sexual do senhorio, plenário de inquilinos na voz do Operário e chapéu de palha comido por um ser humano, até ao vizinho que ele, uma tarde, descobriu, degolado e frio, atrás da porta, passando pelo estranho caso de um assaltante que lhe entrou no atelier, com as paredes cheias de quadros a que nao atribuiu qualquer valor, e que nao só nao levou nada, como ainda esqueceu lá um guarda-chuva, deixado num canto, sem que Cesariny lhe quisesse tocar. Passado muito tempo, numa noite de súbita invernia, em que o único chapeu que havia era aquele, acabou por usá-lo e, debaixo dele, foi assaltado a caminho do Martim Moniz, onde ia apanhar táxi… Os vizinhos pressentiam-no célebre (até porque Mário Soares ia ao atelier), chamavam-lhe “senhor Mário”, mas tratavam-no como ele gostava de ser tratado: com a franca cortesia medieval praticada entre a gente das várias artes e ofícios… “Tudo isto vive em mim para uma história, de sentido ainda oculto, lapidar e seca, como uma povoaçao abandonada aos lobos, lapidar e seca, como uma linha férrea ultrajada pelo tempo”, digo eu, agora, com versos dele. Houve uma época, já os cafés tinham acabado e ele estava muito em casa, andei ocupado e nao o pude visitar com a assiduidade de que ele gostava e que era própria da nossa amizade. Uma tarde, o Al Berto, tinha morrido e eu fui á Basílica da Estrela. Quando entrei na capela mortuária, plena de gente, Cesariny estava sentado junto do corpo do poeta morto. Ao ver-me, ergueu-se e gritou, no silêncio: “Vens visitar um morto e nao me vais visitar a mim, que ainda estou vivo!” Quando agora o velei no Palácio das Galveias, lembrei-me destas palavras, mas, estranhamente, nao senti que estivesse junto de um morto: vi apenas um espelho Vazio. Mas a sua presença é tao forte em mim que nada, nem a morte, a consegue tocar. Por isso tenho vivido estes primeiros dias da sua ausência como quem olha, de olhos muito abertos, o escuro, perscrutando-o e sabendo que Cesariny é como um desses astros mortos que continuam a iluminar a nossa noite.
José Manuel dos Santos
…
A BELEZA
Publicado o08/05/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
“Plinio el Joven, en el libro tercero de sus Epístolas,
escribe que no hay libro tan malo que no tenga algo bueno.
Este dictamen, que Cervantes leyó, confirma mi sospecha
de que la belleza es común.”
J. L Borges
A beleza fainos tremer. É repentina, insólita.
En certo sentido a beleza parécenos repentina, sublime.
E cando falo de beleza
falo de certas persoas, dalgúns libros, de precisas paisaxes,
de escolleitas obras de arte, de luces e sombras, de cidades…
Quizáis para min a beleza sexa un Exceso.
Pero a beleza en sí non é un Exceso: é simplemente
unha deslocazón no Espazo e no Tempo.
Tamén ten que ver coa miña limitazón.
(Agora si que vos fastidiei.
Agora con esta sentencia
rarefeita, boquiaberta, intransmisíbel
si que vos amolei, e ben amoladiños, ¿non si?)
E cando falo de beleza
non falo de min, evidentemente, falo de outros seres e de cousas alleas.
E non quero dicir que eu sexa insoportábel,
xa se sabe que non o son…
mais a mitoloxía que busco – a mitoloxía que leo a diario –
quizais sexa INQUIETANTE:
odiada – por vós -, atractiva – para vós (os poucos que me facedes caso).
!Ai daqueles que naceron para correr
tras ríos subterráneos!
!Só os ríos que van dentro tremen.
E porque corre moi lonxe, unicamente o(s)
Río(s) Negro(s) ilumina(n) a LÚA
a FESTA
a SANTA COMPAÑA
a RAZÓN
a PATRIA
TODO O QUE NON É
NOSO MÁIS BRILLA
EN NÓS!
E como odiades as miñas leituras
voume quedar por aquí. Ide, ide
tomar baño prós rios de verdade,
en calzoncillos chupade xelados,
e mirade pró sol cos ollos pechadiños…
!Fai unha calor que até o sol anda coa boca
aberta!
Francisco Candeira
…
TIPOS DO MEU PAÍS (III)
Publicado o14/03/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
GALESIÁSTICOS: Se dividen en tres subtipos: galegos de ver, galegos de dicir e galegos de oir misa. Por non falaren en galego son uns pecadentos e desobedecen os mandatos básicos da súa propia relixión, pois se Deus criou os idiomas en Babel, foi precisamente para que falasemos varias linguas, cada unha no seu sitio, e non unha soa, a que máis poida. Confundámoslle -la lingua dixo Javé, porque esta xente en falando unha soa lingua “!mi madriña a que poden armar!” Palabras textuais.
GALESTRAPOS: Os que falan o galego com se tivesen a boca de trapo. Poderiano falar ben, que parvos non son, pero non lhes dá a gana e desgracian o galego cada vez que abren a boca. Moitos galestrapos son galíticos.
GALICIANOS: Son coma galegos de provincias. Aman o folclore, sobre todo os bailes rexionais, soen dicir con fonética moi peculiar: “a min te me gusta mucho el gallego, pero hablar non te lo hablo”.
GALICIDAS: Criminoso tipo, moi estendido e contaxioso, que se escoña de risa cando a lingua galega sofre calquera contratempo. Sinónimo de Galecios.
GALÍFUGOS: Os que foxen da Galiza polas causas máis diversas Hoxe hai cada vez menos porque xa non quedan sitios a onde ir. Algúns galífugos son tamén Gal(e)gos (con e mudo).
GALILÍOS: Galegos de boa intención, máis que non saben que coa soa intención non abonda. Galegos que andan confundidos.
GALITEIROS: O ele intervocálico perdeu o seu son e tornouse mudo, de aí que a palabra se pronuncie gaiteiros, Son os que tocan a gaita. Están en plena fase de expansión. De continuar ao actual ritmo de crecemento, en pouco tempo haberá máis galiteiros ca gaitas.
GALÍTICOS: Os que se presentan ás eleccións. Ás veces saen e ás veces non saen escollidos. O seu traballo é aparentemente imprescindible, pero as aparencias enganan. A maioría son Galestrapos.
GALLAECIOS: Galaicos menos evolucionados.
GALLEGOS: O nome co que os de fóra designan aos de dentro. Son moi parecidos aos galicianos, dos que se distinguen a penas polo sutil ricto que se lles marca nos beizos cando sen querer se lles escapa unha palabra en lingua galega.
GALLEGUISTAS: Galegos de bos modos que sen dúbida se equivocaron tamén de país, pero estes adrede. Distinguense dos galeguistas porque falan en castelán nos momentos máis intimos e noutros moitos momentos tamén.
GAYEGOS: Galegos da emigración transatlántica. Abafados pola idiosincrasia dos paises nos que habitan e polas longas estadias en terras moi afastadas do seu berce de orixe, perderon en grande medida o acento e mailo cinto, pero seguen gostando do caldo e da muiñeira.
GHALEGHOS: (Pronúnciase halehos, con hache aspirado, como no inglés house) Son galegos de toda a vida que pensan que os seus fillos son doutro mundo e nunca se dirixen a eles no idioma autóctono, anque o outro no que se dirixen o coñezan mal. É de prever que os filhos dos ghaleghos, han sofrer unha curiosa transformación que se adiviña co estudio da probable evolución fonética da palabra Ghaleghos – halegos – alegos – algos – algo. É dicir, as crías dos ghaleghos terminarán por seren “algo”, ou sexa indefinido.
INMIGRANTES: Hainos de varias cores. Producen un exótico contraste co verdor bucólico e lenturento da Galiza !Pobres, non saben onde é que se meteron!
JALEJOS: Son ghaleghos esaxerados.
JALLEJOS: Galegos que tentan disimular que o son; Coitadiños!
PSAUDOGALEGOS: Galegos que presentan a miúdo unha falsa saudade.
TURISTAS: Recoñécense quer pola furgoneta na que viaxan, quer pola cámara de vídeo coa que filman a catedral de Santiago, quer polo acento madrileño, quer pola pinta de alemáns que teñen. Preguntan onde se pode comer ben, comen e logo, afortunadamente, vanse.
Antón Cortizas
…
A MAI MÁNDAME ATRANCAR
Publicado o12/07/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
A Mai mándame atrancar
a porta do canastro
e eu aproveito pra reparar
nas noces e avelás do ano pasado.
Achégase a Mai e nomea
a serda que se mira
a través do saco roto
-¿Serda?- pergunto dúas veces
-Si, serda; si, serda- responde
como cabreada por non saber eu
o que ela coñece demasiado ben:
– Serda prós colchóns, do rabo
de cabalos e bois!
Comprendín que reprochara
a miña ignorancia.
Quen non comprendeu, quen se puxo
de mal humor foi o meu veciño onte
cando lle propuxen irmos unha noite
con focos e candís arrincar
os marcos do monte da aldea
pra lle remendar unha casiña
bonita pró poeta máis pobre
da tribo, na ladeira dun monte,
abrigada de ventos, pra vixiar
carballos e piñeiros, pra que ninguén
queime a alma verde do ar
que nos fai respirar a solidón sonora.
O veciño frunciu o ceño
sen saber que eu llo dixera
medio en serio medio en broma.
¡Moito poden as pedras, amiguiños!
Francisco Candeira
…
TIPOS DO MEU PAÍS (I I)
Publicado o13/03/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
GALÉFOBOS: Son os que tiran pedras contra o propio tellado. Retomando o refrán da introdución, estes son os burros que ornean na súa terra. Non só non falan en galego senón que o odian. Non queren que os seus fillos aprendan e falen o galego baixo ningún concepto. Soen dicir “xa nos están estes impondo un idioma”, e non se decatan (¿ou si se decatan?) de que eles queren impoñer outro. De que se saiba o deles é um dos poucos casos no mundo de seres que presumen de seren ignorantes con esaxerada fachenda.
GALÉGALOS: Espécie estraña de desenvolvemento vertical. Os galégalos posúen grande fachenda e soberbia traza. Reprodúcense por ovos, e soen pasar a vida subidos no pau dun poleiro que en medidas hixiénicas deixa moito que desexar. Os machos deste tipo, nin teñen nin poñen ovos. As femias coñécense polo sonoro e tamén cacofónico nome de galegáliñas.
GALEGOS PROPIAMENTE DITOS: Son os menos, están en perigo de extinción, pero seica non importa.
GAL(E)GOS: (Pronúnciase galgos, pois o e é mudo). Son os que máis corren. Distínguense do resto das espécies porque, unha vez que se lles fai entrar en conversa axeitada, acaban revirando o refrán que di “o boi de onde pace e o home de onde nace”, por estoutro que di “o boi é de onde nace e o home de onde pace”. Nótese que neste caso as palabras boi e home perden o sígnificado real. Os gal(e)gos soen ter éxito na vida, aínda que sexa un éxito bovino. Calquera zoólogo os encadraría entre o grupo dos mamíferos artiodáctilos, pois ser son coma os bois, ben que teñan faccións humanas.
GALEGOTES: Galegos grandes que navegan a remos ainda nos tempos que corren. Hainos de mar e de rio.
GALEGULOS: Os amantes de comelladas. Para eles toda a cultura está na festa de exaltación do marisco, do polbo á feira, do carneiro ao espeto, dos pementos de Padrón, do cocido de Lalín, ou da caldeirada máis grande do mundo para aparecer no Guinness. Soen acabar gordos. Obsérvese que é unha palabra grave, a pesar da tendencia que hai a pronunciala como esdrúxula. Sinónimo de Galarpeiros.
GALEGUISTAS: Galegos de prol que posiblemente se confundisen de país. Na Galiza falan unicamente na lingua galega, mesmo nos seus actos máis intimos. Tódolos galeguistas son galegos, pero non tódolos galegos son galeguistas.
GALEGRES: Os que a pesar de todo son felices. Eu crer non creo neles, pero haber hainos.
GALELOS: Tipo curioso de poboadores, que apesar de sabérense nun país habitado por tantos outros tipos nefastos, ainda o aman (o país) e ainda gostan de vivir nel.
Antón Cortizas
…
PREGÚNTOLLE AO VECIÑO XENEROSO
Publicado o13/07/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
Pregúntolle ao veciño Xeneroso
pola fonte vella
e dime que inda non cansou.
Da fonte nova de Pazos
vou á fonte vella,
alá no cachafundo,
e adiviñoa tras os vimbios
e máis a broza de silvas.
Escondida e viva está
como a infancia nosa
no barrio
cando non se botara a perder
o riso de fuxir á chamada das nais.
Escondida e sonora anda
como toda a infancia,
como aquela en que, ocultos,
rubiamos castiros
pra sacarlle solfeo a botes e cacharros…
¡Ouh, Eido da Sorna, ouh lugares
da nenez agora con cerco
de silvas
e de uvas de can hoxe como onte
embriagados!
Francisco Candeira
…
TIPOS DO MEU PAÍS
Publicado o11/03/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
Galiza é un pequeno país apertado polo mar, bicado polo cariño húmido do ceo, e soportado no ar por unha terra lenturenta, velha e desgastada polo incesante decorrer do tempo. É linda. Mais non sei se para ben ou para mal, foi habitada desde épocas inmemoriais por un pobo que se foi facendo, coma todos, pouco a pouco, pero que ainda hoxe non ten unha ideia moi clara de cara a onde quere ir. É coñecido o dito de que cando un se atopa nunha escaleira cun galego, non se sabe se sobe ou se baixa. ¿Será por non querer que se saiba a onde un vai, ou porque nin el mesmo sabe a onde quere ir? Triste fado o da indefinición. Nas enciclopedias, afeccionadas como son elas a comprimir o comprensible e o incomprensible, explican que os naturais da Galiza son os galegos. Pero a cousa non vos é así tan doada nin tan sinxela. Despois dunha longuísima pescuda, quen isto escribe chegou á conclusión de que na Galiza existen 33 tipos diferentes de poboadores. Parece mentira que nun lugar tan pequeno haxa tanta diversidade. Atrévome a enunciar dúas teorias complementarias que explican o porqué de tanta diversidade tipolóxica. 1ª teoria: É moi posible que a causa radique na propia humidade do país que favorece o desenvolvemento de fungos, ouricelos e liques sobre as superficies máis diversas, mesmo sobre a pel humana. En moitos casos incrústanse de tal modo que eses seres vivos, simbolo da invasión e da sobrevivencia, chegan a estenderen os seus micelios ata o máis fondo da alma humana, de tal xeito que cando o normal seria que houbera uniformidade nos tipos que definen un país nos pensamentos básicos, profundos, metafísicos e colectivos, na Galiza non ocorre nada diso e en tan pequeno territorio (apenas 30.000 km2), e en menos de tres millóns de habitantes parece mesmo un milagre que haxa tanto autóctono diferente. 2ª teoria: Reforma e complementa a anterior. A diversidade está na propia lingua na que falan e pensan os individuos. Polo refraneiro sábese que “na sua terra ou o burro fala ou o burro ornea”. Efectivamente, orixínanse tipos diversos de galegos segundo o uso, abuso, desuso ou mal uso que se fai da lingua. Evidentemente, este traballo é unha mera e brevisima exposición, pois cada un destes tipos merece un estudio á parte, ao cal o autor pensa adicar o resto dos seus dias e parte das súas noites. Sen máis demora dou paso xa á relacion dos diferentes tipos do meu país, ordenados por orde alfabética e acompañada dunha breve definición.
ESPAÑOLES: Chamanse deste modo os que naceron na Galiza como puideron ter nacido en calquera outra parte. Distinguirémolos moi ben de falarmos con eles sobre marisco, pois confunden nécora con pécora, percebe con pesebre. mexillón con mesón, ameixas con cereixas, luras con bulas e polbo con coito. O seu nome escribese todo con maiúsculas, pois eles non o aceptan escribir doutro modo, tal é o grande concepto que teñen de si mesmos. Non se deben confundir cos españois, que son xentes máis ou menos normais, de dentro e fóra da Galiza. Endebén, por confusión e contaxio, moitos españois, de non se vacinaren contra a enfermidade carencial de sentido común, corren o risco de convertérense en ESPAÑOLES moi rapidamente.
GALAICOS: 1 Tipos finos encrequenados no pasado. Gostan da historia pero non teñen memoria. Falarían aínda en latin se soubesen, pero como non saben non o falan. Tampouco falan galego. 2 Galegos aconfesionais.
GALARPEIROS: O mesmo que galegulos.
GALECIOS: Galegos necios, para que dicir máis. Sinónimo: Galicidas.
GALÉCTICOS: (Pronúnciase cun e moi aberto, case a). Defínense a si mesmos como galegos universais. Aseguran que a súa patria é o mundo, pero non falan o idioma do mundo, senón o castelan, co cal se contradín a si mesmos e fan ver que o seu mundo non é tan universal como din.
ANTÓN CORTIZAS
…
O VECIÑO CANDO ADOLESCENTE
Publicado o14/07/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
O veciño cando adolescente
apretando entre as mans ourizos arregañados,
agora pervagando antergo por riba do tellado
e a baixar pra dicir de herbas e essencias:
“a folla da nogueira é boa prás úlceras
e hai que collela agora e póla a ferver”
Os amigos que axudaban no eido, que xa se foron,
mais enxertaron e plantaron roseiras.
Os homes barís, tal habelencia acabou…
O compañeiro que ergueu a casa, tan ben,
neste intre na casa de todos,
qué amigos nos leva a vida, a morte!
Outros podaron, deron sulfate, cavaron:
este, aquel, as mulleres.
¡Ouh, qué cousas boas
ten a alma da labranza!
¡E qué cousas ten o tempo da Terra!
¡O tempo é unha man,
unha manchea de terra, traballo e versos
a ir e vir pola escaleira de Xacobo!
Francisco Candeira
…
POEMA
Publicado o10/03/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
Francisco X. Candeira
Extraído da sua obra “Na forxa do soño”
MONOLOGO
Pensar que te amo neste outono ardente
cando abren os ourizos dos castiros
cando procuro a cor dun soño antigo
na chuvia que cae maina pola tarde
cando persigo os teus beizos vermellos
pra ensinárenme a verba clara e certa
das paisaxes que viron os teus ollos…
Cando contemplo a chuvia entre os cristais
da xanela que olla cara ó val
poboado de veigas e regueiros
digo que te amo neste outono ardente.
…
…
NAO SENLLEIRA
Publicado o02/10/2022por fontedopazo | Deixar un comentario

¡Quen dera ser nao senelleira
naquel mar non presentido
das xa mergulladas terras!
…
Sen ceo, sen astros, sen vento
sempre á toa polas ondas
deitado no esquecimento.
…
nin andar nin desandar,
nin ter outro coido acedo
que leixarse ir polo mar…
…
¡Quen dera ser nao senlleira!
Sen fito -estrela nin porto-
ser eu a propia ribeira!!
…
¡Quen dera…!
…
FERMÍN BOUZA BREI (1932)
…
POETAS DA TERRA (ALFONSO PEXEGUEIRO GONZÁLEZ)
Publicado o03/03/2022por fontedopazo | Deixar un comentario

Nasceu na aldeia de Angoares, no bairro do Cabalón, o 19 de Abril de 1948, no seio dunha família de populares. Os seus primeiros quinze anos, discorrem nas rivas do rio Tea, baixo severas condiçóns de vida, tanto no que diz respeito às necessidades económicas, como no indixente ambiente sociocultural, fruto do ríxido control exercido na vila polas forças políticas. Estas condicionantes conformam a dependência das clases populares, especialmente o campesinado, conformará o nó desse território poético que é Seraogna: “Seraogna,/ brazos de nulher mouca / que abrancas / terras de silencio”. Este mesmo território orixinário aínda o habería de recuperar o autor em obras posteriores, se bem baixo claves míticas menos referênciais, como a infância, a mulher, o rio ou as ilhas. Até aos dous anos, viveu na casa dos avôs maternos, labregos âmbos, passando logo a viver com os seus páis (Alfonso, de profissón zapateiro e Herminia, empregada dunha alfaiataría) para o bairro da Castinheira, adxunto ao casco hurbano de Pontareas. Alí passou toda a infância, segundo as suas palabras “xogando na rúa e percorrendo os caminhos e as veigas de Angoares e dos seus arredores”. Vencelhados coas suas vivências, habería que reconhecer muitos dos motivos e símbolos da obra de Pexegueiro, desde os animais como as curuxas, que aninhabam num coberto da casa dos avôs e que, presentes em “Seraogna”, cobram unha importância connoctativa maior em “Desatinos dun maldito”, até aos productos do campo, tais como o pán de milho e o de centeio, que a família cozía e vendía nas feiras. Ós quatro anos começa os estudos no Coléxio das Teresianas, para passar cinco anos depois ó Coléxio Santiago Apóstol, âmbos os dous pontareáns e privados. E, seríam as aulas, tinxídas na lembrança, de fortes dosses de negatividade. O único lugar no qual entra em contácto coa cultura escrípta, o que espelha a pobreza do entorno a esse respeito. Mas também a falta de qualquer outra perspectiva, que non sexam os vencelhos subordinados urdídos polos poderes fácticos, fronte aos quais, non habería de permanecer neutral.
SERAOGNA I
Ninguén pode ollar a cidade do Ceo, do Sol…
¿Quen se atreveu a dicir que a farna leva mensaxe de eternidade?
¿Quen te enganou con viño na hora de amar?
Herba, fillo da gavela e do arado,
¡como che mentiron ano tras ano!
Déronche imaxes, máis carros de silencio e sorrisos de nenas brancas.
Déronche o marelo polo verde
E fóronche cantando con viola dunha corda o Réquiem e a Eternidade
(Brancas naves de cristal nos teus eidos) ¡falso! ¡falso!
Enganáronte; ó preguntar polo pan déronche refugallos de anxo
Enganáronte cando descalzo ías á procura das túas zocas…
Enganáronte xa ó nacer, lúa vella, sempre nova, eterna,
a túa eternidade está nos teus brazos, no teu cerebro
que tronzaron con rorrós de igrexa e mantelas falsas
Non che pregunto pola túa vida
porque xa sei que vives no máis fondo da noite
Non che pregunto polos teus fillos
porque xa sei que loitas, esperto o día,
por arrincalos da neve sucia
e facer que os seus soños sexan carne ceibe
nesta terra de tempo que nos rouban os traficantes do trabalho…
Non chores, mulher de suco; eu sei que dos teus ollos abrota o bronce
que haberá de forxar, co lume dos homes,
ese Himno á Liberdade e ó Traballo.
Muller de fábula, raiola, irmá do trono, achégome ó teu camiño
e bebo das túas mans
o sangue que me ergue e me fai redemuiña de loita.
¡Enruga e cárcere, polo bronce do teu pranto!
ALFONSO PEXEGUEIRO GONZÁLEZ
…
PORQUE NON HAI OLVIDO
Publicado o04/04/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
“Kalimera, pensó absurdamente”
J. Cortázar, en “La isla a mediodia”
“Si tivésemos todos
unha palabra esacta, unha somente”
C. E. Ferreiro
I
Un devora delirios, insomnios infernais
verdadeiras mentiras, ruídos e noticias.
Un nunca cruza a ponte que vai ata o Silencio:
quédase sempre a medio camiño, sobre a ponte
porque un ten medo, medo.
E se chegamos á outra banda aínda nos queda
o eco dos nosos pasos na memoria
porque non hai Olvido
porque non hai Olvido.
II
Por unha palabra escondida
que tal vez non coñecerás xamais
avantas por barrancos, pasas freitas
que che dan os camiños coma ós lobos.
Por unha palabra que inda non hai
unha palabra exacta
correrías congostras, e por ela
ferverían os ollos cansos
de xa naceren tanto.
(Por moi certa palabra palpitante
que ha nacer un día para tódolos homes
e que non será a Morte).
FRANCISCO XOSÉ CANDEIRA
…
PARA REDIMIR O QUE NON SABEMOS OU O QUE SE DI A MEDIAS
Publicado o24/04/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
Soamente pido unha noite iluminada por un soleil noir,
un delirio sempre en fuga, unha voz que entoe pois poboados silencios
muller que non escribes para certo silencio,
que non es volúbel nas razóns profundas
e sais incólume de tantos perigos
e non fas caso de espúrios ideais
e es inmarcesíbel ante toda ilusión
e desprecias inocuas accións e pusilánimes ignorancias.
Para ti son todas as cousas ledas,
muller que convertes as páxinas en branco en berros nidios,
que cantas o mundo e traballas a palabra do soño
mentres segues a rota do vento cando vai pra ningures
mentres no fogar vello dos antergos aínda arden as cepas
con lume eterno e misterioso,
e sabes que nas veigas os homes
xa non danzan as danzas do noso,
e que xa non hai catro xogos
para cadansúa xeira,
e lembras que as lúas enxendran panteras tenras,
e que sofren os homes
moita inxustiza neste mundo noso.
Eu direi que, se non escribo, deambulo
pola cidade amando, en silencio, as persoas
que, depar de min,
pensan cousas belas:
con beleza:
Sen Tempo.
Francisco Candeira
…
O VALOR DAS COUSAS QUE TEÑEN UN LUME
Publicado o19/07/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
O valor das cousas que teñen un lume
escondido. Os homes que miran
o cenit e o horizonte chorando de ledicia.
Miro pola fiestra as almas que me queren.
Canta un melro, canta.
¡Qué gracioso ouvir uns pasos que falan
cando a pel sinte tristura!
Francisco Candeira
…
O LUME NO FORNO
Publicado o19/07/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
O lume no forno
e o fumo que sobe como néboa.
Os azulexos con paisaxes brancas
sobre a terra escura.
Os que foxen pra esconderse dos pozos.
Aquel que esconde as mans pra fuxir do odio.
¡Son un neno a mirar pró corazón
deitado nun regueiriño!
Francisco Candeira
…
VIÁXE AO COUTO MIXTO
Publicado o27/10/2022por fontedopazo | Deixar un comentario

Depois de por em andamento o “Tom-Tainas”, partímos de corazón alegre com ânimos de longada. Para a tranquilidade de mais unha das nossas aventuras gastronómicas, cara a Boticas. Baixo a influênça de Saramago e do seu românce “Todos os nomes”, buscamos um tio meu Xosé Argibay Amil, que está enterrado no cemitério de Boticas. A trama-pretéxto, é ir pechando o cerco até dar com ele.

Comemos no Restaurante Rio, um lugar limpo, desafogado e com unha carta bastante interesante.

Três trutas fritas e escabechadas, muito bem preparadas e bastânte tersas.

E, como prato principal xabalí estufado com castanhas.

Logo de inquirir demoradamente as raparigas, passámos a saber que Boticas tem um cemitério e todas as aldeias limítrofes tenhem o seu próprio. Assim que, há que investigar todos os nomes.

À tarde, xá com a barriga contente, tomámos o caminho da cordilheira da Serra do Larouco, buscando um buraco por onde furá-la cara ao Couto Mixto, desde terras de Portugal.

Depois de perguntar, a um rude pastor celtibérico, de barbas sem rasurar e roxos cabelos bem abonados. O caminho a seguir era, sempre em frente, sem duvidar.

Entramos no Couto Mixto, sem saber onde estábamos, tudo parecía diferente da semana anterior. Quando entrámos polo lado galego, a verdade é que o lugar parecía muito mais montanhoso e agréste.

Mas, desta vez, tivémos muita mais sorte! Pois, conseguímos infiltrar-nos nunha “orda” de visitantes, capitaneádos por duas raparigas expertas na temática local, às quais non deixámos respirar com perguntas indiscrétas, características de todo heréxe que se préça.

Inclúso, lhe propuxem, aproveitar toda esta confusón do “Covicioso”, para acabar definitivamente com os curas.

E, a um dos vecinhos, que milagrosamente conseguim encontrar, polas destartaladas e solitárias viélas, que era urxente fazer unha importaçón massiva de suecas, sexam elas de onde forem, dá igual. E? Pareceu-me que, algo sim, que o animou.

Aquí, dentro desta arca, pechada a três chaves, están os documentos que testemunham a independência passada do nosso Couto Mixto, liberdade sentada sobre a dura vida das terras pobres.

Baixo esta tarde soleada do Outono, xá os corpos pedem quentura, adivinhando o crú Inverno, o frío e a dureza destes lugares da montanha. Fai falta, abundante lenha. Duros tempos se aproximan, em que tanto Portugal como a Galiza xá quase non existem. E o Couto Mixto, arruinado na sua beleza e falto de habitantes, está irremediábelmente morto!

A IRMANDADE CIRCULAR
…
NON HAI DISTANCIA
Publicado o26/05/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
Non hai distancia
entre o fume e as columnas
porque non vexo diferencia
esencial entre a néboa
e a redondez pulida das columnas.
As tatuaxes (filigranas
apuradamente alcoólicas)
desta tripulación noctámbula
que me acompaña no mar
das botellas apiladas (a escuma
da onda son copas invertidas baixo luz)
veñen dicirme
que no mármore hai naturalmente
petroglifos trazados
pola man cóncava da lúa.
Un whisqui tende a ponte circular
da comuñón, que é un plaxio
oculto, sen publicar,
acaso unha canción moi compartida,
acaso unha cita.
A comuñon: ese plaxio
porque cadaquén é outros:
eu non son soamente eu
porque a amizade
ergue o vaso ás alturas dos ollos.
Francisco Candeira
…
SOBE COMIGO, CANGALLEIRO, SOBE
Publicado o05/05/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
comigo á cúpula do palacete
deste Centro Galego de Lisboa.
Agora que xa estás aquí mira mellor
a qué considerábel distancia está o mar…
pois verás de que se trata, voucho dicir, meu caro Cangalleiro.
E non te atrevas a escorar a testa
cara ao lado esquerdo, cal se estiveras canso,
nin abras tan sequera os teus brazos en cruz
como se foras xa un Cristo definitivo.
Neste intre estamos con Prometeo. Neste intre
simula que lle roubaches o fogo aos deuses…
con ese ollo ciclópeo (por único) que eles che desviaron
cara ao seu debido sitio.
E neste polígono baixo teito ireite atar, se ti me deixas,
a unha destas columnas de mármore!
Cando eu me esconda tras a porta
pola que entramos ti vas facer o que eu che diga,
aquí en solitario.
E esquecerás o problema que teis na perna esquerda.
Primeiro
vaslle dar pois sete machicadelas a este chicle de menta que che ofrezo
Acto seguido escupiralo con furor por enriba
da baranda e entón dirás este refrán:
até xaneiro aínda pasa a ovella o regueiro,
a partir de xaneiro nin ovella nin carneiro.
Despois mirarás moi fixamente pra o mar…
E entón nun intre calquera verás moi nítidos os peixes
nadar por debaixo da auga… dígocho eu!
Así se fixo. Eu escondinme. El quedouse só
facendo o que lle ordenei. Dentro dun pouco eu
voltei entrar e pregunteille:
– víchelos?
– Eran fanecas, vinas perfeitamente.
– multiplicáchelas?
– Non me deu tempo, non me deu tempo.
E entre o terror e a gracia repetía:
non me deu tempo,
non me deu tempo.
Francisco Candeira
…
ESTA HORA DA TARDE
Publicado o22/05/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
ofréceme contemplar tres formigas
a evadirse prudentemente
da súa columna, que sobe e baixa
o valadiño en que estou sentado.
No chan camiñan as tres ínfimas formigas.
Móvense, sinuosas, entre o sol e a sombra,
pois un arbusto reflecte as súas follas
na grava ennegrecida
onde apoio os meus pés.
Mais un bris desloca e confunde e mistura,
presuroso, os espazos de sol e os espazos
de sombra. E así, onde antes era o sol,
agora é a sombra,
e onde hai un intre era a sombra, agora é o sol.
E as formigas reciben o sol e a sombra,
ou pasan, cando amaina, do sol para a sombra
e da sombra para o sol.
(Unha ponta de cigarro, coa cinza
moi visíbel, é algo tremendamente grande
para a vista, case unha torre derrotada).
Tras contemplar as tres diminutas formigas
e a columna toda que se dispón
(ondulante) enteiramente na sombra,
atravesando o valadiño,
podo pensar que estas tres formiguiñas
andan a xogar co sol e coa sombra,
xa recordando o sol, xa recordando a sombra,
e coa sombra no sol e o sol na sombra –
axudadas polas follas e o bris.
E tal como o sol entra no inverno
ou como as tebras poden sorprender o verán,
eu podo pensar que hai un movimento lúcido
que demuda a vida (en alegría, asombro, fermosa sorpresa)
se, transmutándose, se sublevan corazón e pensamento.
Francisco Candeira
…
XA SE MUDA A DEVESA
Publicado o07/04/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
Xa se muda a devesa en brisa palpitante
alí onde os dedos piden clarexar
ángulos, sombras, nomes, fantasías.
Xa pousan o seu po de día rutineiro
nos poros anhelantes de luz íntima
porque os corpos reclaman o tremor
que pervive no tempo máis inmóbil.
Raudo medra o desexo e busca cego
en verde entraña branco sol de infancia.
Sobe un silencio ilícito ata os labios,
un fervor. Esta fronte xa non pensa:
só hai lampos acurtados polo olvido,
lampos e un canto breve coma a morte.
!Como cantan os grilos!
Brilla tamén a sombra. Pero escoita:
neste abandono limpo en que xacemos
quizais nos queden voces imprevistas:
paxaros azuis, chuvia, bosque antigo.
FRANCISCO XOSÉ CANDEIRA
…
NOVÍSSIMOS DA POESIA GALEGA
Publicado o29/10/2022por fontedopazo | Deixar un comentario

POEMA FELINO
Nun papel alegre,
meu líquido gato
camiñaba felino,
negras pegadas deixando.
.
Ao alto dunha árbore
con énfase gabeaba,
metáforas miañando
que nos bigotes medraban.
.
Nun hipérbato valente,
dun hiperbólico salto,
o gato fixo un poema
coas gadoupas rabuñando.
.
BREIXO VIDAL SALGUEIRO

…
POETAS DA TERRA (FERMÍN BOUZA BREI)
Publicado o07/12/2022por fontedopazo | Deixar un comentario

DENDE A ARMÓRICA
Teño de te prisar no meu feixe de luz,
atal que a min agora prisa o faro de Ermülhk…
.
Quero que sexas ti o que eu xa non hei ser:
lume na noite, estrela no mencer,
.
ave no ermo, canto no mar maior,
singular mareante por todo inmenso amor.
.
Teimo de te anegar co meu piago de luz,
atal que a min anega o outo faro de Ermülhk…
.
Quero que leves ti o que eu xa n’hei levar:
alboradas no peito e nos ollos luar;
.
no estrano esprito alceso ilusión de ilusións,
e o corazón deitando celme de corazóns.
.
Ah, sí! Hate apañar miña fouce de luz,
atal que a min agora a do faro de Ermülhk.
.
Quero que ti conquiras o que eu n’hei conquerir:
polo enxamio dos astros a patria do porvir,
.
miña Galiza chea, comprida, sideral…
Un praneta senlleiro, todo limpo de mal!
FERMÍN BOUZA BREI
…
AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (124)
Publicado o08/01/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

¿¿E OS MEUS MALES, QUEM OS CURA??
Quem me causa esta dor?
O Amor!
Quem a minha glória despreza?
A Fortuna!
Quem a minha pena consente?
O Céu!
.
Desta maneira recêlo,
morrer deste meu mal extranho.
Amor, Fortuna e Céu!
.
Quem melhorará a minha sorte?
A Morte!
Ao bem de amor, quem alcanza?
A Mudança!
E os meus males, quem os cura?
A Loucura!
.
Desta maneira será cordura,
querer curar a paixón?
Quando os remédios som,
a Morte, a Mudança e a Loucura!
.
Santa amizade, que com lixeiras asas,
aparentas arrastarte polo chán,
entre as benditas almas do céu,
subirás alegre às celestes salas!
MANUEL CALVIÑO SOUTO
POETAS DA TERRA (RAMÓN CABANILLAS ENRÍQUEZ)
Publicado o17/01/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

CABANILLAS ENRÍQUEZ, Ramón (Cambados, Pontevedra, 1873-1959). Poeta galego. Colaborador da importânte revista “Nós” e do “Seminario de Estudos Galegos”. Foi escritor muito versátil: em “Vento mareiro” (La Habana, 1915) escrebeu versos ao mar. Versos narrativos, basados em três poemas celtas em “A noite estrelecida” (1926), e poesía amorosa de grande poder expressivo e economía de formas, em “A rosa de cen follas” (1927). A sua obra no campo da poesía oral foi reunída em “Antífona de cantiga” (Vigo, 1951). Em muitos dos seus poemas rende homenáxe ao seu pobo natal e a temas mais cosmopolitas, âmbas cousas com igual tino. Escrebeu a obra teatral “A man de Santiña” e, em colaboraçón com Antón Villar Fonte, a peça histórico-mítica “O mariscal” (1926).
OXFORD
…
XULIETA
Publicado o02/02/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

Passou-se tudo num minuto. E foi o bastante. O motorista bem meteu o pé a fundo no travón com quanta gana tinha; mas era tarde. A mulher estaba por terra, feita unha boneca de trapos que a birra dunha criança tivesse esventrado. Sería difícil imaxinar posiçón mais macabra e esquisita. A perna decepada, com os tendóns à mostra, apresentava a biqueira para o lado do calcanhar, as máns estendiam-se ao todo o comprido, afogadas na poça de sangue que cada vez alastrava mais. E a cabeça quase se enfiava pelos seios dentro. Parecia querer esconder, na posiçón em que estava, um grande segredo. Espalladas ao redor, como duas notas trístes de desalinho e de traxédia, via-se a malinha de mán, melancólica, e unha luva preta, abandonada. Muitas pessoas que nessa tarde de Natal iam a caminho das “matinées” presenciárom a cena. Chegou o polícia, deu unha ordem gritada ao dono do automóvel que ocasionara o desastre e estava parado mais adiante. Ràpidamente o corpo mutilado e exangue foi colocado à “trouxe-mouxe” sobre os assentos da rectaguarda. Alguns curiosos axudaram à manobra. E o carro abalou a grande velocidade para o hospital. Chegou lá morta. Encontraram-lhe na carteira um librete de tolerada com outras buxigangas. Uns papéis, algum dinheiro e unhas chaves. Mais nada. As pessoas que presenciárom o desástre, tríste para um dia de Natal, seguiram impressionadas para as “matinées”. Quando a noite chegou, na Avenida non habia lembrança do acidente. Só a “Cidade” do Diário relataría o acontecimento. O Diário e aquela mancha de sangue que a primeira chuvada se encarregaría de eliminar. A mancha de sangue e a macabra e esquisita posiçón em que o corpo ficara – posiçón de quem mesmo da morte tem um segredo a guardar. A luva estava lá, esquecida, sem vida e sem significado. Filha de xente pobre, desde garota Maria Isabel estivéra em contacto com a crueza da vida, non tendo desta, portanto, unha visón romântica de menina bem criada. A despeito dessa experiência ficara-lhe o xeito de sonhar. A entrada na adolescência, xá em si um reino maravilhoso, foi um sonho. Todos os dias axudava a nái a lavar e a engomar a roupa para fora. A vida na artéria pobre da cidade continuava a mesma – dura e implacábel. O pai non abandonava a velha costûme de, à noitinha, bater na nái. Contudo, dentro dela, lá bem no fundo, habia o desexo de unha existência diferente, o anseio de unha vida risonha e feliz, unha sede de realizar unha cousa que nem ela sabia explicar o que fosse. Mas um dia soube. Namorava há tempos o Artur. E há dias que ele lhe falava nunha vida nova, os dous felizes, num quartinho pequeno, mas só deles, onde iriam arrumando as cousinhas que fossem aos poucos comprando. Faría o comer para ambos. Gostou tanto do Artur, a partir dessa data, que lhe fez a vontade – fuxir de casa. Como foi feliz, francamente feliz. Dizer o contrário era mentir. Acabado o trabalho na fábrica ele metia-se logo no quarto e non saía mais. Só tinha um desgosto – o seu Artur non gostava que lhe falasse nos desexos que sentia em ter um filho. Quando tivesse um menino, sería entón completamente feliz. Assim, habia na sua vida aquele vazio. Mas durou pouco tempo este estado de cousas. O Artur acabou por desaparecer. Deixou-a só e sem dinheiro. E verificou que a experiência ganha na sua infância non valera para nada. Muito tinha ainda que aprender. Soube depois, quando baixou ao hospital, que o seu Artur lhe tinha pegádo unha doença mala. Non o odiou. Estava-lhe grata pola felicidade daqueles dias. Se ao menos lhe tivesse deixado um menino! Saiu do hospital. Desde esse dia até aquele em que passou a chamar-se Xulieta, foi toda unha vida que esqueceu. Depois foram as patroas, as companheiras, os clientes. O contacto foi mais profundo com a tríste realidade da vida. Porém, a Xulieta de agora, tinha guardadas no peito, lá bem no fundo escondidas, as ilusóns da moça Maria Isabel. Nada lhes fazía perder o viço. Queria ter a sua casinha. Ela non nascera para aquilo. Sem o manifestar, alimentava a esperança de que, a dada altura, o seu home lhe aparecesse, e os sentimentos que trazía recalcados dentro dela saissem para a luz do dia. Ainda que fosse um outro Artur. Era tan ardente o desexo e tán firme a convicçón que, muitas vezes, o home acabava e ela ficava à espera de ouvir: “Passas a viver comigo, sim, amor? Alugamos um quarto modesto. Dás-me depois um filhinho louro, de grandes canudos sobre a blusa”. Mas non. Xeralmente, sem dizer mais nada, o cliente abotoava o último botón, afivelava o cinto, deixava a placa em cima da mesa de cabeceira e saía. Pela porta aberta ouvia o barulho ensurdecedor da sala. Ficava com um peso em cima de sí, como se o home ainda ali estivesse. A um berro mais alto, levantáva-se, vestia-se, escondia lá mais para o fundo as ilusóns de Maria Isabel, e vinha para xunto das outras, aturar as grosserías dos homes. O quarto alugou-o ela. Non para fuxir à exploraçón das patroas ou ao convívio das companheiras. Queria fazer-lhe unha surpresa. Quando ele viesse xá tinham casinha. Nunca se servíu dele para as esixências do seu ofício. Continuava com a mesma vida. Aquele quarto, porém, era o seu segredo. Guardava dentro dele as suas mais gratas ilusóns. Sempre que deixava de ouvir as botas do home na escada, o barulho da porta a fechar-se, ficava momentos pensativa e, por fim, convencía-se que non era ainda “Aquele”. Mas ele viría. Disso tinha a certeza. Tanto que amealhava, com um alvoroço de menina, todos os escudos. Pensava comprar mais unhas cousinhas. Naquele Natal, Xulieta sentíu o peito abrir-se-lhe nunha alvorada para deixar passar tudo que lá estaba dentro. Pressentia que era chegada a hora de realizar-se a seu sonho. Estreára o casaco de abafo, a malinha de mán, unhas luvas. Abonecara-se mais. Non ía aos homes, ía ter com Ele. Tán feliz caminhava que, ao atravessar a Avenida, nem reparara no automóbel rodando a grande velocidade. Coitada! Mesmo da morte, ela ainda escondera lá para o fundo do peito as ilusóns de Maria Isabel. ¡¡Pobre Xulieta!!
ALEXANDRE CABRAL
…
¡¡CONFLICTO!!
Publicado o08/02/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

Álvaro, nessa noite, viu-se só à mesa da cozinha. Era frequente. A nai non estava. Tinha, porém, o cuidado de lhe deixar o comer xá pronto. Como de costûme, o xantar estava frio, nos tachos de barro. As comoçóns violentas do dia estancaram-lhe a fame. O manto negro da noite descía sobre a cidade, envolvendo-o na cozinha triste. Insensivelmente, deixou-se ficar sentado no banco, braço fincado no tampo, costas em curvatura, olhar perdido na penumbra. Pouco a pouco, o sentido das realidades despertara-o da apatia xeral. A que horas chegaría a nai? Non o sabía. Nai e filho eram dous estranhos. Raramente se viam, frente a frente; só pela manhám, quando o rapaz saía para o escritório, ela lhe falava da cama, onde continuava até tarde. Ao xantar, quando chegava, encontrava a casa deserta. Em cima da mesa os dous tachos de barro com o comer. Quando de inverno, riscava um fósforo, acendia a vela, e mastigava aquilo que encontrava. De verán, comia à claridade fosca dos derradeiros raios solares. Xamais fizera unha observaçón acerca da vida que a nai levava. A complexidade e o angustioso do seu drama de homem era suficiente para lhe ocupar o pensamento. Com o sentido das realidades começaram as perguntas a aflorar-lhe ao cérebro: “Que farei amanhá?” Um dia inteiro à sua frente! E nos seguintes? E Aida? Ao lembrar-se da rapariga invadía-lhe o peito unha onda de desespero. “Nunca mais a verei!” E unha interrogaçón nascía-lhe no espírito: “Ela vai esquecer-se de mím?” Non tocou no xantar. A noite caíra completamente. Sufocado, desceu os dous curtos e estreitos lanços da escada. O ar fresco da noite fustigara-lhe o rosto. Estava na rua -rua de aspecto desolador, mergulhada na noite, aclarada aqui e ali por um ou outro candeeiro público. Casitas velhas constituíam a pobre artéria; dentro, famílias numerosas viviam, aos três ou quatro num só quarto. “Desempregado!” Que antagonismo entre estes dous aspectos da vida de um indivíduo: empregado – desempregado. O empregado recebe ao fim do mês o ordenado, magro embora. Em contra-partida vê no prato da balança os dias preenchidos por essa obrigaçón. Levanta-se da cama, come apressadamente, mete ao caminho mais curto, pois vai xá na hora do patrón. Polo dia fora, se sai, leva os passos contados, do escritório ou da loxa ao destino e volta. E o desempregado? Este, máns nos bolsos, non tem assalariadas as pernas. Caminham ao acaso, em todos os sentidos, consoante o capricho do momento; non procuram as travessas que encurtam distâncias; metem-se, polo contrário, às ruas longas que se afastam sempre do ponto de partida, no prazer de alargar a roda da caminhada, de tomar conta, o pobre diabo, de toda a cidade. Tem um dia inteiro ao seu dispor para essa conquista -um dia, um mês, um ano, quase toda a vida. O desempregado goza a liberdade, aspira a pulmóns cheios o ar das manhás, disfruta as sombras das tardinhas. Passa fame e non ganha salário. Álvaro caminhava sem rumo. Por ele passavam outros seres, indiferentes; tal como ele para com os outros. Em que rua estava? Porque ruas passara? Non sabía. Estas interrogaçóns tán pouco afloravam ao mar revolto do seu pensamento. As duas interrogaçóns que brilhavam à frente de seus passos, como letreiros luminosos em noite escura, eram as seguintes: “E Áida? E o outro?” O outro!
ALEXANDRE CABRAL
…
A BELEZA
Publicado o08/05/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
“Plinio el Joven, en el libro tercero de sus Epístolas,
escribe que no hay libro tan malo que no tenga algo bueno.
Este dictamen, que Cervantes leyó, confirma mi sospecha
de que la belleza es común.”
J. L Borges
A beleza fainos tremer. É repentina, insólita.
En certo sentido a beleza parécenos repentina, sublime.
E cando falo de beleza
falo de certas persoas, dalgúns libros, de precisas paisaxes,
de escolleitas obras de arte, de luces e sombras, de cidades…
Quizáis para min a beleza sexa un Exceso.
Pero a beleza en sí non é un Exceso: é simplemente
unha deslocazón no Espazo e no Tempo.
Tamén ten que ver coa miña limitazón.
(Agora si que vos fastidiei.
Agora con esta sentencia
rarefeita, boquiaberta, intransmisíbel
si que vos amolei, e ben amoladiños, ¿non si?)
E cando falo de beleza
non falo de min, evidentemente, falo de outros seres e de cousas alleas.
E non quero dicir que eu sexa insoportábel,
xa se sabe que non o son…
mais a mitoloxía que busco – a mitoloxía que leo a diario –
quizais sexa INQUIETANTE:
odiada – por vós -, atractiva – para vós (os poucos que me facedes caso).
!Ai daqueles que naceron para correr
tras ríos subterráneos!
!Só os ríos que van dentro tremen.
E porque corre moi lonxe, unicamente o(s)
Río(s) Negro(s) ilumina(n) a LÚA
a FESTA
a SANTA COMPAÑA
a RAZÓN
a PATRIA
TODO O QUE NON É
NOSO MÁIS BRILLA
EN NÓS!
E como odiades as miñas leituras
voume quedar por aquí. Ide, ide
tomar baño prós rios de verdade,
en calzoncillos chupade xelados,
e mirade pró sol cos ollos pechadiños…
!Fai unha calor que até o sol anda coa boca
aberta!
Francisco Candeira
…
TUI, UNHA TUDE TUDESCA
Publicado o05/03/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

Erguída no cúmio deste velho castro, “a soberba Tui”, como lhe chama Camoes nos Lusíadas, cidade de mais de três mil anos de antiguidade, semelha talmente um tudesco ciprés de pedra. Côrte do rei visigodo Witiza, foi recuperada dos sarracenos por Adfonsus I por volta do ano 740, e repovoada por Ordoño I no ano 860. Ruas estreitas, encostadas e tortas, cheias de escudos de armas, tuneis e passadizos secretos. Mas de tudo isto, destaca o ciprés de pedra do seu cúmio! O estilo gótico e castrense, foi o mais axeitado para a sua defesa e a da cidade, um templete amuralhado ao que sostinham duas grossas pilastras. O seu aspécto ainda conserva as muralhas e o marcado aire medieval. Tude, à qual D. Adfonsus D’Anrique, tivo que renunciar, depois do desástre de Badajóz, e da qual Prudêncio Sandoval escrebeu a sua História, e antiguidade das suas memórias. Chegou a ser capital da Galiza, e pátria nái dos galegos de Lisboa. Foi assaltada e tomada por vários dias, polo nosso brigadier xeneral Guillade, que quería fusilar unhas velhas refilonas, pois, ousaram desafiar a sua autoridade. Também os vikingos se confundíron, ao pensar que o bispo, com a sua cara rasurada e as suas bonitas saias era unha patrícia de mulher (bom, sobre este asunto, nem unha palabra mais!). Cidade tudesca, dentro da qual Francisco Sánchez, chegou à sábia conclusón de que nada se sabe!!

A IRMANDADE CIRCULAR
…
DISCURSO ÓS NENOS DE CELEIROS COM MOTIVO DO DÍA DA ÁRBORE (2018)
Publicado o28/02/2018por fontedopazo | Deixar un comentario
.
.
¡¡Irmans, miles de anos vos contemplan!! Desde este povoado mineiro da “Idade do Bronze”, chamado da Bela Vista, antes rodeado de empalizadas de troncos pontiagudos, de casas de madeira e de pedras pequenas, com tectos de colmo ou de pedras. Á mán dereita as minas a céu aberto, ó sul o Río Uma farturento. Vou-vos falar de algo, que possívelmente nunca ninguém vos falou. Este é um lugar de “Pedras Falantes”. Pedras, que nos falan, e que guardan as marcas de unha Pátria antiga, unha civilizaçón, que apesar dos tempos transcorridos, permanece latente ainda hoxe, nas memórias das nossas xentes. Debruçado sobre estas “Pedras que Falan” o Druída, com os seus corninhos de metal, atentos, para entender a linguaxe segreda. ¿E, porque é capaz o Druída de falar com as pedras? ¡porque foi preparado para isso! O “Circulo” grabado sobre a pedra, representa, sobre todas as cousas a “Igualdade”. Todas as xentes son iguais! É o simbolo dunha “Civilizaçón Circular”, ou sexa, “Comunal”, contraposta a outro tipo de civilizaçón chamada “Piramidal” ou “Triangular”, cuxa é caracterizada pela “Xerarquía”, em guerra permanente, entre xefes e oprimidos, entre amos e escrávos. Com unha demêncial e obssessíva vontade por apropriar o inapropriável, e que xera um medo, e unha violência irracionais. Todos os “Multiversos Quânticos”, xiran em “Circulo”, as espirais galácticas xiran em “Circulo”, as estrelas da noite xiran, os planetas xiran, e as nossas vidas também xiran, morrem uns seres, e aparecem outros novos para a vida. Tudo xira em maneira circular. Apercebemo-nos, que dentro deste “Circulo”, há um animal totémico (um Cervo, Cernunus), um animal amigo, tutelar, que nos dá couros, carnes, e sangre. A sua carne, é a nossa carne, o seu sangre é o nosso sangre. Mas sobre tudo, dá-nos alegria, quando o vemos correr e brincar libre polos montes. O “Circulo”, grabado na dura pedra, tamém representa a “Irmandade”. “Tudo é de todos, e non é de ninguém” ¿Que quere isto decir? Pois, que non temos o dereito de apropriar-nos do que é de todos! Porque, quando marchemos, outros virán que o necessitaram para viver. Os velhos cuidaram e ensinaram os pequenos, os nenos transmiten ós velhos alegria e ganas de viver, que é o que mais necesitan. Despois, serán os nenos que cuidaram dos velhos, quando o necesiten. Así é a roda do mundo, e así xiran as nossas vidas. O “Circulo” representa a “Rotaçón dos Trabalhos”. Todas as xentes, tenhem que trabalhar em tudo! ¿Para que é así? É, por variados motivos de ordem vital! Primeiro: é para que o trabalho non embruteza a alma das xentes. Segundo: para que quando alguém morra, na guerra ou na doença, axa outras xentes xá preparadas para ocupar o seu lugar. Terceiro: fai-se menos penoso trabalhar em tudo, que nunha só cousa, mas principalmente, porque as xentes tornan-se mais completas, e com um forte sentido de conxunto. A “Irmandade Circular Comunal”, obriga a que as xentes trabalhen em “Comum”, e para o “Bem Comum”. Entón, xuntos, a eficácia aumenta grandemente. O trabalho resulta mais levadeiro, e acaba por convertir-se nunha fésta colectiva, e num absolucto disfrute mútuo das presenças. Vou-vos por um exemplo, com um dos últimos testemunhos da eficácia do mundo “Circular Comunal”, que foi o “Rebanho Comunal” de Uma: logrou chegar até ós nossos días, acordo-me, como ó romper da aurora, os animais desde os seus cortelhos, se ian incorporando a unha riáda de centenares de cabras e ovelhas, que percorrian a rua central da aldeia, caminho do “Monte Comunal”. Em vez de cada vecinho, andar todos os días, com as suas quatro ovelhas, só tinha que ocupar-se destas um día por mes, quedando os demais liberado para outras tarefas. Normalmente, só ia unha pessoa maior, acompanhada por dous ou três pequenos, pertencentes a duas casas, por día de pastoreo. Esta laboura, insignificante, proporcionava ás xentes unha enorme riqueza, em leite, em carnes, lán e couros, e incluso era um seguro contra a fame, porque á noite, comias unhas sopas de pan com leite de cabra recén munxidas, que te deixava pancho. Ó cair da tardinha, o rebanho voltava do monte a galope, e eran os próprios animais que se separavam do rebanho comum, e entravam polos cortelhos a dentro desfrechados, para tomar o “mimo”, que costumava ser, espigas de milho, cereais (Corn-Floques), farinha, ou pondons. Lamentavelmente, acabaron por ser prohibidos, contra toda razón, pois a independênca das xentes, era mal vista, pela “Civilizaçón da Pirâmide”, que tinha outros negócios em vista. Non obstante, tal como esta “Pedra Parideira” da Bela Vista, o mundo seguiu alumbrando xentes, que guardan escondidos nas suas memórias o segredo das “Pedras que falan”
a irmandade circular comunal
.
…
ODE À BRAVURA
Publicado o29/01/2012por guilladenses | Deixar un comentario
Falando Joao Guimaraes Rosa, dos homens cuxa forma de vida era a coraxem, xentes duras e acostumadas á guerra, capaces de enfrentar reximentos do exército, como nos velhos Sertoes de Euclídes da Cunha. Um dos Cangaceiros, correu com as mans abertas na direcion do canhón militar, e agarrandose a el escangalhou-no polo chán adiante.
Outro dos episódios narrados no Grande Sertao Veredas, o prototipo do homen que non verga foi a do Xagunzo que caindo por um barranco abaixo, em noite de terrível bebedeira, non dobrou a cabeza, sendo encontrado morto meio metro enterrado na lama. Non vergou a cabeça!
Tamém Bettancourt, filha de xefe Xagunzo, e mulher preparada para a guerra, morreu lutando na faca, vingando a morte do seu pai, em multitudinário combate corpo a corpo, que findou em carnificina total.
As lutas a Coitelo e Caêtra, autentico ritual guerreiro da nossa terra, cuxa pervivência se adivinha na Arxentina dos Gaúchos, golpeando sempre de baixo para arriba, a capa enrrolada na mán, ainda que a Caêtra tamém se convertia inesperadamente em temível arma ofensiva.
Vai esta, na memória de todos os brabos guerreiros Celtibéricos.
Léria Cultural
.
O TEMPO E A ALMA (A INÊS NEGRA)
Publicado o09/04/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

O Castelo tem algunha história. A mais popular é a de Inês Negra, heroína que ficou na lenda. Duarte Nunes de León conta as cousas desta maneira, na sua “Descriçao do Reino de Portugal”, composta no século XVI: “No tempo que el-rei D. Joao o I de Portugal trazia guerras com el-rei de Castela sobre sucessao do reino de Portugal, estando o de Portugal sobre a vila de Melgaço que tinha em cerco, uma portuguesa que com os cercados estaba, mulher corajenta e mui desenvolta para unha briga, sabendo que no arraial estava uma mulher também portuguesa que tinha fama de valente e de non levar duas em capelo, querendo mostrar sua pessoa a mandou desafiar, e com licença do capitao saiu fora dos muros para escaramuças com ela, e vindo às maos, e perdidas ou gastadas as armas que traziam, andaram na luta tanto que deram grande prazer aos de dentro e aos de fora, que as viam, e por fim, aproveitando-se das maos, das unhas e dos dentes quanto puderam, a de dentro, que tinha por Castela, foi desbaratada, e com muitos apupos e gritos de todo o arraial se tornou para os de dentro, corrida e escabelada, e com muitas nódoas nos focinhos dos punhados de que foi servida da de fora, que ficou triunfando.” Fernao Lopes refere-se a esse duelo de mulheres, sem tantos pormenores, mas dá-nos muitas outras notícias sobre o cerco, que se arrastou perto de dois meses. Um outro duelo ocupou todo esse tempo: uma competiçao entre a antiga artilharia, de balestras e catapultas, e a moderna, de trons a que a pólvora dava força. Os cercados tinham trons, e durante o cerco deram cento e vinte tiros; o rei de Portugal mandou fazer uma enorme catapulta, que atirou trezentos e trinta seis penedos sobre a vila; mas a catapulta revelava-se muito superior a boca de fogo, nao só por dar mais tiros, mas por ser mais certeira. Ao passo que as pedras do trom “nenhum nojo fizeram”, os tiros do engenho acertam nos alvos, derrubando muros e telhados. Na minúcia com que regista as pedradas atiradas por cada um dos adversários, a simpatia do cronista vai evidente para a velha arma, ou porque fosse portuguesa ou porque representasse a tradiçao. O cerco acabou com a rendiçao dos Melgacenses, que conseguiram salvar as vidas, saindo apenas com seus giboes. O garotio juntou-se à porta do castelo e, por escárnio, metia nas maos de cada um unha cana. Os vencidos fingiam nao entender a injúria e brincadeira com os cachopos: Aconteceu isto em 1388. Melgaço entra na nova monarquia, mas a sua liberdade pouco mais havia de durar. Uma família local, os Castros, tinha de avoenga o exercício da alcaidaria e esmagou os moradores com exigências e alcavalas a torto e a direito.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
SOBRE A GUERRA E AS POBRES XENTES
Publicado o08/06/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

PLANÍCIE
Eu me despí,
eu despedacei a arma que me puseram nas maos,
eu corri de braços desmesuradamente abertos
pela planície fora.
E havia cadáveres moços entre papoilas rubras
e flores de margaça.
E pragas na minha boca
de todos os homens.
E clamores no meu sangue
de todos os homens.
Corria de braços desmesuradamente abertos,
levava vendavais coléricos e os gritos de milhoes de escravos
quando tombei.
Eu estava nu,
e fiquei apodrecendo, de olhos e braços abertos
desmesuradamente,
esperando
entre as papoilas rubras da planície.
PAPINIANO CARLOS
.
O TEMPO E A ALMA (7) (MELGAÇO EM RIBAMINHO)
Publicado o12/06/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

A relativa modéstia monumental de Melgaço é enganadora. O visitante dá unha volta e é tentado a contentar-se com um olhar exterior, e a seguir caminho. Os valores da arte e da paisaxem están nas imediaçóns da vila, e vale a pena dispor de duas horas para ir a Fiaes, onde a actual matriz xá foi igrexa de convento cisterciense e conserva muitos vestíxios dessa época, e túmulos com estátuas xacentes. Nunha outra pequena estrada de montanha, a cinco quilómetros, fica a igrexa de Paderne, que é tao antiga ou mais que Portugal. O nome vem, diz o povo, de Dona Paterna, viúva do conde Hermenegildo, senhor de Tui. Tudo isto foi nos inícios do século XII; o volume românico da igrexa, o duplo portal, a beleza do lugar, compensam o desvio. Castro Laboreiro, a quinze quilómetros da vila, é um local de rudeza impressionante, um mundo de força, de antiguidade e de violência petrificada. Tiveram durante muito tempo fama os caes desta rexión; a raça continua a produzir belos exemplares, mas aquí na aldeia nao é fácil encontrá-los. Dizem que aqui ou além, em quintas distantes, ainda se podem obter animais puros, mas aí está outro projecto que adio para quando o tempo o consentir: levar daqui um dos descendentes dessa raça canina. Quase às portas de Melgaço, na estrada para Monçao, atravessa-se a antiga estaçao termal. Do românico do século XII damos um salto para o galante século XIX, depois que o comboio reanimou a vida local e fez nascer as termas. Estas ainda sao das antigas, com a “buvette” no parque sob grandes arvoredos românticos, e velhos hotéis cuxos soalhos de longas tábuas oscilam sob os nossos pés. A casa de jantar, com lambris de madeira escura quase até ao meio da parede, pintados de verde-pálido, e estuque rico nos tectos, foi imaxinada para duzentos, trezentos aquistas, e parece envergonhar-se agora destes três ou quatro casais de terceira idade, que se movem com gestos póstumos e murmuram palabras em voz baixa. É sempre assim? Nao, dizem-me. Em Agosto e Setembro ainda vem muita gente. Mas sabe, agora preferem-se as praias, que sempre é outra coisa, outra vida. Que isto aqui é muito bonito; o senhor já conhece, nao conhece? Envergonho-me de dizer a verdade: conheço, mas de passagens sempre fugidias, sempre com pressa ou de chegar à fronteira, ou de me aproximar de Lisboa, e isso nao é mais que passar entre os dedos as páxinas de um livro cujo texto merece ser lido linha por linha. Este cume do Minho é das mais empolgantes paisagens que o país tem para oferecer, e non estou a falar só, nem principalmente, na paisagem física do monte e do rio, mas do mundo das pessoas, dos pequenos monumentos escondidos nos refegos das serranias, nas tradiçóns e nas ruínas, em todo o conxunto de valores morais que a terra aqui incorporou.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
BARCELONA
Publicado o16/06/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

“Barçalona és bonna, si la bolsa sonna! Si la bolsa non sonna, Barçalona non és bonna!” Meus caros amigos, as aparências às vezes enganam. Este sorriso incomparábel, que parece disfrutar às suas largas da cidade, non é de quem pensamos (do nosso amigo Carlos Carpinteiro), mas do famoso escritor Terenci Moix, profundo conhecedor da sua cidade. Neste mundo de confusóns, de sensaçóns e de emoçóns, nasceu Barcelona. Primeiramente, foi unha engalanada e industriosa vila medieval. Logo as muralhas, como resulta habitual, forom desrrespeitadas e deitadas abaixo, sem o menor pudor e inclúso com unha agradábel sensaçón de desafogo. Depois arribarom os que conseguirom fazer-se ricos “industriais”, estes xá demandábam obstentaçón e orgulho pola sua previlexiáda posiçón social. E todos os campados lindantes, forom barbaramente urbanizados, mecenas hábidos de glória puxérom rédea solta à loucura dos arquitectos contemporâneos, ó afán organicista e a barafunda dos materiais constructivos. A cidade conseguía unha personalidade, unha diferênça, algo que era buscado a todo o custo. O golpe de xénio, que deixarom os arquitectos “Modernistas” e “Pós-modernistas”, a estéctica que em Barcelona medrou raízes e inclúso árbores bem conhecidas.

A cidade é acolhedora em extremo, non existem barreiras de nenhum tipo para o visitante. Unha terra que viveu sucessivas ondanádas de emigraçón, e soubo acolher a muitos deles. Oxalá, também consíga sair victoriosa sobre os negócios turísticos modernos, é algo que lhe desexamos grandemente. Sobre as oito da manhám, como filho de qualquer emigrante, estou preparado para o pequeno almorço na “Boqueria”. Às dez horas, há que atravesar o “Barrio Gôtico”. Às duas da tarde, comer (a restauraçón em Barcelona, é unha verdadeira xungla, onde um se pode perder, se non tem a cautela debída), “La Sopeta” perto de “Raval” (típica comida caseira, a um preço razoábel)

Às seis da tarde, tomar algo no “Café de La Opera”. Depois passear polas “Ramblas”, que é o mesmo que incorporar-se a um rio de xentes, no qual passamos a formar parte da corrente humana que non finda. Às sete da tarde, deitar unha olhada à “La Pedrera de Gaudi”, perto do “Ensanche”. O tráfego das ruas ó lonxe, entramos no bulhicioso “Barrio Chino” (a famosa “Casa da Cona”), e a sua lenda de pecados, de misérias e de drogarías emfermizas. Unha subtileza amábel da nossa mala consciência, os agrávios do tempo e a ignomínia da História.

No “Paralelo” o “El Molino”, um cabaret que aguanta os empurróns abruptos da modernidade turística, com os seus velhos asentos de veludo, segue mostrando a concupiscência burguesa. Galegos e Cataláns, som os únicos pobos civilizados da Península. Sei que esta afirmaçón poderá chocar a muita xente, mas, penso non estar muito lonxe da verdade. A elaboraçón de duas “falas” com unha enorme puxanza, podem estar na base deste fenómeno. Futuras “modernidades” esperam a unha cidade eterna, fisicamente confortábel, xá non haberá barcos nem caminhos que te librem de Barcelona!

LÉRIA CULTURAL
.
ALTHUSSER (O REMÉDIO É A VIOLÊNCIA)
Publicado o22/06/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

A incúria dos colonos e dos indíxenas, assim como a própria beneficência da natureza que a tornaba possíbel, eram também um obstáculo para o desenvolvimento da indústria de esperma de baleia. Falando mais adiante da grande abundância de cachalotes nas costas do Pacífico e lamentando que os habitantes das colónias espanholas non aproveitassem as vantaxens que, para a sua pesca, teriam sobre os ingleses e os norte-americanos (Xá estes para chegar ao Pacífico, tinham ainda, naquela altura, de contornar o continente e a partir do Atlântico), comenta: “Non é a falta de braços que poderia impedir os habitantes do México de se dedicarem à pesca do cachalote; duzentos homes bastariam para armar dez barcos de pesca e recolher anualmente perto de mil toneladas de esperma de baleia; esta substância poderia ser no futuro um artigo de exportaçón quase tán importante como o cacau de Guayaquil e o cobre de Coquimbo. No estado actual das colónias espanholas, a incúria dos habitantes é um obstáculo para a execuçón destes proxectos. De facto, como se podem encontrar marinheiros que queiram dedicar-se a um ofício tán duro, a unha vida tán miserábel, como é a dos pescadores de cachalote? Como encontrá-los num país onde, segundo a opinión do pobo comum, o home é feliz só por ter bananas, carne salgada, unha rede e unha guitarra? A esperança de lucro é um estímulo muito débil, nunha zona onde a benéfica natureza oferece mil meios de procurar unha existência cómoda e tranquila, sem se afastar do próprio país nem lutar com os monstros do Oceano”. (Sánchez Ferlosio, idem) Para conxunturas como esta, de nada serve, como vimos, xerar unha oferta de trabalho “ad hoc”, importando operários das metrópoles, pois, mal desembarcam, non lhes é difícil obter unha rede ou unha guitarra e alimentar-se de bananas e de carne salgada. Este tipo de vida pode parecer o que quer que sexa, mas ninguém que tenha lido “Moby Dick” preferiria embarcar xuntamente com o capitán Ahab de serviço para perseguir cachalotes até ao outro extremo do mundo. A Humboldt non lhe escapa o tipo de “remédio” que sería preciso aplicar para restaurar aquilo que todos os senhores Peel das colónias tinham deixado esquecido nas suas metrópoles: Nas colónias espanholas ouve-se repetir com muita frequência que os habitantes das “terras quentes” non sairám da apatia em que há séculos están submersos até que unha “certidón real” mande destruir os bananais. Na verdade, o “remédio” é violento e os que o proponhem com tanto ardor, xeralmente non tenhem maior actividade do que o pobo comum, que querem fazer trabalhar, aumentando a massa das suas necessidades. Esperemos que a indústria progrida entre os Mexicanos, sem que sexam usados métodos tán destructivos. (Sánchez Ferlosio, idem)
CARLOS FERNÁNDEZ LIRIA
.
O TEMPO E A ALMA (O SOLAR DA AREOSA)
Publicado o08/08/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

A parte mais serrana da estrada começa a serenar em Valadares, burgo com pergaminhos medievais e belos solares. O caminho segue agora xá pouco acima do nível do rio e espraia-se entre campos amorosamente cultivados, onde a vinha de forquilha é a nota dominante. Os pilares de cantaria esculpida de unha moradia nobre advertem de que algum monumento está perto: é o grande Solar da Areosa, que entre outras curiosidades tem a daqueles dous milicianos do tempo da Patuleia, de chapéu braguês e clavina, a guardar o alvo do muro. Devem ter sido ali postos, como nota de contemporaneidade, quando se abriu a estrada real, em meados do século passado. O palácio é mais antigo, talvez do tempo de D. Joao V, e é um belo exemplo do equilíbrio de proporçóns e da nobreza de formas que caracterizou a arquitectura genuinamente portuguesa dessa época. Está habitado mas em iminente degradaçón: estores de plástico, madeiras a apodrecer, um barracón encostado à ala norte. Non é difícil prever que em breve será mais um pardieiro em ruinas. Informo-me na primeira aldeia e recebo a explicaçón habitual: morreram os donos, os herdeiros eram muitos e tiverom que vender, para fazer a partilha; os compradores som xente de trabalho a quem non se pode esixir que mantenham o esplendor senhorial da habitaçón. E portanto vai ser como eu penso: o Solar da Areosa, famoso na rexión, non vai durar muito mais.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
EM NOME DE GUILLADE (BENTO & CUNHADO)
Publicado o17/08/2023por fontedopazo | 1 comentario

EL ECO DEL CONDADO (CRÓNICAS DEL EXTRANJERO). DESDE SETÚBAL (PORTUGAL)
Morte sentida. O dia vintiseis de Septembro passado, deixou de existir nesta cidade o que em vida se chamou Francisco Carrera Martínez, natural de Guillade (Pontareas) e filho do acreditado comerciante desta praça D. Benito Carrera David. O finádo contába nesta com numerosas amizades polo seu trato e carácter bondadoso. Foi durante algúns anos xerente da firma “Bento & Cunhado” da que forma parte o seu pai. Os funerais celebrados o dia vintisete estiverom concurridíssimos, demonstrando a fama e o apreço de que gozaba em Setúbal. Assistíu o mais selecto da praça, assim como a numerosa colonia espanhola residente na mesma. Os proprietários dos cafés e restaurantes, em proba de carinho, oferecerom-lhe unha fermosa coroa e também outra ofrenda similar foi feita pola Classe de Empregados do ramo da Alimentaçón em Geral. “El Eco del Condado” fixo-se representar no funeral polo seu corresponsal nesta cidade. Entre o numeroso xentío vimos o Sr. Dr. Ojeda, Alfonso Rocha, Ceferino Seoane, Francisco Martínez, Manuel Vázquez, José Alvarez, Constantino Alvarez e outros muitos que sentimos non recordar. A família do finádo roga que testemunhemos desde estas columnas o seu reconhecimento imperecedeiro ao Sr. Don Alfredo Jacques e aos xovens que durante a sua doênça o rodeárom de cariños e desvelos. Descanse em paz o que em vida foi bom amigo e companheiro e para este decenário um dos seus melhores amigos e propagandistas e à sua atribulada família a expressón sincéra do nosso profundo pesar.
LORENZO MARTÍNEZ
A OUTRA HISTÓRIA OCULTA DE “BENTO & CUNHADO”
Quando a minha nái, Herundina Sebastián Sebastián, me levou prepositadamente a Setúbal para ensinar-me o negócio da família, que o meu visavô José Sebastián (o “Cunhado”), tinha perdido nunha das suas muitas aventuras amorosas, a casa ainda estába viva e muito animada de clientéla, baixo o rótulo de “Bento & Cunhado”. O meu visavô José (a verdade é que nunca me preocupei por saber quais eram os seus apelhidos maternos, com conhecer a sua terríbel história xá era mais que sufuciente), estaba casado com a irmán de D. Benito Carrera David, chamada antes de que o colonialismo franquista lhe modificára os apelhidos María Carreira Dabide. Âmbos da família do Pazo, quedando desta maneira tán modernos que, nem mesmo a sua própria nái os reconhecería. Mas, isto foi unha maldiçón xeral da época, à qual a minha nái Herundina tampouco logrou escapar. Pois, tratába-se de um ataque programado contra a essência mesma dos galegos. Um dia daqueles sinistros, um “intelixente” funcionário do Concelho de Pontareas, perguntou: ¿Usted como se llama? Dina, respondeu a minha nái. ¡¡Dina no, será Digna!! Bom, voltando ao que verdadeiramente interesa, o meu visavô José Sebastián foi apanhado na cama com a mulher do capitán da marinha, e para librar-se dele tívo que partir-lhe um braço. A raíz de tán funesto acontecimento, a xustiça portuguesa foi-lhe encima da casa, e perderom este magnífico estabelecimento, cousa que sempre lamentárom grandemente. A minha nái tratába de disculpá-lo da sua desastrosa conducta, afirmando que a vida humana, era como unha traxédia grega, na qual o home non era mais que um boneco nas máns do destino.
LÉRIA CULTURAL. INFORMAÇÓN ENCONTRADA POR XOSÉ MANUEL DABIDE XIRALDÉS (DA ILUSTRE CASA DE DON XIRÁLDO, UM DOS “HOMINES DE GUILLADE”).
.
POETAS DA TERRA(FERMÍN BOUZA BREY)
Publicado o20/08/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

NO PASAMENTO DE BALDOMIR
Inda que cales, reiseñor, na noite;
inda que morras, luz de inmensa estrela;
inda que n’haxa espírito que escoite
teu maino saloucar, casta fontela,
.
gardamos nós, galegos, os divinos
escintileos de un luceiro ardente,
de unha ave singular os doces trinos,
de unha linfa purísima a corrente,
.
que eres ti, Baldomir, arco sonoro
tendido xa dende Galiza ao Ceo
por espacios de néboa e de zafir…
.
Como resoa eternamente, a coro,
“Dous Amores”, por anxos, en solfeo,
nos ermos sideraes, Baldomir!…
.
FERMÍN BOUZA BREY
.
MIGUEL CANÉ (EN VIAJE, 1881 – 1882)
Publicado o31/08/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

¡Saúde ao Tejo mezzo-evale! ¡Que marxens encantadas! Resulta unha perspectiva como a desses xoguetes de Nuremberg, com os seus campos verdes e cultivados, suas casinhas caprichosas nas cimas e nos milhares de moinhos de vento que, axitando os seus brazos inxénuos, dan movimento e vida à paisaxe. Aí está a Torre de Belém, à qual saúdo por quinta vez. ¿Como é possíbel filigranar a pedra à par que o ouro e a prata? ¿De onde sacabam os algarbes, o ideal dessa arquitectura esbelta, transparente, impalpábel? Perdemos o segredo; o espírito moderno vai à utilidade e a obra mêstra é hoxe o cubo maçizo e pesado de Regent’s Street ou da Avenida da Opera. Um albanhil árabe ideaba e construia um corredor da Alhambra, ou do Generalife, com os seus pilares invissíbeis, os seus arcos calados; todos os enxenheiros de França se reunem em concurso e ao triunfador, o representante da arte moderna, construie o Teatro da Opera, ¡isto é, um aerolito pesado, informe, dourado em todas as costuras! A ancora cai; unha lancha aproxima-se, dentro da qual há dous ou três homes éticos e sórdidos; alargase-lhe uns papeis na ponta de unha tenaza. Aprobo a tenaza, que garantiza a saúde d’abordo, probabelmente comprometida com o contacto daqueles cabalheiros. Estamos em quarentena. Os flamantes viaxeiros irritam-se e blasfemam; os veteranos limitámo-nos a citar-lhes o caso daquel barco de vela que saíu de San Francisco de California, com patente limpa e chegado a Lisboa, tendo dobrádo o Cabo de Fornos e depois de nove meses de navegaçón, sem fazer unha só escala foi posto gravemente em quarentena, à causa de haber arribado em mala estaçón. Porque é necessário saber que em Lisboa a quarentena impom-se durante os primeiros nove meses do ano e abre-se o porto nos últimos três, haxa ou non epidemias nos lugares de onde venhem os buques que arribam a esta rada hospitalária, Esta suspensón de hostilidades tem por obxecto sacar a licitaçón a empresa do lazareto, fonte principal das rendas de Portugal. ¿Estamos? Baixam vinte pessoas; cada unha pagará no lazareto dous pesos fortes diários, é dizer, todas, em dez dias, dous mil francos. Vinhamos a bordo mais de trescentos passaxeiros, que descenderíamos todos se non houbesse quarentena, passaríamos meio dia e unha noite em Lisboa, gastando cada um, termo meio, em hotel, teatro, carruaxe, compras, etc…, quinze pesos fortes; total uns vinte mil francos aproximadamente, dos que cinco ou seis entrariam por dereitos, impostos, alcabalas, patentes e demais, nas arcas fiscais. Economia Portuguesa. ¡Que rápida e curiosa decadência a de Portugal! A natureza parece ter designado a Lisboa para ser a porta de todo o comércio europeio com as Américas. O seu chán é admirábelmente fértil e os seus productos buscados por todo o mundo; Nos grandes dias, tivo o sol constânte sobre as suas posessóns. As suas façanhas na Ásia forom úteis para Inglaterra. Vasco dobrou o cabo para os inglêses e os esforços para colonizar as costas africanas tiverom igual resultado. A independência do Brasil foi o golpe de graça, e hoxe em dia… ¡Ninguém lê a Camoes!
MIGUEL CANÉ
.
SOBRE OS LINCHAMENTOS MEDIÁTICOS
Publicado o06/09/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

GAROTOS, JORNAIS
Garotos —- rôtos
Jornais —- mentiras.
.
Garotos analfabetos
Jornais —- artigos e notícias e anúncios.
.
Garotos mortos de fome
Na esquina da rua escura.
.
Os jornais nao dizem.
JAIME SALAZAR SAMPAIO
.
O TEMPO E A ALMA (A PONTE DO MOURO) (9)

Poucos quilómetros mais e estamos na Ponte do Mouro. O viaxante passa sem ver, porque o monumento fica a unhas dezenas de metros da nova ponte actual, num plano mais baixo, sobre unha apertada garganta do rio. Foi aqui que há precisamente seiscentos anos (aconteceu no dia primeiro de Novembro de 1386) se encontrarom o duque de Lencastre, que nessa altura se intitulaba rei de León e de Castela, e D. Joao I, rei de Portugal, e aqui se axustarom os termos de unha acçón militar conxunta e o casamento do rei português com D, Filipa de Lencastre. Fernán lopes conta com grande colorido esse episódio, que tivo consequências fecundas na história nacional. O duque, porque estaba casado com unha princesa castelhana (D. Constança, filha de Pedro, o Cru) reclamaba para si a herança da coroa de Castela. Organizou unha expediçón que embarcou em cento e trinta navios, onde trazia duas mil lanças e três mil archeiros e apareceu no porto da Corunha precisamente no vinticinco de Xulho, dia de Santiago. Os portugueses que vinham com ele sabiam que, no dia do apóstolo, non habia ninguém que non fosse em peregrinaçón a Compostela; por isso entrarom pola ria de Betanços onde estavam ancoradas as galés do rei de Castela e destruiram-nas depois de baldearem para os seus navios tudo quanto la acharom. O duque atravessou a Galiza sem encontrar resistência e veio-se aproximando lentamente da raia portuguesa. Instalou-se em Ourense, e diz-se que ali começarom as negociaçóns para a paz, ainda antes de tentada a sorte da guerra. Os mensaxeiros correrom a levar a notícia de que os Ingleses tinham desembarcado ao rei de Portugal, que naquela altura estaba em Lamego. A situaçón era melindrosa, porque os portugueses ainda estabam bem lembrados da salvaxaría brutal daqueles bandos de guerreiros, que no tempo de D. Fernando tinham deixado um sulco de terror nas rexións que atravessaram. Era verdade que vinham como aliados, e portanto era preciso recebê-los; mas também era necessário evitar que se instalassem em Portugal e devastassem a terra. Foi por isso que se marcou a Ponte do Mouro: “Acharam que era bem de se verem na Ponte do Mouro, entre Melgaço e Monzón, que eram dezanove léguas do Porto.” A data marcada foi o dia de Todos-os-Santos. Non houbo portanto pressa: de Santiago aos Santos ván três meses e cinco dias, tempo excessivo para atravessar a Galiza. Mas D. Joao I era prudente, dissimulado, precavido. Aquela aliança tinha de ser bem ponderada, e era preciso fazer preparativos para as pompas reais com que queria aparecer diante do duque: era aquela a primeira grande cerimónia em que aparecia no seu novo estado de rei. Além disso o duque chegava no tempo das vindimas; era preciso dar tempo aos labradores para fazerem o vinho e para guardarem as cubas a bom recato, onde os aliados as non vissem.

JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
POETAS DA TERRA (FERMÍN BOUZA BREY)
Publicado o26/10/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

DIANTE DO MAR DE CAMBADOS
O canistrel de mestos lumiares
que na serán calada se derrama,
todo luz, todo ouro, todo flama,
envexa de solpores e de mares,
.
preludio é dos pálidos luares
con que na noite a praia se recama,
en tanto a onda en paixón ama e desama,
envolveita nas néboas tutelares…
.
Ría de Arousa, grávida de cores,
serea dos atlânticos amores
que acariñache a miña infancia inxela,
.
faime un recanto no argacento colo,
un sartego onde durma ao teu arrolo
no máis esquivo con da túa orela!
FERMÍN BOUZA BREY
.
POETAS DA TERRA (TROVAS À MORTE DE DONA INÊS DE CASTRO)
Publicado o14/12/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

DONA INÊS DE CASTRO. Protagonista de unha tradiçón literária, que procede da mençón que da sua história fai Pero López de Ayala na sua Crónica del rey don Pedro. Os romances sobre dona Isabel de Liar, descrebem um amor idêntico ao de Inês e don Pedro. A lenda orixinária de Portugal onde aparecerom as “Trovas à morte de D. Inês de Castro”, compiladas no Cancioneiro Geral de García de Resende (1516). Camoes no canto III de Os Lusíadas: ”misera e mesquinha / que, depois de ser morta, foi Rainha”. Antonio Ferreira escrebeu a “Traxédia de dona Inês de Castro”, com um estilo que queria imitar a traxédia grega. Fray Jerónimo Bermúdez, inspirado à sua vez por Ferreira, escrebeu baixo o tema de Inês as “Nise lastimosa” e “Nise laureada”. Suárez de Alarcón é autor de um poema chamado “La infanta coronada” e Mexía de la Cerda, da “Tragedia famosa de doña Inés de Castro” (1612). Lope menciona unha obra, hoxe perdida, “Doña Inés de Castro”, em “El peregrino en su patria” (1618). Vélez de Guevara escrebeu unha das mais fermosas obras com este tema: ”Reinar después de morir”. Matos Fragoso fixo a esta unha segunda parte, baixo o título de “Ver y creer”. A última versón pertence a Henri de Montherlant: ”La reine morte”. Ramón de la Cruz parodiou o tema na sua “Inesilla la de Pinto”. Os feitos, de acordo com as notícias de Fernao Lopes, forom os seguintes: em 1340 a fermosa galega Inês de Castro, chega à côrte de Portugal, como dama de companhia da esposa do rei don Pedro, dona Constança. Inês e Pedro amam-se e tenhem dous filhos, sem que ningúm membro da côrte chegue a suspeitar. Depois da morte de Constança, é descoberta a relaçón amorosa dos protagonistas. O rei de Portugal, manda a três homes matar a Inês, no seu pazo do Mondego, perto de Coimbra. Num lugar que recebe o nome de “Quinta das lágrimas”. A data deste assessinato político habitualmente aceitada foi 1355. Pedro é nomeado rei à morte do seu pai, e simula um perdón e um esquecimento, guardando para dentro a sua dor. Até que deita mán de dous dos assassinos (o terceiro escapou, e nunca mais foi encontrado). Mas, os dous que apanhou forom submetidos a unha espécie de destripamento em praça pública. E, perante os gritos terroríficos dos condenados, que pediam clemência, ele contestou: “¡¡tampouco vós, tivéstes pena dela!!”. O pobo reclamaba unha rainha, e el fixo desenterrar a Inês e a coroou depois de morta.
LÉRIA CULTURAL
.
O TEMPO E A ALMA (A PONTE DO MOURO II) (10)
Publicado o20/12/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

O rei de Portugal, foi portanto para o Porto e mandou fazer uniformes para os homes de armas, que o acompanhavam: por cada um, um loudel de fustón branco com a cruz de San Jorge. Eram quinhentos cavaleiros; o rei vestia um traxo igual, mas de seda. Após ele iam quarenta montadas a destro, isto é, cavalos sem cavaleiro, axaezadas com os emblemas reais. Os fidalgos vinham depois com as suas mesnadas, que faziam dous milhares de homes. Chegada a data aprazada, dirixiram-se os dous aliados, com comitivas que pareciam exércitos, para o lugar marcado: ”E indo assim seu caminho da parte de aquém da Ponte do Mouro, o duque apareceu da outra parte, que vinha por apar de Melgaço, que estaba entón por Castela.” O rei atravessou a ponte e foi abraçar o aliado. Ia armado de todas as armas. Os ingleses vinham com cotas e braçais de grande gala. Depois dos cumprimentos, atravessaram os dois a ponte e vieram para as tendas que estavam na encosta e sentaram-se a comer, sem olhar a direitas nem esquerdas, etiqueta que, diz Fernán Lopes “inda entón non era em uso”. No dia seguinte xá estaba armada a grande tenda que os Portugueses tinham tomado na batalha real. Foi aí que correram as conversaçóns que terminaram polo axuste de casamento com D. Filipa de Lencastre e pola estipulaçón das condiçóns da axuda militar portuguesa na guerra que o duque de Lencastre ia fazer: unha hoste de duas mil lanças, mil besteiros e dous mil homes de pé, desde Xaneiro a Agosto do ano seguinte, em troca de grandes concessóns territoriais a Portugal na rexión fronteiriça. O duque mostrava-se xeneroso a dar o que ainda non tinha. De tudo isso, resta hoxe aquela ponte atrevida e áxil, que fez pensar num salto de lobo sobre a ravina profunda onde o Mouro, afluente do Minho, corre a espadanal com vigor num declive forte. O monumento talvez xá non dure muito mais tempo. O proprietário da fazenda ao lado perfurou a rocha do parapeito para amarrar lá os cabos de aço que sustentam todo o peso de unha extensa latada. É unha luta entre o vinho e a história: enquanto a pedra for mais pesada que as uvas, a ponte aguenta-se. Depois cai tudo, as uvas e a ponte. A Câmara de Monçao, na altura das comemoraçóns henriquinas, mandou colocar unha lexenda bem escolhida num rochedo. Por essa altura pensou-se na protecçón do local e foram prohibidas ou condicionadas as obras. Mas o tempo passa, o zelo esfría e o lugar está bem degradado, suxo e decadente. Unha antiga azenha está em ruinas. Um edifício de blocos megalíticos, que talvez fosse contemporâneo do encontro real, xá deixou afundar-se o telhado e oferece um quadro de miséria deprimente. ”Aquela casa é muito bonita. Porque non conservam o telhado?”, pergunto a um vizinho. ”Non deixam fazer obras”, diz-me. ”Non deixam?. Entón que é aquilo?” E olho para um chalé espaventoso, com um “court” de ténis empoleirado sobre os rochedos do rio, que mata inexorabelmente o conxunto do recinto histórico. ”Que é aquilo? É a força do dinheiro!” Non sei o que o vizinho quería dizer. Mas estamos em 1986: faz agora seis séculos que a aliança inglesa se concretizou ali, no meio daquela ponte. Non é um episódio de “petite histoire”: o casamento de D. Joao I, foi um factor decisivo da independência ganha em Aljubarrota.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
POETAS DA TERRA (ROSALÍA DE CASTRO)
Publicado o28/12/2023por fontedopazo | Deixar un comentario

CASTRO, Rosalía de (Santiago de Compostela, 1837-1885). Poeta e româncista que escrebeu em Galego e em castelán. Aos quince anos descubríu que era filha ilexítima da sua nái, dona Teresa de Castro e dum sacerdote. Aos deçanove anos, deixou a Galiza natal e publicou em Madrid o seu primeiro libro, “La flor” (1857), no qual a forma poética do eneasílabo xá prefigura a renovaçón métrica de Rubén Darío, por exemplo em “La rosa del camposanto” escrito em 1851. Em 1858 casou com o crítico de arte e historiador galego Manuel Martínez Murguía. Com o resultado de seis filhos e unha vida familiar tranquila, mas, em certo sentido tédiosa com frequência. Nos seus poemas recorda com nostalxía um amor de xuventude perdido -que talvéz puido ser Aurelio Aguirre, o herói do seu românce “Flavio” (1861). Em 1863 publicou “A mi madre en castellano” e “Cantares gallegos”, este último reeditado em 1963. No qual notámos as influênças das baladas de Trueba e Ruiz Aguilera. Muitas das suas coplas tinham um sabor tán autêntico que hoxe som cantadas como cançóns tradicionais, aínda que Rosalía as escrebeu para ser publicadas neste libro. Esperanza, a heroína de “La hija del mar” (Vigo, 1859), unha marxinal filha de pais desconhecidos que acaba suicidândose no mar, parece unha personáxe em parte autobiográfica. Outros críticos identificarom o seu marido com a personáxe do senhor de la Albuérniga em “El caballero de las botas azules” (Lugo, 1867), mas, talvés foram meras suposiçóns românticas. O seu libro de poemas em Galego “Follas novas” (1880) será a sua obra mêstra na fala materna, mas o libro seguinte, “En las orillas del Sar” (1884), é o seu equivalente em castelán. Rosalía morreu e foi chorada polo pobo galego. ”Sus Obras completas” (1909-1911, 4 volûmes), forom reeditadas em 1944 (Madrid) num só volûme.
OXFORD
.
POETAS DA TERRA (MARTÍN CODAX OU MOXA OU DE VIGO)

CODAX OU MOXA OU DE VIGO, Martín (Vigo?, fl. 1220). Poeta galego cuxa temática principal é o amor e o mar. Cantou a beleza do mar da costa galega. Utilizando imáxes da natureza para expressar os seus próprios sentimentos. Quedam sete poemas amorosos num manuscrípto único, raro ademais por ser unha recopilaçón de poemas de um só autor, quando o normal eram antoloxías da obra de vários autores. O sua rareza vem também de que se conserva a música – aínda que fragmentariamente – que debía acompanhar os poemas. Este manuscrípto excepcional foi publicado por primeira vez em edicçón limitada por Pedro Vindel, que só sacou à venda dez copias em 1914. Reeditado no Río de Xaneiro, 1956.
OXFORD
.
A RAPARIGA QUE ME VENDE CIGARROS…
Publicado o08/02/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

Quási à esquina da rua onde moro – uma rua que é um magazine, um écran e uma estante – uma estante onde se alinham romances de amor e onde estao catalogadas tragédias da vida – um écran onde se projectam, buliçosas e ternas, circunspectas e sombrias, máscaras e silhuetas de mulheres – um magazine de muitas páginas ilustradas a côres -vive embrulhadinha na sua beleza morena, dum moreno de cigana, a rapariga que todos os dias me vende cigarros- os cigarros que eu fumo e queimo, como se a queimasse e a fumasse, a ela, com o fogo dos meus beijos, com os lábios que me tresandam a pecado… com a bôca que era capaz de a sorver num hausto longo -como quem aspira o fumo embriagante e perfumado dum Havana blend, num boudoir de Venus núas… -entre magnólias doiradas e crisântemos roixos… É linda… Tem a graça de um cigarro que se esvai em fumo, visto através da parêde fina dum vitral azul… -a graça dum farrapinho azul de fumo que se alonga num capricho bizarro de curva trémula, histérica, nervosa… -a graça subtil do penacho de fumo azul dos meus cigarros, quando componho versos… -ou, quando, numa baralhada de frases caleidoscópicas -frases de fumo de tôdas as côres… -confesso o meu amor às mulheres que nunca amei… Debruçadinha ao balcao, espreitando a rua (era à luz dos seus olhos -que irradia, como brasas, fulguraçóns sinistras - que eu queria acender os cigarros que ela me vende…) assim passa os dias, a fingir que nao oculta dentro do peito uma dor que a esmaga, a fingir que nao esmaga dentro do peito, uma dor que oculta… O Destino encarregou-se de lhe dar um nome de novela -um nome que eu daria a uma marca de cigarros… -de cigarros de mortalha vermelha, com um coraçao impresso: -Silvina… Tôda ela, é fumo… -um cigarro a arder -a que há três anos, maos de crime e de pecado, atearam fogo… -por uma noite de Agôsto, em que o luar lacrimejava pérolas e as estrêlas pareciam pontas de cigarros, atiradas a esmo para o cristal azul de um cinzeiro imenso: -o céu…. A história de Silvina, é um cigarro em brasa… Eu, contei-a, emquanto se extinguiu num arabesco extravagante, numa cabriola voluptuosa, o fumo do cigarro que comecei a fumar quando comecei a escrever a crónica… A sua história -é uma história feita de fumo… Ela… -uma mulher de cinza…

MAIA ALCOFORADO (JUNHO, 1929)
.
O TEMPO E A ALMA (11) (A MULHER GALEGA)
Publicado o18/02/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

Monçón com cedilha, para non poder confundir-se com esses monsantos (montes santos, colinas sagradas como o Capitólio de Roma ou o Parnaso da Grécia, diga-se a despropósito) e para os entendidos ficarem a saber que o verdadeiro ancestro é um bárbaro “Montianus” que ninguém sabe se existíu, mas se tivesse existido explicaría que os documentos mais antigos escrebem a palabra com “C”, e non com “S”. Aquí o Minho liberta-se das armaduras de pedra e das reservas dos vales estreitos para se espraiar como um convite sincero e hospitalário. A terra fica apenas a unha dezena de metros da marxem galega, e desde tempos antigos foi afortalezada para fechar este troço da fronteira. Ao contrário do que acontece em Melgaço, que perdeu depressa a utilidade militar, aquí as armas demoram-se e as fortificaçóns foram-se adaptando aos novos tempos. Do forte castelo que teve em tempos de D. Dinis, tudo quanto resta, é a lenda de “Deuladeu”, porque no século XVII um enxenheiro francês transformou as torres em baluartes, as barbacás em revelins artilhados. No século XVIII, o conde de Lippe mandou alterar tudo e fazer um polígno muito xeométrico, no estilo dos fortes de Vauban. É o resto disso o que hoxe se pode ver, com o desconforto da contradiçón entre a linha recta e deshumana da fortificaçón e a moldura extraordinariamente harmoniosa e envolvente da paisaxem. A tradiçón da “Deuladeu” é semelhante a outras lendas de povoaçóns cercadas, salvas no último momento por manhosos alardes de fartura. Um exército castelhano, no tempo da guerra de D. Fernando esteve tanto tempo sobre Monçón que a fome xá torturava tanto os cercantes como os cercados. Mas os sitiantes ainda podiam pilhar algunha cousa nos campos desolados, ao passo que nos sitiados xá só restaba encomendarem-se a Deus. Foi entón que a mulher do alcaide, a formosa Deuladeu Martins, tem a ideia libertadora: com os últimos restos do trigo fez belos páns, foi ao alto da muralha e disse para os de Castela: “Até brada aos céus ver uns com essa fome e outros com tanta fartura”. Apesar de inimiga, non durmo em paz com este pecado na alma. Tomai lá e que vos faça proveito!” E despexou a cestada de pán sobre as cabeças dos castelhanos atónitos. Eles, que esperabam a rendiçón pela fome, perderam as ilusóns e foram-se embora. É unha lenda de guerra mas non é apenas isso, nem é esse o seu íntimo simbolismo. A “Deuladeu” aparece como a mulher do alcaide, isto é, a mulher do chefe de família aflita, a nái. O verdadeiro cerco contra o qual luta é o da fame. Muitas náis minhotas foram e som “Deuladeu”. A sua força de luta, a capacidade de desafiar o destino, a coraxem e a inventiva da mulher do Minho non podem ser superadas. Todos lá conhecemos algum caso de viúva que, perdido o marido, mantém a casa, ganha o pán dos filhos e acaba por atinxir a fortuna. Da emigrante que, sozinha, teve a ideia, conseguíu o crédito, estabeleceu o negócio, fez unha empresa que, em alguns casos, é verdadeiramente grande, da xovem que falhou, saíu da terra, e voltou anos volvidos para exibir o êxito aos que a xulgavam sem caridade. Som todas essas mulheres do Minho que a “Deuladeu” representa, e é por a minhota ter essas virtudes que a lenda pón a mulher do alcaide, non o próprio alcaide, a amassar a última abada do trigo.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
¿ SE CAÍRA UNHA BOMBA ATÓMICA EM PONTAREAS ? (II)
Publicado o08/03/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

Até aos dezaseis quilómetros teríam-se perdido o cinquenta por cento das árbores, e o derrubamento de casas por ventos afuracanádos, com o cinco por cento de aprisionádos nas suas casas e o noventa e cinco por cento salvos. Abarcaría: Arbo, Tui, Vigo, Cañiza, etc… Até vinticinco quilómetros non funcionaríam os telefones, ademais da pérda do vinticinco por cento das árbores. Habería o cem por cento de salvados, mas, submetidos a unha intensa radioactividade. Abarcaría: Cangas, Pontevedra, etc… Dentro dos quarenta quilómetros. a vibraçón produzida polo rebentamento da bomba, destrozaría cristais e telhas, com o cem por cento de salvos. Estes estaríam afectados pola radiaçón gamma e expostos à contaminaçón por cinzas radioactivas produzidas pola radiaçón, que provocaríam nas células terríbeis efeitos no material xenético dos cromosomas, orixinando todo tipo de maleitas, sobre tudo o chamado “mal atómico”, ou sexa leucemia aguda. Os sobreviventes padeceríam alteraçóns nos glóbulos roxos, polo qual aos quinze dias da explosón apareceríam anemias producto da irradiaçón, acompanhados de alteraçóns sanguíneas, hemorraxías, espístasis (emorraxías polo naríz). Estes seríam os dramáticos efeitos em Pontareas e o seu entorno, debído à explosón de unha bomba de vinte megatóns (unha das de menor potência dentro do arsenal atómico. Para termos unha ideia do potencial existênte na actualidade, basta um exemplo: os temíbeis SS-20 soviéticos, que estám dotados de três oxíbas atómicas, com unha carga de seiscentos quilotones de potência, trinta vezes a bomba atómica de Hiroshima. Um só proxétil SS-20, sería capaz de destruir em apenas minutos unha cidade como Madrid, Zaragoza ou Valencia, matando perto de seis milhóns de pessoas). A única conclusón que podemos sacar depois de ler este artígo, é lutar por todos os meios, para que se aparte qualquer tipo de diálogo basado sobre o terror nuclear. Como firmante deste artígo, estou comprometido na negativa à nuclearizaçón e, por extensón, à participaçón da España na OTAN. Afirmo-o de maneira explícita, e assim o direi no referendum que todos esperamos.
J. ANTONIO TRONCOSO
PUBLICADO EM “A PENEIRA” (ANO I – 1984)
.
LITERATURA CASTELÁN (A OBRA LÍRICA DE ALFONSO O SABIO)
Publicado o19/04/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

Ademais de ser o criador da prosa literária castelán e de impulsar e dirixir todo o caudal de trabalhos que acabamos de ver, o rei Sabio ocupa também um destacado lugar dentro da história da lírica, como autor de um libro de “Cantigas”, que foi a sua única obra pessoal. As “Cantigas”, som unha colecçón de quatrocentas vinte composiçóns, escritas em galego, idioma que preferíu o monarca por ser mais musical e poético que o castelán do momento. Conservou-se em vários códices. Destes, os dous do Escorial constituiem verdadeiras maravilhas bibliográficas polo número e a beleza das suas miniaturas; inapreciábel monumento informativo para a indumentária e costûmes daquel tempo. Ainda que don Alfonso cultivou também os temas profanos (cantigas de amor e de maldizer, sátiras desenvoltas, que chegam às vezes até à obscenidade) tem muito maior importância o grupo relixioso ao qual pertencem as famosas “Cantigas de Santa María”. Contenhem estas unha série de alabanzas e de milágres da Virxen, com o qual se incorpora o seu autor à grande tradiçón mariana da Idade Média. Som de diferêntes tipos, desde as puramente líricas (cantigas de loor, em número de unhas quarenta) até às narrativas (muito mais numerosas), e ofertam grande variedade de metros, ainda que a maioría tenhem forma de “zéjel” árabe. Probabelmente forom compostas para ser cantadas com música xá existente. Este acompanhamento musical non resulta accesorio; as “Cantigas”, como precisou Américo Castro, em especial as narrativas, tenhem em muitas ocasións um tôn de conversa prosaica, que a música conseguía atenuar, acentuando o seu lirismo. As “Cantigas”, que ofertam um bonito conxunto de lendas medievais, debe grande parte dos seus asuntos a conhecidas fontes da época, como o “Speculum Historiale” de Vicente de Beauvais, extensa colecçón de lendas piadosas, “Os milagres da Virxen” de Gautier de Coincy e às obras de Berceo, que probabelmente conheceu. A maior parte dos milagres referídos nas “Cantigas”, pertencem por tanto à tradiçón europeia, mas o monarca utilizou também muitos asuntos locais e às vezes inventados. Baixo o influxo da lírica trovadoresca e provenzal, a poesía do Rei Sabio resulta artificiosa e resêntese com frequência de certos virtuossismos. Em relaçón com Berceo, Alfonso o Sabio mostra-se mais musical, mas o poeta rioxano aventáxa-o na veracidade e na graça narrativa, na sinxeleza e realismo gráfico e pintoresco. A intençón das “Cantigas” é, como nos “Milagros de Berceo”, demostrar a eficácia da devoçón à Virxen, que sempre axuda aos seus devotos. Aquí alguns dos seus argumentos: Unha monxa cede às tentaçóns do demónio, e namora-se dum cabaleiro. Escapa com el depois de deixar as chaves no altar da Virxen. Mas esta toma a figura da pecadora e ocupa o seu lugar no convento, até que a monxa, satisfeita, regresa e comproba que ninguém notou a sua falta. Unha mulher dedicada ao trabalho da seda, oferta à Virxe tecer-lhe unha toca em pago do seu favor, mas esquéce-o logo. Um dia regresa a casa e vê que os mesmos bichos-da-seda, estám a fazer a toca prometida. Unha dama casada, aceita uns zapatos dum galán namorado (que non era o d’Uma), mas ao querer probá-los, resulta-lhe impossíbel sacar os que leva postos (que non cheirabam mal). Considerando o feito como um aviso do céu, permanece fiel ao seu marido e dá graças à Virxe que impedíu este pecado.
JUAN LUIS ALBORG
.
O TEMPO E A ALMA (12)
Publicado o23/04/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

A história local consagra outras heroínas. Em 1643, por altura da Guerra da Restauraçón, a condessa de Castelo Melhor, Mariana de Lencastre, viu o marido em apuros, atacado por muita xente no outro lado do rio. Correu os quartéis, mandou colocar dous canhóns em bateria e rompeu fogo, com o que salvou os nossos. No cerco de 1658 unha Helena Peres organizou um batalhón feminino, armado de chuças e dardos, que aparecia sempre que se acendia o combate e tanto servia para axudar os feridos como para combater nos muros. De unha dessas mulheres ficou memória, mas só se lhe conhece a alcunha: a Turca. No meio da luta, unha bala de arcabuz rasgou-lhe a barriga; segurou as tripas nas máns, correu à igrexa, e explicou logo que non queria fazer perder tempo a ninguém: o padre que começasse xá a rezar-lhe missas pola alma, depois de as pagar com uns patacos que levava sempre no bolso do avental para o caso de aquilo acontecer. E assim se fez. A Turca expirou como unha boa cristán a ouvir a encomendaçón da sua própria alma. Aquí (Monçón), como em Melgaço, a terra non tinha senhor, D. Afonso V, que deu tudo, doou-a, xuntamente com Valença, ao orgulhoso D. Afonso, filho do duque de Bragança e, entón, conde de Ourém. Os de Valença resignaram-se, mas os de Monçón non deixarom pôr a canga senhorial. A doaçón non teve seguimento, mas quando D. Joan II subiu ao trono o conde insistiu no pedido. O rei engonhava: “Bem vês: se eles non querem…” O conde, seguro da razón: “Mas os de Valença quiseram.” – “É que”, explicou o “Princípe Perfeito”, “Valença é fêmea, mas Monçón é macho.” Os Monçanenses gostam de recordar, com comprehensíbel vaidade, o dito real. Mas se Valença é fêmea como o souberam ser as mulheres de Monçón, desde a fidalga D. Mariana à plebeia Turca, é para Valença que vai toda a força do eloxio. A vila manteve-se popular, nunca foi terra rica e non tem por isso concentraçón monumental. Os quatro conventos que continha forom vendidos e adaptados às necessidades da vida privada. O castelo foi desfeito pedra a pedra, e mesmo da fortificaçón seiscentista, xá só existe unha porta, a Porta de Salvaterra. Um dos conventos foi da Congregaçón de Sán Filipe Neri, cuxos padres se dedicabam ao estudo e ao ensino. O seu mosteiro foi, depois da secularizaçón, adaptado para hospital da Misericórdia. O terreno que lhe fica em frente, e que forma a esplanada de um dos baluartes, ainda hoxe é conhecido por “Passeio dos Néris”, e é um dos mais belos mirantes sobre o curso do rio Minho, ao qual fica sobranceiro. Para um visitante apressado talvez sexa o mais belo lugar da povoaçón. Xunto da esplanada está a igrexa matriz, que debe ter sido edificada na época de D. Afonso III, que reestructurou a vila e lhe deu foral em 1264. Dessa fase medieval restam as paredes mestras e o portal. No interior há para ver um túmulo com estátua xacente, obra de um clérigo monçanês, que esteve anos em Roma e voltou de lá com bastânte dinheiro e a dignidade de protonotário apostólico. Mandou construir unha bela capela para o seu túmulo (a Capela dos Martinhos) e completou assim a sobriedade românica da matriz com essa edificaçón manuelina. No século seguinte um fidalgo que se considera trineto da Deuladeu, erixíu-lhe um solene cenotáfio, que está no braço direito do transepto. A cronoloxía pode ser atrabiliária (mais de trezentos anos eram passados), mas o monumento resulta condígno. Unha outra memória da boa capitana é o chafariz construído com a sua estátua em 1837. É o que podía ser um monumento cívico dessa época: muito académico, muito laico, sem nexo lexíbel entre o tema histórico e a expressón da pedra. Mas o xesto vale por si. Em 1837, no ano seguinte à Revoluçón de Septembro, habia em Monçón quem se preocupasse com causas tán ínfimas como essa de perpectuar a lembrança dos seus heróis e dos seus valores emblemáticos. Resulta unha actitude tán excepcional que é quase surprehendente.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
TRÂNSITOS E LUXÚRIAS
Publicado o29/04/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

Em Canet non habia tempo para as disquisiçóns intelectuais ou morais. Alí tudo era directo e ao albo. O namoro com as alemáns, ou era “ipso facto” ou non era, non existíam estratéxias nem requebros: “aquí te pillo, aquí te mato”. A Academia “Aprenda alemán, ligue seguro”, era um sacacartos que encaixaba muito bem na psicoloxía do espanhol médio e nas suas ilimitadas ânsias sexuais; era comprehenssíbel num país de “pajilleros”, maiormentemente, num país dominado polo mito “hortera” do “latin lover” como aspiraçón suprema de hexemonía em algo. Os trolhas (albañiles) da costa, tinham ouvido falar do “latin lover”, o amante bandido, fogoso e irressistíbel. E todos se considerabam “playboys”, e galopabam de arremetida em arremetida. Algunhas alemáns também acreditábam, mas penso que isso foi só ao princípio do turismo. De onde púido sair semelhante épica amatória, sobre tudo entre as clásses baixas, é algo que desconheço totalmente. Pode que tenha existído, mas a outros níveis. Por estes anos na Espanha, seguiam axudando-se o confesionário e a política. Só había liberdade de sexo, guardando certas formas sociais, para quem a tivéra sempre: estraperlistas ou sucedâneos e xerifaltes, que ofertábam moradas às queridas em bairros de vivendas protexidas. Os do Opus eram castos, ainda que alguns eram suspeitosos e se mortificabam com cilícios. Isso era divulgado, sobre tudo, e seguro que sem fundamento, polos falangistas, machos e folhadores. As suecas em xeral e as alemáns em particular, digam o que digam os celtibéricos, non vinham a Espanha para curar-se de carências sexuais: estabam de lacer, um pouco subidas de sol e de etílicos, e isso perturvaba os seus biorrítmos sexuais; caridade era o que non facíam aquelas valquírias. Mas, de ahí a montar com qualquera, mediaba um abismo. Gozabam de certa leviandade, ainda que, chegado o momento, eram tán senhoras como as espanholas. Os desexos lascivos pareciam os mesmos, os dunhas e os das outras, só que às hispânicas lhes faltaba ocasión e lhes sobrabam sermóns e autoridade familiar. Mentras que quase todos os extranxeiros passabam da questón dos cornos, os espanhois punham a sua honra entre as pernas das mulheres. Nada era mais sagrado que a virxindade das noivas e a honestidade das irmáns. Para estas, o respeito, para as outras, as que consentiam por gosto, ou se obrigabam por necessidade, o despreço. O qual era unha contradiçón antípoda, porque aquí todo mundo quería meter como fosse; polas bravas, em xeral, e arrempuxando.
JAVIER VILLÁN E DAVID OURO
.
O TEMPO E A ALMA (13)
Publicado o05/07/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

LONGOS VALES, SANFINS, GANFEI
Em Monzón tenho que ecolher: continuar na estrada que, mais volta menos volta, corre paralelamente ao leito do rio e depois segue polo litoral até Viana, ou meter polo caminho interior, de montes e de horizontes até à Ponte da Barca e daí a Viana. A opçón non resulta fácil, porque ambos os percursos som ricos de história e de valor humano: mas acabo por ir na corrente do río, na esperança de repescar um ou outro valor mais à beira do caminho. A primeira saída da estrada principal é para vir respirar a atmôsfera intemporal de Longos Vales, paisaxem de muita beleza a que preside a da antiga igrexa de um convento de monxes benedictinos, fundado por D. Afonso Henriques. É templo amplo, de solidez românica, que foi sendo estropiado com os gostos de cada época. A abside é ainda um monumento notábel, com os capitéis esculpidos nas bizarras, misteriosas modelaçóns que os canteiros românicos davam à pedra. No interior o arco triunfal é muito suxestivo, com certa tendência para o feitio da ferradura a que nós associamos o arco árabe. Tornamos à estrada principal, mas andados mais alguns quilómetros está, com o indicativo de monumento nacional, o caminho para Sanfins de Friestas. É um lugar que se non debe perder. Este topónimo Sanfins vem de San Félix, e o culto é muito antigo. San Félix foi um papa do século III que afrontou com coráxe as perseguiçóns aos cristáns e morreu no cárcere no ano de 274. O seu culto difundiu-se, e muitas das igrexas da sua invocaçón vêm dos primeiros séculos do cristianismo. Desde Sanfins há a tradiçón de ter sido fundado em 566 por San Rosendo, e essa data, com ser lendária, non deixa de ser verosímil; o mosteiro fez parte da ocupaçón moral que os Beneditinos fixérom na Galiza, dos dous lados do Minho. Também lendária é a explicaçón do nome de Friestas, ou Frestas. Aí é unha curiosa explicaçón que qualquer madrugador pode verificar: diziam os povos que o Sol, ao nascer entre os abruptos penhascos da serra, proxecta os seus primeiros raios no lugar onde está o mosteiro, dando a suxestón do raio solar que ilumina o laxedo de um templo ao entrar por unha fresta. Este quotidiano milágre ao romper do dia serviu para indicar aos fundadores o sítio certo onde se debía fazer a igrexa. O edifício teve a sua grandeza na Idade Média. A actual igrexa é românica, e apesar das adulteraçóns do tempo resulta impressionante. Chega-se lá por um caminho mal sinalizado, em que é fácil perdermo-nos, e que depois de uns quilómetros entre quintais minhotos com a nota alegre dos pares de conversados sob a verdura da latada, transmudada subitamente nunha paisaxem descarnada, rupestre, onde non há mais que penedia e horizonte. E é ali que acaba a estrada, sem um dístico, unha indicaçón ao menos de que caímos num beco sem saída. Mas dam-se mais unhas centenas de passos e, de unha portela de rocha, avista-se, quase perto, o tardoz do mosteiro. Há que vir a pé. Non existe povoaçón, non há sequer unha habitaçón para um guarda. O conxunto construído é obra de xigantes. O templo românico, do século XII, revela a importância que o mosteiro debe ter tído em toda a rexión. Sábe-se que gozou de grandes priviléxios, arrecadou as rendas de quatro freguesias, e os moradores da aldeia estabam dispensados de vir à guerra, a non ser em companhia do próprio rei: mas, em compensaçón, eram obrigados a defender o vau de Carrexil, um dos pontos em que o rio Minho se podía atravessar a pé. No século XVI o rei D joao III deu o convento à Companhia de Xesus e os Xesuítas fixérom lá obras de vulto; ainda se vê, num pano da parede arruinado, unha bela xanela manuelina. Depois, no século XVIII, veio o confisco pombalino, o abandono e o desabar dos edifícios conventuais. Mas a igrexa continuou aberta ao culto e por isso non sofreu muito. Ao contrário do que acontece na maioria dos templos românicos do Minho, Sanfins de Friestas está completo e é um edificante exemplo da força, do poder de comunicaçón e de domínio da arquitectura românica. (…) E estamos outra vez xunto ao rio, no caminho de Valença. Escrevo no caderno das notas: “Ganfei, um remorso à beira da estrada”, leio a garatuxa que o traqueteo do carro deixou fazer, e recordo o assomo da angûstia que aquelas palabras traduzem. Vê-se da estrada nacional o Mosteiro de Ganfei; mas o que se vê é a fachada posterior, tardoz feio e íntimo que foi construído para se non ver, mas que a abertura da esrada real veio transformar em frontaría visíbel. Dezenas de vezes passei aqui, e olhava o casarón como se fosse grande palheiro, de dimensóns megalómanas. Nunca tinha ido ver. É um recinto de extrema pureza arquitectónica; conheço poucos conxuntos tán puros, tán harmoniosos. É a versón setecentista de um dos mais ilustres monumentos do Norte de Portugal: mosteiro construído por Santo Martinho de Dume, o apóstolo dos Suevos, num pequeno outeiro sobranceiro à linha das águas do rio, ou, também se diz, obra de Santo Frutuoso. Certo é que xá no ano de 691 o mosteiro existia. Quando o Almançor passou por aquí e foi roubar as campanas do Apóstolo a Compostela, tudo o que habia foi arrasado e non ficou sinal de vida. Mas depois veio D. Gaifeiros, cavaleiro françês, e pôs outra vez em pé a casa de Deus. Dizem uns que era monxe de Cluny, outros que era ermitán beneditino, também o nome non é muito seguro: talvez fosse Gaifeiros, talvez Ganfredo, ou Ganfei. O último nome foi o que o povo lhe deu. Venerou-o como santo e as suas relíquias fixérom milágres em ambas bandas do rio até à revoluçón liberal. Polo tempo fora, o convento, que era riquíssimo, axudou a fundar Valença, e foi dos templos predilectos dos nossos reis. D. Afonso II, ao morrer, deixou-lhe toda a prata labrada que tinha; D. Pedro, conde de Barcelos, filho de D. Dinis e autor do Libro de Linhagens, viveu ali quatro anos e reedificou o edifício. Do seu tempo som as três grandes naves românicas da igrexa, que apesar das actualizaçóns setecentistas guardam unha força poderosa, anúncio da grandeza do passado perdido. Hoxe tudo isto é um ermo. Difícil entrar na igrexa. O conxunto monumental que se debruça sobre o terreiro monástico é propriedade particular. E quase ninguém sobe aquelas centenas de metros de estrada para admirar o vestíxio histórico de unha instituiçón que, muito antes de Valença existir, discutíu com Tui a primazia espiritual do Alto Minho. Mas estamos no arrabalde de Valença, a estrada marca a direcçón da fronteira e da vila. Subimos à velha fortaleza.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
O TEMPO E A ALMA (14)
Publicado o05/09/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

VALENÇA DO MINHO
Um enigma sobre o qual o lume da discussón nunca se há-de extinguir, é o das razóns que levaram os reis de Portugal a chamar “Contrasta” a esta povoaçón, e a mudar-lhe depois o nome para Valença. Habia unha Valença antiga, do tempo dos romanos. Nón se sabe ó certo onde era, mas este lugar onde hoxe está , foi frequentado polos romanos. Passaba aquí a vía que ligaba Braga a tui; um marco dessa estrada apareceu na vila, e durante séculos foi utilizado como columna do pelourinho. É unha situaçón muito expressiva do aproveitamento dos restos de civilizaçóns anteriores polas sucessivas: as hordas destruidoras passam e, conforme a frase feita, parece non ficar pedra sobre pedra. Mas a vida non deixou de pulsar. As pedras derrubadas voltam a pôr-se de pé; o cilindro que, para os Romanos, era um marco a indicar as milhas percorridas e a homenaxear Cláudio, o imperador, foi depois o fuste do pelourinho municipal, simbolo da vida que resurxía. Valença, em latim Valentia, pode significar o mesmo que em galaico-português coráxe, e xa hoube quem ligasse isso ao facto de a terra ter sido dada polo pretor Décio Bruto, o Galaico, aos seus soldados, como prémio pola “valentia” com que tinham lutado para esmagar a resistência nativa. Mas non falta quem ponha em dúvida esta etimoloxía heróica, e a faga derivar da palabra mais modesta “vallu”, empaliçada, cerca de pau espetádo, como primeira fortificaçón erguída no alto dunha colina. É menos glorioso, mas, mais viábel, porque existem de facto muitas “valentias” por essa Europa fora. O certo é que o poboádo romano desapareceu, ou destruído pola guerra dos bárbaros ou talvez absorvido pola cidade vizinha: Tui, desde muito cedo importânte centro urbano, e ainda durante o reino suevo, cidade episcopal. É tendência xeral essa de as poboaçóns ribeirinhas buscarem a marxem norte, sempre mais abrigada: acontece no Minho (Tui), no Lima (Viana), no Ave (Vila do Conde), no Douro (Porto), no Mondego (Coimbra, Montemor e Figueira), no Texo (Lisboa e Santarém), no Sado (Setúbal e Alcácer). Talvez a razón sexa o Sol: em anfiteatro sobre o rio, quedariam à sombra se se aninhassem no sul. A principal poboaçón do curso inferior do rio Minho foi, pois, nos séculos X e seguintes, Tui, e a sua posse muitas vezes disputada entre os reis de León e os de Portugal. A rainha D. Teresa foi, durante muitos anos, senhora de Tui; D. Afonso Henriques considerou-se com direito à cidade, que mudou de máns várias vezes. Estaba na posse do rei dos Portugueses quando, em 1169, este se deixou apanhar na ratoeira que o rei de León lhe armou em Badajoz, quando acudíu para salvar “Geraldo o Sem-Pavor” que estaba em dificuldades, e se víu cercado polo xenro, Fernando II, com forças muito superiores. Feito prisioneiro, tivo que submeter-se às esixências do leonês, e unha delas foi a de renunciar ao senhorio de Tui.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
RIO DE XANEIRO
Publicado o17/09/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

A arribada a este novo mundo, foi feita por mar à Praia Grande. O imponente morro do “Pán de Azucar”. O Corcobado, sobre a praia de Flamengo. A selva, e as suas voces míticas e arcanas. As poboaçóns aboríxens e as poboaçóns africanas. As suas lendas e os seus deuses. A sensibilidade e a sexualidade. Unha sabedoria non esquecida. Metrópole imperial, barroca e moderna, cosmopolita. Mitos orixinários selváxens, conflíctos profundos, de unha megalópolis terceiromundista. No fundo e na tona, surxem os tambores segredos de outras culturas, relegadas, empobrecidas, humilhadas pola cultura da fáme e do “big-stick”. O estandarte da violência urbana e da criminalidade institucionalizada. Desde o “Pán de Azúcar”, ou do “Corcobado”, avista-se a cidade desparramada polas encostas e caíndo para o mar. As praias de Leme, Copacabana, Ipanema, Lebon, Botafogo e Flamengo. Nomes máxicos, que só por sí, resumem melhor que qualquer outra palabra, a essência do Rio. É, unha cidade louca, criáda por homes loucos. E, a loucura vai estragando, destruíndo tudo, aquela “garota do Ipanema”, xá non é unha garota, xá tem filhos e netos. A silueta das praias, e os peitos montanhosos, fán de Rio unha topografía femenina, um amor louco. Ninguém parece importar-se que, o setenta por cento dos habitantes do Rio vivam na miséria. O verdadeiramente importânte é aparentar alegría, para um mundo perverso, “a lo loco, se vive mejor”.

Tudo acontece nas praias. Lê-se, dança-se, namora-se, fái-se desporto, negócios, ou simplesmente se vai à praia. Para olhar, fisgonear, vêr, mas, sobretudo para dar-se a ver. Nas praias celebram-se os comícios políticos, mercadeia-se com absoluctamente tudo, xogam os nenos, sonham os velhos com mornas calenturas. Corpos brilhantes, milágres da natureza. Surprehende descubrir, que na maioría das praias, muito pouca xente está no mar. Afirmam, a modo de disculpa, que as águas som muito traiçoeiras, com grandes ondas e intensas resacas. Mas, na verdade, é que as praias de Rio, som um tributo ao Sol e non à água. Há, que desconfiar de todo aquel que, ande pola praia calzado, o melhor é andar como Eva nos paríu, com o imprescindíbel encima.

O “fato de banho”, ou a quase total ausência del, iguala a todos, mas apesar de tudo, seguem diferenciando-se os diferêntes grupos e clásses sociais, que há na cidade. Xunto ao “Country Club de Ipanema”, reune-se a alta sociedade carioca, frente ao “Copacabana Palace” están os “gays”, e os famosos em “San Conrado”, um lugar muito mais tranquilo. Os intelectuais están xunto à rua Farme de Amoedo em Ipanema. Os desportistas do musculo, preferem a menos concurrida praia de Leblon. Mas, a praia, qualquera delas, é mais que nada, o templo dos adoradores do Sol. Mozas e mozos mulatos, xovens, esculturais, que consumem quantidades inxentes de bronceadores europeios, para estar ainda mais morenos. O Carnaval, unha vez ó ano. os homes vestem de mulheres, as mulheres vestem de homes, os adultos comportam-se como nenos, os nenos vestídos como adultos. Os pobres disfarzam-se de ricos e reis, durante os dez dias que dura o Carnaval. O diábo, anda solto na rua, misturádo num redemoinho de xentes, é altura de axustes de contas e vingânças. Os destelhos de lentexoulas e de plumas coloridas, embriágam os corpos esgotádos, os rostros suxos de maquilhaxem corrida. Os disfarces, que horas antes eram tudo explendor, agora están descosidos, enrrugados e desganadamente muchos. Voluptuosidade, alegria e inocência. Este universo mítico e máxico, converte-se no seu reverso, o regreso á selva! O sentido do Carnaval carioca, encerra muito mais que todas estas vaguedades. Unha enorme caldeira vulcânica, fermenta por debaixo do Corcobado. A “Floresta encantada da Tijuca”, a maior reserva natural-urbana do mundo, xá liberáda das prantaçóns de café e da cana de azúcar, foi mandada reprantar por Pedro II, em 1862 com espécies nativas orixinais. O Xardím Botânico, acaso também, polos páxaros que o frequentam, libertos de toda prisón. Agradábeis também as viáxes para norte e para sul pola costa. Para Sul: Angra dos Reis, Morocaba, Paixaguaba, Tarituba, Parati. Para Norte: Buzias, lugar paradisíaco. Este poderoso país, talvés poderá um dia, sair disparado como um missil balístico incontrolábel.
LÉRIA CULTURAL
.
POETAS DA TERRA (ÁLVARO CUNQUEIRO MORA)
Publicado o10/10/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

CUNQUEIRO MORA, Álvaro (Mondonhedo, 1911). Poeta, româncista e xornalista. O seu primeiro libro de poemas foi, “Mar ao norde” (Santiago, 1932), está influenciádo polo “surrealismo”, mas, as suas obras mais importântes están ligadas à mais antiga tradiçón poética de Galiza, como “Cantiga nova que se chama riveira” (Santiago, 1933), na qual expressa unha temática vanguardista valendo-se das formas métricas mais antigas da sua literatura. Seguíu cultivando esas tendências em “Elegías y canciones” (Barcelona, 1940), mas a abandonou depois de “Dona do corpo delgado” (Pontevedra, 1950). A maior parte dos poemas que escrebeu depois dessa dacta permanecem inédictos. Escrebeu também românces em castelán: “Un hombre que se parecía a Orestes” (1969), ganhadora do Premio Nadal (1968), e “El año del cometa” (1974). Também publicou libros de ensayos, fundamentalmente sobre Galiza: “Paisajes y retratos” (1936), “La otra gente” (1975) e libros de viáxes como: “Merlín y familia” (1957), ademais de unha descripçón da ruta de Santiago. Em 1980 publicou “Herba aquí ou acolá”.
LÉRIA CULTURAL
.
O TEMPO E A ALMA (VALENÇA DO MINHO OU CONTRASTA DE TUI) (15)
Publicado o06/11/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

É essa renúncia (a renúncia do rei de Portugal ao senhorio de Tui), que fai nascer Valença. Enquanto ó litíxio sobre a posse de Tui durou, a marxem sul era unha terra deserta, que non habia qualquer interesse em fortificar: o curso do rio non era fronteira e só era preciso protexê.lo contra as incurssóns vindas do mar. Para isso lá estaba Tui. Mas agora as cousas mudaram; era necessário estabelecer unha defesa contra Tui. Essa ideia de oposiçón frente a frente, inspirou o nome dado à vila fundada por D. Sancho I, por volta de 1190: chamou-lhe Contrasta, de contrastar, no sentido de contra-estar, estar em frente. Durante os reinados de Sancho I, Afonso II e Sancho II, esta nova Valença tinha esse curioso nome. Fixérom-se muralhas, torres, escavou-se unha cisterna, nascerom casas para o alcaide e para os moradores. Os forais procuravam tornar o lugar atraente, com isençóns e previléxios xenerosos. Mas no tempo de D. Afonso II, em 1212, a vila nascente foi outra vez arrasada por unha invasón leonesa. Unha parte dos seus moradores foi levada dalí para a Sortelha, que precisava de povoadores. É por fim D. Afonso III, o Bolonhês, que ordena que a terra deixe de se chamar Contrasta e passe a dizer-se Valença: “Mutavimus sibi nomen de Contrasta et imposuimus sibi nomen Valentiam”. Valença desenvolve-se constantemente a partir de entón como unha praça de fronteira. Foi reconhecída como a terceira do país, depois de Elvas e de Peniche. As suas fortificaçóns som um monumento colectivo, que absorveu a força dos braços da populaçón de toda a rexión durante mais de seiscentos anos. Xá no século XIII há referência à “anúduva”, obrigaçón de trabalhar gratuitamente na reparaçón dos muros e torres. Essa obrigaçón manteve-se até ao liberalismo. É por isso que alí se non vê xá nada que faça lembrar um castelo antigo: a fortaleza esteve sempre em uso e teve de se ir adaptando às novas modas da arte da guerra. Só parou de mudar quando as fortalezas se tornarom inúteis.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
“NUESTRA SENHORA DE LOS BUENOS AIRES”
Publicado o22/11/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

“Quando Deus criou a Arxentina, os demais países forom protestar, porque Deus lhe tinha dado tudo para ela. Tinha um enorme território, tinha todos os climas, grandes extenssóns de terra cultivada e gando que pastaba libre polas pâmpas. Entón, Deus respondeu, non vos alarmeis, porque a vou encher de italianos e galegos.

Um território de imensos desertos, que eram percorridos por selváxens nómadas. Nos quais non habia essas grandes civilizaçóns indíxenas de México, Guatemala ou Pirú. Nos tempos passados, os gobernantes abrirom o país para unha inmigraçón massiva de países europeus pobres. De tudo isto resultou um país practicamente sem negros, nem indios e sem campesinos apenas. Non obstânte estaba dotado de, um forte proletariádo urbano, e unha cásse média puxante e decissíva. Isto resultou nunha grande naçón, diferênte do resto da Hispanidade. Multidóns de xentes, corridas pola miséria e espoleádos pola esperânça de fazer fortuna. Abandonarom as suas aldeias da França, Alemanha, Itália, Espanha, Polónia, Roménia, Grécia, Croácia, para aventurar-se por estas barrentas praias do Rio de la Plata.

Grande parte deles encontrarom outros tipos de desditas, assombrados pola solidón e pola saudade, as recordaçóns de outras paisáxes, seguíam aí nas suas mentes, ainda non deixádas definitivamente para trás. Ernesto Sábato, nunha visita à cidade de Buenos Aires, afirmaba que resulta fácil para um extranxeiro reconhecer um brasileiro ou um mexicano. Mas, ¿que é um arxentino? ¿Este home que se nos apresenta, baixo o nome de Silverstein Mastronicola, González, Aridis, Kamadigian ou Schiler? Que veste como um europeio, cuxa sangue non é india, nem negra, cuxa cultura é a ciência, a filosofia, a arte e a literatura da Europa. ¿Será que non temos carácter próprio? ¿Seremos unha cinzenta e indefinida producçón da inmigraçón?

Buenos Aires, com todas as suas espectacularidades copiádas e todas as suas singularidades orixinais. Esta cidade que foi dedicada a unha santa, que forneceu ventos favorábeis para os navegantes, buscadores de fortunas. Unha cidade moderna, poucas medrárom como ela, demasiáda xente xunta, non podía dar bom resultado. O tráfico resulta pavoroso, e a cidade cresce de costas viradas para o rio, “La Costanera” Sul e Norte, está bodeáda de restaurantes e assadores e sítios abertos para tomar o Sol.

Um “porteño” é um italiano que fala castelhano com talento, comporta–se como se fora um francês e quase-secretamente gostaría de ser um inglês. A realidade resulta tal como é, a vida com os seus explendores e os seus brilhos, mas, também com as suas misérias. O “Tango”, como himno nacional e Gardel como rei do universo. Aínda que eu, teimoso como som às vezes, sigo pensando que o “Tango”, non é mais que um fado dançado, com intençóns lividinosas. Para finiquitar esta disertaçón sobre terras da Arxentina, nada melhor que um bom petisco no bairro de “La Recoleta”, com vistas para um camposanto, e como um bom arxentino, amar a vida e ter unha presuntuosa vocaçón pola boa morte.

LÉRIA CULTURAL
.
CELTAS (2)
Publicado o06/12/2024por fontedopazo | Deixar un comentario
.

As línguas celtas formam um grupo pertencente à macro-família indo-europeia. Están assim relacionadas com os vários membros, extintos ou non, das famílias anatólia, indo-iraniana, arménia, eslava, báltica, xermânica, itálica, grega, albanesa… Apesar da grande extensón que os povos celtas chegarom a ocupar (Europa occidental e central, parte da Itália e mesmo Ásia Menor), cederom gradualmente à pressón de outros povos… As línguas celtas som xeralmente classificadas de acordo com critérios xeográfico-cronolóxicos e linguísticos. De acordo com o primeiro, dividem-se em: “O Celta continental”, com testemunhas que ván desde o século VII ou VI a. C, até aos primeiros depois de cristo. “O Celta insular”, testemunhado a partir da Idade Média e muitas delas ainda hoxe faladas. Quanto aos critérios linguísticos, a evoluçón do som indo-europeio labiovelar, que se pronuncia como um “K” –portanto, velar labializada– com os lábios arredondados. Tendo em conta estes dous critérios, apresentamos a seguir um resumo das línguas celtas que deixarom rexistos escritos ao longo da história. Sabe-se com certeza que houbo povos de língua celta na Antiguidade e na Idade Média que non deixarom esses testemunhos directos ou, se os deixarom, perderom-se para nós. A sua existência é conhecida graças às referências a eles deixadas por outros povos, as chamadas fontes indirectas. É o caso do “gálata”, na actual Turquia, ou do “cúmbrico”, na actual Escócia.
O ALFABETO OGAM (foi utilizado para representar as línguas paleo-irlandesa e paleo-galesa)

LÉRIA CULTURAL
.
O TEMPO E A ALMA (VILA NOVA DA CERVEIRA)
Publicado o21/12/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

A quinze quilómetros de Valença, nos campos verdes que bordeam o curso do Minho, está Vila Nova de Cerveira, a mais badalada vila que as augas do río regam. As xá famosas bienais deram à pequena vila unha notoriedade semelhante à da cigarra no tempo da ceifa: ninguém a chamaría pequena, mas, essa é a primeira impressón. A terra é muito dispersa, e maior do que apresenta ao primeiro olhar. O nome é, só por si, unha pequena história. Vila Nova, no sentido de povoaçón fundada de novo. O facto de o Minho, coraçón da terra, ter chamado a sí a funçón de fronteira obrigou à criaçón nas marxens de unha série de fortificaçóns: Melgaço, Monzón, Lapela, Valença, Caminha. Aquí o mato debia de ser denso, porque a caça era abundante: dos cervos veio cerveira. Fazer esta vila nova e chamar-lhe dos cervos talvez tivesse um toque de malicia. O humor passou á pedra, e a heráldica municipal conserva a recordaçón do chiste, com a representaçón de um cervo de cornadura farfalhuda na cartela que representa as armas nacionais com a esfera armilar e a cruz de Cristo. A pedra, com a data de 1598, está hoxe incrustada na parede da antiga casa da Câmara. O responsábel polo topónimo é o rei D. Dinis, grande caçador de cervos. Mandou construir o castelo e deu foral à pequena póvoa, concedendo terrenos para atrair xente àqueles breixos ínvios: couto para sete foraxidos, feira franca em San Paio e, principalmente, isençón de impostos, sobre tudo o que se importasse ou exportasse da Galiza. Um porto franco sobre o rio, portanto. Como era o castelo, podemos sabê-lo polos minuciosos desenhos do libro de Duarte das Armas: unha alta muralha com sete cubelos e unha torre de menaxe. Exteriormente corria um outro anel de muro, com os salientes que acompanham a muralha principal. O desenho muito minucioso, mostra o rio Minho até à foz de Caminha, com caravelas que sobem e descem o rio. Dentro dos muros vê-se a aglomeraçón do casario, mas o desenhador mostra xá um populoso bairro a nascer fora do núcleo afortalezado, do lado sul. Era o arrabalde. Tudo isso foi destruído. Unha carta de lei de 1875, autorizou a Câmara Municipal a demolir as muralhas do lado sul, para que a vila se pudesse expandir; o presidente do Ministério era Fontes, o ministro do Reino era António Rodrigues Sampaio. Essas situaçóns forom muito frequentes; tudo o que lembrava a Idade Média aparecia aos românticos como odioso e destructíbel. O apeamento da muralha tem consequências no desenvolvimento do povoado. A vila esbarrondou-se, como um corpo flácido a quem tiram a forma. Espalhou-se à toa, ocupando sem plano o espaço entre o rio e a estrada real. O próprio castelo foi em grande parte desmanchado. Os outros valores locais som modestos: unha igrexa matriz reconstruída no século XVIII, Igrexa da Misericórdia também setecentista e unha outra capela, da invocaçón de San Roque, também muito restaurada por essa época. O castelo era, há alguns anos, um bairro velho entre muros arruinados e descabeçados das torres antigas. Desde 1958, que a Câmara local tinha a pretenssón de fazer daqueles pardieiros unha pousada turística. O proxecto tomou consistência em 1971 e o plano trazia unha novidade: aproveitar os edifícios xá existentes e revitalizar a antiga cidadela, criando assim unha vila-pousada. Aproveitou-se tudo o que podia recriar um ambiente histórico, sem inibiçóns de fidelidade arqueolóxica. O edifício central, onde funciona a casa de xantar, é abertamente de agora, e os autores do proxecto conseguiram demonstrar que o hoxe e o onte non se repelem quando houber talento para os conxugar.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
O ILHA (A MORTE DO MÁRETAS)
Publicado o28/12/2024por fontedopazo | Deixar un comentario

Má dixestao. Azia. Barriga pesada. Flactulências. E o sal de frutas, “Eno” salvador que nao aparece… Os amigos nunca estao na ocasiao certa. Estao a ouvir o Bruno de Carvalho ou a reouvir o discurso de Donald Trump, enquanto esperam que o sono os vista de pijama. Mas, quando acordam, encontram-se com muros; como o bizarro em forma de escolha democrática. Com Salazares cosméticos, que pintam a cabeça de loiro, porque nao querem que se veja que a sua cabeça, está cheia de neve. E, enquanto a Ana Moura me enchia a casa com o Fado: leva-me aos Fados, e fui acordado pelo telefone. Unha voz rouca soletreou: “Acabou de morrer o Mário Soares…” Non imaginei nada, nem visionei ou pensei, sobre a Morte maiúscula. Non entrei em Metafísicas. Mas, a poderosa máquina dos Mídias levou-me até ao Norton de Matos; até à Primeira República; até ao Humberto Delgado; até ao Palma Inácio; Salgado Zenha; Almeida Santos; Manuel Alegre; ao Colégio Moderno e a todas as casas de Mário Soares. E, todos diziam bem, e chamavam-lhe “Pai da Democracia”. Pensei: mais outro herdeiro… Mas, também apareceu o Álvaro Cunhal. E estranhei que non aparecesse um dos autores do atentado ao Salazar: o anarco-sindicalista Emídio Santana. Mas, aparecerom a Amália e o Eusébio. Depois vi passar o cortexo fúnebre com honras de Estado. Fiquei melancólico. tive a sensaçao que a minha juventude e adolescência passavam fechadas num baú. Depois vi reis e príncipes; governantes e ilustres. Poetas e burocratas. Pastores e sentinelas. Entao, pensei, foi-se o Mário Soares, o homem-político, que impactou o coraçón anónimo na varanda da Estaçao de Comboios de Santa Apolónia… O 25 de Abril foi Liberdade e também golpes de efeito maxistrais…
JOSÉ LUÍS MONTERO MONTERO
.
Lisboa Gaiata
Publicado o22/01/2012por guilladenses | Deixar un comentario
Esta varina branca com a saia cor do mar, é a nossa segunda nái. Despois da Terra é ela quem mais nos cala, entrou medrada de fascínio n’alma nossa, irmandada na fala e na cultura, mais filha de nosso cerne que ninguem.
Portugal leva nos nomes de arvores das suas xentes, toda a tradicion druídica, todas as Hamadríades protectoras, todo o bosque sagrado Céltico pervive transmutado em homens, que abandonaron as suas raíces.
Cantaron os seus poetas, e os seus trovadores, fados para a alma das xentes nossas. Palabras agarimosas, o rumor harmonioso dos seus falares profundos, percorreron longas distancias de nevoeiros ultramarinos.
A lírica Galaica, atenazou a sua alma de saudade, e a dotou dunha personalidade única. Estas xentes souberon conservar a paixon pelos verdes campos, polas frias aguas, e pela chamada brogadora do fundo mar.
Por imprescrutáveis caprichos da fortuna, que parece que brinca com todos nós, como se de folhas secas se tratara, o patron de Lisboa é Espanhol. Non se sabe porque enrrevessados caminhos d’agua, veio este cadaver acompanhado de dous corvos aqui parar, este San Vicente de fora veio rio abaixo morto para ser bandeira dunha cidade hostil. Talves tudo isto, non queira senon significar a estranxeiria destes credos cristans, vindos de lonxanos imperios Romanos.
Amar a benignidade do teu clima, os perfumados miradouros desta Babilonia atlantica, eterna primavera de manxericos. As “Alfacinhas” quentes, morenas, de siluetas fráxeis, e falas mansinhas.
Tantas lembranzas acomuladas desde a infancia remota, sonhos de nocturna luxúria, de vielas bairristas, e bohémias fadistas da nossa Lisboa. A cidade era regada todas as noites, por almeidas-lavandeiras de Caneças, que a purificaban para o ritual dos “Pregoes Matinais”, que xa nao nunca voltan mais. Ficaron perdidos, mudos nas trevas do tempo, unha teatralizacion xeneralizada da vida quotidiana, que teiman em non morrer nas nossas memorias.
Por um mar de pedrinhas brancas, baixamos por Alfama até o cais, que era daquela um mundo bulicioso e singular, os barcos veleiros das ribeiras do Lyssos, descargaban sobre as costas queimadas polo sol de um exército de estivadores descalzos e de calzas dobradas, todas as abundancias que inundaban a cidade pelo rio. As hortalizas cheirosas, das quintas que rodeaban a cidade. As especiarias orientais, vindas dos lonxanos paraísos de Ala, para embriagar de luxuria os nossos sentidos, alí naqueles templos se confabulaban.
Ir indo, per locca marítima, até o Terreiro do Pazo, onde Pessoa disfrutando da varafunda da multidon das naus, se preparaba para as suas aventuras ultramarinas. Ha que chegar num “casilheiro”, para que a cidade branca entre polos olhos adentro, como seres vindos de perdidas distancias, que a sua melhor estampa, apague a nossa sede de terra segura. Sentados em tabernas arcaicas, regentadas por Galegos, admirando com olhos de Poeta, tudo o que passa por entre camaroes cozidos e a benignidade do vinho branco. Das Tabernas do Socorro, ás quais o negro carbon, que se queimaba nos lares domésticos em gráceis fogareiros de barro, daba um aspecto ainda mais sórdido, conservo ainda grabado na minha memoria o fedor a mexo destas lúgubres moradas.
So estes cheiros, xa abrian os apetitos dos numerosos viandantes, propicios sempre ás tentacions da carne e do peixe, que daquela eran os reis da cidade, e non contaban com a infernal companhia dos automoveis. As casas de Comida, punhan ó dispor da povoacion um amplo abanico de manxares tradicionais, as “Iscas”, os “Passarinhos”, as “Bifanas”, os “Preguinhos”, os “Pasteis de Bacalhau”, a “Sopa de Cazon”, etc…
Os cafés coloniais, de exóticos aromas, vindos para quentar os desleixados animos da Bohémia politico-literaria, as cumplicidades de modernos amores, sítios onde se escrevian as cartas pra familia, lugar de comédias improvisadas, de talentos artistiticos insuspeitados, multitudinarios e baratos. Podian em qualquer momento surxir, conspiracions imprevistas, onde pessoas em fúria, se levantavan de repente e corrian a apedrexar o Banco de enfrente, talvés excitados pela rectórica flamíxera d’alghum literato rebelde.
As suas pastelarias Versailhescas, cheias de meninas doces, tenras, deslumbrantes. O romanticismo, e a louzania das suas miradas, a delicadeza xestual das suas figuras. Um “Dolce fare niente”, unha “Vie en Rose”, non ha nada comparável a viver de rendas, no meio desta lenceria fina. Este era o delicioso mundo dos “Pasteis de Nata”, dos “Bolinhos de Arros”, das “Bolas de Berlin”, do “Galao”, do “Vinho do Porto”, etc…, etc… ¡¡Viva a Marmelada!!, sempre a minha nai me alertaba, contra os perigos desta vida mol. ¡¡Toninho, non te relaxes!!, mas dentro da tension guerreira, um non podia deixar de apetecer este mundo pracenteiro, brando, acolhedor, e farturento, constactando lamentabelmente, que toda virtude, nunca queda impune, pois leva xá incorporada no seu cerne o castigo.
No tempo dos “Santos Populares”, que son as festas grandes da cidade, todos os sentidos despertan para o Beltain, medran nas “Marchas Populares”, unha febre de bacanais antigos, que fan ferver a nossa sangre de lascivia. Nelas o Maretas, escravo-estivador de unhs quarenta anos de idade, desflorou a Altina, unha lontra peixeira menor de idade.
¡¡ Xesus meu Deus, que grande desgraça !!
Como castigo por esta esplendida afrenta á moralidade, foron obrigados a casar. Pois eles bem sabem que a propriedade mata o disfrute, e em question de amores muitissimo mais. Bom, passemos a assuntos menos complicados da festa mundana, as sardinhas assadas á moda antiga, sobre o carbon oloroso, chorreando sobre o pan escuro a sua graxa. O Santo Antonio, casamenteiro das velhas, o San Xoan das fogueiras, e o San Pedro porteiro, pois é ele quem fecha as festas sempre. Despois de todas estas loucuras, xusto seria regar “Manxericos” ó luar, nas sofocantes noites do vrán.
A cidade velha é tan inmensa, tan cheia de graça arquitectonica, que a modernidade ficou perplexa, impotente e apoucada, perante os insuperáveis atrancos, que asfixian a sua vontade de destrucion. Penso que afortunadamente, a cidade será capaz de resistir unhs séculos mais, amparada na sua magnitude, e no colapso capitalista, producido pelas rendas antigas, que impedian qualquer especulacion que puidera por em perigo os tesouros da Urbe. Esta fortuita situacion, impedia qualquer obra, tanto por parte dos senhorios, como por parte dos inquilinos, tal áporia economica, fixo com que a bela Lisboa conservara toda a autenticidade, ha prédios inteiros, portas, xanelas, que ainda hoxe em dia visten as pinturas de cinquenta anos atrás, a romantica poeira dos tempos passados alí pousada. Perviveron os encantos intactos, em amplios lugares desta amada única, desta nái de tantas xentes rememoradas.
Lisboa sofreu abultada destrucion, por causas naturais, e por outras que non se saben abertamente, mas que sempre foron um enigma para mim, como se alguem quixera romper por unha parte da cidade arrasando tudo ó seu paso, um novo Marqués de Pombal conspirador-cabalistico. O terremoto devastou unha parte importante da cidade, mas tamen a man do homen se cebou na sua beleza, unha das feridas mais crueis, de que ainda hoxe non logrou recuperarse, foi na zona do Martin Monis, Mouraria, Praza da Figueira. É como se faltara algo, que nunca xamais poderá ser reposto.
¡¡ AI MOURARIA !!
Fotografias antigas poden dar unha ideia gráfica do que aquilo era, a rua da Mouraria, a velha rua da Palma, o arco do Marqués do Alegrete, a igrexa do Socorro, que foi demolida com diabólica celeridade, o teatro Apolo, mas sobre tudo a Praza da Figueira. A Morte desta Praza, foi um duro golpe, asestado por mans assessinas no corazon da cidade, ela era um mar de vida, unha riada de xentes laboriosas, que tinhan aqui o seu sustento, e inundavan tudo com a sua vitalidade de formigas. No seu lugar ficou um horrendo deserto de cemento armado, coroado pela estátua equestre de “Connan o Barbaro”, cousas da modernidade.
A pobre Mouraria, foi massacrada por várias xeracions de feras, cada década foi sumando despropósitos e mau gosto, chegando ó que os nossos olhos podem ver hoxe em dia, um cadáver carente de vida cidadana, marxinalizado, e que nunca ninguem foi capaz de ocultar. O médico sempre pode enterrar os seus erros, mas ós arquitectos resultalhes bem mais difícil esta labor.
Lisboa velha cidade, na tua contra se conxuraron, o tempo que tudo derruba, e o homen que nada respeita. Mas tu acordate, que o Lyssos que te deu o nome, é sempre novo.
(Ameaço, como Sebastian que sou, voltar unha manhan de nevoeiro acompanhado por Pedro Homen de Melo).
Léria Cultural
.
CELTAS (3)
Publicado o10/02/2025por fontedopazo | Deixar un comentario

Língua Celta Continental, Celta “P”, Lepóntico.
O centro epigráfico desta língua é a cidade suiça de Lugano, nas marxens do lago com o mesmo nome, entre os Lagos de Como e Maggiore. Num raio de cerca de cem quilómetros, em território suíço e italiano, foram encontrados perto de 150 inscripçóns, num alfabeto etrusco da variedade septentrional, também conhecido como alfabeto de Lugano, embora esta designaçón non pareça ser apropriada actualmente. A cronoloxía deste “corpus” epigráfico abarca desde o século VII ou VI a. C. até aos séculos II-I a. C. Os documentos mais notáveis do “corpus leponês” som as estelas funerárias, nas quais a palabra transcripta “pala” (talvez soando como “bala”), que poderia significar algo como “túmulo” ou “lápide”, foi encontrada até dezasseis vezes. Também há unha abundância de epígrafes em cerâmica, com indicaçóns de propriedade. No final do século XIX, esta língua designou-se por “Lepóntico”, pois pensava-se que era a língua dos Lepontii, um povo celta que ocupaba unha zona mais a norte, no cantón suíço do Ticino. No entanto, esta língua corresponde de facto a membros da “cultura de Golaseca”. O glotónimo sobreviveu na bibliografía especializada. Nos anos 70 do século XX, M. Lejeune confirmou o seu carácter linguístico celta. É unha língua celta “P”, como mostra a conjunçón copulativa enclítica – pe < K e, cf. latim -que e celtibero -QVE, -kue.
CARLOS JORDÁN
.
O TEMPO E A ALMA (VILA NOVA DA CERVEIRA)
Publicado o21/02/2025por fontedopazo | Deixar un comentario

Em 1809 o exército de Soult tentou ali atravessar o rio para iniciar a ocupaçón de Portugal. A pouca tropa existente correu a marxem do rio, acompanhada por unha multidón de camponeses, e impediu o desembarque francês. O feito non impediu que Soult non viesse a entrar no país, pola fronteira de Chaves, alguns dias mais tarde, mas foi festexado pola populaçón como unha victória definitiva, e ficou na memória popular como o mais glorioso fasto da vida local. Ainda hoxe o feriádo municipal comemora essa guerra na ribeira. A quem quer que sexa afeiçoado às leituras históricas, a vila recorda os viscondes de Vila Nova de Cerveira, título que se notabilizou principalmente por um motivo: foi um visconde de Vila Nova de Cerveira um dos ministros que receberam a pesada herança de suceder ao marquês de Pombal, quando o estadista foi demitido e expulso de Lisboa. Pouco antes da nomeaçón para ministro, tinha a viscondessa requerido que o interditassem porque era tonto e incapaz de governar a própria casa. Era o décimo quarto visconde. A história do título non deixa de ser curiosa. Entre os galegos que se puseram ao serviço de D. Joao I, rei de Portugal, andava um certo Fernán Anes de Lima, que axudou o rei no cerco de Tui em 1398. Ou a axuda foi grande, ou ele se insinuou no ânimo do rei; o certo é que este lhe doou a terra de Arcos de Valdevez, e o Paço de Giela. Um seu filho, Leonel de Lima, conseguiu suceder nesses bens, apesar de isso infrinxir a Lei Mental, pois que era filho segundo. Conseguiu, além disso, a nomeaçón de alcaide-mor de Ponte de Lima, e foi por fim feito visconde de Vila Nova de Cerveira. Era a primeira vez que em Portugal se fazia um visconde, e quando nos documentos se diz apenas “o visconde” é deste que se trata. Ambos os filhos do “visconde” deram que falar. O mais velho, Joao de Lima, ficou famoso na galanteria cortesán. Depois de muitas aventuras, embrulhou-se com unha mulher poderosa, Dona Catarina de Melo, filha do alcaide-mor de Évora. Imaxino-a bela e fria como unha estátua real, e vexo-a assim porque a alcunha que na corte lhe davam era a de “Rainha de Pedra”. Simples alcunha, porque ninguém é de pedra. Agradou-se da conversa daquele D. Joao minhoto e caiu na artimanha do casamento a furto. Era o casamento clandestino, que os próprios noivos podiam celebrar sem a presença de terceiros. Bastaba que, de mán na mán, pronunciássem as palabras sacramentais: “Eu recebo, …, por palabras de presente como manda a Santa Madre Igrexa.” E ficavam casados perante Deus, embora o mundo nunca o viesse a saber. Os namorados recorriam muito a esse truque quando habia desigualdade de estado ou de fortuna, e portanto oposiçón familiar; postas perante o caso consumado, as famílias acabavam por ceder. A “Rainha de Pedra” recebeu-o por esposo desse modo, mas quando o ventre começou a inchar esixiu-lhe que tornasse público o casamento. Ele assim o fez, mas apareceu entón outra beldade, Dona Catarina de Ataíde, dama da infanta Dona Xoana, a xurar que a esposa lexítima era ela, que tinha casado primeiro, claro que também a furto. Ele non negou. A causa subiu até Roma, e o xulgamento foi o de que o primeiro casamento era o único valioso. Mas a “Rainha de Pedra” non demorou muito a achar quem a quisesse, apesar do escândalo que o caso provocou. O próprio bígamo non parece ter tido grandes contratempos, visto que manteve todas as suas honrarias, e chegou mesmo a ser guarda-mor do rei D. Xoán II, funçón reveladora do muito apreço real. O irmán deste D. Xoán era um Fernán de Lima, criatura muito da amizade do “Príncipe Perfeito”, de quem foi copeiro-mor e guarda-costas. O rei deu-lhe ordem para estar sempre xunto dele, “secretamente armado”, diz Braamcamp Freire, que revela boa parte destes enigmas: Comia o que o rei comia, bebia o que o rei bebia, e há muito quem relacione isso com o facto de ter adoecido quando o rei adoeceu, e morrido como el morreu. Da mesma morte estranha, “inchados e solutos”, pereceram mais dous homes de mán do rei, o copeiro-pequeno Estêvao de Sequeira e o home de copa Afonso Fidalgo. Quando Fernán de Lima morreu, era ele o alcaide-mor de Vila Nova de Cerveira, porque o pai, ainda vivo, tinha a alcaldia de Ponte de Lima e era no paço afortalezado de Ponte de Lima que residia. Suponho que por isso non existe aqui em Vila Nova nenhum grande edifício a recordar essa família vinda do outro lado do rio, e destinada a tamanhas culminâncias do lado de cá.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
XEÓRXICAS
Publicado o30/03/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
I
!Ouh mociña, regatos e montañas!
É agreste o meu canto e mañanceiro,
e son ledicias tantas e tamañas
que deixan labio de viño algareiro
neste val verde, inmenso en que te bañas.
!Quizais un pouco pole muiñeiro
en min as saibas, ríos e fontes deixan
e así amores ardentes xa me apreixan!
.
II
A ti che canto, moa muiñeira:
roda, pedra e mundo deste país.
Ouh musa eterna, fada cantareira:
¿son eu quizais ventureiro Amadís
fiel por sempre a unha Oriana garuleira,
muiñando verde soño en celamís?
(A vida é un soño – cria Segismundo-.
!Poesía é broa para este mundo!)
III
A ti che canto, hórreo, igrexa da eira:
sol, espigas, castañas e centeo
gardas na túa nave milagreira.
Nos teus aleiros fan o niño arreo
as pombas e unha rola altaneira.
Un galo espreita e algún rato feo.
!Alégrate toliño vagamundo!
Versos e pan farán un grande mundo.
francisco xosé candeira
.
RECORDANDO AO TERRÍBEL ALMANZOR NUN ALTIPLANO DE A GRAÑA
Publicado o28/07/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
Disque Almanzor puxo a beber o seu cabalo
nunha pila de auga bendita,
que encontrou Compostela
deserta: só había un monxe en orazón.
Eu recordo esta historia
aquí nun paradisíaco altiplano
de A Graña, ateigado de cabalos.
Sinto unha sensazón insólita.
Síntome un monxe único (aillado)
extrañado por saber o mar máis alá,
lonxano e indiscerníbel
(mais non me sinto un bispo San Gonzalo
fundindo a cada orazón unha nao
wikinga).
Síntome un monxe, non solitario,
profundamente acompañado e só,
pensando teimudamente nun ar de éxtase
ou insensíbel á pel e aos sentidos
mais real e existente.
Ese ar estraño move maxicamente as frontes e as caudas
de todos estes cabalos que pacen ante min,
parados, profundamente quietos de tronco e patas:
son cabalos indiferentes, alleos, felices,
movidos aparentemente por un ar estraño.
(Moven as frontes e as caudas
deixando o resto do corpo inmóbil
tal como os debuxos animados
falan movendo só a boca
e deixan quieto o resto do rostro
– non, evidentemente, como aqueles
que cantan en play-back,
que moven a boca mais lles falta o espírito
malia moveren o rostro e o corpo todo.)
Estes cabalos están cheos de espírito e plenitude:
son cabalos indiferentes, alleos, felices,
movidos aparentemente por un ar estraño.
De súpeto un deles avanta, érguese
e afronta coas mans a un outro.
¡Mais, caramba, se eu non rezara ningunha orazón!
francisco candeira
.
SOBRE DA AUGA DA FONTE
Publicado o21/07/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
Sobre da auga da fonte
que alixeiran mariposiñas e candileiras
elevo a voz do teu corpo que descansa
¡Qué fermoso ver a fala da xente
entre os sons escondidos da vida!
¡Qué alto gusto ver cómo entenden
as folliñas o noso sentir
ao se moveren nas pólas!
Elevo o teu soño por riba das herbas
e bebe un cagote o seu medrar
Falades de xuíciño e unha tesoura
anda con prudencia
Tendes que ver correr a auga
para sabervos amigos
¡Ouvide a auga fértil e compañeira,
calade pra respirar fondo!
francisco candeira
.
HA SER TEU CORPO
Publicado o29/03/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
Ha ser teu riso turxente ondeando alto en teu peito.
a abrolla-lo breve abrente infindo sorriso afeito.
Ha ser teu corpo un olvido por rúas cegas de luz
un corpo esguío, tal bido, coa calor a contraluz.
Será unha ra e unha barca
reabre o teu ollar salobre
e nos teus portos, ribeiras
abertas á noite dobre,
arribarán quizais fontes
ou trémulas eguas albas
chegadas dos irtos montes
ata este ermo de ondas malvas.
francisco xosé candeira
.
ESCRITORES HISPÂNOS (RAFAEL DIESTE)
Publicado o06/04/2025por fontedopazo | Deixar un comentario

DIESTE, Rafael (Rianxo, Corunha, 1899-1981). Contista, autor teatral e ensaista, dono de unha prosa cuidada e a miúdo fermosa. Xornalista professional, passou muitos anos como colaborador do “El Pueblo Gallego”. De tendências radicais, foi director do teatro das “Misiones Pedagógicas” durante a República. Exiliou-se depois do golpe de estado franquista em París, Buenos Aires, Cambridge e Nuevo León, México. As suas melhores narraçóns están reunidas em “Historias e invenciones de Félix Muriel” (Buenos Aires, 1943; 1974) e os seus ensaios em “La vieja piel del mundo” (1936), “Luchas con el desconfiado” (Buenos Aires, 1948), “Nuevo tratado del paralelismo” (Buenos Aires, 1955) e “Pequeña clave ortográfica” (Buenos Aires, 1959). A principios dos anos sessenta, Dieste voltou à sua Galiza natal. A sua melhor obra teatral é “A fiestra valdeira”, escrita em galego no 1926 e publicada por primeira vez no ano seguínte. Obra simbolista de grande interesse, trata do regresso de Miguel a Galiza depois de ter feito fortuna no Brasil. Um retrato recente pintado por um xovem artista mostra-o no âmbiente da sua vida na América: rodeado de marinheiros no cais. A sua mulher e a sua filha, que som consciêntes da sua nova situaçón económica esíxem que ese fundo sexa modificádo. Os habitantes do lugar, suxérem comprar o quadro tal como está, mas, Miguel néga-se a vender unha obra que el mesmo encargou. E, corta o fundo do quadro, no qual se vê o mar e leva o pequeno pedázo. Ó final a mulher e a filha logran recuperar o fragmento que faltava.
OXFORD
.
CELTAS (4) (O GAULÊS TRANSALPINO)
Publicado o12/04/2025por fontedopazo | Deixar un comentario

Resulta habitual distinguir entre um Gaulês Transalpino e um Gaulês Cisalpino, desde o ponto de vista romano. O primeiro, do outro lado dos Alpes, a França, Bélxica, Luxemburgo, grande parte da Suíça e parte da Holanda e da Alemanha. Em suma, o território constituído polas três partes referidas por César no início da Guerra das Gálias, para além da xá província romana da Narbonensis. O conxunto epigráfico desta fala, divide-se num “corpus galo grego e galo latino”, diferenciádos, como sería de esperar, pola adopçón e adaptaçón dos alfabetos grego e latino à sua língua. Existem também diferênças cronolóxicas e espaciais entre os dous conxuntos. Enquanto o primeiro é anterior ao século II a. C. e está situado principalmente na província de Narbonne (sendo o epicentro epigráfico na foz do Ródano), o segundo é mais septentrional e data do período cesariano, sobretudo nos séculos I e II d. C. Para além de perto de setenta lexendas monetárias galo-gregas, existem inscripçóns em metal, como a enigmática placa de chumbo de Eyguières, a da espada de ferro de Port (Suíça), a do vaso de prata de Vallauris (Alpes-Marítimos) e o torque de ouro de Mailly-le-Camp (Aube). Existem também numerosas inscripçóns em cerâmica e em pedra. A maior parte destas últimas, perto de quarenta, som epitáfios e em menor número, dedicatórias e algunhas inscripçóns públicas. No “corpus galo- -latino”, há perto de duzentas lexendas monetárias a mais do que no “corpus galo-grego”. Há inscripçóns em metal, como os calendários (fragmentários) em bronze de Coligny e do santuário de Villards-d’Héria, ou os chumbos de carácter máxico de Chamalières e Larzac. A cerâmica de La Graufesenque é famosa, tal como os azulexos de Châteaubleau. Som igualmente conhecidas inscripçóns em pedra, a maior parte das quais dedicadas a divindades.
CARLOS JORDÁN
.
O TEMPO E A ALMA (CAMINHA DE RIBAMINHO)
Publicado o14/04/2025por fontedopazo | Deixar un comentario

Todo este percurso ao longo da marxém do Minho é unha espécie de paraíso vedado ao home com pressa do nosso tempo. Para se aproveitar este retalho de pureza natural, sobrevivência de édens que xa só existem na imaxinaçón e aqui, é preciso guardar o relóxio e non querer saber das horas para nada. Claro que qualquer destas odiosas viaturas chamadas automóveis que nos subxugam e paralisam pode percorrer em dez minutos a estrada de Cerveira a Caminha. Mas aqui, ao contrário dos ralis, o pódio non é para quem chega mais cedo, mas para quem demorar mais tempo. É preciso sair da estrada fácil e subir a Loivo, para ver como também as águas do Minho mansamente até ao mar non param; ir até Gondarém, visitar a igrexa quinhentista, ver o belo conxunto calvário e cruzeiro e apreciar, vagarosamente, estas pequenas maravilhas da arquitectura minhota, que deram solares como este da Loureira, que é um espécime que se non esquece. (…) É unha demonstraçón convincente de como non é impossíbel casar o conforto de hoxe com os valores sentimentais e estécticos da tradiçón minhota. (…) É preciso, é urxente ir também a Vilar de Mouros, onde tanta pureza e beleza parecem milágre ou maquinaçón de operadores turísticos, e todavia som apenas a verdade da natureza, rústica e matinal. Mas, principalmente, leitor, é preciso ir desarmado de prevençóns e de expectativas. Som beleza que só se dá a quem non a procura. Para quem vá de guia na mán, a marcar com um risquinho os lugares xá visitados, esta rexión non tem um grande monumento, nem pincaros nevados, nem atracçón de cartaz. Aqui é o reino da intimidade, do saber ver por dentro, do amor silencioso e do diálogo humilde. O encanto desta paisaxem está na dimensón: é tudo à nossa medida, tudo repassado de humanidade e de presença de xentes. Falei em urxência: é que non acredito que esta atmosfera vá durar muito tempo. O progresso e a poluiçón vêm aí, com todo o mal e todo o bem que trazem. E deste Minho, que ainda é unha realidade, em breve haverá apenas recordaçóns, postais usados e talvez unha ou outra artificiosa reserva.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
O VÉRTIGO DA LIBERDADE
Publicado o23/05/2025por fontedopazo | Deixar un comentario

Cristina tinha unha pistola de um guarda civil, que a tinha surprehendido nalgún contrabando. Cousa de pouca monta, mas causa do cerre do local. Tudo quedou arranxádo com unhas fodas, que o guarda sobrepagou com a pistola, para que Cristina puidéra defender-se dos contrabandistas. Mentira! Cristina queria a arma para manter a ordem. Eu xá a tinha visto, unha noite em que Cristina Filibustera andaba com ganas de bronca, porque o colombiano estaba em horas baixas e ademais tinha romado dous dias libres para Barcelona. Se alguém ma fai, observa o que tenho aquí. Meto-lhe dous tiros nos cogorcios! Avisei a Elipio e, desde entón, só pensar na possibilidade de unha castraçón a queimarroupa, o aparato se lhe encolhia e xá non funcionaba a stisfaçón de ninguém, e menos de Cristina. Seguro que buscaría outros, mas comigo ía de caralho. Das espanholas, a única que eu gostaba, era Rocío Baras. Unha virxem constantemente airada contra alemáns e alemanas, contra Franco, contra Espanha, contra os estudantes golfos e contra os empregados de mesa sem futuro. E, contra o mundo em xeral. Tinha metida no seu fermoso corpo a raiba de todos os rebeldes, com non sei que ecos de fusilamentos e maquis de fundo. Rocio, era o rencor em estado puro e talvés por isso me gostaba. Ideá-la doce e carinhosa, era um exercício de imaxinaçón desesperada. Eu dizia que era amigo dos anarquistas do Paralelo. E, ela, invariábelmente, respondia: —Tú o que és é um golfo. Non era questón de andar toda a vida a penar por ela, nem passar a tempo discutindo de política. Assim, que disfrutaba com as extranxeiras. E aquela noite, por casualidade, a unha nacional. Foi unha noite imprópria de chicas espanholas, que debíam albergar, era suposto, unha moral estrícta. E mais, como mêstras de escola, que foi a primeiro que largaron, nada mais conhecê-las. Contei-lhes unha anécdota muito de moda por entón, e que só entendíam os progres e os imbecís que, ao melhor eram a mesma cousa: “pues a mi, me gustan las maestras, no por lo que saben, sino por lo que enseñan”. E, a verdade é que lhes fíxo muita graça. As professoras eram de Zaragoza, e começarom logo a soltar o cabelo, a minha mais que a outra, porque ao ser menos bonita tinha que compensar com audácia a sua beleza inconclusa. O Villán ía pinchar no osso, seguro; e ademais, conforme avanzaba a noite, a minha punha-se mais bonita. Chamava-se Adela. Tán lanzada estaba Adela, que parecia extranxeira. Afirma-se que nada mais passar o rubicón do Ebro e pisar as areias da costa, as mêstras despendolabam. Era o vértigo da liberdade
JAVIER VILLÁN E DAVID OURO
.
UNHA HISTÓRIA RACÍSTA
Publicado o01/04/2021por fontedopazo | Deixar un comentario

Qual foi o meu espânto, quando cheguei a Lisboa e encontrei um inquilino preto no meu andar. Entraría pola porta da varanda? A verdade é que non contaba com isto, alguém por descuido a deixaría aberta. Non é que eu tenha algo, contra os gatos negros, mas deixou-me os dous lugares onde acostumaba dormir cheios de pelos, muito malíssimo, um asco! E, ainda tivo o descaramento de entrar conmigo dentro da casa, polo, que me vim forzado a dar-lhe duas patadas no rabo trasseiro e polo fora. A mim, dá-me igual, que sexam gatos negros ou amarelos, e tampouco som dos que pensam que os tarecos negros, tenham unha propensón xenética para a vadiáxem, a delinquência, a bruxaría, a “Macumba del Gringo”, o Candomblé, a santeiría, a quizomba ou o fú-ná-ná. Volto, novamente, a repetir que: para mim, todos os gatos som pardos e iguais, mas há cousas que te sacam de quício, e xá non sabes o que soltas por essa boca para fora. E, ademais, eu non som negro, que som bem branco grácias a Diós!!
Léria Cultural

.
CELTAS (5)
Publicado o13/06/2025por fontedopazo | Deixar un comentario

O gaulês cisalpino, “o deste lado dos Alpes”, é considerado como a língua atestada no norte de Itália nunha série de inscripçóns, incluindo a inscripçón de San Bernardino de Briona (século I a. C.) e as inscripçóns bilingues galo-latinas de Todi (segunda metade do século II a. C.) e de Vercelli (século I a. C.). Se a relaçón entre o gaulês cisalpino e o transalpino resulta clara, a relaçón entre o gaulês cisalpino e o lepóntico non o é tanto. Há autores que as consideram como duas línguas diferentes, mas há também quem pense que som dialectos, xuntamente com o gaulês transalpino, de unha única língua o gaulês. O mesmo acontece com o sistema de escrita. A Gália Cisalpina utilizava um alfabeto etrusco da variedade septentrional, e alguns autores falam de um alfabeto gaulês cisalpino por oposiçón a um alfabeto leponês. Para outros, porém, trata-se do mesmo alfabeto, que faría parte de unha família de escrituras do norte da antiga Itália, utilizadas por línguas como o venético e o rético. Subsiste um pequeno corpus epigráfico do Nórico: um fragmento de unha inscripçón de Grafenstein (Áustria) e unha pequena inscripçón de Ptuj (Eslovénia), datados entre os séculos II e III d. C.
CARLOS JORDÁN
.
HETERODOXOS HISPÂNOS (HISTÓRIA DE PRISCILIANO)
Publicado o29/06/2025por fontedopazo | Deixar un comentario

¡Lástima que a autoridade quase única neste asunto sexa o extranxeiro e retórico Sulpicio, e que tenhámos que caminhar quase a cégas polas asperezas e dificuldades, sem ter a seguridade em nomes e em feitos! Procurarei apurar a verdade, dado que tán poucas notícias nos quedam. Baixo o consulado de Ausonio e de Olybrio (ano 379, começou a predicar doutrinas heréticas um discípulo de Elpidio e de Ágape chamado Prisciliano, natural da Galiza, de raza hispanorromana, se hemos de xulgar polo seu nome, que é latino, de igual sorte que os de Priscus e Priscilla. O retracto que del facía Sulpicio Severo nos aporta pouquíssima luz, como obra que é de um pedagogo do século V, servilmente calcada, até nas palabras, sobre aquela famosa “etopeya” de Catilina, por Salustio. Era Prisciliano, segundo afirma o retórico das Galias, de família nobre, de grandes riquezas, atrevido, facundo, erudicto, mêstre na arte de declamar e na disputa; felís, certamente, se non se deitara a perder com as suas malas opinións. As suas grandes dotes de alma e de corpo; Velaba muito, era sofredor da fame e da sede, nada cobiçoso, sumamente parco. Mas, com estas qualidades misturaba grande vaidade, orgulhoso com a sua ciência profana, posto que tinha conhecido as artes máxicas desde a sua xuventude. Desta série de lugares comúns, somente sacámos em limpo duas cousas: primeiro, que Prisciliano albergaba grande eloquência, facilidade de enxenho e vária doutrina, necessária a todo corifeu de seita; segundo, que se tinha dedicado à maxía desde os seus primeiros anos. Dificultoso é hoxe em dia dizer que espécie de maxía era a que sabía e practicaba Prisciliano. ¿Seríam as superstiçóns druídicas célticas, de que aínda hoxe quedam e perduram restos na Galiza? ¿Ou das doutrinas arcanas do Oriente, às quais parece aludir San Xerónimo, quando chama a Prisciliano “Zoroastris magi studiosissimum”? Talvés se poidam conciliar âmbas, supondo que primeiro sería a máxia da sua terra, e mais tarde aprendería a da Persia e a do Exípto, que em xeral, non deixaríam de ter algunha semelhança. Consta por Sulpicio Severo que Prisciliano, empenhado em propagar a “gnose” e o “maniqueísmo”, non como os tinha apreendido de Marco, senón com variantes substânciais, recebeu no seu partido um grande número de “bons homes” e também plebeios, arrastados polo prestíxio do seu nome, pola sua eloquência e polo brilho da sua riqueza. Acudiam, sobre tudo as mulheres, ansiosas sempre de cousas novas, víctimas da curiosidade, e pola discrepçón e cortesía do heresíarca galego, brando em palabras, humilde e modesto no ademán e no traxar: meios próprios para cautivar o amor e veneraçón dos seus adeptos. E, non só mulheres, senón bispos, seguíam o seu parecer, entre eles Instancio e Salviano. Estendeu-se rapidamente o priscilianismo da Gallaécia à Lusitânia, e de alí à Bética, polo qual, receloso o bispo de Córdoba Adygino ou Higino, sucesor de Osio, acudíu em queixa a Idacio ou Hydacio, metropolitano de Mérida, segundo o texto de Sulpicio “Emeritae civitatis, ou Emeritae aetatis”. Começou Idacio a proceder contra os priscilianistas da Lusitânia com extremado celo, o qual, segundo o parecer de Sulpicio Severo, que merece nisto escasa fé, por ser enemigo capital seu, foi causa de acrescentar-se o incêndio, persistindo no seu erro Instancio e os demais gnósticos que se tinham conxurado para axudar a Prisciliano. Trás longas e rixas contendas, foi necessário, para atalhar os progressos da nova doutrina, reunir no (ano 380) um concílio em Zaragoza. A el assistirom os bispos de Aquitânia e mais dez espanhois, entre eles Idacio, que firma em último lugar. Excomulgados forom por este sínodo os prelados Instancio e Salviano e os laicos Helpidio e Prisciliano. Os oito cánones em Zaragoza promulgados o quatro de Outubro da dita era, únicos que hoxe conhecemos, mas, que se referem à parte externa da herexía e non aos seus fundamentos dogmáticos.
MARCELINO MENENDEZ PELAYO
.

O TEMPO E A ALMA (CAMINHA DE RIBAMINHO)
Publicado o06/07/2025por fontedopazo | Deixar un comentario

Como toda a terra que preza a sua cultura, Caminha discute muito a orixem do seu nome. As hipóteses que alinham á partida foram “Caput Minii” (cabeça do Minho), nome de um suposto fidalgo galego; cambinha (pequena praia); e, candidato favorito, o latim “caminia” ou “camina”, significando “extensa floresta escura ou sombría”. A última hipótese non é producto local, mas proposta por um historiador de autoridade, o Dr. Almeida Fernandes. A rexión estaría coberta de matos densos e daí a designaçón. Parece-me possíbel, mas fica-me um ressaibo de dúvida. Os lugares cobertos de arboredo, eram tán frequentes que deberíam existir hoxe várias Caminhas, da mesma maneira que há muitos “Soutos”, “Oliveiras”, “Figueiras”. E, non é assim. Penso que “Caminha” era palabra que entre outros sentidos, tinha o de “lareira”, fogo do lar. Desde que o lugar foi habitado, os navegantes localizaram-no desde o mar polo fumo, num processo que deu, por exemplo: “Lapa do Fumo”, próximo a Sesimbra. Significaría pois, o lugar que se sabe ser poboádo, porque se vê fumegar. (…) “Esta Caminha, que tem enfrente, do outro lado do rio, o soberbo castro galego de Trega, e mostra desde o seu cûme unha das mais fermosas vistas de toda a Galiza.” Parece ser que viveu sempre do mar, e em luta com o mar. E das actividades marítimas, talvés vem esta semântica possíbel. O verdadeiro porto do rio foi Tui, como no Texo foi Lisboa, perto para por os barcos no mar, suficientemente lonxe para ter tempo de se por a salvo quando houbesse rebate de perigo. Caminha non tinha essa vantáxem, mas, mesmo devassada polas inxúrias de pirataría, o lugar era privilexiádo, na confluência do rio Coura com o rio Minho. (…) Talvés fosse unha ínsua quando a povoaçón iniciou a sua formaçón. Era caminhando ao longo do Coura que se chegaba a Vilar de Mouros, outra povoaçón castrexa. Nesta rexión o povoamento pré-histórico foi muito denso, quase todos estes cabeçós que a vista alcança, revelam a presença do home desde épocas muito antigas. Suponho que essa ocupaçón terá continuado, sem grandes interrupçóns, até à colonizaçón romana, de que por aqui non faltam vestíxios. A verdade é que só as conxecturas som permitidas, porque probas da existência de um povoado muito antigo non existem. Som de D. Afonso III as primeiras notícias: fez-se o aterro de terras alagadiças, o que suxere a tal hipótese de ínsua. D. Dinis, logo em 1284, deu-lhe um foral e mandou reforçar as muralhas. No século XV a povoaçón estaba cinxida por um muro em dez cubelos e quatro portas, o qual significa que era unha pequena vila protexida contra os ataques vindos do mar, e nada mais que isso. Os historiadores locais colocam aqui, com grande ênfase, a concessón do porto franco por D. Joao I, em 1392, e atribuem a essa franquia o rápido progresso da povoaçón. Um porto franco só é possíbel onde existe um mercado, e a pequena terra de mareantes bem pouco podía interessar ao comércio marítimo da época. Se formos ver, D. Joao I limitou-se a atender o pedido dos homes-bons de Caminha de Ribaminho.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
CELTAS (6)
Publicado o12/08/2025por fontedopazo | Deixar un comentario
CELTÍBERO

CELTÍBERO: é a língua em que rexistárom as inscripçóns indíxenas de unha zona da Península Ibérica, que compreende as cabeceiras dos rios Douro, Téxo, Xúcar e Turia, até à nascente do rio Martín, a Oeste, Sul e Leste: e a norte o curso médio do rio Ebro. Os romanos e as fontes antigas, chamarom Celtibéria a este território, habitado polos Belos, Titos, Lusones e Arévacos. Ocasionalmente, os Pelendóns e os Váceos som também citados como Celtíberos. O continuum epigráfico-linguístico dos primeiros insere-se na área descrípta, mas non o dos segundos, embora tivessem, se non a mesma língua, unha muito semelhante. O mesmo acontecería com os Beronos e, talvez, com os Carpetanos, cuxo continuum também se situa fora da área, polo menos em parte. A parte meridional da zona era habitada polos Turboletes, Olcades e Lobetanos. A cronoloxía destes testemunhos vai do final do século III a. C. ao século I d. C. e están escríptos num sistema de escritura próprio, adoptado e adaptádo do semissilabário ibérico levantino, e em alfabeto latino. Foi o trabalho de A. Tovar, nos anos quarenta do século XX, que deu a conhecer na Europa a existência de testemunhos escritos de unha língua celtica com a particularidade de perder o “p” intervocálico orixinal em “veramos” (uper-amos), de tipo “Q”, devido ao tratamento do labiovelar, “QVE” < “-Kw” e, de Penhalba de Villastar (Teruel). A comunidade científica europeia debe ter-se rendido finalmente à celticidade do celtíbero em 1982, com a descoberta do “Primeiro Grande Bronze de Contrebia Belaisca” (Botorrita), o mais longo documento conhecido com sintaxe complexa nunha língua celtica antiga. Deste sítio provêm também o “Terceiro Grande Bronze”, unha lista de mais de duzentas fórmulas onomásticas, cuxa finalidade ainda non foi determinada. Para além destes dous documentos, as tésseras de hospitalidade, com mais de cinquenta documentos, som o tipo mais característico da epigrafía celtibérica. Na Península Ibérica foram também encontrados vestíxios de duas línguas cuxa celticidade é contestada: “Língua do Sudoeste ou Tartéssica”: o seu corpus é actualmente constituído por perto de noventa estelas a maioria das quais localizadas no Sul de Portugal, e alguns grafitos, dactádos entre os séculos VIII e V a. C. Está escrita num semisilabário da mesma família do Ibero e do Celtíbero. “Lusitano”, cuxos testemunhos se situam na metade norte de Portugal e na província de Cáceres na Espanha (séculos I – II d. C .). Som conhecidas até ao momento seis inscripçóns em alfabeto latino: Viseu, Cabeço das Fraguas, Lamas de Moledo, Arronches, Arroyo de la Luz (x2).

CARLOS JORDÁN
.
O TEMPO E A ALMA (HABEMOS DE IR A VIANA, Ó MEU AMOR D’ALGUM DIA)
Publicado o20/08/2025por fontedopazo | Deixar un comentario
.

Toda esta costa de Caminha até Viana é unha espécie de aceno a pedir que se fique, que non se parta mais. A seduçón vem evidentemente da paisaxem, que é alba e matinal como unha tela inxénua. Mas non vem só da paisaxem. Há aqui algo que se respira, unha atmosfera que se non repete, que eu saiba, em qualquer outro ponto do nosso país. Há unha evidente presença de mar, pressente-se (e às vezes avista-se) que ali a dous passos está o oceano iodado, salgado, están as penedias ao sol, as algas na praia. Mas há também um forte aroma na terra, unha evidência vexetal que vem da urze, das ervas dos valados, dos cômoros floridos. Talvez sexa mistura de seiva e de maresia, de iodo e clorofila, que faz esta sensaçón única. Os indicativos da estrada ván dizendo: Praia de Âncora, Afife, Moledo. Conheço os lugares e gostava de em todos parar muitas horas, a respirar profundamente. E vem-me agora à cabeça que som terras de sargaceiros, e que estas courelas e lameiras están adubadas com moliço. Talvez dai venha em parte esse aroma inconfundíbel que sobe da terra e fala do mar. O turismo oficial apoderou-se da imaxe dos moliceiros da praia da Apúlia e conseguiu sublimar nunha espécie de bailado unha dura faina quotidiana. Ainda agora, com menos cenografia e suponho que em menor quantidade, se fai a recolha das algas para fertilizaçón das terras agrícolas. O sistema é predominantemente nortenho. Talvez isso se ligue com hábitos ancestrais: também é assim na Normandia e na Bretanha; ou pode ser o grau da produçón de prantas aquáticas. Estou a pensar nestas cousas quando a densidade do casario me previne de que estou perto de Viana do Castelo. Os rios criam lendas como criam trutas, e tantas mais lendas criam quanto mais belos som. Este rio Lima é um viveiro de lendas. O salmón está a desaparecer do Minho, mas as lendas continuam a passar nas marxens do Lima, apesar da displicência com que agora os cientistas se referem ao lendário. As lendas som cristalizaçóns da imaxinaçón popular, ou mitos que ficam na memória colectiva, e nesse sentido som tán reais como qualquer outra realidade cultural, e valem por si mesmas, independentemente da sua eventual (e xeralmente gratuita) interpretaçón em termos de significaçón histórica. Um dos nomes que os antigos chamarom ao rio foi “Lete”. Ora o “Lete” tem a sua importância no mundo mitolóxico, era um rio máxico, cuxas águas causavam o eterno esquecimento: corria no profundo dos infernos, entre os Campos Elísios. Mas o inferno mitolóxico non era igual ao nosso, porque no pensamento clássico non existe um paraíso, nem a ideia de salvaçón: todos os mortos baixam à terra, e é desta ideia de baixar que vem a palabra “inferno” (de “infer”, donde vem igualmente inferior, etc…). O cristianismo abriu unha fenda neste véu de trevas, e deu-nos a alternativa de subir ao céu. O leitor non se iluda, porém, a pensar que o inferno para todos era unha visón mais igualitária, porque era apenas mais pessimista. Aliás, mesmo no inferno antigo habia vários tratamentos, e a câmara dos horrores -como o rodado de Ixión, a sede de Tântalo, o penedo de Sísifo, os abutres a comer o fígado de Prometeu- mostra que nestes dous mil anos, a arte da tortura, non fixo grandes progréssos.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.
EM NOME DE GUILLADE (CUMIAR)
Publicado o31/08/2025por fontedopazo | Deixar un comentario
.

Unha das primeiras mençóns que conhecemos desta aldeia é do ano 1170, data em que o rei Fernando II deu as vecinhas de Oliveira à igrexa de Tui, e díxo que lindabam coa de Cumeal. Como no caso de Angoares, em Santo Estebo de Cumiar houbo um mosteiro do que quase non quedam notícias. Unha das poucas que conhecemos data do vinte de Febreiro de 1325, em que o nobre Afonso Eans Torrichano fíxo testamento e deixou pecúnios dinheirários a vários centros monásticos, entre os que figura este. “Et mando ao moesteyro de Santestevao de Cumear, trezentos moravedis desta moeda X dineyros por cada moravedi e mandollos pollo casal de Rocas que del tive…” O único que nos quedou daquela época foi parte da igrexa, sobresaindo do reformado conxunto arquitectónico a porta principal. Segundo unha inscripçón que nela figura, foi feita na era 1222 ou 1242, que corresponde aos anos 1184 ou 1204, pois a leitura resulta difícil por estar borrosa, Ademais desta fermosa porta de arco apuntado em arista viva, e com arquivoltas apoiadas em dous pares de columnas que à sua vez tenhem os capiteis decorados todos eles com motivos vexetais. Está o arco triunfal do presbiterio, que é semicircular como no caso de Angoares, com marcada tendência a ferradura. Está sobre capiteis que forom bárbaramente repicados nunha das muitas reformas que padeceu o edifício, e estes à sua vez sobre semicolumnas adosadas à parede. Ademais, há unha interesante escultura que hoxe se encontra no interior, onde foi colocada no fai muito tempo ainda, que chama a atençón do visitante por ser de grande tamanho: tráta-se de um león, ao qual lhe forom repicadas as suas partes xenitais, também nunha das múltiples reformas, talvés na de 1805, que parece haber sído a mais importânte.
CLODIO GONZALEZ PEREZ (PUBLICADO EM “A PENEIRA” ANO I-1984)
.
O ILHA (24) (INSTALOU-SE A MÁ DIGESTAO)
Publicado o06/09/2025por fontedopazo | Deixar un comentario
.

Trump. Instalou-se a má dixestao, assumiu a governaçao da cabeça imperial. E, nós abusamos das carnes vermelhas e das gorduras. Gostamos de comer toucinho; entremeada; chouriços e bifes altos e mal passados. Depois, queixámo-nos das azias e flactulências. Zumbimos ao ouvido do amigo ou amiga, para saber se tem “sal de frutas” Eno, ou talvez unha fatiazinha de abacaxi. Os amigos, como sempre, nesse momento nunca apresentam remédio milagroso. Nem um advogado que nos salve dos arrotos. Entramos em crise social. Escondemo-nos; metemo-nos na cama, se somos solteiros ou no sofá solitário, se somos casados ou vivemos amigádos. A má dixestao é unha epidemia tao grande, como o loiro que se instalou na Casa Branca. A má dixestao é mais grave que a crise arbitral de Bruno de Carbalho. É tao grave e levanta muros tao altos como Donald desexa levantar entre U.S.A. e México. É tao perigosa, como a presença do espanhol na Web da Casa Branca… A má dixestao, é má, porque o mesmo nome assim o indica; mas, sem querer ser faccioso, o Donald Pato, resulta num grande arroto, producto todo da má dixestao e de um ardor de estômago de quem bebeu unha garrafa de Tequila, com ou sem muros. Agora só podemos confiar na C. I. A., ou que qualquer outra empresa priváda de espionáxem, venha salvar o “Mundo Libre”, carregada de “Sal de frutas Eno”. ¿Qual será a maneira mais romântica e altruísta, de salvar o mundo gringo das garras de Lucifer? Até aqui, as botas militares dos “gringos”, tenhem esmagado nos desertos, através de selváxens bombardeamentos massivos. Agora, serám as sibilinas e humanistas, axências da “intelixência”, que nos librarám da má dixestao dos telexornais! Pato Donald, homem de gosto surreal, no que se refere ao penteado, tornou-se unha espécie de propulsao cosmopolita, para unha nova era. Os poetas fariam sonetos inspirados nesta galopante “intelixência”, patriotismo, aversao e prevençao perante o outro! Xenofobia, muros, separaçao, esta é unha acçao que nos diz, ¡¡o outro, nem vê.lo!! No ano de 1968 a Universidade de Berkeley lançou ao mundo Marcuse. París descobríu que debaixo das calçadas estava a praia. Madrid começou a fazer cocegas nos cascos da “dentadura”. Os “canábis” alimentabam os grandes “gurus” da música “pop e rock”. Através da leitura ou do fumo, ultrapassavam-se fronteiras; muitos mundos que cabiam num só mundo. Choravam pelo Vietname. Em Cincinatti, odiávam a Franco e a Salazar. Na Ameixoeira, combatia-se a Nixon. O futebol, xurábam os mestres trabalhadores da contestaçón, era embrutecedor. E, hoxe temos muros, dos mais malditos, que se erguem para separar xentes contíguas, temos futebol, árbitros e Brunos do Caralho, em tamanha abundância, como temos letras nunha sopa de letras.
JOSÉ LUÍS MONTERO MONTERO
.
TRÁBANCHE AS COUSAS E NON AS MIRAS
Publicado o10/04/2017por fontedopazo | Deixar un comentario
.
Trábanche as cousas e non as miras
– dixo a alma do verde monte.
– Paso e premo as follas do libro
pra gañarlle ao vento
– Vaiche boa vai, teño
pau pra tamancas!
– Pra que me salves
dígoche as letras
onde vou morrendo
– E o teu amigo Bosque
– O meu amigo sempre
FRANCISCO CANDEIRA
.
O TEMPO E A ALMA (VIANA DO CASTELO)
Publicado o02/11/2025por fontedopazo | Deixar un comentario

Porque correría o Lete por aquí, entre estes campos risonhos é que non sei, mas acho que isso está ligado com a nossa condiçón de “terras do fim do mundo”. A mais remota aduana do planeta era, se non estou enganado, no lugar a que hoxe chamamos estreito de Gibraltar, columnas de Hércules para os antigos. Dali, só habia passaxem para a morte, mas algunhas desafiam o destino, e é preciso ter presente que ao litoral português, non se chegava só por mar, também había um caminho terrestre. Houbo sempre movimentos de barcos desde a fachada levantina até à orla atlântica. Os rios non eram navegábeis nos seus troços superiores, mas serviam para marcar os sulcos do caminho, e permitiam, por exemplo, vir de Valença a Lisboa subindo o vale de Jucar e descendo depois o do Texo; ou de Tortosa, na foz do Ebro, ao Porto, na foz do Douro, porque os dous sistemas hidrográficos, quase se tocam xunto dos montes Cantábricos. Essas viaxens duravam vidas, e quanto mais lonxe se ia mais debéis eram as possibilidades de voltar à pátria. E talvez por isso os xeógrafos dos mitos colocabam o Lete nos confins do mundo occidental, que para eles era o litoral português. Foi portanto aquí, nas marxens do rio, que os soldados do cônsul Décimo Júnio Bruto se recusavam a avançar mais, com medo de esquecerem as suas pátrias; o cônsul meteu-se à água com a águia da lexión nos dentes, nadou até à marxem de lá, e aí começou a chamar os soldados cada qual por seu nome, para mostrar que nada lhe tinha esquecido. O célebre episódio é contado por Tito Lívio e marca o início da conquista da Galiza polas armas romanas. A importância do Lima como via fluvial é tán grande que a xente quase se espanta de que a cidade sexa de fundaçón relativamente recente. É mais outra das coroas de glória para o “Bolonhês”. Foi ele quem fundou a povoaçón e tomou a peito fazê-la vingar. Talvez nos tempos que passou em França tivesse ganho essa visón estratéxica do desenvolvimento e tivesse aprendido quanto futuro estaba reservado a essas povoaçóns nascidas na foz dos rios que levavam e traziam os productos ao interior. Afonso III debía o cognome ao facto de, polo casamento, ter sido conde de unha cidade marítima, Bolonha do Mar, situada na foz de um rio que desemboca no Pas de Calais. Estes desertos à beira-mar têm sempre a mesma explicaçón: o medo dos ataques de mouriscos e nórdicos, que corriam os mares à caça de riquezas e escravaría. Por isso, logo na altura em que mandou passar o foral, o que aconteceu no ano de 1258, mandou também fazer um grande cercado de pedra, com quatro portas e unha torre no ponto mais elevado. O feitio do muro era aproximadamente oval, como ainda hoxe percebe quem olhar com atençón unha planta da cidade. A torre ficou no sítio da laxe, exactamente onde agora está a igrexa matriz. A muralha media, a toda a volta, quase setecentos metros. Lá dentro os primeiros povoadores puderam construir as suas casas, e o rei animava-os garantindo-lhes priviléxios e imunidades contra as prepotências dos ricos-homes e dos coutos monásticos que dominavam na rexión.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
.

































