
De 1656, ano da excomunhón, até 1661, ano em que começa a correspondência conservada, há um período obscuro na vida de Espinosa sobre o qual non temos informaçóns certas. Parece que continuou a viver na cidade ou nos seus arredores, e que ainda frequentaba a casa de Van den Enden. Nalgúm momento desta fase, estudou filosofia na Universidade de Leiden. Durante estes anos obscuros, esteve em contacto directo com um grupo de amigos que tinham os mesmos interesses filosóficos e que, anos mais tarde, quando Espinosa se estabeleceu lonxe de Amsterdám, manteriam com ele a valiosa correspondência que hoxe conservamos os médicos Lodewijk Meyer e Johan Bouwmeester, os comerciantes Jarig Jelles e Pieter Balling, o loxista Simon Joosten de Vries, o libre-pensador Adriaen Koerbagh e o editor Jan Rieuwertsz, que publicou controversos tratados de política e de relixión, entre os quais os de Espinosa. Este sólido e fiel grupo de amigos, que se manteve ao longo dos anos apesar da distância, desmente a percepçón xeneralizada de que Espinosa foi um home solitário e sem relaçóns. É evidente que dedicava muito tempo à reflexón, mas manteve um diálogo constânte com estes amigos e com pessoas menos íntimas que lhe escrebiam de diferentes partes da Europa. Datam desta época algunhas notícias confusas e non confirmadas sobre o filósofo. Unha delas diz-nos que se apaixonou por unha filha de Van den Enden, a qual teria escolhido outro pretendente mais endinheirado (esta é a única referência conservada sobre as relaçóns sentimentais de Espinosa). Pouco antes de 1660, Espinosa começou a escreber o “Tratado da Reforma do Entendimento” (Tractatus de intellectus emendatione), a sua primeira obra conservada. É um estudo sobre a natureza e as modalidades do conhecimento, unha procura do método para chegar às ideias claras e diferentes, necessárias para obter concepçóns correctas sobre as cousas. Non chegou a concluir o tratado e, em 1661-1662, reuniu o seu conteúdo moutra obra, o “Breve Tratado de Deus, do Home e do seu Bem-estar” (Tractatus brevis de Deo et homine eiusque felicitate), normalmente conhecido como “Breve Tratado”, que contém embora em esboço, muitas das ideias que depois exporá na “Ética”: sobre Deus, o conhecimento, o ser humano, a liberdade e o modo de alcançar a felicidade. O pensamento espinosista xá está definido e configurado; daqui para a frente só será necessário aperfeiçoá-lo e poli-lo, como se se tratasse de unha lente.
JOAN SOLÉ