O CORPUS ARISTOTELICUM (II)

FILOSOFIA PRIMEIRA OU METAFÍSICA

Incluiem-se, nesta parte do “Corpus”, os catorze libros da obra magna de Aristóteles, “Metafísica”, que trata o ser enquanto ser e examina em que consiste, bem como a possibilidade de unha ciência para o conhecer. Estes libros non constituiem um conxunto homoxéneo. De facto, o próprio Jaeger, ao propor a classificaçón das obras aristotélicas, afirmava: “É absoluctamente inadmissíbel tratar os elementos combinados no “Corpus Metaphysicum” como se constituíssem unha unidade e tomar, para fins de comparaçón, o termo médio alcançado, digamos assim, por esses elementos inteiramente heteroxéneos”.

ÉTICA E POLÍTICA

Integram esta parte as obras dedicadas à chamada “filosofia práctica”. Por um lado, as obras éticas: a “Ética a Nicómaco”, um dos textos fundamentais da história da ética, bem como a “Magna Moralia” e a “Ética a Eudemo”, apesar de estas duas últimas se considerarem obras menores, das quais, inclusive, há quem discuta a sua autoria. A segunda secçón deste bloco consiste na “Política”, na qual se estuda a organizaçón social e o governo da cidade de um ponto de vista empírico, e a “Constituiçón de Atenas”, a única que se conserva da colecçón de 158 constituiçóns que se atribuírom a Aristóteles com fins “enciclopédicos”.

ESTÉCTICA

Incluiem-se nesta parte os textos dedicados às chamadas ciências “poiéticas” ou productivas. Consta, basicamente, de duas obras dedicadas ao estudo das formas literárias e artísticas de um modo xeral: “Retórica”, ou a arte de convencer com a palabra, e “Poética”, da qual só se conserva unha pequena parte e na qual se considera a obra de arte como imitaçón da natureza.

É possíbel que alguns destes textos non tivessem sido escriptos directamente por Aristóteles, especialmente os mais enciclopédicos, como a “História dos Animais”; sería difícil imaxinar essa possibilidade, dada a extensón da obra. O que parece claro é que as que non foram escriptas polo filósofo, foram pensadas e dirixidas ou, no mínimo, supervisionadas por ele, de modo que non resulta tán inexacto atribuir-lhe a respectiva autoria. Quanto ao estilo, non há dúvida de que muitos leitores xulgarám que os textos de Aristóteles som secos e demasiado concisos. Unha consideraçón inegábel. Sendo certo que podemos atribuir-lhe a criaçón de muitos termos filosóficos, non o é menos que os seus escriptos apresentam escasso atractivo literário, sobretudo se comparados com o estilo ornamentado dos diálogos platónicos. Alguns críticos pensam que, se os escriptos aristotélicos estám pouco trabalhados no aspecto literário é porque, entre os fragmentos compilados por Andronico, escasseavam os textos exotéricos que tinham tornado Aristóteles tán popular, mais espirituais e frequentemente escriptos baixo a forma de diálogos, e, por outro lado, abundam os textos esotéricos que, como foi comentado, non se destinavam à leitura, sendo apenas apontamentos para as liçóns dadas oralmente no Liceu. Há, inclusive, quem recorde que estilistas tán esixentes como Cícero e Quintiliano eloxiaram a fluidez do seu estilo (o primeiro comparou-o a “um rio de ouro”) e o recurso aos mitos e à retórica para expor as suas ideias. Por isso, quanto ao estilo, cabe conceder a Aristóteles, polo menos, o benefício da dúvida.

P. RUIZ TRUJILLO

Deixar un comentario