Arquivos diarios: 27/05/2022

FOUCAULT (UM CERTO SABER DA LOUCURA)

“O termo “arqueoloxía” quer designar non precisamente unha disciplina, mas um domínio de investigaçón, que sería o seguinte: Numa sociedade, os conhecimentos, as ideias filosóficas, as opinións de cada dia, e também as instituiçóns, as prácticas comerciais e policiais, os costûmes, tudo remete para um certo saber implícito próprio desta sociedade. Este saber é profundamente diferente dos conhecimentos que se encontram nos libros científicos, nas teorias filosóficas ou nas xustificaçóns relixiosas, mas é o que torna possíbel o surximento num dado momento de unha teoria, opinión ou práctica. Assim, para que se abrissem no final do século XVII os grandes centros de internamento em toda a Europa, foi preciso um certo saber da loucura, enquanto contrária à non loucura, da ordem e da desordem, e é este saber que tenho pretendido interrogar, como condiçón de possibilidade dos conhecimentos, instituiçóns e prácticas. Este estilo de investigaçón tem para min o seguinte interesse: permite que se evite todo o problema da anterioridade da teoria em relaçón à práctica e vice-versa… De facto, trato num mesmo plano e segundo os seus isomorfismos, as prácticas, as instituiçóns e as teorias, e procuro o saber comum que as tornou possíveis, a capa do saber constituinte e histórico.”

Michel Foucault, entrevista concedida a R. Bellour, 1966.

LITERATURA CLÁSSICA LATINA (OS AUTORES TRÁXICOS)

Varrón databa no 240 a. C. a primeira produçón de Andronico, e a primeira de Nevio, que sería com seguridade unha traxédia, no 235 a. C. Outra tradiçón era que “a musa”, xá fora tráxica ou épica, “chegou” a Roma durante a Segunda Guerra Púnica (223-202 a. C. ; Porcio Licinio); um terceiro afirma que foi depois da Segunda Guerra Púnica quando os romanos se convertirom à traxédia. Estas duas últimas opinións parecem seguir a cronoloxia errónea proposta polo erudicto e tráxico Accio na sua Didascalica, de que Andronico era mais novo que Nevio; o terceiro incluso a ignora e considera a Ennio (203-169 a. C.) como o primeiro tráxico romano autêntico. Sexa qual for a verdade sobre Andronico, as obras de Plauto presuponhem claramente de vários modos que a traxédia, era de feito um xénero popular e bem desarrolhado antes do final das guerras púnicas. A obra dos pioneiros, talvés especialmente de Nevio, fosse crucial para estabelecer a forma, o estilo e a esfera emocional da traxédia. Os títulos de Andronico e Nevio evidenciam o interesse polo ciclo troiano e as fortunas das heroínas dolentes. A saga dos Argonautas e as partes do ciclo tebano referidas a Dionisos e as Bacantes também forom usadas. Edipo em câmbio é unha figura curiosamente rara na traxédia romana. É sabido que Andronico utilizou a Sófocles (Ajax Mastigóforo e Hermiona ), mentras que Nevio pode ter usado orixinais de carácter tán diferente como o Licurgo de Esquilo e Ifixenia em Táuride de Eurípides. Esquecerom.se incluso os nomes dos rivais e imitadores menores de Ennio. Foi el quem fixo da composiçón da traxédia unha actividade muito respeitável para a diversón de cabaleiros que non dependiam do teatro. Entre estes destacarom o seu sobrinho o pintor Pacuvio (sobre o 154 a. C.) e Accio (que escrebeu aproximadamente entre o 145 e o 100 a. C.) e quase monopolizarom a atençón das xeraçóns seguintes. Ennio tinha particular interesse por Eurípides, a pesar de estar lonxe da fidelidade ao verdadeiro espírito do autor. Pacuvio, cuxa obra era pequena, servíu-se dos tráxicos atenienses clássicos e também dos imitadores de Eurípides. Há quase tantos títulos de obras de Accio como dos outros três xuntos. Como Pacuvio, era ecléctico na eleiçón dos seus modelos. No seu caso, como veremos, prantéxa-se a questón de se non escrebeu ás vezes traxédias “da nada”, exactamente como podería fazê-lo um contemporâneo grego; explorando os aspectos pouco conhecidos e a continuaçón das famosas histórias de Troya, Tebas e os Argonautas, o poeta-filólogo conheceria e estudaría non só as versóns dos mêstres e outras, senón também as observaçóns dos comentaristas, e podía tomar cousas (incluso de um latino) como Afranio na “togata” contemporânea. A última obra conhecida de Accio foi um Tereo do 104 a. C. e na década do 90 a. C. seguíam-se escrebendo traxédias novas, ao parecer para a sua representaçón escénica. Durante a vida de Cicerón habia reposiçóns, como na comédia, do que entón se considerava como os clássicos, de Pacuvio, Accio e Ennio ante âmplos públicos que podiam interpretar alguns passaxes com referência à política do momento. A profissón de actor prometia ganhar o prestíxio social do qual gozaba em Grécia; os oradores admirabam, protexiam e aprendiam de grandes actores como Esopo e Roscio. É probábel que o escreber unha traxédia se tivéra convertido num exercício literário xá com anterioridade ao ano 100 a. C. Os três autores romanos clássicos liam-se em época de Cicerón e probabelmente figurabam no programa escolar. Quinto Cicerón escrebeu várias traxédias, incluidas quatro que despachou em dezasseis dias de liçênça, mentras servía no exército na campanha das Galias no 54 a. C.

E. J. KENNEY E W. V. CLAUSEN (EDS.)