Arquivos mensuais: Marzo 2023

KARL R. POPPER (IMAXINAÇÓN)

Em síntese, para Popper a única forma de raciocínio cientificamente aceitábel é a deductiva, non só na lóxica e na matemática como também nas ciências empíricas. Como chegamos entón às leis e às teorias da ciência, se non pode ser por induçón? Popper admite que, em muitos casos, podemos alcançá-las por deduçón: inferindo unha lei a partir de outra ou outras xá estabelecidas. Por exemplo, podemos deduzir (por modus ponens) a lei de que todo o ser humano tem nái a partir de duas leis mais xerais, a de que todo o ser humano é mamífero e a de que todo o mamífero tem um proxenitor do sexo feminino – leis essas que, por sua vez, poderiam deduzir-se de leis biolóxicas ainda mais xerais. Mas está claro que o processo non pode continuar de forma indefinida: em algum momento chegaremos às leis ou teorias mais xerais e fundamentais de unha disciplina, que xá non podem deduzir-se de outras. Como chegamos, entón, a essas leis fundamentais, se non é nem por induçón nem por deduçón? A resposta de Popper é que non se chega a elas por nenhum procedimento racionalmente controlábel: som ou producto da “imaxinaçón” ou da “inspiraçón”, se quisermos, através de actos de libre criaçón semelhantes aos que están na base das grandes produçóns astísticas. Assim, por exemplo, dissesse o que dissesse o próprio Newton sobre a pertinência do método inductivo na física, ele próprio non concebeu a lei da gravitaçón universal baseando-se num raciocínio inductivo a partir da observaçón de factos particulares; esta ocorreu-lhe num momento de inspiraçón. Depois viu imediatamente que dessa lei tán xeral se podiam deduzir leis mais particulares, como as leis planetárias de Kepler ou a lei de Galileu da queda dos corpos, as quais por sua vez, permitiam explicar fenómenos ainda mais particulares, como a órbita do planeta Marte ou a traxectória dos proxécteis. O grande cientista, tal como o grande artista, é unha pessoa doptada de unha enorme imaxinaçón, mas a diferença entre o cientista e o artista está em que o segundo, unha vez realizada a sua obra de arte, fica satisfeito, enquanto o primeiro, pelo contrário, unha vez concebida a sua grande teoria, non se deixa ficar sossegado, colocando-a unha e outra vez à proba perante os enunciados de base, os que descrevem experiências e observaçóns particulares que possam ser contraexemplos da teoria, que a possam falsificar, ou sexa, refutar. O grande cientista, ao contrário do grande artista, nunca se contenta com a sua própria criaçón.

C. ULISES MOULINES

O ILHA (14)

CONTOS DE UNHA XUVENTUDE ENLUTADA

A MINHA HISTÓRIA CNA (CAPÍTULO 6)

Finalmente, um dia, acordei em Lisboa sem ter que regressar ao CNA. Andava e nao andava. Saia de casa pela manhá e percorria a Praça do Rossio; sentia-me como se tivesse recuperado o paraíso. Comecei a fazer o que queria e desejava; comecei a arquitectar a minha vida. O temor que estava entranhado na vida tomarense, transformara-se em alegría e espírito de curiosidade plena. Comecei a comprar libros como quem compra tremoços numa feira: em saco e a peso. O cinema nao vivia sem mim. Nao passaram três meses e xá tinha a minha tertúlia instalada no Café Ribatejano. Chegaram as primeiras visitas e exposiçoes; chegou o Teatro. Chegaram os passeios em barco e em grupo a Cacilhas para beber unhas imperiais bem frescas. Nao conhecia o tédio. Foi das épocas que mais felicidade senti. O CNA estava embrulhado e guardado na prateleira da parte mais escura da minha livraria. Passei a páxina sem nenhuma classe de cerimónia. Unicamente, notava a ausência dos colegas e amigos mais próximos. Gostar-me-ia tê-los como partícipes do meu novo estar e ser na vida. Non sei se escrevi alguma vez ao Hélder F. Tive um processo de esquecimento acelerado. Passados poucos anos, quando o Victor O. se uniu, a diário, à tertúlia do Café Ribatejano, nao recordava muitas das cousas que alguma vez, esporadicamente, me mencionava. No inverno, em Dezembro, fui visitado pelo Casquinha. Senti alegria plena; fomos, quao gabarolas arvorados em machos, ao Intendente. Falamos; non deixamos de falar um segundo. Só respiramos um bocado quando sentados no bar, a beber unha cerveja, fomos abordados por duas donzelas. Ele falava-me da sua vida em Coimbra, e eu falava-lhe da minha vida em Lisboa. Ficamos de encontrar-nos. Nunca mais nos encontramos ainda que durante dois anos sabíamos um do outro e mandávamos mensagens através de um amigo comum. Cinco ou seis anos depois de sair do CNA tive como um processo de introspecçón e passei a pente fino a essência da minha vida em Tomar. Conclui que non fora tempo perdido, porque o tempo non se perde, vive-se, mas, pensei que vivi coisas e situaçoes evitáveis e desnecessárias (inclusivamente nefastas) para a minha formaçao como ser humano. Passados uns dez anos conheci um homem que vivia no castelo de Sesimbra (segundo estou informado, no castelo, fizeram uma espécie de museo ou exposiçao permanente em sua honra) chamáva-se Rafael Monteiro. Falamos do humano e do divino. Era um discípulo do mestre Agostinho da Silva (de quem me deu o número de telefone e escreveu uma cartinha para ser recebido) e amigo do António Telmo e seu grupo. Neste grupo de amigos e cúmplices estava um ex-aluno do CNA. Entao, veio á baila o colégio e a certa altura o Rafael Monteiro disse: “é um rapaz inteligente e culto, mas, tem alguma coisa inexplicável dentro. Parece-me que tu também tens um certo pouso dentro semelhante ao dele.” Nao o sabia explicar. Eu também nao o soube explicar. Hoje, ainda que nao o saiba explicar, parece-me que é uma pequena (ou grande) dor (a palabra exacta talvez seja mágoa) neurótica que levamos aninhada nas nossas vísceras. O CNA foi parte da minha vida, mas, nao é a minha vida. Thomar, com agá como gosto de escrever por uma questao mais que estéctica, é a minha terra adoptiva. E as Terras, visitam-se com carinho e periodicamente. Thomar aturar-me-á enquanto viva.

JOSÉ LUÍS MONTERO

DESCARTES (OLHAR DIRECTAMENTE PARA O MUNDO)

Mas, ao mesmo tempo, no meio do clima liberal renascentista, alguns estudiosos tinham aproveitado para “olhar directamente para o mundo” sem passar pola biblioteca e encontrar nos seus fenómenos, especialmente nos movimentos dos astros, padróns e proporçóns de um tipo matemático. Dessas operaçóns nasceu o heliocentrismo de Copérnico (que postulava o movimento da Terra à volta do Sol, o que era absurdo visto na perspectiva tomista) e, pouco depois, a observaçón da Lua por Galileu, através do telescópio, que verificou no seu “Sidereus Nuncius” (“O Mensaxeiro das Estrelas”, que surxíra em 1610) que nela había vales e montanhas, derrubando assim, quase vinte séculos de taxativa divisón aristotélica entre Céu e Terra. Assim, misturadas frequentemente com essa fébre renascentista por ler o libro da Natureza sem intermediários, apareceram as sementes daquilo a que posteriormente chamaríamos “ciência moderna”. E os seus protagonistas, os “pais fundadores” como Copérnico, Bacon, Galileu ou Kepler, muitas vezes non se distinguíam demasiado de outros erudictos que hoxe tomamos por excêntricos: também para eles as leis físicas eram o modo de Deus se expressar (vexa-se Galileu), ou os átomos, as “notas e letras” com que estaba composto o “Poema do mundo” (vexa-se Giordano Bruno, queimado na fogueira, acusado de ser atomista e ateu).

ANTONIO DOPAZO GALLEGO

TUI, UNHA TUDE TUDESCA

Erguída no cúmio deste velho castro, “a soberba Tui”, como lhe chama Camoes nos Lusíadas, cidade de mais de três mil anos de antiguidade, semelha talmente um tudesco ciprés de pedra. Côrte do rei visigodo Witiza, foi recuperada dos sarracenos por Adfonsus I por volta do ano 740, e repovoada por Ordoño I no ano 860. Ruas estreitas, encostadas e tortas, cheias de escudos de armas, tuneis e passadizos secretos. Mas de tudo isto, destaca o ciprés de pedra do seu cúmio! O estilo gótico e castrense, foi o mais axeitado para a sua defesa e a da cidade, um templete amuralhado ao que sostinham duas grossas pilastras. O seu aspécto ainda conserva as muralhas e o marcado aire medieval. Tude, à qual D. Adfonsus D’Anrique, tivo que renunciar, depois do desástre de Badajóz, e da qual Prudêncio Sandoval escrebeu a sua História, e antiguidade das suas memórias. Chegou a ser capital da Galiza, e pátria nái dos galegos de Lisboa. Foi assaltada e tomada por vários dias, polo nosso brigadier xeneral Guillade, que quería fusilar unhas velhas refilonas, pois, ousaram desafiar abertamente a sua autoridade. Também os vikingos se confundíron, ao pensar que o bispo, com a sua cara rasurada e as suas bonitas saias era unha patrícia d’unha mulher (bom, sobre este asunto, nem unha palabra mais!). Cidade tudesca, dentro da qual Francisco Sánchez, chegou à sábia conclusón de que nada se sabe!!

A IRMANDADE CIRCULAR

MARX E ENGELS “A IDEOLOXIA ALEMÁN”

“De facto, cada nova classe que passa a ocupar o posto da que dominou antes dela vê-se obrigada, para poder levar avante os fins que persegue, a apresentar o seu próprio interesse como o interesse comum de todos os membros da sociedade, isto é, expressando-o mesmo em termos ideais, a imprimir às suas ideias a forma do xeral, a apresentar estas ideias como as únicas racionais e dotadas de vixência absolucta. A classe revolucionária aparece de antemán, pelo simples facto de se contrapor a unha classe, non como classe, mas como representante de toda a sociedade, como toda a massa da sociedade, face à classe única, a classe dominante.” Neste texto, na verdade, Marx refere o caminho que qualquer luta política debe seguir se quiser ser efectiva. A chave está em conseguir que os interesses particulares de unha classe social possam apresentar-se como os interesses xerais da sociedade no seu conxunto. Isto é aquilo que transforma unha classe social na classe dominante. Unha classe nunca é dominante em virtude do seu mero poder de coerçón, da força bruta que é capaz de exercer sobre outras classes sociais dominadas ou subalternas. A um poder puramente coercitivo faltar-lhe-ia aquilo a que politicamente chamamos “lexitimidade”. Ora, na mesma linha do texto de Marx que acabámos de citar, Gramsci conseguíu revelar os segredos ocultos que se escondem por detrás da questón da “lexitimidade” do poder político. Um poder político estabelece-se como lexítimo quando consegue vestir-se com as roupáxens daquilo a que poderíamos chamar, com Rousseau, a “vontade xeral”. Quando unha classe social consegue que os seus interesses económicos e políticos sexam assumidos pola populaçón como unha vontade xeral, podemos dizer que essa classe social conquistou aquilo a que Gramsci chamou a “hexemonia”. As consequências desta troca dos interesses particulares por interesses do conxunto da sociedade som imensas. O conceito de “hexemonia” atesta um fenómeno crucial para o pensamento político: o tema da “servidón voluntária”. As pessoas aceitam a ordem estabelecida como se, no fundo, houvesse unha secreta convicçón que as faz pensar que as cousas son como têm de ser. Assim, para falar de submissón ao poder, non nos basta pensar no poder coercitivo. As pessoas non obedecem por medo ou, polo menos, non fundamentalmente. A submissón voluntária é, regra xeral (como demonstrou Gramsci e tematizaram depois Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, autores a que mais tarde faremos referência), muito mais importante. Isso apenas pode ocorrer na medida em que a populaçón, em xeral, considera que o poder é “legítimo”. É fácil compreender que quanto mais unha classe ou um grupo social dominante tiver de recorrer à coerçón policial, ao medo, à ameaça, à força ou à violência, menos o resto da sociedade o considerará um poder “lexítimo”. E mais, o recurso à força é sempre unha proba de que esse poder, no fundo, xá está a sozobrar. Isso é o que ocorre nos períodos de crise social, nos momentos de transiçón de um rexime político para outro. Obviamente, um diagnóstico gramsciano da situaçón na qual actualmente nos encontramos desde que estalou a crise em 2008 é, neste sentido, muito importante. Mais adiante voltaremos a isso.

CARLOS FERNÁNDEZ LIRIA

O “CHEF” MICHEL

Embora português, Michel da Costa nasceu em Marrocos a quinze de Septembro de 1946 e tem unha vasta experiência profissional, non só como cozinheiro, mas como autor de libros sobre gastronomia e formador de cozinheiros. Agora com o seu “Atelier de Cozinha Michel”, o “Chef” Michel é unha das figuras mais mediáticas em Portugal e na Europa, na área da gastronomia. Profundo conhecedor non só da cozinha portuguesa, como também do que se faz em termos de cozinha pelo mundo inteiro, sendo muito respeitado pola sua grande cultura gastronómica. Michel, é consultor de vários grupos empresariais, e igualmente, membro fundador da “Comunidade Europeia de Cozinheiros Euro-Toques Internacional”. Presidente da “Euro-Toques Portugal”, comendador da “Associaçao dos Maitres Conseils en Haute Gastronomie Française”, “Cozinheiro-Mestre da Bélgica”, “Xúri internacional de cozinha e cozinheiro-mestre obreiro da Unión-Europeia”.

A COZINHA DOS FAMOSOS

BERKELEY (UNHA ÉTICA FUNDAMENTADA NA PSICOLOXÍA)

Vemos como avança a primavera iluminista, em que se começam a reivindicar as ideias de beleza e virtude face à visón negativa de Hobbes acerca da condiçón humana, que influirá em Bernard Mandeville. Arrancada das garras da relixión revelada, cuidada no xardim natural que o deísmo lhe possibilitava graças ao universo mecânico newtoniano, a moral ia alcançando a sua maioridade graças à autonomia e confiança na natureza humana. David Hartley (1705-1757), fundador do associacionismo psicolóxico inglês – que se ocupará de estudar os mecanismos do costûme e do hábito -, dará à moral o seu carácter mais iluminista e independente da relixión ao propor unha ética fundamentada na psicoloxía. Partindo de Newton e de Locke, tenta explicar o funcionamento dos nossos processos psicolóxicos através do mecanismo da associaçón. Através dela, as ideias simples convertem-se em complexas, e o prazer e a dor axem como associaçóns elementares presentes nas mais complexas: a simpatia, o egoísmo, a moral, a ambiçón, o amor a Deus. Salvaguardando as devidas distâncias, as recentes descobertas neurocientíficas que situam Deus no nosso cérebro parecem ter um precedente na teoria de Hartley, formulada sem a axuda da psicoloxia cognitiva, da neurobioloxia e dos seus processos neuroquímicos ou da antropoloxía cultural. Se for verdade que tudo se debe ao modo como o nosso cérebro funciona, David Hartley, com a sua física da mente, esteve extraordinariamente à frente do seu tempo, non só pelas suas propostas, mas também por situar o debate no âmbito científico adequado.

LUIS ALFONSO IGLESIAS HUELGA

HOMENÁXEM A ALEJANDRO VIANA (11)

A INFÂMIA DOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÓN FRANCESES

No medio desta desolación, unha pequena parte de desprazados, entre eles Alejandro Viana e os seus amigos, evitan o internamento, un privilexio ao alcance unicamente daqueles que acreditan dispor de recursos suficientes ou contan co aval de parentes e amigos residentes en Francia e se comprometen a non solicitar ningunha axuda das institucións públicas do país. As reaccións da sociedade francesa diante do éxodo e do internamento dos refuxiados son enfrontadas: unha parte reacciona con receo diante dos “rojos”, españois e protesta polo que consideran un sacrificio imposto aos habitantes das zonas nas que se sitúan os campos. Pero tamén xorden voces que denuncian as condicións degradantes nos campos de concentración e a morte de moitos refuxiados. Conmovidos polo sufrimento dos exiliados, moitos franceses organízanse en comités de axuda para facerlles chegar roupa, comida e outros medios imprescindíbeis para a vida diaria. Tras a caída de Catalunya a guerra aínda continúa. O 10 de febreiro Negrín regresa en avión a Alicante e pídelle a Azaña que volva a España. Porén, Azaña presenta a súa dimisión como xefe de Estado: a súa saúde, a imposibilidade de lograr a paz e a falta de recoñecemento internacional lévano a tomar esa decisión. A Presidencia da República asúmea Martínez Barrio, pero a descomposición do réxime republicano é tal que en Madrid se producen enfrontamentos entre os partidarios e detractores da rendición. Os Gobernos francés e inglés recoñecen oficialmente o Goberno franquista de Burgos o 27 de febreiro de 1939. Negrín declara que a guerra non rematou, pero os acontecementos de Madrid, que os seguidores do presidente consideran un golpe de Estado, poñen fin á resistencia e facilitan a entrada de Franco na capital o 29 de marzo. Dous días despois, a Deputación Permanente das Cortes, reunida en París, será o escenario dun enfrontamento entre Negrín e unha parte das forzas políticas republicanas que marcará o futuro do exilio. Discútese sobre a lexitimidade dunha Deputación Permanente e dun Goberno que paradoxalmente carecen de territorio e de persoas sobre as que exercer as súas potestades. Ao día seguinte, o 1 de abril de 1939, ao mesmo tempo que Franco declara o final da guerra, Negrín constitúe en París o Servicio de Evacuación de Refugiados Españoles (SERE), aproveitando un certo grao de recoñecemento e tolerancia por parte das autoridades francesas, a pesar das presións e protestas do réxime de Franco. Antes de rematar a guerra, o executivo de Juan Negrín xa instalara virtualmente en Francia un entramado básico de institucións republicanas. A masa de refuxiados, cifrada a comezos de abril en 450.000 persoas, e o problema humanitario que representa é o primeiro e o máis grave reto que o Goberno republicano ten que abordar. Atender e dar amparo aos exiliados que serviran a II República durante a guerra é unha obriga, ademais de humanitaria, moral.

ROBERTO MERA COVAS