MONTAIGNE (NENHUMA PRISÓN ME ACOLHEU…)

O cargo que Henrique III lhe tinha outorgado foi renovado por mais dous anos (1583-1585), apesar da oposiçón dos extremistas católicos. O seu novo mandato representará mil perigos, entre psicodramas e escândalos políticos. Entretanto, a trinta de Dezembro de 1580, tinha assumido efectivamente a primeira incumbência. A duraçón do primeiro mandato coincide com a revisón da sua primeira obra. Em 1582, também com Millanges, publica a segunda ediçón dos “Ensaios”, com acrescentos e correçóns. No mesmo ano, começam os preparativos para a construçón do maior farol da Europa do seu tempo, o farol de Cardouan, situado no início do estuário da Gironda. A 31 de Agosto de 1583, enviará unha carta de reclamaçón a Henrique III sobre a situaçón da cidade. A carta, coraxosa e com um tom muito libre, foi assinada em Bordéus, no Conselho dos xurados. Montaigne é o seu primeiro assinante. Impostos inxustos, necessidades do pobo descuidadas, venalidade da xustiça, pobreza e mendicidade som os temas de unha autêntica declaraçón de princípios. Em 1584, desloca-se a Mont-de-Marsan para falar com o rei de Navarra, que a 19 de Dezembro visita o castelo, onde nunca tinha estado, e onde permanece dous dias, sem mais serventes além dos próprios do castelo, como atesta a nota manuscrita que deixa em Beuther, o seu “Livre de raison”. Montaigne non esconde a sua satisfaçón: “et dormit dans mon lit”. No ano seguinte, conduz as negociaçóns entre Du Plessis-Mornay (conselheiro de Henrique de Navarra) e o mariscal Matignon, lugar-tenente xeral do rei. Em Xunho, estala a peste em Bordéus e expande-se por todo o Périgord. Para evitar o contáxio, é obrigado a abandonar o castelo e peregrinar com a sua família sem ser acolhido em nenhuma casa amiga (de Septembro de 1586 a Março de 1587), com cavalos e um carro. Talvez na sua mente lhe recordasse a “peste de Atenas”, evocada polo seu admirado Lucrécio nas últimas páxinas de “Sobre a Natureza das Cousas”. Em “Da Fisionomia”, descreve-a plasticamente como “condenaçón universal e inevitábel”, catástrofe em que alguns ainda sáns xá cavam a sua cova, outros se colocam nela ainda vivos e, no momento da morte, atiram, eles sozinhos, a terra em cima de si… Mas será instado a cumprir as suas funçóns, depois do verosímil pagamento de unha xenerosa quantia de 250 escudos (750 libras, e non as 400 que cobra, anualmente, de honorários como maxistrado) por parte de Catarina de Medici, que, enquanto solicitava ao tesoureiro que se ocupasse da provisao (pelo menos para um cavalo e roupa decente…), reclamava a presença de Montaigne para que a axudasse no proxecto de intercessón política entre Henrique III e Henrique de Navarra.

NICOLA PANICHI

Deixar un comentario