Arquivos mensuais: Outubro 2022

BREVE HISTÓRIA DE QUASE TUDO (13)

A analoxia normalmente utilizada para explicar a curvatura do espaço é tentar imaxinar alguém de um universo com superfícies planas, que nunca tivesse visto unha esfera, a ser trazido para a Terra. Por mais que calcorreasse a superfície do planeta, nunca encontraria unha ponta. Poderia eventualmente voltar ao ponto de partida, caso em que ficaria extraordinariamente confuso se tentasse explicar o sucedido. Bem, estamos mais ou menos na mesma situaçón que o nosso amigo do planeta plano, só que completamente perplexos perante unha dimensón mais elevada. Assim, tal como non há lugar onde encontrar a ponta do universo, também non há lugar onde encontrar o seu centro, de forma a podermos dizer: “Foi aqui que tudo começóu. Este é o verdadeiro núcleo de tudo.” “Todos nós” estamos no centro de tudo. Na verdade, non podemos ter essa certeza, pois non podemos prová-lo matematicamente. Os cientistas partem simplesmente do princípio de que non podemos ser o centro do universo – imaxinem o que isso implicaria -, mas que o fenómeno debe ser o mesmo para qualquer observador em qualquer lugar. Mas, mesmo assim, non sabemos. Para nós, o universo só chega até onde a luz tem viaxado nos bilións de anos decorridos desde a sua formaçón. O universo visíbel – aquele que conhecemos e de que podemos falar – tem um milhón e meio de milhón de milhón de milhón de quilómetros de dimensón total. Mas, segundo a maior parte das teorias, o universo no sentido lato – o “Meta-universo”, como lhe chamam por vezes – é muito mais espaçoso. Segundo Rees, o número de anos-luz até à ponta deste maior e invisíbel universo seria escrito “non com dez zeros, nem com cem zeros, mas com milhóns de zeros”. Resumindo, xá há mais espaço do que se consegue imaxinar, polo que non vale a pena ter o trabalhón de tentar visualizar mais um espaço adicional para além dele. Durante muito tempo, a teoria do “Big Bang” teve unha falha enorme que preocupaba muita xente – nomeadamente, non conseguia explicar como tinhamos chegado até aqui. Apesar de 98 por cento de toda a matéria que existe ter sido criada com o “Big Bang”, essa era apenas constituída por gases leves: hélio, hidroxénio e lítio, como xá atrás mencionámos. Nem unha única de todas as outras partículas pesadas de matéria vitais para o nosso ser, como o carbono, o azoto, o oxigénio e todos os outros, surxiu do grande caldo gasoso da criaçón. Mas – e isto é que é inquietante – para forxar estes elementos é necessário o tipo de calor e enerxia xerados por um “Big Bang”. Contudo, só hoube um “Big Bang”, e esse non os produziu. Portanto, de onde vinherom eles?

BILL BRYSON

HUSSERL (A REALIDADE QUE NON SOMOS)

É surprehendente que muitas pessoas demorem a descobrir o facto, por assim dizer demasiado próximo, que é a sua própria consciência. Pensam nas realidades e em si mesmos, mas non se apercebem que as realidades lhes entram polos olhos do corpo e da intelixência adentro em modos de ser que lhes pertencem a eles e que, por isso mesmo, som susceptíbeis de falsidade (e non só de verdade). Non se trata unicamente de as cousas no espaço terem perspectivas infinitas e as pessoas terem caras múltiplas, mas de que a nossa experiência de tudo possui unha riqueza imensa de matizes e de ângulos, que lhe som próprios e non das coisas nem das outras pessoas. Cada ângulo destes é, para seguir com a terminoloxía anterior, um “fenómeno” meu próprio, por muito que capte talvez bem, ou mal, o real que nem é meu nem me é próprio. Brentano explicava como a consciência, desfiada em cada um dos seus presentes ou agoras, é muito exactamente consciência: um presumíbel saber sobre algum outro como tal, ao mesmo tempo que um saber (nada presumíbel, mas certíssimo) sobre esse saber. Usando as úteis, mas sempre perigosas, metáforas da visón, de frente vemos com a consciência as cousas diferentes de nós mesmos; com o “canto do olho” vemos que estamos a olhar para elas. E, entón, apercebemo-nos que este “conhecimento concomitante” ou que “acompanha” o presumíbel conhecimento frontal de outras cousas nunca pode (na opinión de Brentano) faltar quando nos diriximos à realidade que non somos. Nón podemos deixar de notar que notamos o outro. E notamos que somos nós mesmos em cada caso notando o outro de nós mesmos. O facto de “notar” ou de “mentar” tem esta dupla propriedade: dirixe-se imaterialmente ao outro de maneira directa, mas também se dirixe a si mesmo, non menos imaterialmente, non menos directamente, mas sem que ele mesmo sexa o seu tema, porque o seu tema som as outras cousas.

MIGUEL GARCÍA-BARÓ

NOVÍSSIMOS DA POESIA GALEGA

POEMA FELINO

Nun papel alegre,

meu líquido gato

camiñaba felino,

negras pegadas deixando.

.

Ao alto dunha árbore

con énfase gabeaba,

metáforas miañando

que nos bigotes medraban.

.

Nun hipérbato valente,

dun hiperbólico salto,

o gato fixo un poema

coas gadoupas rabuñando.

.

BREIXO VIDAL SALGUEIRO

LEIBNIZ (DA NECESSIDADE UNHA VIRTUDE: BIBLIOTECÁRIO E HISTORIADOR)

Leibniz chegará a Hanôver em Dezembro de 1676 e, salvo algunhas excepçóns, aí permanecerá durante os quarenta anos que lhe restam de vida. Nesta cidade começa a sua nova actividade como bibliotecário do palácio, expondo ao duque a seu plano de trabalho, que consistia em aumentar o número de adquisicóns com o obxectivo de transformar os 3310 volumes e 158 manuscríptos existentes, nunha colecçón inigualábel que abranxêsse os campos de conhecimento mais importantes, obtidos através da troca de correspondência com os estudiosos de Itália, França, Inglaterra, Holanda e Alemanha que conhecia. Além disso, Leibniz tinha o proxecto de elaborar um novo tipo de índices e catálogos que permitisse unha procura mais rápida das referências. Ainda assim, a sua etapa ao serviço do duque Xoan Frederico até final de 1679 permitiu-lhe compatibilizar o seu trabalho com as suas investigaçóns, bem como ampliar a sua rede de correspondentes. Assim, nestes três anos dedicou-se a sistematizar e desenvolver as ideias e os proxectos que foi acumulando durante a sua etapa de viaxante autodidacta e interdisciplinar, embora os grandes escríptos que o tornarom famoso sexam posteriores a 1684. Quando xá estava há um mês ao serviço do duque, Leibniz lembra-lhe a sua elevada qualificaçón e experiência – recordemos a sua nomeaçón como xuíz do Alto Tribunal de Apelaçón de Mainz – , e pede-lhe para ser nomeado conselheiro privado, cargo que se oficializa no final de 1677, e é contratado Johst Dietrich Brandshagen como axudante de câmara e secretário; nas respectivas cartas do início de 1678 a Gallois e Conring, Leibniz mostra a sua satisfaçón por estar ao serviço do duque, polo seu cargo e polo aumento salarial que recebeu. Esta também é unha época de encontros impulsionados polas negociaçóns irenistas para promover a paz, sob cuxo signo conheceu Gerhard W. Molanus ou o bispo Cristóbal de Rojas y Spínola, mas também relacionados com a filosofia e a matemática cartesianas (como Arnold Eckhart, que conhece através de Molanus), com a química e a alquimia (como a visita de Johann Daniel Craft) ou com a teoloxia (como a discussón mantida com o dinamarquês Nicolaus Steno sobre o tema da liberdade humana, à qual Leibniz dará forma literária no “Dialogue entre Poliandre et Théophile”, onde Teófilo, que representa Leibniz, convence Poliandro de que a existência das cousas é determinada pola escolha que Deus faz do melhor de todos os mundos). Durante esta época também fará o seu primeiro estudo puramente histórico, que consistia nunha investigaçón xenealóxica (sobre os antepassados dos condes de Löwenstein) para Henri Justel, secretário do rei de França.

CONCHA ROLDÁN

VIÁXE AO COUTO MIXTO

Depois de por em andamento o “Tom-Tainas”, partímos de corazón alegre com ânimos de longada. Para a tranquilidade de mais unha das nossas aventuras gastronómicas, cara a Boticas. Baixo a influênça de Saramago e do seu românce “Todos os nomes”, buscamos um tio meu Xosé Argibay Amil, que está enterrado no cemitério de Boticas. A trama-pretéxto, é ir pechando o cerco até dar com ele.

Comemos no Restaurante Rio, um lugar limpo, desafogado e com unha carta bastante interesante.

Três trutas fritas e escabechadas, muito bem preparadas e bastânte tersas.

E, como prato principal xabalí estufado com castanhas.

Logo de inquirir demoradamente as raparigas, passámos a saber que Boticas tem um cemitério e todas as aldeias limítrofes tenhem o seu próprio. Assim que, há que investigar todos os nomes.

À tarde, xá com a barriga contente, tomámos o caminho da cordilheira da Serra do Larouco, buscando um buraco por onde furá-la cara ao Couto Mixto, desde terras de Portugal.

Depois de perguntar, a um rude pastor celtibérico, de barbas sem rasurar e roxos cabelos bem abonados. O caminho a seguir era, sempre em frente, sem duvidar.

Entramos no Couto Mixto, sem saber onde estábamos, tudo parecía diferente da semana anterior. Quando entrámos polo lado galego, a verdade é que o lugar parecía muito mais montanhoso e agréste.

Mas, desta vez, tivémos muita mais sorte! Pois, conseguímos infiltrar-nos nunha “orda” de visitantes, capitaneádos por duas raparigas expertas na temática local, às quais non deixámos respirar com perguntas indiscrétas, características de todo heréxe que se préça.

Inclúso, lhe propuxem, aproveitar toda esta confusón do “Covicioso”, para acabar definitivamente com os curas.

E, a um dos vecinhos, que milagrosamente conseguim encontrar, polas destartaladas e solitárias viélas, que era urxente fazer unha importaçón massiva de suecas, sexam elas de onde forem, dá igual. E? Pareceu-me que, algo sim, que o animou.

Aquí, dentro desta arca, pechada a três chaves, están os documentos que testemunham a independência passada do nosso Couto Mixto, liberdade sentada sobre a dura vida das terras pobres.

Baixo esta tarde soleada do Outono, xá os corpos pedem quentura, adivinhando o crú Inverno, o frío e a dureza destes lugares da montanha. Fai falta, abundante lenha. Duros tempos se aproximan, em que tanto Portugal como a Galiza xá quase non existem. E o Couto Mixto, arruinado na sua beleza e falto de habitantes, está irremediábelmente morto!

A IRMANDADE CIRCULAR

GALLEIRA (29)

Longo tempo fai que na História da Galiza, levamos ocupando-nos de tán curiosos monolitos no mesmo sentido em que agora o facemos; muito também de acordo com aqueles arqueólogos que, sem rodeos nem temores, lhes concedem um destino relixioso. Inclinámo-nos para o lado da tradiçón que os reconhece como “altares”, e sente para com estes especiais monumentos um supersticioso respeito, que indica com farta claridade a ideia que deles tenhem formada. Desde entón non nos faltou ocasións de ver e examinar grande número de penhascos com estanques ou estanques e canal e, confessamos que na maior parte adverte-se de unha maneira inequívoca que tais concavidades som fortuitas e debidas à acçón dos axentes atmosféricos. Mas unha vez pagado este tributo à verdade – xá que non se quere dizer que ficam resoltamente despoxados os altares naturais da sua anterior importância arqueolóxica -, temos de afirmar que non por isso desistimos dos nossos antigos xuízos, nem apartamos as anteriores ideias. Que a maior parte destes mais ou menos voluminosos bloques tán abundantes na Galiza a causa da sua configuraçón xeolóxica, non tenham xamais servído como altares, nem fossem abertas as concavidades que neles se atopan pola mán do home. Mas que existam alguns aproveitados e dispostos para o caso e que sobre eles se tenham imolado víctimas humanas e corrido a sangre, non podería pôr-se em dúvida. Tal é ao menos a nossa opinión, tal é também a de unha pessoa tán nimia e recelosa como o autor das “Antigüedades prehistóricas de Galicia, que aceitando as conclusóns por nós sustentadas, non duvida em conceder a certas penas com estanque o destino que comunmente lhe é asignado. Non lho nega à “Pena do altar”, na boca da ría de Foz, nem ao poderoso bloque da “Recadieira”, notábel pola concavidade que apresenta, “a qual se adapta, afirma, um corpo humano em posiçón supina e aptitude muito própria, para ser degolado e que o seu sangre corra por um profundo canal de um decímetro de ancho e outro tanto de fundo.” Se as “Penas dos gigantes ou dos gentils” que existem em Culleredo (Corunha) non merecem maior apreço, se a de Santa Marinha (Ourense) com os seus grandes buracos nos quais xamais falta a àgua milagrosa, non podem nem debem mirar-se como restos de um culto primitivo. Seguramente, non se poderá dizer outro tanto da pedra de Gondomil, selada a um tempo pola mán do “Druída” e a do sacerdote cristán. Ainda que se diga que, o dragón ou serpente alada que nela se vé esculpida é obra do sacerdote cristán, que ao colocar a cruz sobre o velho monumento, quixo representar de bulto o princípio do mal vencido polo signo da redençón, sempre quedará o feito importantíssimo para o caso de conservar o estanque e desaguadeiro; de que a tradiçón o diga obra dos antigos habitantes de Gondomil e que as predileçóns populares distingam esta pedra denominada “da sarpenta” com lendas que acusan a sua anterior importancia e o seu indiscutíbel destino. Naquel país dos brigantinos non debe extranhar-se atopar grabado nunha pedra o dragón cosmogónico.

MANUEL MURGUÍA

HEGEL (REIVINDICAR A CAUSA XENÉRICA DO HOME)

Xá referimos que este afastamento de Wolff teria tido influência na severa decisón do xúri de lhe outorgar o terceiro lugar na classificaçón quando, em 1793, Hegel defendeu perante o xúri a sua tese para o diploma de Teoloxía. Em todo o caso, o nosso filósofo tinha bom olho: a filosofia de Kant estava a revolucionar a concepçón do conhecimento e do papel que nele desempenha o suxeito que conhece; estava a assentar sobre novos fundamentos os princípios que rexem a moralidade, e, finalmente, parecia trazer luz à nebulosa que até entón rodeava os discursos sobre a especificidade dos xuízos estécticos relativamente aos cognoscitivos. A vocaçón pastoral de Hegel fraquexa. Depois de concluir a licenciatura, abandona o seminário de Tubinga e aceita um cargo de preceptor em Berna, no qual permanece até 1796, para depois se mudar para Frankfurt, onde exerce funçóns análogas até 1800. Som anos de enorme peso para a sua vida social e filosófica. Nesse mesmo ano de 1793, no qual Hegel renuncia ao destino de pastor, na França revolucionária, através do Comité de Salvaçón Pública, Saint-Just impulsiona a República Ideal, concretizada na Constituiçón do Ano I, aprobada por referendo, que garantia os direitos de educaçón, trabalho e axuda imediata em caso de indixência. De facto, os mesmos membros da Convençón que deveriam pôr o proxecto em marcha consideram-no irrealizábel, em virtude de ameaças tanto internas como externas, dada a coligaçón de intereses conservadores em toda a Europa. Mas isto non debe fazer esquecer que esse ideário continuou a encoraxar todos os momentos em que, desde entón, se reivindicou a causa xenérica do home, apostando tanto pela aboliçón do embrutecimento social como pola actualizaçón do espírito. O xovem Hegel seguía de lonxe esses acontecimentos e non apenas pola distância xeográfica. O preâmbulo da Constituiçón do Ano I recordaba o decreto de 21-22 de Septembro do ano anterior, através do qual: “A Convençón nacional decreta por unanimidade que a monarquia fica abolida em França”. No entanto, como veremos, por razóns estrictamente filosóficas (isto é, inerentes ao que Hegel xulgava ser o cenário social no qual a filosofia podería ganhar relevo), o desaparecimento de unha forma periclitada de poder monárquico de modo algum podía significar a aboliçón da monarquia, o que non obstava a que o entusiasmo pola Revoluçón fosse unha constante no pensador.

VÍCTOR GÓMEZ PIN

CHULAS DE FARIÑA OU FRITOS

Chulas ou fritos, son denominacións xenéricas para unhas bólas de masa, recheas ou non, que poden levar ingredientes e recheos completamente diferentes segundo as distintas zonas xeográficas e mesmo segundo o costume de cada casa. De aí que existan varias versións, ben salgadas – que aproveitan restos de carne, de peixe, de verdura…-, ben azucradas – con froita, por exemplo -, rebozadas en fariña ou, como na receita que agora describimos, as que son pura masa.

INGREDIENTES:

Un cuarto litro de leite. Un ou dous ovos. Sal. Un chisco de lévedo. Fariña. Aceite. Azucre.

RECEITA:

Bátense os ovos e mestúranse co leite, a fariña, o sal e o lévedo, sen deixar de remover ata que conformen unha pasta uniforme, nin dura nin branda, que se deixa repousar uns dez minutos. Mentres tanto vaise quentando abundante aceite e, cando alcance unha alta temperatura, vanse tomando culleradas (cun cullerón sopeiro) do recipiente e botándoas na tixola, onde en seguida burbullarán. Pódense botar varias culleradas, con coidado de respectar certo espacio para cada unha e que non se peguen mentres se friten. Cando alcanzan unha cor dourada, sácanse coa escumadeira e vanse colocando sobre un papel absorbente nunha fonte. Nese momento é cando se lles bota o azucre. Logo sérvense noutra fonte limpa.

HÉRCULES DE EDICIONES S. A. (GALICIA PARA COMELA I)

HUME (A NEGAÇÓN BUDISTA DA EXISTÊNCIA INDEPENDENTE DO EU)

Muitos estudosos evidenciaram a similitude entre a análise de Hume sobre a ideia de “eu” e o pensamento budista. De facto, em termos xerais e sem grandes matizaçóns, para o budismo nunca descobrimos um eu permanente e imutábel, um “si mesmo” como unha entidade distinta para além da corrente da vida. Trata-se da “doutrina da non-alma” (anatta-vada), segundo a qual os individuos non tenhem unha essência permanente, sendo antes um agregado de cinco componentes: o corpo, os sentimentos de prazer e dor, a percepçón, as voliçóns e a consciência. Além destas componentes, non existe unha alma própria. Poderíamos dizer que non somos mais do que um conxunto de fenómenos físicos e psíquicos em transformaçón contínua, que se sucedem de tal forma que se condicionam estreitamente uns aos outros. No entanto, a diferença entre a teoria de Hume e o budismo é que este último é unha doutrina de salvaçón, unha via de libertaçón que procura as implicaçóns prácticas de unha proposiçón (“o ego non existe”) que, em princípio, é apenas teórica. Pensa-se, pois, que, ao partirmos do princípio que non possuímos unha alma, xá non podemos ser egoístas ou ambiciosos. A iluminaçón, o “nibbana”, é a experiência do desaparecimento da cobiça e dos desexos egocêntricos. É suposto que a apreciaçón experimental da verdadeira realidade. o desaparecimento da ilusón do eu, mude radicalmente a nossa forma de axir. Em Hume non se encontra nada parecido.

GERARDO LÓPEZ SASTRE

LITERATURA CLÁSSICA GREGA (ALCMÁN)

A lírica coral primitiva só começa a ter unha realidade literária com Alcmán. Foi o primeiro poeta coral do qual se conserva algo substancial. Tanto as datas como as orixens som controvertidas. As datas tradicionais varíam entre o princípio e o fim do século VII; os dactos mais recentes suxérem que será mais bem ao final que ao princípio do século VII. Também se discutíu desde a Antiguidade se era um nativo laconio ou lidio. “Non era rústico nem torpe… nem um tesalio de raza, nem um pastor de Erisique (em Acarnania), senón da altiva Sardes”, foi interpretado autobiograficamente, probabelmente sem razón. O perxuíço contra a possibilidade de que Esparta puidéra dar ao mundo um poeta nativo como Alcmán púido contribuir também ao conceito do nascimento lidio. A utilizaçón por Alcmán do dialecto local, a intensa familiaridade com as costûmes locais e o seu enterramento perto do sepulcro de Helena em Esparta, favorecem a nacionalidade espartana, ou ao menos laconia. Desde logo, é possíbel que nascera em Sardes de pais laconios ou emigrados a Esparta durante a sua infância. A questón segue sem resolver. A Esparta de Alcmán era um lugar muito diferente da sede da sociedade austera e militarista em que se transformou tempos mais tarde. A finais do século VII e princípios do VI, Esparta e Corinto, non Atenas, eram os centros culturais da Grecia continental. As excavaçóns da British School no santuário de Ártemis Ortia perto de Esparta documentárom ampliamente o vigoroso florescimento das artes alí, especialmente entre 650 e 550. O êxito da Segunda Guerra Mesenia, cuxo espírito marcial cantou Tirteo, trouxo consigo um período de prosperidade, expansón, alegría de viver. A Esparta de Alcmán estava adornada com grandes templos e estátuas de mármore, marfim, bronce e terracota. O templo de Ártemis Ortia continha numerosas ofertas votivas de elegante desenho, xóias elaboradas em prata e ouro e importaçóns do Exípto e Próximo Oriente. A cerámica, a escultura e as placas de marfim mostram as figuras imaxinativas da arte orientalizante: escenas míticas vivas, inventivos desenhos xeométricos e fabulosas criaturas de todo tipo. A sinxéla elegancia, alegría, enerxía audaz, vigor e orixinalidade na cerámica laconia da época están embuídos de um espírito paralelo ao da poesía de Alcmán. A finais do século VII e princípios do VI, Esparta seguía atraíndo a poetas e músicos: ademais de Alcmán, ouvímos falar de Terpandro, Taletas de Gortina, Clonas de Tebas ou Tegea, Xenócrito de Lócride, Polimnesto de Colofón e Sácadas de Argos. Cantarom em festivais como as Carneas, as Xacintias e as Gimnopedias, e outros. Incluso no seu período posterior mais austero, Esparta mantívo a reputaçón dos seus brilhantes coros. Perto do final do século V, Aristófanes reproducíu um canto coral laconio na sua obra “Lisístrata”.

P. E. EASTERLING E B. M. W. KNOX (EDS.)

MONTAIGNE (NENHUMA PRISÓN ME ACOLHEU…)

O cargo que Henrique III lhe tinha outorgado foi renovado por mais dous anos (1583-1585), apesar da oposiçón dos extremistas católicos. O seu novo mandato representará mil perigos, entre psicodramas e escândalos políticos. Entretanto, a trinta de Dezembro de 1580, tinha assumido efectivamente a primeira incumbência. A duraçón do primeiro mandato coincide com a revisón da sua primeira obra. Em 1582, também com Millanges, publica a segunda ediçón dos “Ensaios”, com acrescentos e correçóns. No mesmo ano, começam os preparativos para a construçón do maior farol da Europa do seu tempo, o farol de Cardouan, situado no início do estuário da Gironda. A 31 de Agosto de 1583, enviará unha carta de reclamaçón a Henrique III sobre a situaçón da cidade. A carta, coraxosa e com um tom muito libre, foi assinada em Bordéus, no Conselho dos xurados. Montaigne é o seu primeiro assinante. Impostos inxustos, necessidades do pobo descuidadas, venalidade da xustiça, pobreza e mendicidade som os temas de unha autêntica declaraçón de princípios. Em 1584, desloca-se a Mont-de-Marsan para falar com o rei de Navarra, que a 19 de Dezembro visita o castelo, onde nunca tinha estado, e onde permanece dous dias, sem mais serventes além dos próprios do castelo, como atesta a nota manuscrita que deixa em Beuther, o seu “Livre de raison”. Montaigne non esconde a sua satisfaçón: “et dormit dans mon lit”. No ano seguinte, conduz as negociaçóns entre Du Plessis-Mornay (conselheiro de Henrique de Navarra) e o mariscal Matignon, lugar-tenente xeral do rei. Em Xunho, estala a peste em Bordéus e expande-se por todo o Périgord. Para evitar o contáxio, é obrigado a abandonar o castelo e peregrinar com a sua família sem ser acolhido em nenhuma casa amiga (de Septembro de 1586 a Março de 1587), com cavalos e um carro. Talvez na sua mente lhe recordasse a “peste de Atenas”, evocada polo seu admirado Lucrécio nas últimas páxinas de “Sobre a Natureza das Cousas”. Em “Da Fisionomia”, descreve-a plasticamente como “condenaçón universal e inevitábel”, catástrofe em que alguns ainda sáns xá cavam a sua cova, outros se colocam nela ainda vivos e, no momento da morte, atiram, eles sozinhos, a terra em cima de si… Mas será instado a cumprir as suas funçóns, depois do verosímil pagamento de unha xenerosa quantia de 250 escudos (750 libras, e non as 400 que cobra, anualmente, de honorários como maxistrado) por parte de Catarina de Medici, que, enquanto solicitava ao tesoureiro que se ocupasse da provisao (pelo menos para um cavalo e roupa decente…), reclamava a presença de Montaigne para que a axudasse no proxecto de intercessón política entre Henrique III e Henrique de Navarra.

NICOLA PANICHI

HETERODOXOS (2) (ERROS COM RESPEITO À ENCARNAÇÓN DO VERBO)

De certa “falsa decretal”, atribuída ao papa San Eutiquiano e dirixida ao bispo Juan e a outros prelados andaluces, parece deducir-se que algúns herexes, tinham semeádo pola Bética erros acerca da encarnaçón do Filho de Deus. A decretal está dactada no consulado de Aureliano e Tito Annonio Marcelino, que corresponde ao 276 da era cristán; mas resulta ser apócrifa, como tal reconhecida, e non será obxecto de fé. O feito da herexía pode, non obstânte, ser certo, polo que mais adiante veremos retonhar, mais de unha heterodoxia sobre o mesmo assunto.

MARCELINO MENENDEZ PELAYO

RORTY (A CIÊNCIA, COMO QUALQUER INSTITUIÇÓN, TEM UNHA IDEOLOXIA)

Por seu lado, Feyerabend xulgaba que a história também contradizia a ideia racionalista de que o método científico é algo invariábel, um mecanismo feito de princípios fixos, infalíbeis e obrigatórios. Polo contrário, a história tinha avançado muitas vezes precisamente por ir contra as regras, ou por saltá-las. O único princípio que parece servir ao progresso da ciência é simples: vale qualquer cousa que a axude a progredir. O princípio de proliferaçón de teorias, mesmo se elas forem inconsistentes com os factos ou non parecerem apoiadas por eles, também fez progredir a ciência. Nem sequer o facto de unha teoria non ser refutábel non é um critério para a descartar. O racionalismo -chegou a afirmar Feyerabend- é unha forma secularizada da crença no poder da palabra de Deus. Deveria haber unha separaçón entre Estado e ciência tal como há unha separaçón entre Igrexa e Estado. A ciência, como qualquer instituiçón, tem unha ideoloxia e reclama um poder que vai mais além das suas conquistas. Portanto, é deber de unha democracia mantê-la sob controlo. Em “A Filosofia e o Espelho da Natureza”, Rorty teve muito presentes as ideias de Feyerabend, mas non as relacionou com o horizonte social e político que emerxiu em trabalhos imediatamente posteriores, como “Método, ciência e esperança sociais”, ou mais ainda em “Solidariedade ou obxectividade?” e “A ciência como solidariedade”. Embora Rorty tenha posto obxecçóns a Feyerabend por continuar a falar do relativismo (um termo que para Rorty só criaba mais confusón), em “Solidariedade ou obxectividade?” (1985) afirmou que Feyerabend tinha razón ao defender que, se non abandonarmos a própria ideia de investigaçón (por contraste com a de proliferaçón). “nunca nos livraremos dos motivos que antigamente levaram a acreditar na existência dos deuses. Defender um ponto de converxência parece apenas unha forma de nos contar que se um Deus inexistente existisse estaria satisfeito connosco. Mas se algunha vez pudéssemos estar satisfeitos unicamente com o desexo de solidariedade, deixando de lado, sem mais, o desexo de obxectividade, entón conceberíamos o progresso humano como aquilo que torna possíbel que os seres humanos façam cousas e sexam pessoas mais interessantes, e non como aquilo que conduz a um lugar que, de algum modo e de antemán, xá tinha sido destinado à humanidade.”

RAMÓN DEL CASTILLO

O TEMPO E A ALMA (O INVESTIMENTO SELVAXEM)

Um outro aspecto que non é menos grave nem mais fácil: o da dissipaçón de valores que o investimento selvaxem representa. Esta xente gasta os melhores anos da sua vida para prover um futuro com unha vida melhor. As economias som-lhes todas absorvidas pelos fornecedores dos chalés de chapéu preto e da quinquilharia que os recheia. ¿Quantas centenas de milhóns de contos leva um luxo barato, para o qual as instâncias responsáveis non prevêem nem oferecem qualquer alternativa? Estes oito quilómetros até Melgaço som ainda estrada serrana para fazer sem pressas, em que vamos deixando à mán esquerda encostas de pinhais sobre tufos de fentos húmidos, à direita a descida profunda e larga para o rio. Unha aldeia, lugar do Vau, recorda o tempo anterior às pontes, e, nunha paisaxem deslumbrante, contempla lá no fundo um vau do rio. A aldeia seguinte, Portela do Couto, combina duas palabras cuxo dramatismo desbotou com a força do tempo: portela, passaxem estreita entre os montes; couto, lugar de refúxio de homiziados. A portela marcava o lugar onde, na ânsia ou fuga, se sentiam libres: mas representava também a fronteira da reclusón, o lugar onde termina o priviléxio da impunidade. Melgaço gozou dessa regalia que procurava atrair moradores em lugares de vida difícil. O lugar tinha unha ermida a Santa Bárbara, padroeira contra as trovoadas; a capela está num adro no alto de um pequeno monte que é um miradouro de grande horizonte. A gravidade granítica do humilde santuário está a ser afogada pelos xardíns de moradias novas e alegres, que xá quase devorarom o cabeço onde se implanta o Santuário. Unha Senhora da Paz, bisonha e tosca, empoleirada nunha guarita de cimento, assiste impotente ao desastre. Logo a seguir, a marcar a chegada a Melgaço, está a Senhora da Orada, com o seu grande pórtico românico a olhar o vale, como um regaço acolhedor. Orada, é unha palabra perdida que significa oraçón. Debia ser ali que os homiziados, cansados de andar a monte, entravam a agradecer a deus tê-los trazido a terra de segurança. O templo é simples mas emocionante pelo enquadramento na paisaxem e pela funçón que o nome evoca. As arquivoltas do portal unem-se xá nunha discreta oxiva, o que significa que o românico estaba a acabar e o gótico se anunciava no horizonte. É talvez obra do tempo de Sancho I, xá depois da passaxem de Almançor que se sabe que atravessou o Minho por um destes vaus, e que arrasou todos os sinais de culto cristán nas terras que flaxelou.

JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS (O TEMPO E A ALMA)

TALES DE MILETO (O DIA SE FARÁ NOITE)

Volvemos agora ao relato que situa Tales no Exípto, como aluno brilhante de matemática, até ao ponto de provocar a estupefacçón dos seus mestres ao calcular a altura da pirâmide. Dizia-se que Tales non utilizou directamente o teorema que leva o seu nome, mas sim a aplicaçón do mesmo ao caso particular dos triângulos. Os historiadores da matemática referem que Tales non ofereceu unha demonstraçón do dito teorema, ou polo menos isso non se conhece, polo que a primeira que temos devemo-la a Euclides. Além da mediçón da altura da pirâmide, muitas outras façanhas forom atribuídas a Tales no campo da matemática. A mais famosa tem um forte carácter literário, pois trata-se da previsón de que “o dia se fará noite”, cuxa verificaçón num agónico conflicto contribuirá, precisamente, para que se procure unha soluçón. Foi, polo menos, assim que Heródoto relata o eclipse do Sol que teve lugar em 585 a. C.. O seu conhecimento sobre as regularidades das órbitas celestes tinha permitido a Tales fazer previsóns como esta, limitando-se a prolongar as efectuadas na Babilónia e no Exípto. Foi obxecto de discussón o gráu de precisón de Tales a respeito do dia e da hora do eclipse, tendo-se inclusive conxecturado que apenas pôde prever o ano, pois prever um eclipse solar esixe poderosos meios xeométricos e trigonométricos dos quais a ciência só dispôs anos mais tarde. Mas independentemente do grau de conhecimento e do gráu de acuidade nos seus cálculos, a actitude, a disposiçón de espírito de Tales difere da dos seus predecessores num ponto importante: a observada regularidade nas órbitas que permitiu prever a ocultaçón do Sol non constitui um facto isolado, expressón de unha casuística confluência ou da intervençón dos deuses ou outras potências ignotas. Se chegámos a conhecer nesta ocasión é porque, como vimos, em xeral se admite que “o mundo é cognoscíbel”.

VÍCTOR GÓMEZ PIN