JACQUES DERRIDA (O MONOLINGUISMO DO OUTRO)

O Monolinguismo do outro, 1996; polo modo de encarar o acontecimento intraduzíbel, ou polo modo de arroxar-se a capacidade de traduzir para a actualidade um “corpus” de saber de maneira transparente, sem restos – como pretende o saber universitário. Até acabar, por fim, por se manifestar a implicaçón profunda da noçón em questón, neste caso a de traduçón, com toda a práctica desconstructiva. Assim, declara (em entrevista à “Revista Postdata”, San Juan de Porto Rico, 2000): “Sempre evitei definir a desconstruçón. Às vezes, digo que é o impossíbel e às vezes que é mais de unha língua. Isto é aceitar que non haxa um monolinguismo, que non haxa somente unha língua, aceitar a língua do outro, aceitar de todas as maneiras a traduçón ainda que tenha resistência à traduçón, unha traduçón que non sexa transparente, unha traduçón com restos. Acho que onde quer se tome em conta a multiplicidade irreductíbel dos idiomas ou das falas há um efeito de desconstruçón. Isso incomoda a xerarquía, a estructura dominante, incomoda pura e simplesmente a estructura. Acho que um texto com vocaçón desconstructiva é um texto escrito em vários idiomas”. Esta capacidade de contaminaçón propaga-se rapidamente do domínio discursivo ao institucional. Derrida sempre se mostrou irritado com que se circunscreva a desconstruçón como práctica textual, como unha forma de análise de texto e nada mais. A partir da sua crítica à fenomenoloxía deberia ter ficado claro que a sua impugnaçón non afectava (apenas) a fenomenoloxía, mas também o “logos” em xeral, a metafísica do “logos”. E enquanto as identidades culturais se autodefinirem através do exercício do logocentrismo, sustentando-se sobre a metafísica do “logos”, serán susceptíbeis de desconstruçón, tanto as suas proclamaçóns doutrinais como os pressupostos que guiam as suas prácticas. Um exemplo claro da versatilidade dos domínios a que a desconstruçón é aplicábel é-nos dada pelos “Estudos Culturais”, que têm encontrado na sua práctica um dos traços que lhe som próprios. E isso até ao ponto de, na sua deriva radical, a caracterizaçón dos “Estudos Culturais” parecer feita à sua medida, ao defender um modo de analisar os fenómenos sociais que atenta na produçón e difusón de significados nas sociedades, concedendo unha atençón especial aos grupos minoritários ou discriminados, e envolvendo a crítica e a acçón política.

MIGUEL MOREY

Deixar un comentario