PLATÓN (OS DIÁLOGOS)

Ao contrário de Sócrates, Platón transmitiu por escrito as suas ideias filosóficas nunha série de obras. Sobre isso non restam dúvidas. Questón mais bicuda é saber quantas e quais, pois sabemos que están todas as que som, mas non se sabe se som todas as que están. Devemos a compilaçón mais antiga dos escritos platónicos a um tal Trasilo, ao que parece, um astrólogo do imperador Tibério que, no século I d. C., reuniu as diversas obras do filósofo em nove tetraloxias, o que com unha mera multiplicaçón nos dá um total de 36 textos nos quais non falta nenhuma obra de Platón referida por autores antigos posteriores. Logo, provavelmente están todas as que som. Porêm, subsistem dúvidas sobre a autenticidade de algunhas delas: para sermos mais exactos, das 36 obras incluídas na compilaçón de Trasilo só cinco nunca forom obxecto de controvérsia. Se afinarmos um pouco mais, existe um amplo consenso em considerar como indiscutivelmente autênticas 24 das obras transmitidas, existindo dúvidas sobre seis delas (Alcibíades e Íon, Menéxeno, Hípias Maior, Epinómis, e as Cartas), muito embora normalmente sexam aceites como autênticas, e outras seis costumam ser rexeitadas como apócrifas (Alcibíades II, Hiparca, Amantes ou Rivais, Téages, Clitofonte e Minos). Em qualquer caso, o que realmente sabemos é que as obras que chegarom até nós foram as que Platón escreveu pensando no “grande público”, isto é, aquelas que tinham unha finalidade divulgadora e expositiva do seu pensamento. É precisamente o caso contrário do que sucedeu com Aristóteles, de quem non nos chegou nenhuma das obras que escreveu para divulgaçón do pensamento (conhecidas como “obras exotéricas”), ao passo que dispomos dos “apontamentos” ou “manuais” nos quais inscrevia o conteúdo das liçóns ministradas polo estaxirita no Liceu. Provavelmente esse carácter de obras para o público xeral é o que explica outras das características peculiares da produçón filosófica de Platón. Com efeito, e ao contrário do que foi usual entre a maioria dos pensadores ao longo da história, Platón non se serve do tractado ou do ensaio para a exposiçón do seu pensamento, antes recorre para isso a unha forma dramatizada: o diálogo. À excepçón das “Leis” e das “Cartas”, todas as restantes obras do filósofo consistem nunha espécie de peças teatrais, nas quais se ván esmiuçando as doutrinas filosóficas através do diálogo entre as personáxes, com Sócrates como protagonista habitual e indiscutível. Todavia, a verdade é que a designaçón de “diálogo” se afigura algo xenerosa, sobretudo à medida que avançamos polas obras da maturidade do filósofo: é conservada a forma (personáxes que interaxem através de unha série de perguntas e respostas), mas perde-se o espírito do autêntico diálogo, pois em non poucas ocasións os interlocutores non passam de meros comparsas que assentem à exposiçón doutrinal de Sócrates.

E. A. DAL MASCHIO

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