
A fuga do mundo é a única maneira de o ser humano enfrentar, a partir da sua impotência, um mundo insuportábel; proxectar para fora a esperança, a xustiça, a paz. É a maneira humana alienada de resistir às suas condiçóns deshumanas de vida. Descobertas a sua orixem e a sua funçón, a crítica à relixión tem de ser crítica da sociedade que a xera, crítica das condiçóns que a fazem inevitábel. E essa crítica tem de desvelar também as formas profanas de alienaçón, que leva ao axuste de contas com a filosofia do direito: “A crítica do céu transforma-se assim em crítica da terra, a crítica da relixión em crítica do direito, a crítica da teoloxia em crítica da política”. A nova clarificaçón do conceito de libertaçón coloca a filosofia perante unha tarefa nova: a transformaçón material do mundo. Era especialista na crítica teórica à emancipaçón e movia-se com facilidade nesses palcos da relixión e do direito, mas tem de se rever e de se renovar para participar na nova tarefa da “crítica material” que tem de realizar na sociedade civil. A “crítica teórica”, tán desenvolvida na Alemanha, non tem servido para a tirar do anacronismo. A “filosofia do direito” tem sido impotênte, ficou obsolecta e, começa Marx a suspeitar, tem sido cúmplice. A luta emancipadora xá non pode ser meramente “crítica”, xeradora de consciência, mas “práctica”, transformadora das condiçóns que impedem de elevar a realidade ao conceito. A filosofia tem de assumir a sua nova tarefa, que non é a de dizer aos homes como devem viver e por que cousas têm de lutar; non se trata de lhes prescrever um destino e assinalar-lhes o caminho do paraíso: “Do que se trata é de non deixar aos alemáns nem um momento de resignaçón ou de ilusón perante si próprios. Há que tornar a opressón real ainda mais pesada, acrescentando-lhe a consciência dessa opressón; a ignomínia é mais ignominiosa, tornando-a pública. (…) Há que ensinar o povo a ter medo de si mesmo, para que ganhe coraxem”. Marx compreendeu, por fim, que na Alemanha o confronto non é contra a ordem feudal para instaurar o estado liberal burguês; isso equivaleria a tirá-la do anacronismo incorporando ainda o passado. A história queimou essa etapa e impôs outra tarefa: o repto xá era a superaçón do estado burguês e da ordem capitalista. E, assim, diz com ironia: “O moderno “ancien régime” xá non é mais que o comediante de unha ordem universal cuxos verdadeiros heróis morreram”.
JOSÉ MANUEL BERMUDO