Arquivos diarios: 16/05/2022

BREVE HISTÓRIA DE QUASE TUDO (10)

A maioria daquilo em que acreditamos, ou pensamos acreditar, sobre os primeiros momentos do universo debe-se a unha ideia chamada “teoria da inflaçón”, suxerida em 1979 por um xovem físico de partículas, que na altura trabalhava em Stanford e hoxe no MIT, chamado Alan Guth. Tinha entón 32 anos, e era o primeiro a admitir que nada fizera de excepcional até entón. Provabelmente também non teria pensado nesta teoria se non tivesse assistido a unha palestra sobre o “Big Bang”, dada pelo famoso Robert Dicke. A palestra inspirou Guth, que começou a interessar-se pola cosmoloxia e em especial pelo nascimento do universo. O resultado final foi a “teoria da inflaçón”, que diz que na fracçón de momento que se seguíu à aurora da criaçón, o universo sofreu unha expansón súbita e monumental. Insuflou – na verdade, perdeu o controlo de si mesmo, duplicando de tamanho a cada 10 elevado à potência de 34 segundos. Tudo isto non debe ter durado mais do que 10 elevado à potência de 30 segundos, ou sexa, um sobre um milhón de milhón de milhón de milhón de milhón de segundos – mas o facto é que mudou o universo de algo que poderíamos segurar na mán para qualquer cousa pelo menos 10 000 000 000 000 000 000 000 000 vezes maior. A “teoria da inflaçón” explica as ondulaçóns e redemoinhos que tornam possíbel o nosso universo. Sem ela non haberia agregados de matéria, ou sexa, non haberia estrelas, apenas gases à deriva nunha escuridón eterna. Segundo a teoria de Guth, a gravidade emerxíu a um sobre dez milhóns de bilións de bilións de bilións de segundo. A que se xuntou, após outro intervalo ridiculamente curto, o electromagnetismo, assim como as forças nucleares fortes e fracas – basicamente, a física. Um instante mais tarde, vieram xuntar-se-lhes enxames de partículas elementais – basicamente, a matéria. Do nada absolucto surxiram de repente enxames de fotóns, protóns, electróns, neutróns, e muito mais – entre 10 elevado à potência de 79 a 10 elevado à potência de 89 de cada, segundo a teoria mais corrente do “Big Bang”. Sendo estas quantidades incompreensíbeis, basta perceber que num simples instânte fomos presenteados com um vasto universo – de acordo com a teoria, pelo menos cem mil milhóns de anos-luz d’unha punta à outra, mas possíbelmente de qualquer tamanho até ao infinito. É um vasto universo perfeitamente preparado para a criaçón de estrelas, galáxias e outros sistemas complexos.

BILL BRYSON

NIETZSCHE (PENSAR O TEMPO CIRCULARMENTE)

Zaratustra convida-nos a pensar o tempo circularmente, nunha versón radicalizada de certos mitos arcaicos presentes em numerosas culturas (exípcia, pré-socrática, hindu, etc…). A concepçón circular contradiz a nossa noçón intuitiva. O tempo parece-nos um processo linear irreversíbel, unha sucessón de momentos que se xustaponhem como os fotogramas de um filme. A nossa existência é experimentada seguindo a linearidade temporal. A vida non é mais do que unha sequência contínua de vivênças colocadas de forma única no espaço e no tempo. A suma de todos os aqui e agora que vivemos constantemente pola primeira e última vez. O profeta quer que rompamos com a experiência elementar do que para nós significa viver. Quer que concebamos o filme da nossa vida como um ciclo perpéctuo: todos os seus fotogramas xá foram proxectados inúmeras vezes e ván a ser proxectados outras tantas. Este mecanismo de repetiçón infinita trictura a evidênça que em última instância outorga valor à nossa vida, a saber, que algum dia morreremos e que tudo o que nos suceder até entón é irrepetíbel. Non é de estranhar, pois, que o próprio Zaratustra considere que o “eterno retorno” é o seu “mais abismal pensamento”. A doutrina do “eterno retorno” tem sido tradicionalmente interpretada como unha “teoria” cosmolóxica, isto é, como unha explicaçón física do universo. Tal teoria baseia-se em duas suposiçóns. Primeiro, Nietzsche concebe o universo como unha força ou enerxia que é finita. Tudo o que existe – incluindo os seres humanos – som centros ou pontos de força, concretizaçóns da força universal. Como essa força é finita, haberá também um número finito de pontos de força e de combinaçóns de tais pontos, isto é, um número dado de seres e acontecimentos possíbeis no universo. Tudo o que pode existir e ocorrer (na história de Zaratustra, tudo o que pode percorrer os caminhos da encruzilhada) é, por definiçón, limitado. Segundo, Nietzsche considera que o tempo, o canal dentro do qual se desenvolve a força do universo, é infinito (os caminhos para a frente e para trás non tenhem fim). Essa suposiçón, por sinal, contradiz a concepçón bíblica do tempo e também a da ciência contemporânea. Ambas consideram que o tempo non é infinito, mas que tem um início, um momento zero a partir do qual começa a contar. Para os teólogos, esse momento encontra-se no passado remoto e abstracto do “Génesis”, enquanto para os físicos se encontra no “Big Bang”, há uns 13.800 milhóns de anos. A física contemporânea defende, além disso, que o tempo non debe pensar-se de forma separada do espaço; desde Einstein que se considera que o tempo non é unha magnitude homoxénea e independente, como pensava Nietzsche (e Newton). Deixando de lado a sua validez científica, o certo é que os dous princípios anteriores – força finita, tempo infinito – permitem deduzir a hipótese cosmolóxica do “eterno retorno”. Se o tempo é ilimitado, e nele se manifestam um número limitado de combinaçóns de força, tais combinaçóns têm de se repetir indefinidamente.

TONI LLÁCER