Arquivos diarios: 08/05/2022

LITERATURA CLÁSSICA GREGA (HIPONACTE II)

A maioria dos poetas do período arcaico, à marxem da sua procedência e do xénero que trabalhasem, estabam submetidos a unha forte influênça da tradiçón épica xónia e especialmente do seu principal representânte, Homero. A dependência está especialmente marcada nos poemas de Hesíodo de Beócia, que compuxo nos mesmos hexámetros que Homero, e nos dísticos elexíacos íntimamente relacionados de poetas cuxa orixem é tán diversa como Xónia (Mimnermo e Calino), as ilhas do Exeo (Semónides de Amorgos e Arquíloco de Paros) e o continente grego (Tirteo de Esparta, Teognis de Mégara e Solón de Atenas). Também os poetas lésbicos, ainda que escreberom em metros e dialecto non homéricos, adaptarom os seus temas e têcnicas, mentras que Arquíloco, tanto no seu verso yámbico como no elexíaco, se vê “rara vez libre por muito tempo da influênça da linguáxe tradicional da épica”. Hiponacte, non obstânte, que procedia de unha cidade Xónia, Éfeso, e que foi para outra, Clazomene, escrebe na maioría dos casos, a xulgar polos fragmentos patéticamente escasos que nos quedarom, como se Homero nunca tivéra existido. Há unha excepçón significativa: unha pasáxe hexamétrica que satiriza a um comilón e que é unha paródia burlesca do estilo homérico: “Musa, fálame do Eurimedontiada, Caribdis marinho, cuxo estômago / é um coitelo e as suas maneiras para comer som horrendas, / dí-me como pode perecer com morte infâme, / lapidado por público decreto xunto à ouréla do mar estéril.” É o único fragmento hexamétrico intelixíbel que posseemos; também temos algúns tetrámetros trocaicos, mas o grosso da obra de Hiponacte conservada cerra-se dentro do metro, que pode que fora el quêm o inventára, e que em qualquer caso fixo próprio: o yámbico “coxo” (skazon) ou “imperfeito” (choliambos). É o trímetro yámbico que conhecemos de Arquíloco, excepto em que acaba com um espondeo; as três sílabas largas finais provocam um efeito de arraste, de ruptura. “O dinheiro é completamente cégo, Por isso / xamais veio à minha casa a dizer-me: “Hiponacte, / vou-che dar trinta minas de prata / e outras muitas riquezas”. É demasiado duro de corazón.” O tôm deste fragmento é característico; com Hiponacte estamos num mundo antiheroico, de feito, bastânte sórdido.

P. E. EASTERLING E B. M. W. KNOX (EDS.)