Arquivos mensuais: Marzo 2022

LEIBNIZ (PARÍS)

Em Outubro de 1675, Leibniz solicitou a sua entrada na Academia de Ciências de Paris – presidida por Huygens – depois da morte de Gilles de Roberval, inimigo declarado de Descartes e conhecido polos seus trabalhos na quadratura das superfícies e no “método dos indivisíveis” (que também inventou independentemente do seu contemporâneo italiano, Bonaventura Cavalieri). Ao mesmo tempo, oferecia os seus serviços ao ministro Colbert. Queria a todo o custo encontrar um meio de subsistência que lhe permitisse prolongar a sua estadia na capital francesa, mas a administraçón parisina demonstrava unha certa intolerância relixiosa e non era muito propensa a atribuir cargos a intelectuais que non fossem católicos; portanto, perante a rexeiçón de entrar na Academia de Ciências e de obter qualquer cargo remunerado na Corte, Leibniz ver-se-á obrigado a aceitar, em Xaneiro de 1676, a oferta do duque de Hanôver para trabalhar nessa cidade como conselheiro e bibliotecário. Xoán Frederico tinha feito esta oferta a Leibniz muitas vezes durante a sua estadía em París, pois via nele um diplomata útil na sua política de conciliaçón relixiosa, mas Leibniz faria o possíbel para adiar a sua presença em Hanôver até meados de Dezembro de 1676. Outro dos encontros fructíferos em chán parisino foi com Nicolas Malebranche, a quem Leibniz conheceu à marxem do círculo da Academia. Além de ser um matemático reconhecido, Malebranche, que acabava de publicar a sua “Da Procura da Verdade” (De la Recherche de la Vérité), era nesse momento o filósofo cartesiano mais importânte, com duas contribuiçóns fundamentais para a filosofia de Descartes: a “teoria das causas ocasionais”, como unha tentativa de resolver os problemas criados polo dualismo cartesiano, e “o desenvolvimento da matéria subtil cartesiana” como sendo constítuída por pequenos vórtices elásticos, o que lhe permitia dar unha explicaçón plausíbel sobre os fenómenos da luz e do calor. As primeiras conversas entre Leibniz e Malebranche debruçarom-se sobre a doutrina cartesiana da extensón como essência da matéria, mas a correspondência com Malebranche (da qual se conservam oito cartas entre 1674 e 1711) ocupará rexistos mais âmplos, referindo-se também à dinâmica e á teodiceia, orixinais de Leibniz.

CONCHA ROLDÁN

LITERATURA CLÁSSICA GREGA (HIPONACTE)

Probabelmente o que garantizou a supervivênça do libro de Teognis a través da era bizantina, forom as referências aprobatórias de Platón e Aristóteles sobre o poeta como moralista. Esta marca protectora non foi ou non púido ser adxudicada à obra de Hiponacte de Éfeso; ainda que sendo favorito dos poetas e erudíctos alexandrinos (que, ao parecer, despreçárom completamente a Teognis), só se conserva fragmentáriamente. O seu tôm insultânte e o non edificânte da sua matéria temática, apenas podiam esperar ganhar a aprobaçón dos padres cristáns, mas tampouco agradabam ao imperador Xuliano, o último representante agressivo do paganismo. Queria que os seus sacerdotes “se abstivéram non só de actos impuros e lascívos, senón também de discursos e leituras do mesmo carácter… Ningúm iniciado debería ler a Arquíloco, Hiponacte ou qualquer dos autores que escrebem o mesmo tipo de cousas…”. O feito de que o dialecto Xónico e o vocabulário políglota do poeta resultaram pouco adecuados para um sistema educativo que insistía na pureza ática, é unha razón mais, para que os textos de Hiponacte, aparte dos que recentemente se encontrarom em papiros, sexa unha miserábel colecçón de fragmentos, ningúm dos quais comtêm mais de seis versos consecutivos completos e muitos somênte unha curta fórmula ou unha só palabra. As nossas fontes mencionam dous “libros”; trata-se probabelmente dos libros da edicçón alexandrina. Se acaso, eram algo parecido aos “Iamboi” de Calímaco, que no seu poema introductório acompanha a Hiponacte de volta do Hades, para que dê aos “literati” alexandrinos unha obra do seu espírito, o contído estaba composto de poemas separados, sobre unha variedade de temas e toda unha âmpla gama de metros. Os fragmentos están formados por trímetros yámbicos, tetrámetros trocaicos, hexámetros e unha combinaçón de trímetro yámbico e um verso dactílico mais curto. A maioría dos poetas do período arcaico, à marxem da sua procedência e do xénero que trabalharom, estabam submetidos a unha forte influênça da tradiçón épica Xónica e especialmente do seu principal representânte, Homero.

P. E. EASTERLING E B. M. W. KNOX (EDS.)

GADAMER (TODOS OS OVOS DE TODOS OS BASILISCOS)

Qual terá sido o primeiro xérmen de toda a tradiçón? Com que elementos se foi alimentando depois, até se fixar provisoriamente, por exemplo, no grande esquema formal em que Kant consegue embutir a ciência galileano-newtoniana da natureza? Non será cada “paradigma” em epistemoloxia um elo na cadeia das evoluçóns históricas das molduras conceptuais? Non serán, entón, elas próprias simples “conxecturas” que a nossa atrevida imaxinaçón, estimulada, sem dúvida, polo afán da adaptaçón óptima ao meio, lança sobre os cada vez mais vazios “conteúdos primários”, ou sexa, sobre o texto do próprio mundo? Gadamer incorreu na confusón (herdada de Heidegger) do saber hermenêutico com a prudênça (a “phrónesis” dos clássicos gregos e, em especial, de Aristóteles). As “cousas mesmas” xá quase non som aqui mais do que nós de sentido histórico, no meio de tradiçóns cada vez mais converxentes. O xogo esexético é realmente o mesmo, quase o mesmo, quando enfrento a leitura do mundo, quando enfrento a leitura dos restantes homes, quando enfrento a leitura de mim próprio; mas também se trata do mesmo xogo quando a interpretaçón se refere a um texto, a unha obra de arte qualquer e, em xeral, a Deus ou aos “deveres morais” e, porque non, às mesmas “verdades eternas” das quais falámos acima. Quase non seria possíbel reconhecer nenhum espaço para as velhas (caducas, apesar do testemunho de um Husserl?) virtudes intelectuais da “ciência, da intelixência e da sabedoria”. Xá non existe espaço senón para a técnica e a “prudência”. A prudência com que aproveitamos a “tradiçón eterna” non será, xamais, utopia nem ucronia. Xá o observámos. A revoluçón, o messianismo, a redençón, a relixión de inspiraçón ética e a moral que se rebela “efectivamente e non em ván” contra a tradiçón enraizada (com “chán firme” sob as prantas, como Heidegger gostava de dizer: “bodenständig”) têm de ficar, antes, do lado do “fantasma devastador” da técnica. Dele están o liberalismo, o cosmopolitismo, a ciência moderna, a democracia universalizada, o monoteísmo ético e supranacional, o platonismo, o socratismo… definitivamente, todos os ovos de todos os basiliscos.

MIGUEL GARCÍA-BARÓ

O ILHA (7)

CONTOS DE UMA JUVENTUDE ENLUTADA

A MINHA HISTÓRIA CNA (CAPÍTULO I)

A porta fechou-se nas minhas costas. Olhei em frente. Um muro mal-encarado enfeitado com arames farpados impunha-se sobre a correria dos internos. A primeira imagem do Colégio nao podia ser mais terrorífica. A minha primeira sentença nao poderia ser mais verdadeira: “estou lixado”. Passaram os dias e aprendi a queimar energias e sonhos a correr atrás de uma bola. Passaram os dias e soube que se podia ser prefeito mal sabendo ler. A vara mágica da sabedoria dos prefeitos chamava-se: estalada. Fui iniciando-me nos códigos com pausa e espanto. Talvez, o mais cruel era o infringido pelos próprios colegas ao abrigo da prática-tradiçao académica. Mas, quem permitia e alentava essa prática crua e estúpida nao só era mais cruel; era bastante mais animal. Aqueles jovens nao eram mais que o reflexo da burrice dos adultos. Hoje, essa forma de festejar a tradiçao chamar-se-ia: acosso escolar. Está condenado. A voz de abaixa a cabeça soava com domínio e humilhaçao. O bater da colher de pau (na cabeça, nem mais, nem menos…), era o castigo e o direito que um mequetrefe tinha sobre outro mequetrefe. Era a barbárie. A tradiçao obrigava o direito a ser selvagem com o teu semelhante. O valor humano como conceito nesta tradiçao é nulo. Nao se ensina a ninguém a receber o seu semelhante com práticas de submetimento. O valor, o humano é abrir-lhe os braços para que se sinta querido e bem recebido. Eram três meses de suplício. O choque da adaptaçao nao podia ser mais inumano. O trauma de sair á rua coroado era marcante. O Colégio nao merecia fechar pelo que fechou, mas, por estas e por outras merecia ser fechado e bem fechado. Os “ocupas” estenderam os pés sobre as carteiras para outros fins e nao para abolir, ao som da Liberdade do 25 de Abril, o horror pedagógico que reinava no CNA.

JOSÉ LUÍS MONTERO

HUSSERL (O ANTÍPODA)

Husserl foi, durante quinze anos muito duros, professor de filosofia em Halle. Os seus cursos tinham horários estranhos e pouco êxito; o seu salário era quase inexistente, como corresponde a um “Privatdozent”; a companhia intelectual também era insuficiente, embora contasse com personalidades tán extraordinárias, além do próprio Stumpf, como Georg Cantor e Hans von Arnim (o editor dos “Fragmentos dos Estoicos Antigos”). O xovem filósofo, que necessitaba sobretudo de encontrar um rumo próprio, esteve naquela altura seriamente ameaçado pola depressón. A seguir, veremos com algum detalhe porquê. Se Brentano tivera de adoptar como mestre Aristóteles, por desespero face aos seus contemporâneos, Husserl, que se tinha esforzado muito por ter Brentano como mestre (do que dá testemunho impressionante a “Filosofia da Aritmética”, da qual só conseguiu editar o primeiro volûme, em 1891), foi-se vendo, pouco a pouco, cada vez mais lonxe dele. Começava assim a história da sua influênça social: quando, por fim, alguém o entendia e se associava a ele, o destino da própria procura levava-o unha e outra vez a seguir em frente, separado, isolando-se, embora contrariado. Levava-o também a enganar-se em importantes ocasións relativamente às pessoas mais próximas de si; conseguiu, sobretudo, que Martin Heidegger fosse nomeado sucessor na sua cátedra de Friburgo, para ter de reconhecer, logo na liçón inaugural, que se tinha feito substituir por um antípoda. De facto, Husserl acabou os seus dias sozinho. A sua companhia constante durante os últimos anos foi Eugen Fink, assistente pessoal e home excelente em todos os sentidos, só que xá conquistado desde o princípio polo pensamento de Heidegger, o antípoda…

MIGUEL GARCÍA-BARÓ

PASSEIOS PARA UNHA TARDE DE SÁBADO (O PORTO)

A melhor maneira de entrar no Porto era, ó chegar pola A-3 desde Valênça, colher a A-1 direcçón de Lisboa e, ao chegar á altura do Estádio do Dragao, esperar que apareça o letreiro “Campanha” e sair (antes era fácil, mas depois de um ano de obras, resulta bastânte complicado) o melhor é seguir os minúsculos letreiros, e depois de algunhas voltas perguntar.

Chegados à Estaçón de Campanha, deixamos o carro no estacionamento da referída, e colhemos o comboio para S. Bento, sacando um bilhete de ida-e-volta.

A beleza de S. Bento, resulta mesmamente espectacular. O âmbiente era animado, e o movimento em torno da estaçao era surprehendentemente numeroso, para unha cidade portuguesa em “Estado de Calamidade”.

O Porto, Portu Cale (ou sexa, o Porto dos Calaicos), é a maior das cidades galegas, e a melhor para “moufar”, “guichar” e “choinar”.

Também é conhecida polo nome de “A Invícta”, pois graças aos seus barrancos e à fortaleza das suas xentes, parece ser que nunca ninguém conseguíu tomá-la de asalto.

Aquí, também foi vencido e decapitado o rei Suevo Requiário, pois depois de ser derrotado polos Visigodos, preferíu “dá-lo callo” antes que fuxir por mar como um “galinha” qualquer.

O Mercado do Bulhao, é unha das visitas obrigadas, mas foi impossíbel sacar fotografias pois também está em obras. Conseguíu salvar-se dos liberais, graças ao apoio público, e à sua importância turística.

O Grande Hotel, era um lugar de luxo arcaico, e o melhor sítio para descansar durante as caminhatas pola cidade, com a vantáxem de que non era nada caro para o conforto que oferecía.

Antes, tinha um refeitório versailhesco, cheio de espelhos e dourados, que era um primor. Funcionaba como um buffet central no salón, onde a xente ía colhendo a comida, como se fora um banquete de bodas. Logo, unha mala ideia, estragou a sala toda e transformou-a nunha mamarachada moderna, e a comida faustuosa d’antano, acabou transformada nunha merda.

De todas maneiras, o Grande Hotel ainda mereçe unha visita, sobre tudo nos dias de frío ou muito calor.

Desta vez, comemos modestamente num café da Avenida dos Aliados, frequentada por reformados locais e alguns extranxeiros.

Um café bem situado e vistoso, a comida parecía saudábel e era feita á maneira do país.

Caldo Verde, rigorosamente feito, com a berzas entaladas. Pataniscas de Bacalhau com Arroz de Tomate, manga laminada e Tarta de Maçâ.

A verdade é que, as minhas visitas ao Porto, gastronomicamente falando, sempre forom um desástre (exceptuando, os velhos tempos do Grande Hotel).

Para passear, esta cidade é um tormento. Unha enorme ribanceira nos leva até ao rio, mas para subir é outro cantar. O outro lado do río, chamado Gaia, é um bom lugar para disfrutar da panorâmica frontal da cidade, e é também o sitio das grandes bodêgas de “Vinho do Porto”, mundialmente famosas.

E, finalmente, há que entrar na A-3, e passada unha hora e quarenta e cinco minutos estarás em Guillade.

LÉRIA CULTURAL

“HEGEL ESPERA NA ESQUINA”

Foucault punha, assim, em alerta todos aqueles que pensavam non só ter libertado a sua própria reflexón da marca do pensador alemán, como também estar a contribuir para libertar os restantes. E, de facto, Hegel talvez esperasse polos seus coveiros na esquina, para lhes mostar que non estaba morto, mas também para indicar que, na verdade, a sua filosofía constituía um elemento da própria arma com que tinham pretendido destruí-lo. E este aparecimento de Hegel na esquina introduz a suspeita de que, sem a sua radical afirmaçón sobre a impossibilidade de um universo onde as diferênças e as hierarquias se complementam sem se contradizerem, o pensamento político nunca teria elevado ao grau de teoria a constataçón empírica de que as sociedades aparentemente sólidas, placidamente adormecidas e seguras da sua perenidade, se vêm sacudidas por movimentos de fundo que forçam a sua transformaçón ou queda. Unha suspeita complementar de que se as contradiçóns non se assumem na sua totalidade, entón, na emerxência de movimentos aparentemente contestatários, o controlo de certos colectivos (relixiosos, políticos, económicos) non é derrubado, mas, sim, apenas usurpado por outros colectivos. E, noutra ordem de ideias, unha suspeita do que se encobre por trás de determinadas actitudes morais, relixiosas ou até filosóficas (sobretudo filosóficas) que se apresentam como um acto de confrontaçón do home com a sua verdade. Hegel parece irónico talvez, mesmo para aqueles que foram sarcásticos com ele por causa da sua tese sobre a órbita dos planetas. Da esquina onde mora, Hegel estaria lexitimado a asseverar que novos dados poderiam ridicularizar quem se ri. Veremos, no corpo deste ensaio, que hoxe as posiçóns idealistas non se podem despachar de unha vez só, como também non podem sê-lo as que Hegel mantinha relativamente à dialéctica das sociedades e aos mecanismos que posibilitam a sua evoluçón. Em relaçón às primeiras, esta reabilitaçón parcial encontra, por vezes, unha certa força onde menos se esperaba, ou sexa, na ciência natural da nossa época. E quanto às segundas, a actual situaçón económico-política dá-nos, polo menos, oportunidade de as repensar.

VÍCTOR GÓMEZ PIN

AS FLUCTUAÇÓNS DO VACÍO QUÂNTICO (F-58)

Podemos interpretar as “fluctuaçóns do vacío quântico” como pares de partículas que aparecem conxuntamente num certo instânte, separam-se, voltam a unirse e aniquilam-se entre sí. Em têrmos dos “diagramas de Feynman”, correspondem a bucles cerrados. Ditas partículas denominam-se “partículas virtuais” xá que, à diferênça das “partículas reais”, as “partículas virtuais” non podem ser observadas directamente mediante detectores de partículas. Non obstânte, os seus efeitos indirectos, como por exemplo pequenos câmbios na enerxía das órbitas electrónicas, podem ser medidos e concordam com as prediçóns teóricas com um notábel gráu de exactitude. O problema consiste em que as “partículas virtuais” tenhem enerxía e, como há um número infinito de “pares virtuais”, a sua quantidade de enerxía sería infinita. Segundo a “relatividade xeral” isto comportaría que curvaríam o universo a um tamanho infinitesimalmente pequeno, ¡o qual obviamente non acontece! Esta praga de infinitos é análoga ao problema que se presenta nas teorías das forças electromagnéticas, débeis e fortes, salvo que nestes casos a “renormalizaçón” consegue eliminar os infinitos. Mas os bucles cerrados dos “diagramas de Feynman” para a gravidade, producem infinitos que non podem ser absorvidos por “renormalizaçón”, xá que na “relatividade xeral” non há suficientes parâmetros renormalizabeis para eliminar todos os infinitos quânticos da teoría. Nós quedamos, pois, com unha teoría da gravidade que prevé que algunhas magnitudes, como a curvatura do espaço-tempo, som infinitas, o qual non é maneira de ter um universo habitábel. Isto significa que a única possibilidade de obter unha teoría razoábel sería que todos os infinitos se anularam sem ter que acudir à renormalizaçón.

STEPHEN HAWKING E LEONARD MLODINOW

ARISTÓTELES (METAFÍSICA)

OS SACERDOTES MATEMÁTICOS

“Ora, em vista da actividade práctica, a experiência em nada parece diferir da arte; antes, os empíricos têm mais sucesso do que os que possuem a teoria sem a práctica. (…) Todavia, consideramos que o saber e o entender sexam mais próprios da arte do que da experiência, e xulgamos os que possuem a arte mais sábios do que os que só possuem a experiência, na medida em que estamos convencidos de que a sapiência, em cada um dos homes, corresponde à sua capacidade de conhecer. E isso porque os primeiros conhecem a causa, enquanto os outros non a conhecem (…). E também é lóxico que, tendo sido descobertas numerosas artes, unhas voltadas para as necessidades da vida e outras para o bem estar, sempre tenham sido xulgados mais sábios os descobridores destas do que os daquelas, porque os seus conhecimentos non eram dirixidos ao útil. Daí resulta que, quando xá se tinham constituído todas as artes desse tipo, passou-se à descoberta das ciências que non visam nem o prazer nem as necessidades da vida, e isso aconteceu primeiramente nos lugares em que primeiro os homes se libertaram das ocupaçóns prácticas. Por isso as artes matemáticas constituíram-se pola primeira vez no Exípto. De facto, ali era concedida essa liberdade à casta dos sacerdotes.”

VÍCTOR GÓMEZ PIN

MANUEL DOMÍNGUEZ BENAVIDES

(Pontareas, Pontevedra, nasceu em1895 e morreu em México, 1947) Um dos grandes da literatura social durante a Segunda República Espanhola. Como xornalista colaborou no semanário “Estampa” e nos diários “El Liberal” e “Ahora”. Destacou como escritor da novela-crónica, muito próxima ao xornalismo, e à reportáxe novelada. Em 1933 publica “Un hombre de treinta años. Novela de la revolución española”. Foi no ano seguinte que apareceu a sua obra mais famosa, “El último pirata del Mediterráneo”, pouco antes da Revoluçón das Astúrias, da qual foi firme partidário, e que lhe custou primeiro a prisón e logo o exílo em Frânça, onde escrebeu “La revolución fue así (Octubre rojo y negro)” (1935). Durante a Guerra Civil, foi comisário da frota republicana. Em 1937 apareceu a sua obra “El crimen de España (Nuestra guerra)”. Ao acabar a contenda, parte novamente para o exílo , desta vez em México. Alí, retoma a sua faceta de novelista com “Luz sobre España”, uns novos “episódios nacionales” à maneira galdosiana. De essa série, que iría constar de quince volûmes, chegou a publicar-se “Los nuevos profetas” (1942), “La escuadra la mandan los cabos” (1944) e “Guerra y revolución en Cataluña” (1946). Póstumamente, e nesta mesma editorial, apareceu “Soy del 5º Regimiento (Primer libro de Madrid)” (2014). Foi um activo militante socialista durante a maior parte da sua vida.

Em Novembro de 1933, o contrabandista e financeiro Juan March, preso pola Comisión de Responsabilidades do Goberno da República desde Xunho do ano anterior, escapou-se da prisón, deixando em ridículo às autoridades republicanas. Com o escándalo dessa fuga, arranca “El último pirata del Mediterráneo”, biografía novelada do banqueiro mallorquín e feroz alegato político, publicada em 1934. Convertido em dono e senhor da vida política espanhola (o mesmo comprava xornais que escritores ou ministros), Juan March fixo tudo o possíbel por impedir a difusón do libro no qual, pesse a non aparecer o seu verdadeiro nome, punham-se ao descoberto todas as suas corruptelas e inclúso a sua presunta participaçón num críme, nunca de todo aclarado. Non puido, non obstânte, impedir, que antes da guerra se esgotáram quinze ediçóns. A versón definitiva do libro, apareceu em 1937 e nela as personáxes e infra-personáxes desta crónica apaixoânte, perderom o transparente “alias”, com que Manuel D. Benavides tratou de protexer-se das acusaçóns de libelo, non tivo polo contrário apenas difusón. Essa ediçón correxída e aumentada non tinha sido reeditada até hoxe. Publicou-se enriquecida com o prólogo do autor e da ediçón soviética de 1953 e baixo unha impactânte autobiografía, pezas âmbas desconhecidas para o leitor espanhol.

LÉRIA CULTURAL

HUME (OS CONTEÚDOS MENTAIS)

Como alcançar este obxectivo? O elemento fundamental é estudar em primeiro lugar o que há na nossa mente, tal como um astrónomo se interessa em determinar os planetas que componhem o sistema solar. Hume teorizará que nada está xamais presente na mente a non ser as suas percepçóns, e que estas som de dous tipos diferêntes, que denomina, respectivamente de “impressóns” e “ideias” (a diferença consiste nos distintos graus de força e vivacidade que possuem). Como escrebe o filósofo escocês: Ás percepçóns que entram com maior força e violência podemos chamar-lhes “impressóns”, e incluio sob este nome todas as nossas sensaçóns, paixóns e emoçóns, conforme fazem a sua primeira apariçón na alma. Por “ideias” entendo as imaxes débeis daquelas quando pensamos e raciocinamos. É preciso ter em conta que esta terminoloxia é própria de Hume e bastante diferente do uso quotidiano destes termos. Para nós, unha percepçón é aquilo que vemos quando temos os olhos abertos. Por outro lado, para o nosso autor, “percepçón” é tudo o que está na mente e, conforme esses conteúdos mentais sexam fortes ou débeis, seram chamados “impressóns” ou “ideias”. Assim, estar apaixonado ou furioso é, para Hume, ter unha “impressón”, e recordar que na minha adolescência tive um grande amor é unha “ideia”. Também deveríamos ter em conta que a afirmaçón de que as “ideias” som “imaxens débeis” das impressóns non debe entender-se literalmente. Unha “impressón” pode ser unha imaxem (por exemplo, a de um quadro), e a “ideia” correspondente (quando recordar esse quadro que contemplei em determinado museu) será também unha imaxem. Mas unha pessoa pode ter a imaxem de um desexo ou de unha dor que experimentou em algum momento? Aparentemente non, o que non retira validade ao princípio mencionado, o “princípio da cópia”. Ao fim e ao cabo, é bastante evidente que recordar ter sofrido unha dor é unha experiência menos vivida do que a orixinal na sua primeira manifestaçón.

GERARDO LÓPEZ SASTRE

ROBERTO MERA COVAS (HOMENAXEM A ALEJANDRO VIANA) (4)

En Madrid, dirixentes políticos e militares galegos crean as Milicias Galegas, Alejandro Viana comparte comité directivo cos tamén deputados Suárez Picallo, Castelao e Martínez Risco, e cos xenerais Bedía e Juan José Pla. As Milicias Galegas están formadas por uns mil voluntarios galegos, a gran maioría segadores de orixe campesiña e sen filiaçón política, que traballan nos campos de Castela. Recrutados nunha oficina situada sobre o Bar Chicote da Gran Vía, e integrados xa no Exército Popular, saen a mediados de setembro dende o seu cuartel xeral, nun antigo seminario madrileño, cara á fronte de Seseña e Toledo. (…) En novembro, a presenza das tropas sublevadas ás portas de Madrid e o asedio da cidade fan temer a súa inminente caída, o que precipita a saída cara a Valencia do Goberno republicano e das Cortes. Unhas 250.000 persoas abandonan a capital española xunto a 10.000 cadros do Museo do Prado e medio millón de libros da Biblioteca Nacional. O ouro do Banco de España xa fora trasladado antes por Negrín e o seu director xeral do Tesouro, Méndez Aspe, a Cartagena e de alí á Unión Soviética. Ao tempo que o Goberno sae de Madrid, entran as Brigadas Internacionais, quen, coa súa decisiva intervención na resistencia da cidade, impiden unha caída que semellaba inevitábel. En Valencia, Alejandro Viana alóxase no Hotel Inglés. Alí tamén se hospedan máis deputados, o Goberno republicano e militares. O edificio atópase nunha zona perigosa. Unha igrexa, situada nos arredores, e reconvertida en depósito de municións, é obxectivo das bombas da aviación franquista que, en ocasións, caen preto do hotel. Aos bombardeos aéreos súmanse os da Armada, cuxos obuses se senten pasar de noite sobre o edificio. O son das sirenas anunciando a inminencia dun ataque dá paso á fuxida espavorecida dos hóspedes cara ao refuxio situado nunha pequena praza próxima. A pesar da guerra, na capital levantina a vida segue o seu curso. O punto de encontro dos galegos é o Café Vodka. Alí nace Solidariedade Galega Antifascista, impulsada por socialistas, republicanos e galeguistas e liderada por Castelao e o mestre de Mondariz Luís Soto. A súa finalidade é atender e acoller os galegos que logran evadir-se dos territorios ocupados polos golpistas e que chegan á zona baixo control republicano. Viana é nomeado membro do seu Secretariado, que comparte cos seus amigos Luciano Vidán e Laureano Poza Juncal, varios deputados e os alcaldes das vilas de Muros, Noia e A Pobra do Caramiñal.

ROBERTO MERA COVAS

RORTY (A FILOSOFIA E O ESPELHO DA NATUREZA)

O resultado inspirado por esta combinaçón de Wittgenstein, Heidegger e Dewey foi o primeiro libro de Rorty, “A Filosofia e o Espelho da Natureza (1979), unha crónica sobre algunhas falsas imaxes a que a filosofia contemporânea continuava presa. A imaxe escolhida por Rorty foi a de unha representaçón exacta das cousas, um espelho que reflecte a realidade tal como ela é; para a desmontar fundiu unha abordagem retrospectiva com unha crónica de actualidade, ou sexa, remontou a Descartes e a Kant ao mesmo tempo que tentou colocar-se a par de Sellars, que atacou o mito do dado, e de Quine, que descobriu dous dogmas do empirismo, mas também de Donald Davidson, que em 1974 tinha questionado um terceiro dogma do empirismo que talvez até o próprio Quine tivesse respeitado: a distinçón entre esquema e conteúdo. Tal como noutras ocasións, no elenco da sua crónica também incluía filósofos que pareciam estar entre dous mundos, como Hilary Putnam, unha figura que foi adoptando um vocabulário pragmatista semelhante (embora non totalmente compatíbel) com o de Rorty. O obxectivo do libro era duplo, pois na realidade, Rorty non só incentivava a substituir a imaxe do conhecimento como unha representaçón fiel da realida de por outras imaxes diferentes, como tendia a abandonar a ideia do conhecimento como algo sobre o qual a filosofia tivesse algo a dizer. Para a primeira, investigava a orixem da concepçón da mente como um espelho e o surximento da teoria do conhecimento como unha disciplina que estuda e certifica a pureza e precisón do espelho. E a seguir, avançava para explicar porque é que mesmo substituindo o estudo das ideias pelo estudo da “linguaxem”, as metáforas especulares ou outras equivalentes perduravam na mentalidade filosófica. Nas duas primeiras partes do libro, Rorty questionava teorias sobre o problema mente-corpo e controvérsias sobre a natureza da verdade e o significado, e apostava em algunhas abordaxens que pareciam mais úteis para se desfazer dessas imaxens; mas, na terceira parte do libro, veio à tona algo muito mais provocador, unha alegaçón contra a própria ideia de investigaçón.

RAMÓN DEL CASTILLO

POETAS DA TERRA (ALFONSO PEXEGUEIRO GONZÁLEZ)

Nasceu na aldeia de Angoares, no bairro do Cabalón, o 19 de Abril de 1948, no seio dunha família de populares. Os seus primeiros quinze anos, discorrem nas rivas do rio Tea, baixo severas condiçóns de vida, tanto no que diz respeito às necessidades económicas, como no indixente ambiente sociocultural, fruto do ríxido control exercido na vila polas forças políticas. Estas condicionantes conformam a dependência das clases populares, especialmente o campesinado, conformará o nó desse território poético que é Seraogna: “Seraogna,/ brazos de nulher mouca / que abrancas / terras de silencio”. Este mesmo território orixinário aínda o habería de recuperar o autor em obras posteriores, se bem baixo claves míticas menos referênciais, como a infância, a mulher, o rio ou as ilhas. Até aos dous anos, viveu na casa dos avôs maternos, labregos âmbos, passando logo a viver com os seus páis (Alfonso, de profissón zapateiro e Herminia, empregada dunha alfaiataría) para o bairro da Castinheira, adxunto ao casco hurbano de Pontareas. Alí passou toda a infância, segundo as suas palabras “xogando na rúa e percorrendo os caminhos e as veigas de Angoares e dos seus arredores”. Vencelhados coas suas vivências, habería que reconhecer muitos dos motivos e símbolos da obra de Pexegueiro, desde os animais como as curuxas, que aninhabam num coberto da casa dos avôs e que, presentes em “Seraogna”, cobram unha importância connoctativa maior em “Desatinos dun maldito”, até aos productos do campo, tais como o pán de milho e o de centeio, que a família cozía e vendía nas feiras. Ós quatro anos começa os estudos no Coléxio das Teresianas, para passar cinco anos depois ó Coléxio Santiago Apóstol, âmbos os dous pontareáns e privados. E, seríam as aulas, tinxídas na lembrança, de fortes dosses de negatividade. O único lugar no qual entra em contácto coa cultura escrípta, o que espelha a pobreza do entorno a esse respeito. Mas também a falta de qualquer outra perspectiva, que non sexam os vencelhos subordinados urdídos polos poderes fácticos, fronte aos quais, non habería de permanecer neutral.

SERAOGNA I

Ninguén pode ollar a cidade do Ceo, do Sol…

¿Quen se atreveu a dicir que a farna leva mensaxe de eternidade?

¿Quen te enganou con viño na hora de amar?

Herba, fillo da gavela e do arado,

¡como che mentiron ano tras ano!

Déronche imaxes, máis carros de silencio e sorrisos de nenas brancas.

Déronche o marelo polo verde

E fóronche cantando con viola dunha corda o Réquiem e a Eternidade

(Brancas naves de cristal nos teus eidos) ¡falso! ¡falso!

Enganáronte; ó preguntar polo pan déronche refugallos de anxo

Enganáronte cando descalzo ías á procura das túas zocas…

Enganáronte xa ó nacer, lúa vella, sempre nova, eterna,

a túa eternidade está nos teus brazos, no teu cerebro

que tronzaron con rorrós de igrexa e mantelas falsas

Non che pregunto pola túa vida

porque xa sei que vives no máis fondo da noite

Non che pregunto polos teus fillos

porque xa sei que loitas, esperto o día,

por arrincalos da neve sucia

e facer que os seus soños sexan carne ceibe

nesta terra de tempo que nos rouban os traficantes do trabalho…

Non chores, mulher de suco; eu sei que dos teus ollos abrota o bronce

que haberá de forxar, co lume dos homes,

ese Himno á Liberdade e ó Traballo.

Muller de fábula, raiola, irmá do trono, achégome ó teu camiño

e bebo das túas mans

o sangue que me ergue e me fai redemuiña de loita.

¡Enruga e cárcere, polo bronce do teu pranto!

ALFONSO PEXEGUEIRO GONZÁLEZ

MONTAIGNE (CHEGADA A ROMA)

A 20 de Março do mesmo ano (1581), na noite seguinte ao Domingo de Ramos, Sisto Fabri, mestre do Sacro Palazzo (a Congregatio pro indice librorum prohibitorum), entrega-lhe, xuntamente com unha censura verbal, a cópia dos Ensaios aprehendida com outros libros no dia da sua chegada a Roma. Depois de três meses e vinte dias de inspeçón, os Ensaios eram “castigados segundo a opinión dos doutores monxes”. Montaigne ficou muito surprehendido por aquela inesperada aprehensón e, sobretudo, polo escrúpulo frenético com que todas as caixas da sua bagaxem tinham sido inspecionadas. A descripçón de Roma, sepulcral e enterrada sobre si mesma, no entanto, parece fazer alusón a outra cousa diferente e estender-se à dimensón político-relixiosa da cidade, até acariciar aquele conceito de “fortuna” que os censores tinham criticado tanto. Montaigne insiste na inoportunidade daquela confusón e agradece à sorte, porque non lhe encontrarom nenhum libro prohibido, tendo em conta a sua curiosidade e a sua passaxem pola Alemanha. No “Diário de Viaxem” dá conta daquela “Roma bastarda” em que se colavam os edifícios “às ruínas antigas”, recordando, ao mesmo tempo, os ninhos “que pardais e gralhas ván suspendendo em França nas abóbadas e nas igrexas demolidas polos huguenotes”, As reflexóns sobre a capital constituem a sua resposta “a quem comparava a liberdade de Roma com a de Veneza”. O bordalês continua a considerar a cidade lagunar como o “estado da liberdade” face à corrupçón dos tempos modernos e da moderna Roma. As restantes observaçóns non eram menos incisivas: na cidade/sepulcro, casas pouco seguras e non protexidas face aos ladróns (aconselhava-se a quem levasse consideráveis somas de dinheiro que deixasse a carteira sob a custódia de banqueiros da cidade) e, à noite, pouca segurança pessoal. Montaigne aponta um aspecto ulterior, que avalia ainda com maior severidade, no episódio referente ao (superior) xeral dos (frades) Menores, que, xustamente a um de Dezembro, tinha sido destituído do seu cargo e encerrado na prisón, devido a um sermón no qual, perante o papa e os cardeais, tinha atacado o ócio e o luxo dos prelados da Igrexa; tinha-o feito de um modo “xenérico”, sem entrar em detalhes, apenas recorrendo, com um tom algo áspero, aos habituais lugares comuns sobre o tema. Mas isso tinha sido suficiente para dar a entender que a Roma papal, com violência, estava disposta a censurar também os membros do próprio corpo “doente” no momento em que estigmatizassem a gangrena curial do ócio e do luxo, para poder libertar-se. Doença e cura ao contrário.

NICOLA PANICHI