Arquivos mensuais: Decembro 2019

HUME (TRATADO DA NATUREZA HUMANA)

Os seus anos de residência em França, foram dedicados à elaboraçón daquela que é, sem dúvida algunha, a sua obra mais importante, Tratado da Natureza Humana. Dado que unha cousa é escreber unha obra e outra muito diferente publicá-la, procedeu ao que na carta a um amigo denominou como “castrar” a sua obra, isto é, suprimir as partes nobres, tentando assím ofender o menos possíbel. Este trabalho de expurgaçón consistiu, certamente, em liberar a sua obra da crítica à credibilidade dos milagres cristáns e da argumentaçón de que tudo o que sabemos nos leva a pensar que somos seres mortais, finitos, sem qualquer céu ou inferno que estexa à nossa espera após a morte. Em todo o caso, ambos os temas apareceriam mais tarde noutras obras suas e, embora assím desaparecessem as críticas explícitas às doutrinas relixiosas na obra tal como foi publicada finalmente, o leitor atento non deixaria de observar que a relixión primaba pola sua ausência. Era como se non existira, non tinha qualquer papel a desempenhar. De facto, num determinado momento destaca-se a universal despreocupaçón e incredulidade dos homes a respeito de unha vida futura após a morte. Unha incredulidade que parece ser extensiva ao conxunto das crenças relixiosas, pois só assím se explica, diz Hume, que os homes encontrem prazer em ser aterrorizados por questóns relixiosas e, como ele próprio tivera a ocasión de observar na Escócia da sua infância, que os pregadores mais populares sexam aqueles que excitam as paixóns mais lúgubres e melancólicas. Como Hume conclui.

GERARDO LÓPEZ SASTRE

GALLEIRA (4)

Quando foi poboado o nosso país? Por que xentes? Heis aquí duas perguntas às quais non é fácil responder, nem ainda resoltamente no terreno das hipóteses. O home prehistórico debeu errar por estes lugares, o mesmo que por muitos outros: mas, importa tanto acaso saber o como e o quando, que tenhamos por isso de engolfarnos no estudo dessas idades remotíssimas, em que tudo é fácil supor, desde a existência do “antropopitheco”, até aos excessos de unha acentuada antropofaxía? Non por certo. Ainda dado o caso de que se descubrisem os restos dessa espécie de intermediário entre os antropoideos e o home (o que na verdade non é o mesmo que dicer o home actual), non importaría muito posto que a sua presença nas capas do terreno terciário, pouco ou nada faría adiantar a questón. A eterna esfínxe do desconhecido estaría perguntando sempre: falabam os nossos proxenitores? falaba o home do quaternário? vivía em sociedade ou só erraba por parexas pelos campos e bosques primitivos? Quais eram os princípios morais, ainda que rudimentários, que em todo caso regulabam a sua existência? Se acaso existirom esses homes dotados de unha vida semi-social e de unha quase intelixência, pouco importa. A título de documento pode buscar-se e ainda sinalar-se o seu rastro, mas nada mais. O home, a sociedade humana, non começa senon naquel momento em que aparece o ser sociábel, que fala, que se xunta, que sente, que ama e adora o incompreenssíbel e busca no alto algo que o console das dores que em todo tempo forom o lote da humanidade. Mentras o home histórico non asoma, non tem a história ministério possíbel. Em realidade, noś non atopamos o home no primitivo quaternário; antes, e ainda que dando por certa a sua existência, se nos ocurre perguntar se estes seres non som animais e contestar com Doxi: “Quê loucura? quê serán entón?” Deixemos pois ó antropólogo e ó sectário dos estudos pre-históricos o trabalho de penetrar nos mundos desconhecidos da época quaternária, que como o dos sonhos pode povoar-se de todas as visóns e quimeras imaxinábeis, limitando os nossos esforzos a conhecer o mais cercano e que toca ao home actual, que ainda assím e todas as perguntas sem resposta nos saem ó caminho a cada momento, e as hipóteses mais arriscadas revestem os carácteres da possibilidade. As ruínas, os restos de unha antiga sociedade que parecem encerrados nas tumbas e entre mortos, tán somente para falar ós que vivemos dos vivos de outros tempos, bem pouco nos dím apesar da sua grande eloquência.

MANUEL MURGUÍA

ARISTÓTELES (AS VIAXES)

É possíbel que Aristóteles pensasse na possibilidade de voltar à Macedónia para recuperar-se da decepçón de ter que sair de Atenas pola porta do cavalo, mas debe ter descartado rapidamente a ideia, ao aperceber-se de que a sua Estagira natal acabava de ser destruída polo rei Filipe da Macedónia na sua conquista da península Calcídica e que muitos dos seus habitantes se tinham tornado escravos macedónios. Optou, desta maneira, por regressar a Atarneu, para onde ele e Xenócrates tinham sido convidados por Hérmias, tirano dessa cidade e da vizinha Assos, além de ex-companheiro na Academia platónica, onde o Estagirita e ele tinham tecido unha grande amizade. Aristóteles e Xenócrates aceitaram o convite e Hérmias recompensou-os enormemente. Pouco saberíamos da biografia de Hérmias se non fosse polas referências que encontramos nas obras de Aristóteles. Segundo este, o encontro com os filósofos tivo grande efeito sobre o tirano – até entón tido por bárbaro pelos seus contemporâneos – que o seu governo descontraiu-se e começou a aplicar algunhas das teorias platónicas sobre a organizaçón e o governo das sociedades que tanto tinham discutido e analisado na Academia. Durante a estada dos pensadores na cidade, o seu anfitrión procurou observar um “comportamento filosófico”, tal como afirmou ele mesmo no momento da sua morte, por volta do ano 341 a. C., torturado polos persas. Também foi Hérmias que pôs Aristóteles e Xenócrates em contacto com Erasto e Corisco, outros dous platónicos, igualmente antigos membros da Academia, facultando-lhes tudo o que era necessário para que os quatro pudessem instalar-se em Assos, em frente à ilha de Lesbos, onde fundaram a que seria a primeira escola de Aristóteles, com o desexo de torná-la na “autêntica” Academia. Um dos assíduos da escola de Assos era Teofrasto, que Aristóteles também tinha conhecido na instituiçón platónica e que acabaria por ser o seu principal discípulo e sucessor à frente do Liceu, a escola que o Estagirita fundaria, anos mais tarde, em Atenas. Aristóteles permaneceu cerca de três anos em Assos, onde se casou com Pitíade, sobrinha ou filha adoptiva de Hérmias, de acordo com diferentes fontes, com quem teve unha filha também chamada Pitíade. Por razóns desconhecidas, mudou-se para Mitilene, na ilha de Lesbos, de onde era oriundo Teofrasto. Ali fundou outra escola, à imaxem e semelhança da Academia, que se manteve aberta durante mais dous anos. Nesse período, em Assos e, sobretudo, em Mitilene, Aristóteles dedicou-se ao estudo da meteoroloxía, da química, da física, da psicoloxía e, sobretudo, a investigar no campo da bioloxía, especialmente a marinha, matéria da qual é considerado o fundador. As primeiras classificaçóns de animais e prantas com um certo critério, contidas em obras desta época, serám, precisamente, unha das grandes contribuiçóns de Aristóteles para a ciência, que demorarám quase dous milénios a serem superadas. De facto, o “fixismo biolóxico” defendido polo Estagirita, segundo o qual as espécies nunca mudam, polo contrário, som fixas e inalterábeis, manteve-se vixente durante mais de vinte séculos e recebeu o apoio da Igrexa, visto que ia ao encontro da sua ideia da criaçón e de negaçón da evoluçón das espécies.

P. RUIZ TRUJILLO

EXPERIÊNCIA DA ELEIÇÓN RETARDADA (F36)

Que o passado non tenha forma definida significa que as observaçóns que fazemos de um sistema no presente também afectam o seu passado. Isto é posto de manifesto espectacularmente num tipo de experiência concebida polo físico John Wheeler, denominada a “experiência da eleiçón retardada”. Em síntese, unha experiência de eleiçón retardada é como unha experiência de dupla rendixa como o xá descripto em que tivéramos a opçón de observar o caminho que toma a partícula, salvo que na experiência de eleiçón retardada pospomos a decisón de observar ou non o caminho até xusto antes de que a partícula estê a ponto de chocar contra a parede detectora. As experiências de eleiçón retardada conducem a resultados idênticos ós obtidos se escolhemos observar (ou non observar) que caminho seguíu a partícula iluminando adequadamente as rendixas. Mas, nesse caso, o caminho que toma cada partícula, é dicer, o seu passado, é determinado muito despois de que a partícula tenha atravessado as rendixas e presumibelmente tenha tido que “decidir” se passa só por unha rendixa, e non produce interferências, ou por ambas rendixas, e sim produce interferências. Wheeler considerou inclúso unha versón cósmica da experiência, em que as partículas que intervenhem som fotóns emitidos por poderosos quásares a miles de milhóns de anos luz de distância. Essa luz podría ser bifurcada em dous caminhos e volta a enfocar até à Terra pola lente gravitatória de unha galáxia intermédia. Ainda que a experiência está mais alá do alcance da tecnoloxía actual, se puidéramos recolectar suficientes fotóns dessa luz, deberiam formar unha figura de interferência. Mas se colocamos um dispositivo para averiguar, pouco antes da detetaçón, que caminho tinha seguido a luz, a dita figura de interferência debería desaparecer. Nesse caso, a eleiçón sobre se toma um caminho ou ambos tería-se tomado fái miles de milhóns de anos, antes de que a Terra, ou inclúso o nosso Sol se tiveram formado, e apesar disto a nossa observaçón no laboratório estaría afectando a dita eleiçón. No presente capítulo temos ilustrado a Física Quântica utilizando a experiência da dupla rendixa. No que segue, aplicaremos a formulaçóm de Feynman da “Mecânica Quântica”, ó universo como um todo. Veremos que, tal como ocurre com unha só partícula, o universo non tem unha só história, senon todas as histórias possíbeis, cada unha com a sua própria probabilidade, e que as nossas observaçóns do seu estado actual afectam o seu passado e determinam as diferentes histórias do universo, tal como as observaçóns efectuadas sobre as partículas na experiência da dupla rendixa afectam o passado das partículas. O referido análise mostrará como as léis da natureza surxirom do “Big Bang”, mas antes de examinar como surxirom as léis falaremos um pouco sobre que som as ditas léis e algúns dos mistérios que suscitam.

STEPHEN HAWKING E LEONARD MLODINOW

Imaxe

DERRIDA (NOVA LEITURA DA FILOSOFIA OCIDENTAL)

Com o ano de 1967 chega non só o apoxeu do estructuralismo, como também o momento da irrupçón de Derrida na intelixência parisiense, e em grande estilo. Publica de unha só vez três libros: A Voz e o Fenómeno, Gramatoloxia e A Escritura e a Diferença ( L’Écriture et la Différence). Nestes encontra-se reunido o essencial de tudo o que trabalhou nesses anos, a partir da sua introduçón de A Orixem da Xeometria, dos seus artigos e conferências. Nas páxinas do Le Monde, o filósofo católico Jean Lacroix será dos primeiros a levar muito a sério a proposta de Derrida: “O seu problema essencial é o da orixem, non porque a sua filosofia sexa um discurso sobre a orixem, mas porque é a sua impugnaçón (…) Derrida propón unha nova leitura da filosofia ocidental (…) Unha leitura deste tipo non é possíbel senon pola determinaçón precisa do problema da orixem, até agora mais adivinhado que compreendido. Para estudá-lo positivamente é preciso abordá-lo polo centro. Como ponto de ancoraxem, ou si se preferir, como campo de reflexón, Derrida escolhe a escrita. Non arbitrariamente, mas porque a escrita é o lugar priviléxiado da luta com a metafísica ocidental”. Lacroix destaca muito claramente a importância da relaçón que Derrida estabelece entre escrita e metafísica, as implicaçóns estratéxicas desse xesto. Porque, colocando à frente a questón da escrita, o que irá ser revelado, desse modo, son todos os pressupostos xerais da metafísica que seriam questionados por esse xesto. Porque a leitura de um texto escrito non tem que assumir que existe algo chamado sentido que é exterior e anterior aos signos que se leem; nem támpouco que aquilo que se lê sexa a traduçón de unha voz que fala. A metafísica pressupón que a voz está muito próxima dessa consciência à qual o mundo se apresenta, que está próxima dessa presença. E que é a voz que se inscrebe como escrita. Que a escrita é guiada por esse sentido e essa presença da voz que fala na consciência. Isso é assumido a partir da metafísica, dir-se-á; no entanto, do ponto de vista da escrita non é necessário manter estas premissas para que a escrita continue a ser escrita. É este xesto que tem consequências, porque a escrita deixa de ser entón aquilo que “vem depois de” (do sentido, da palabra falada), renega as orixens que lhe son atribuídas e declara a sua autonomia. Negando este carácter secundário da escrita, defendendo que a escrita non vem despois de nada, que a escrita é desde sempre (pelo que sabemos) o lugar no qual esteve em xogo o sentido, Derrida abala os próprios alicerces daquilo que o Ocidente tinha vindo tradicionalmente a entender por filosofia.

MIGUEL MOREY

ESCRITORES HISPÂNOS (PEDRO SIMÓN ABRIL)

Abril. Pedro Simón (Alcaraz de la Mancha. c. 1530 -c. 1595). Humanista do Renascimento Espanhol que escrebeu em castelán “Apuntamientos de cómo se deben reformar las doctrinas y la manera de enseñarlas”, 1589), postos também em latim. Durante mais de 25 anos foi professor de grego e latim em Zaragoza. Escrebeu as suas próprias gramáticas e guías de professores, “Latini idiomatis docendi ac discendi methodus” (1561) e “De lingua latina vel de arte grammatica” (1567). Também é autor de unha gramática do grego e do latim escrita em castelán. As suas traduçóns do grego e do latim enriquecerom a cultura hispana da sua época. Com elas contribuiu para o renascimento do pensamento e do sentimento clássicos. Traduciu a “Política de Aristóteles” (1584), e também a “Lóxica” (1587); discursos de Ésquines e Demóstenes; as fábulas de Esopo; o Cratilo e o Gorgias de Platón, e algunhas epístolas de Cicerón. Traduciu também as obras de Terencio que eram conhecidas na sua época; a Medea de Eurípides e o Pluto de Aristófanes (inédito). A sua versón das “Comédias de Terencio” apareceu em 1577, ainda que a melhor ediçón é a de Valencia (1762).

OXFORD

ESCRITORES HISPÂNOS (MANUEL ABRIL)

Abril, Manuel (Madrid, 1884 – 1946). Poeta, dramaturgo, periodista, crítico de arte e autor de libros infantís. Os seus primeiros poemas aparecerom em “Canciones del Corazón y de la Vida” (1904), e “Hacia la luz lejana” (1914). As suas comédias “Un caso raro de veras” e “La princesa que se chupaba el dedo”, chegarom a ser éxitos no seu tempo. Satirizou a burguesía no seu romanze “La Salvación (Sociedad de seguros del alma)” (1931).

OXFORD

ESCRITORES HISPÂNOS (EMILIO ABREU GÓMEZ)

Abreu Gómez, Emilio (Mérida, México, 1884 – 1971). Professor de literatura espanhola, escritor teatral, novelista e crítico literário. Foi autor prolífico. Entre outras, escrebeu “El Corcovado” (1924) com tema mexicano. É autor de unha traduçón-interpretaçón do “Popol-Vuh” (1950). Foi um dos melhores especialistas em Sor Juana Inés de la Cruz. É autor de unha bibliografía crítica de Ruiz de Alarcón (1939), e de “Quetzalcóatl, sueño y vigilia” (1947), e “Martín Luis Guzmán” (1968), sobre a vida do revolucionário e escritor mexicano contemporâneo.

OXFORD

Imaxe

ESCRITORES HISPÂNOS (EL ABOLICIONISTA ESPAÑOL)

Abolicionista Español, El (1865 – 1872). Xornal do Movimento Antiescravista Espanhol. Em 1872, foi substituido por “La Propaganda”.

OXFORD

FOUCAULT (RAZÓN E DESRAZÓN)

Quando História da Loucura é publicada, Foucault fora nomeado professor do departamento de filosofia da Universidade de Clermont-Ferrand, a perto de quatrocentos quilómetros de París, onde estabeleceu a sua residência. Apesar do que foi repetido insistentemente, a sua publicaçón non levantou qualquer escândalo de imediato, nem entre os psiquiatras nem entre aqueles sectores que, na altura, discutiam sobre as relaçóns entre política e conhecimento, problema ao qual o texto de Foucault esperaba trazer suxestóns relevantes. Em 1977, nunha conversa com M. Fontana, Foucault recordaba assím a questón: “Se é colocado a unha ciência como a física teórica ou a química orgânica o problema das suas relaçóns com as estructuras políticas e económicas da sociedade… non se coloca demasiado alto a fasquia da explicaçón possíbel? Sim, no entanto, se pegar num conhecimento como a psiquiatria, non será muito mais fácil resolver a questón, na medida em que o perfil epistemolóxico da psiquiatria é baixo e que a práctica psiquiátrica está ligada a unha série de instituiçóns, esixências económicas imediatas e urxências políticas de regulaçón social?”. E acrescentou: “O que entón me ‘desencaminhou’ um pouco foi o facto de que esta questón que eu propunha non ter interessado para nada àqueles a quem a propunha. Consideraram que era um problema que non tinha importância política, nem nobreza epistemolóxica… Somente com o Maio do 68… entón, todas estas questóns adquiriram o seu significado político, com unha aquidade que eu non tinha suspeitado e que demostraba até que ponto os meus libros anteriores eram ainda bastante tímidos e conturbados”. As reaçóns que em 1961 fizeram eco da publicaçón do seu texto provieram apenas d’alguns companheiros de xeraçón que muito em breve iam fazer parte da nova intelixência parisiense, como Roland Barthes ou Michel Serres, que reconheceram no libro de Foucault a impressón das suas próprias inquietaçóns, tal como o fez um leitor atento e escrupuloso como Maurice Blanchot. Quanto à recepçón mediática, reduz-se quase só a unha entrevista concedida a J. P. Weber, publicada no diário Le Monde em Xulho desse ano.

MIGUEL MOREY

LITERATURA CLÁSSICA GREGA (3)

A magnífica arquitectura destes dous grandes poemas é quase seguro, em cada caso, criaçón de um só poeta, oral ou escrito, mas unha parte grandemente considerábel do material básico é tradicional, producto refinado da experimentaçón durante muitas xeraçóns de compositores orais. Antes de que houbera libros e leitores em Grecia, houbo poetas e público. E isto é certo para formas poéticas diferentes da épica: os chamados Himnos Homéricos e os poemas didácticos de Hesíodo mostram os mesmos síntomas de orixem oral. Na obra de Hesíodo, non obstante, um novo fenómeno suxére a possibilidade de que estes poemas foram escritos durante a vida do seu autor: Hesíodo identifica-se, dá detalhes biográficos e expressa opinións pessoais sobre problemas morais e sociais. Está na natureza da poesía plenamente oral que o cantor recríe o seu canto em cada representaçón; fái-o como servidor anónimo da Musa, que é a depositária do conhecimento antigo e das técnicas da tradiçón oral. A sólida presença de Hesíodo na sua obra (A Teogonía começa com um relato do seu encontro com as Musas no Monte Helicón, e Os Trabalhos e os Dias está dirixida ao seu perezoso e ambicioso irmán Perses) suxére que esperaba que os poemas foram manexados na forma que el lhes tinha dado, seguramente identificada com o seu trabalho. A explicaçón mais razoábel desta confiança parece ser que os poemas estiverom fixados por escrito. A escritura parece segura na seguinte figura importante da literatura grega, Arquíloco de Paros, que viveu na primeira metade do século VII a. C.; a variedade das suas formas métricas, o tom intensamente pessoal de muitos dos seus poemas, a grande variedade de temas e, sobre tudo, a liberdade das fórmulas fán improbábel que a sua obra tivera podido sobreviver durante séculos por outros meios que non foram as cópias escritas dos manuscritos do poeta. E o mesmo se pode afirmar ainda com mais vehemência dos poemas de Safo e Alceo, que forom compostos na ilha de Lesbos alá pelos princípios do século VI a. C. Alguns dos seus cantos tinham podido conseguir unha popularidade universal e por tanto ser conservados na memória. Mas a escritura tivo que representar um papel na transmisón dos poemas completos de Safo, que os alexandrinos dispuserom em nove libros, dos quais o primeiro continha 333 estâncias sáficas de quatro versos. Por suposto, isto non quere dicer que a obra destes poetas fora “publicada”, nem sequer que existiram muitas copias. Os poemas forom compostos para ser representados (a maioria com acompanhamento musical); o texto escrito debeu de ter unha funçón de apoio para a memória do actor, xá fora o poeta ou outro. Num âmbito cultural no que a poesía era um meio público, non debía haber muito incentivo para multiplicar as cópias. De qualquer maneira, a âmpla circulaçón de cópias neste período temprám puido non ser possíbel; dependia da disponibilidade de um material para escreber relativamente barato, o papiro exípcio. Esta pranta era orixinariamente das marismas do Baixo Exípto, e das fibras do seu talho, de secçón triangular e que alcanzaba os dez pés ou mais de altura, os exipcios habiam manufacturado durante mais de um milénio um “papel” (é a mesma palabra) de superficie suave, forte, flexibel e, si se mantinha seco, extraordinariamente duradeiro. Do meolho do talho, sacabam-se bandas verticais, descascando-as ou facendo-as tiras; apilando unhas quantas sobre unha superfície dura, e outras encima formando angulos rectos sobre as primeiras. Baixo presón, talvez aplicada com um mazo de madeira, as duas superfícies se pegabam indisolubelmente pola cola natural da mesma pranta; logo eram cepilhados os bordes para fazer folhas (kollemata) que variabam considerabelmente de tamanho. Os exemplares que se conservam parecem indicar que para textos literários a norma era de nove polegas por outras nove, ainda que non som infrequêntes as folhas mais altas que largas. Estas folhas (normalmente unhas vinte) eram unidas num rolo (chartes) pegando os bordes laterais com as fibras horizontais que atravessam a superfície; o borde de cada folha unía-se à sua vecinha pola dereita para que a pena, que se move desde a esquerda, cruzá-se suavemente a unión. Nesta superfície interior protexida, o escríba trabalhaba desde a ezquerda em columnas verticais, determinando o ancho désta pola lonxitude do verso, no caso de metros regulares, e normalmente, no caso da prosa, dentro de unha marxem de quince a vinticinco letras.

P. E. EASTERLING Y B. M. W. KNOX (EDS.)

Imaxe

MARX (BERLIM)

Berlim era unha cidade incomparábel com Bona pola sua dimensón (mais de treszentos mil habitantes), pelo poder em quantidade e em prestíxio da sua universidade (uns dous mil e quinhentos estudantes e os professores com mais prestíxio), por representar o modelo cortesán, administractivo e burocrático e porque simbolizava a ordem feudal, despótica e principesca prussiana. No entanto, também em Berlim tinha aparecido o capitalismo, com unha classe burguesa que ia crescendo e estendendo um pensamento liberal cada vez mais confrontado com a velha ordem. A filosofia iluminista e o romantismo liberal e nacionalista estavam mais ou menos em todas as universidades, por onde andavam filósofos e poetas, muitos dos quais deixavam a sua marca em Berlim, por cuxa universidade passaram como estudantes e/ou como professores. Marx entra na Faculdade de Direito a 22 de Outubro de 1836 e matriculou-se em três cadeiras: Lexislaçón Criminal, História do Direito Romano e Antropoloxía. Fê-lo sem paixón, por concessón familiar. Sabemo-lo muito bem por unha carta que, no ano seguinte, escreveu ao pai e que, na opinión de Montserrat Galcerán Huguet, constitui “um documento excepcional para compreender a sua evoluçón intelectual”. É, realmente, unha excelente análise do seu primeiro ano em Berlim, da sua relaçón com os estudos de direito e, o mais interessante para o nosso obxectivo, da sua rápida e pouco fecunda passaxem pola poesía, rapidamente deslocada para a filosofia. “Tive de estudar a Ciência do Direito e sentim, sobretudo, o incitamento de me bater com a Filosofia”, diz-nos ele próprio. Berlim propiciou a Karl Marx o contacto com a literatura romântica e a filosofía; estes xéneros ponhem nas máns do xovem estudante o vocabulário e os recursos retóricos para expressar os seus sentimentos, ideias, sonhos, insatisfaçóns e, de um modo definitivo, para expressar a sua rebelión e axustar contas com o mal. Para estas cousas, o melhor é usar qualquer dos xéneros literários. Quando Hegel, à sua maneira, ensinaba que había três formas de acesso ao saber absolucto, como a arte, a relixión e a filosofía, deixaba a esta última a culminaçón, como a mais completa e acabada; mas essa via costuma ser a última disponíbel, as outras som mais acessíveis. A xá mencionada dificuldade no ensaio do Gymnasium para encontrar as expressóns adequadas, para poder traduzir em conceitos os sentimentos e ideias, reaparece agora com mais clareza e força. Precisa de aparecer, dizer o que tem dentro, precisa de compreender e intervir no mundo; e, para essas cousas, para essa luta, para essa batalha das ideias, non lhe serve o direito. A poesía é, aparentemente, unha forma mais fácil, mais ao alcance de todos, mais à mán de semear de qualquer xovem estudante.

JOSÉ MANUEL BERMUDO

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (98)

Xulho dia um, segunda feira. Neste dia fún a Pontareas e empenhei o meu fio dobre, na casa da Castelhana, com a mediaçón de um polícia, que me dixo “vai ó reloxeiro e pergunta-lhe quanto vale, que cho abono, e quando tenhas o dinheiro podes vir recuperá-la”. Así foi, recibím duas pesetas. O dia dous (mala fecha) meteu-se-me na cabeza ir ó Hospital de Pontevedra a pé, por Mondariz, e passei pola Sybilla (responsório), logo dei meia volta e fún xunto da Senhora Tomaza, mas andaba tonto e parecia-me que me arrebatábam. Cheguei à casa xá de noite, e si se consideram as voltas que dei hoxe, andei p’arriba de três léguas e meia. Ir a Mondariz, regressar, despois ir a Queimadelos, baixar a San Martinho, colher a estrada até Fontán, meter pola Devesa, dem a volta até Mouriscados, por unha libra de pán, outras voltas mais, etc… A quarta-feira, voltei xunto à Sybilla (responsorum), pois, tinha-a mandado trabalhar no sentido de que me xuntara com Leonor; mas fún-lhe dar volta para que se esquecera, e se centrára só na enfermedade. Quedámos, em que trabalhara só pola doênça, nada mais, e também me deu um remédio. Xá na terça-feira dia 2 (mala fecha), tinha ido xunto do Senhor Alasmartín, mas, non me consultou a mesa, entón eu consultei a minha, e non se moveu nem muito, nem pouco. O quatro de Xulho de 1918 (quinta-feira) tomei unhas píldoras, pouco obrárom, tán pronto as tomei, sentín que saía de mím o Spírito Malo.

MANUEL CALVIÑO SOUTO