Arquivos diarios: 27/12/2019

HERMENÊUTICA (A ARTE DE NON TER RAZÓN)

Como puro método, a hermenêutica é necessária, non apenas importante; mas isto non passa do óbvio. Consideremo-la nos fenómenos em que se torna patente. Em primeiro lugar, claro, a empatía e, em especial, as situaçóns dialóxicas. Compreender o outro é um problema extremamente complicado, inclusive se o que nos estiver a oferecer quase non for mais do que unha liçón de algunha ciência. Mas suponhamos que a conversa que mantemos com ele se refere ao relato de algum incidente que lhe ocorreu e lhe parece importante partilhar connosco. Ele chegou a determinadas conclusóns, por exemplo, sobre a conducta de alguém que ambos conhecemos; agora propôs-se a dar-me a entender que essas conclusóns som completamente evidentes, naturais e que me obrigam, a mim, tanto como a ele próprio. Non usará a estratéxia de me apresentar algo como unha espécie de “argumento formal”, mas limitar-se-á, antes, a relatar o sucedido e intercalará comentários do estilo “compreenderás que depois disso, eu xá… Mas nós conhecemos, de facto, outros comportamentos da pessoa em causa que non som agora reveláveis sem mais, mas que nos fán pensar que a explicaçón para a conducta que nos está a ser exposta é muito diferente de como o interlocutor a considera. Se extremássemos o exemplo, obteríamos, em seguida, algo como unha situaçón em que se oponhem duas actitudes perante a vida ou até duas confissóns relixiosas, que mais ou menos casualmente ou de propósito, decidiram entrar em algum tipo de diálogo (com o obxectivo muito provável de solucionar um problema que obstaculiza a quotidianidade dos interlocutores). A práctica da hermenêutica, como pôde dizer-se com certa graça, é, em princípio, a “arte de non ter razón” ou, pelo menos, de poder non a ter (assim titula Agustín Domingo um brilhante ensaio sobre estes assuntos, retorcendo o conhecido título de Schopenhauer), dado que o primeiro movimento é o de unha certa abstençón ou um certo distanciamento daquilo que eu mesmo defendo, para poder salvar de algunha maneira a “proposiçón” do meu companheiro de diálogo. Como se costuma dizer, se non me ponho no lugar de quem me fala, non tenho possibilidade de o compreender e nem mesmo compreender o que me está a dizer. Ele podería ter razón, xustamente a razón ou parte da razón que a mim talvez me falte. Se non entrar no diálogo com este pressuposto, simplesmente non entro no diálogo; dedico-me a algo como um interrogatório policial ou um exame, do qual só pode sair unha qualificaçón (sempre inferior à que o examinador se dá a si próprio), ou entón a expediçón, possíbelmente a contragosto, de um certificado de boa conducta, com certas reservas oportunas. Non há diálogo se non for possíbel non ter razón!

MIGUEL GARCÍA-BARÓ

GALLEIRA (5)

¿Qual existíu primeiro, o home das cavernas ou o das povoaçóns lacustres? ¿Estes ou o que habitou nas cûmes hoxe inacessíbeis e desoladas, noutros momentos propícias para a vida humana? Com seguridade ninguém pode afirmálo. Para nós, som contemporâneos, e ainda pode asegurar-se que povos posteriores ocuparom os lugares que estes deixarom desertos. No há razón que obrigue a colocar uns diante dos outros; nem a há tampouco para asseverar que a época neolítica precedeu em muito a idade de bronce, menos ainda para negar que estas duas coexistirom muito cedo e durante longo tempo. Neste ponto, a ciência pre-histórica é todavia, confessé-mo-lo com franqueza, a ciência das têbras. Hoxe mesmo e como quem dí a poucos passos de nós, no reino de León, tenhem algúns homes o seu habitáculo debaixo de terra, e tán especiais povoados apenas se distinguem graças às ondulaçóns do terreno. Na nossa mesma Galiza, vivem nas mais altas montanhas muitas famílias cuxas crênças, cuxas costûmes, cuxa vida, nunha palabra, é um trasunto de idades remotas e que tanto trabalho custa reconstituir ó historiador, e som verdadeiras entidades viventes. ¡Ah! non se precisa em verdade buscar nas tribus selvaxens os restos de unha vida sinxelíssima e quase primitiva: em todos os seus pormenores a temos entre nós. Basta observar. A cada momento se nos presentam exemplos do muito que tarda o home em esquecer e desprender-se do seu; a cada momento a vida antiga traspassa o véu e presenta-se à nossa consideraçón; a cada momento, em fim, temos que recordar aquel episódio de Fausto e Dorotea, em que o divino Goëthe afirma: “mulheres e nenos sofocam-se levando fardos e canastros e cestos cheios de trástes inúteis. ¡Tanto custa ao home, abandonar a menor das suas pertenças!” Tampouco nós, ainda dentro da ordem científica, acertamos a desprendernos das cousas inúteis, e que ao parecer para nada servem xá. ¡Som tán caros ao corazón! ¡Din-nos tantas cousas! Som tán nossos, que na realidade duvida um ao arroxá-las a um lado do caminho, e que como cousa que estorba, non estámos arroxando algo de nós mesmos, algo vivo, encarnado em nós e que ao caír sobre a terra e no esquecimento, xeme como quem tem vida e ama, sentindo de novo que a morte a tomou para sí. Dos homes que povoarom a Galleira durante o momento da irrupçón céltica, nada podemos dizer: nem deles nem dos povos que antes deles tiveram acampado neste país galego, non é dado escreber nada com certeza. Non os conhecemos, nem sabemos os seus nomes: ignoramos donde vinham e qual a sua raza. Consta a sua existência e isto é tudo. Deles non quedam mais que os restos de armas e utensílios e ainda se queremos, algunhas construçóns megaliticas, unha vez que non é possíbel assegurar, com fán algúns, que forom eles que levantarom os dólmens (caso que o tiveram feito), e demais monumentos de pedra bruta que se conhecem hoxe. Certo que a ciência parece negar-se a reconhecer nos celtas os constructores especiais daqueles monumentos ciclópeos que até fái pouco tempo levabam o seu nome. Mas, xá o dí o adáxio: “ó cabo de mil anos voltam os ríos por onde acostumabam ir”, e os que primeiro as negarom, som os que se apressam hoxe a reconhece-lo e confessá-lo. Quando menos os adxudicam a um povo superior. E ó ser nós como Galleira, cuxo orixe céltico non pode sequer ser posto em dúvida, guardou até fái pouco um dolmen em cuxas pedras se vian grabados os mesmos ou parecidos signos que os copiados no Morbihán, por Mr. de Cussé, ocurre-se-nos que, ou as povoaçóns pre-históricas do nosso país e as da Bretanha eram unas, ou que semelhantes monumentos forom aquí e alí debidos aos primeiros arianos que acamparom na Europa.

MANUEL MURGUÍA