
Husserl recebeu com unha tranquilidade exterior, e depois veremos que com valentia, o golpe terríbel da barbárie e da tirania, que lhe caiu em cima no horror dos começos da chancelaria de Hitler. O alumno preferido por Husserl acima de todos, que tinha recomendado com sucesso para que fosse seu sucessor na cátedra de filosofia de Friburgo, Martin Heidegger, o novo reitor, alinhou no lado nacional-socialista. A morte alcançou piedosamente Husserl em 1938, aos 79 anos de idade. A sua idosa mulher, de ascendência xudía como ele mesmo, convertida ao cristianismo luterano na sua xuventude, afastou-o do seu domicílio habitual, que ainda hoxe se pode ver em pleno bairro residencial da ampliaçón modernista de Friburgo. Levou-o para o alto da colina que domina a cidade, fora das vistas das pessoas, para unha rua nova e despovoada. E alí, a demência acompanhou os solitários derradeiros meses da vida do filósofo. A esposa e o arquivo que continha milhares de morosas anotaçóns estenográficas, forom salvos mediante o recurso à valixa diplomática. A aventura foi levada a cabo por um xovem frade franciscano da Universidade de Lovaina. Mas ainda que sexa unha importante verdade moral e afectiva que non nos debemos instalar confortábelmente na actitude da filosofia, também o é que se pode fazer do trânsito da vida quotidiana – com a sua tán “natural” actitude passiva – para a filosofia unha virtude em que viver: unha casa practicamente definitiva, à beira do precipício e exposta ao furacón. Sócrates, Husserl, e outros – non demasiados – demonstraram-no com o seu exemplo. Formando unha curiosa tradiçón: a das pessoas sem tradiçón, a das pessoas que realmente se questionam, isto é, que realmente se abstêm. Abstêm-se das “aparências”, das “opinións”, das conductas dos “muitos”, como diziam os gregos da época clássica (Solón, Heráclito, Sócrates). Essas vistosas aparências designaram-se em grego “doxai”, ou sexa, glórias brilhantes, prestíxios; mas glórias que seduzem, que enganam e prendem. Quando delas se consegue cada um abster, faz um movimento no qual obedece a um brilho muito mais poderoso, a unha luz que cega, que se chama precisamente “verdade”. “Debes abster-te”. Non te apresses a negar, mas, simplesmente, considera-o melhor. Suspende o prestíxio, a glória com que todo o mundo rodeia certas teses e, por conseguinte, certas maneiras de viver, e vive na meditaçón, na pergunta, no diálogo; e quando tiveres visto positivamente algo com unha luz tán deslumbrante como aquela que agora te leva a dar este passo, aceita-o com valentia, assume as consequências, adequa a tua vida sempre à verdade que se te manifestar nua quando a tiveres procurado com paixón infinita.”
MIGUEL GARCÍA BARÓ