MONTAIGNE (O INFALSIFICÁVEL LIBRO DA NATUREZA)

Cinco anos depois do desaparecimento de La Boétie, a 18 de Xunho também morre Pierre Eyquem, e Michel torna-se senhor de Montaigne. Há xá bastante tempo que o pai lhe tinha confiado a traduçón da Theologia Naturalis de Sebond, antigo presente do humanista Brunel (“homem considerado na sua época como um reputado erudicto”: dactado de 1542, quando Michel tinha apenas nove anos. A obra verá a luz em París, em 1569. Foi publicada por Guillaume Chaudière, na rua Sainct-Jacques, “à l’enseigne du Temps et de l’homme Sauvage”, pelo mesmo impressor que se encarregará da segunda ediçón (1580), corrixida “dos seus numerosos erros”; A traduçón terá o título de Theologie Naturelle de Raymnond Sebond docteur excellent entre les modernes… O título orixinal da ediçón Balsarin (Liber Creaturarum…; na ediçón Paffroed) sobrevive na páxina interior: Livre des Creatures de Raymond Sebonde, traduit du latin em François. A Raymond Sebond (ou Ramon Sibuida), teólogo catalán pouco conhecido, Montaigne dedicará um dos seus ensaios: Apologia de Raymond Sebond. De Sebond apenas se sabe que exercia a profissón de médico em Toulouse, onde morreu por volta de 1432 (“há duzentos anos”). Muito provavelmente sería oriundo de Barcelona, e foi professor de medicina, teoloxía e Sagrada Escritura. Montaigne destaca a sua maneira de ecrever em castelán “com sufixos latinos”. Com a proposta de explicitar o papel primário da razón (através do libro da natureza chega-se a Deus) no âmbito teolóxico, a sua obra (polo menos para Adrianus Turnebus, seu professor no Coléxio) é a quinta-essência extraída da filosofía de Santo Tomás de Aquino (II, 12). Montaigne admite que quer fixar e probar contra os ateus, com razóns humanas e naturais, os artigos da relixión cristán (tal como se esforçou Sebond), era unha finalidade audaz e coraxosa, que non era possíbel fazê-lo melhor com aquele argumento e que, portanto, ninguém tería igualado a empresa de Sebond. Mas também acredita que Santo Tomás non ficou fortalecido por isso. Montaigne mostrar-se-á hostil a respeito do método alegórico ou analóxico, e relegá-lo-á para o campo dos sofismas verbais, enquanto Santo Tomás, xá no “incipit” da Suma Teolóxica, acredita ser indispensábel para a teoloxía cristán a interpretaçón alegórica, no xogo e sob o véu das semelhanças visíveis no corpo. O pai de Montaigne considerava-o um bom antídoto contra as heresias e a relixión de Lutero e útil para unha reconquista político-relixiosa, ou sexa, unha obra útil “para a estaçón”, teatro das “novidades”. Embora para o bordalês o libro sexa pouco conhecido, parece-lhe adequado ao “culto” da ortodoxía – apesar do texto ter estado incluído no Índex e o “Prologus” tivesse permanecido. Sebond quería substituir polo “infalsificábel libro da natureza” o falsificábel libro das Escrituras, para chegar à descoberta racional da necessidade dos dogmas de fé. No libro da natureza, dado ao home desde o princípio xuntamente com a totalidade dos seres, cada criatura é unha letra escrita polo dedo divino. O libro único das criaturas, outorgado ao home como libro “próprio, natural e infalíbel, é composto por muitas criaturas, tal como um libro é composto por muitas letras. Nele, o home é a letra “principal” do próprio libro, a letra capitular, e, dado que a letra e as palabras formadas com letras implicam e incluiem a ciência, vários significados e oraçóns, do mesmo modo as criaturas unidas e reciprocamente combinadas implicam e indicam vários significados e oraçóns e contêm a ciência necessária para o home. O segundo libro, o libro das Escrituras, foi dado ao home num segundo tempo (momento no qual xá tinha desaparecido o primeiro libro, sexa porque o home xá non sabia ler, ou porque se tinha tornado cego). Mas enquanto o primeiro libro é comum a todos, clérigos e laicos, o segundo só é lexíbel polos clérigos ou por intermédio deles.

NICOLA PANICHI

Deixar un comentario