Arquivos diarios: 18/12/2019

Imaxe

TRÂNSITOS E LUXÚRIAS NOS ANOS 60

Descubrir que tinhamos umbigo, foi o princípio da liberdade, o qual nos causou non poucas perplexidades. As muitas saias e refânxos da mulher espanhola, que quando bicaba facía-o com verdade, non nos deixabam ver o seu umbigo. Nem os seus beixos. Quando o descubrimos, démo-nos conta de que o umbigo celtibérico nada tinha que ver com os umbigos das suecas. Nem os beixos tampouco. Suecas era um nome xenérico que se daba a todas as extranxeiras que arribabam às nossas costas, foram de onde foram. As suecas-alemáns a mim, atraíam-me muito mais que todas as outras suecas, as suecas-suecas ou as suecas-francesas ou ainda as suecas-inglesas, e foi a grey que tratéi mais de perto. O umbigo foi um emblema liberador e estéctico da xeraçón nascida nos quarenta, acostumada às enáguas almidonadas, bragas de esparto e demais atropos com que as espanholas celabam a concupiscência dos seus corpos. Á seguinte xeraçón, o umbigo xá lhe importou menos. Tinha descoberto cousas mais importantes que o umbigo. As suecas forom o pecado libertador, disso non cabe dúvida. Por essa guerra de liberaçón, tán determinante nas nossas vidas, deberíamos guardar-lhes eterna gratitude. As suecas cambiarom a vida, e o que é melhor, a moralidade estrícta de muitos espanhois. O umbigo das suecas era como um dedal de ouro; unha espécie de Santo Grial, fonte de vida eterna ó alcance da mán; um cáliz pequeninho onde se empozabam gotas de suor e sal como se fora rocío. E alí se quedabam, polo menos unha, sempre, como unha perla preciosa que se resistira a disoluçón do calor. Eu, Sebastián Villegas Zapata, nunca me tinha fixado nestas perfeiçóns; mas com o tempo fún aprendendo que o sentido estéctico da vida era base e fundamento de muitíssimos prazeres. Por entón, ao comprobar o acabado dos umbigos nacionais, em comparaçón com os extranxeiros, limitei-me a pensar que na Espanha tinha habido malas comadronas e que éstas eram as culpábeis dos desarranxos celtibéricos. Com o tempo, melhorarom muito as comadronas e, consequentemente, melhorou a ideia de liberdade. Os umbigos das espanholas, salvo honrrossas excepçóns, non eram aqueles pocilhos pequenos, regulares e perfeitos, que tinham as extranxeiras; eram como nós mal feitos, nós de pastor tosco ou marinheiro inhábil que cerrabam a cal e canto um mundo interior tumultuoso e tórrido. Em vez de unha suave depresón caminho de enigmáticas interioridades, os umbigos eram um grán salvaxe nascido na planície corporal. Esse rude corte do cordón umbilical punha como um florón agreste na barriga das espanholas e sacaba-lhes quase todo o encanto; era anunciaçón montaraz de que o corpo das espanholas era território inacessíbel. O umbigo das suecas, em cambio, era unha invitaçón a um viaxe polo seu mundo interior, um buraco máxico que podía ensanchar-se como um sonho e converter-se em puzo onde apagar a sede. Os espanhois tinhamos unha sede de séculos; e os espanhois que, como eu, Sebastián Villegas Zapata, vinhamos dos páramos de Castela e dos seus claustros conventuais, unha sede que acaso nunca poderíamos saciar. Chegar à boca pequena daquel puzo era unha aventura: como chegar às portas de unha cidade prohibida e maldita.

JAVIER VILLÁN E DAVID OURO

ESCRITORES HISPÂNOS (ACADEMIA CADÁLSICA)

Academia Cadálsica. Círculo literário chamado así na honra de José Cadalso y Vázquez, o qual arribou a Salamanca em 1771, aínda dorido pola morte de María Ignacia Ibáñez. Alí, aprofundou unha amizade importante para as letras hispanas com Juan Meléndez Valdés e com Iglesias de la Casa. Também formarom parte da academia, fray Diego González, Juan Pablo Forner e fray Juan Fernández de Rojas. O grupo muito influído por Cadalso, foi conhecido na corte e mais lonxe ainda. Escrebia-se principalmente poesía bucólica, que enlazaba com a tradiçón de Garcilaso e fray Luís de León, mas também pequenas poesías eróticas e satíricas. O mais importante libro saído do Círculo foi o de Cadalso, Ocios de mi juventud (Salamanca, 1773). Esta Academia foi mais tarde substituída por “El Parnaso Salmantino” e “La Arcádia Agustiniana.

OXFORD

ESCRITORES HISPÂNOS (ACADEMIA)

Academia (Gr.: akademeia). Coba perto de Atenas, chamada assím na honra do herói Akademos ou Hekademos. A casa e o xardím de Platón estabam situados por alí, onde também abríu a sua escola de filosofia. Arquesilo fundou c. 250 d. C. unha segunda academia na qual ensinou um platonismo modificado. Carneades fundou unha terceira em 213 d. C. Justiniano, cerrou a academia como tal, mas “as cobas da academia” é ainda unha expresón popular, que se refêre ao mundo da erudiçón. Existem ainda hoxe a Real Academia Espanhola; a Academia de Buenas Letras de Barcelona (1729); a Real Academia Sevillana de Buenas Letras (1751), a Real Academia de Ciencias, Bellas Letras e Nobles Artes (1810), de Córdoba.

OXFORD

ESCRITORES HISPÂNOS (ABÛ-L-BAQÂ’ AL-RUNDÎ)

ABÛ-L-BAQÂ’ AL-RUNDÎ ou Abul-Beca de Ronda (fl. s. XIII). Poeta arábigo-andaluz conhecido principalmente por unha elexía à perda de Valência e Murcia frente às hostes de Xaime de Aragón, e à de Córdoba e Sevilla frente a Fernando III o Santo. Juan Valera verteu esta elexía para castelán, imitando o tom das coplas de Jorge Manrique”, pois pensou que este fora influênciado por Abul-Beca, ainda que tal teoría xá non é considerada.

OXFORD

MONTAIGNE (O INFALSIFICÁVEL LIBRO DA NATUREZA)

Cinco anos depois do desaparecimento de La Boétie, a 18 de Xunho também morre Pierre Eyquem, e Michel torna-se senhor de Montaigne. Há xá bastante tempo que o pai lhe tinha confiado a traduçón da Theologia Naturalis de Sebond, antigo presente do humanista Brunel (“homem considerado na sua época como um reputado erudicto”: dactado de 1542, quando Michel tinha apenas nove anos. A obra verá a luz em París, em 1569. Foi publicada por Guillaume Chaudière, na rua Sainct-Jacques, “à l’enseigne du Temps et de l’homme Sauvage”, pelo mesmo impressor que se encarregará da segunda ediçón (1580), corrixida “dos seus numerosos erros”; A traduçón terá o título de Theologie Naturelle de Raymnond Sebond docteur excellent entre les modernes… O título orixinal da ediçón Balsarin (Liber Creaturarum…; na ediçón Paffroed) sobrevive na páxina interior: Livre des Creatures de Raymond Sebonde, traduit du latin em François. A Raymond Sebond (ou Ramon Sibuida), teólogo catalán pouco conhecido, Montaigne dedicará um dos seus ensaios: Apologia de Raymond Sebond. De Sebond apenas se sabe que exercia a profissón de médico em Toulouse, onde morreu por volta de 1432 (“há duzentos anos”). Muito provavelmente sería oriundo de Barcelona, e foi professor de medicina, teoloxía e Sagrada Escritura. Montaigne destaca a sua maneira de ecrever em castelán “com sufixos latinos”. Com a proposta de explicitar o papel primário da razón (através do libro da natureza chega-se a Deus) no âmbito teolóxico, a sua obra (polo menos para Adrianus Turnebus, seu professor no Coléxio) é a quinta-essência extraída da filosofía de Santo Tomás de Aquino (II, 12). Montaigne admite que quer fixar e probar contra os ateus, com razóns humanas e naturais, os artigos da relixión cristán (tal como se esforçou Sebond), era unha finalidade audaz e coraxosa, que non era possíbel fazê-lo melhor com aquele argumento e que, portanto, ninguém tería igualado a empresa de Sebond. Mas também acredita que Santo Tomás non ficou fortalecido por isso. Montaigne mostrar-se-á hostil a respeito do método alegórico ou analóxico, e relegá-lo-á para o campo dos sofismas verbais, enquanto Santo Tomás, xá no “incipit” da Suma Teolóxica, acredita ser indispensábel para a teoloxía cristán a interpretaçón alegórica, no xogo e sob o véu das semelhanças visíveis no corpo. O pai de Montaigne considerava-o um bom antídoto contra as heresias e a relixión de Lutero e útil para unha reconquista político-relixiosa, ou sexa, unha obra útil “para a estaçón”, teatro das “novidades”. Embora para o bordalês o libro sexa pouco conhecido, parece-lhe adequado ao “culto” da ortodoxía – apesar do texto ter estado incluído no Índex e o “Prologus” tivesse permanecido. Sebond quería substituir polo “infalsificábel libro da natureza” o falsificábel libro das Escrituras, para chegar à descoberta racional da necessidade dos dogmas de fé. No libro da natureza, dado ao home desde o princípio xuntamente com a totalidade dos seres, cada criatura é unha letra escrita polo dedo divino. O libro único das criaturas, outorgado ao home como libro “próprio, natural e infalíbel, é composto por muitas criaturas, tal como um libro é composto por muitas letras. Nele, o home é a letra “principal” do próprio libro, a letra capitular, e, dado que a letra e as palabras formadas com letras implicam e incluiem a ciência, vários significados e oraçóns, do mesmo modo as criaturas unidas e reciprocamente combinadas implicam e indicam vários significados e oraçóns e contêm a ciência necessária para o home. O segundo libro, o libro das Escrituras, foi dado ao home num segundo tempo (momento no qual xá tinha desaparecido o primeiro libro, sexa porque o home xá non sabia ler, ou porque se tinha tornado cego). Mas enquanto o primeiro libro é comum a todos, clérigos e laicos, o segundo só é lexíbel polos clérigos ou por intermédio deles.

NICOLA PANICHI