Arquivos diarios: 15/12/2019

LOCKE (O LIBERALISMO)

O liberalismo, tal como ele o articulaba, reequilibra a distribuiçón de forzas dos diversos sectores sociais e visaba unha separaçón de poderes como aquela que, posteriormente, elaborará Montesquieu. Essa distribuiçón do poder destruiu o “statu quo” com a promessa de unha divisón mais xusta e melhor para a maioría. O seu liberalismo oferece um horizonte positivo, unha vez que recompensa o esforço e o trabalho, ao mesmo tempo que estabelece um enquadramento legal que protexe os frutos desse trabalho. Sabemos que, na realidade, non foi tudo assím tán bonito como pode parecer, pois tratou-se mais de um triunfo da burguesia do que do Zé-povinho, mas a possibilidade de unha melhoria extensíbel a todos os estractos sociais xá ali estaba. Tinha-se dado um passo decisivo que, séculos mais tarde, daria orixem ao Estado do Bem-Estar Social. A concepçón liberal de Locke, como demonstra o seu triunfo, apresenta-se muito mais atractiva do que a resignaçón a que condenava o seu antecessor britânico Hobbes, para quem a monarquia absolucta era o menor dos males e preferíbel a estar sob o domínio do povo. A vixência de Locke radica nesse empenho pola liberdade e na necessidade de a manter tanto no campo social como no teórico. Apesar das sombras do seu discurso, que também mencionaremos, é necessário enfatizar as partes do seu ideário que ainda hoxe, mais de trezentos anos depois, conservam o vigor. Non será em ván: seguir a sua teoria do conhecimento e entender como dá orixem a unha posiçón liberal caracterizada pola tolerância política servir-nos-á para estar alerta perante concepçóns excludentes ou que pretendem ser soluçón para tudo. A limitaçón do poder da razón é unha das maiores contribuiçóns do empirismo britânico que ele liderou, um dos seus grandes legados e o motivo polo qual se continuam a escrever libros sobre Locke. Apesar de o seu discurso non estar isento de contradiçóns, mostraremos a sua riqueza e as suas teses para compreender o que há de Locke na concepçón moderna do mundo. Non encontramos na sua obra um sistema conceptual complexo: o que nos oferece son ideias directas e claras, e é aí precisamente que radica o seu interesse. Trata-se de um autor de transiçón, que soubo canalizar correntes iniciadas em Descartes e deu a outros, como Leibniz ou Hume, as ferramentas necessárias para explorar novos caminhos. Trouxe unha visón inovadora, ainda que non radical, que contribuiu para que o pensamento evoluísse e superasse alguns dos problemas em que o racionalismo tinha caído. É importante também referir que as suas teses políticas foram desautorizadas tanto por conservadores como por libertários: os primeiros achavam que incitabam à revoluçón; os segundos, que só serviam para reforçar a ordem estabelecida. O marxismo da segunda metade do século passado assinalou Locke como um dos teóricos da propriedade privada e acusou-o de xustificar as diferenças de classe. A verdade é que esta visón de Locke alterou-se e enriqueceu-se: o foco de interesse deslocou-se para a sua defesa da liberdade a partir de unha posiçón epistemolóxica que foxe a dogmatísmos. Deixou de ser considerado um apoloxista do capital para se elevar como um dos teóricos que advogavam por unha racionalidade mais humana e que reivindicam a rebelión do povo contra os abusos do poder político. Limitar-nos-emos a seguir as suas palabras e narraremos como se desenvolveu o xogo intelectual que ele propôs no tabuleiro da Europa moderna. Por isso, traçaremos, antes de mais, unha panorâmica do seu contexto histórico.

SERGI AGUILAR