Arquivos diarios: 07/12/2019

ARISTÓTELES (AS VIAXES)

É possíbel que Aristóteles pensasse na possibilidade de voltar à Macedónia para recuperar-se da decepçón de ter que sair de Atenas pola porta do cavalo, mas debe ter descartado rapidamente a ideia, ao aperceber-se de que a sua Estagira natal acabava de ser destruída polo rei Filipe da Macedónia na sua conquista da península Calcídica e que muitos dos seus habitantes se tinham tornado escravos macedónios. Optou, desta maneira, por regressar a Atarneu, para onde ele e Xenócrates tinham sido convidados por Hérmias, tirano dessa cidade e da vizinha Assos, além de ex-companheiro na Academia platónica, onde o Estagirita e ele tinham tecido unha grande amizade. Aristóteles e Xenócrates aceitaram o convite e Hérmias recompensou-os enormemente. Pouco saberíamos da biografia de Hérmias se non fosse polas referências que encontramos nas obras de Aristóteles. Segundo este, o encontro com os filósofos tivo grande efeito sobre o tirano – até entón tido por bárbaro pelos seus contemporâneos – que o seu governo descontraiu-se e começou a aplicar algunhas das teorias platónicas sobre a organizaçón e o governo das sociedades que tanto tinham discutido e analisado na Academia. Durante a estada dos pensadores na cidade, o seu anfitrión procurou observar um “comportamento filosófico”, tal como afirmou ele mesmo no momento da sua morte, por volta do ano 341 a. C., torturado polos persas. Também foi Hérmias que pôs Aristóteles e Xenócrates em contacto com Erasto e Corisco, outros dous platónicos, igualmente antigos membros da Academia, facultando-lhes tudo o que era necessário para que os quatro pudessem instalar-se em Assos, em frente à ilha de Lesbos, onde fundaram a que seria a primeira escola de Aristóteles, com o desexo de torná-la na “autêntica” Academia. Um dos assíduos da escola de Assos era Teofrasto, que Aristóteles também tinha conhecido na instituiçón platónica e que acabaria por ser o seu principal discípulo e sucessor à frente do Liceu, a escola que o Estagirita fundaria, anos mais tarde, em Atenas. Aristóteles permaneceu cerca de três anos em Assos, onde se casou com Pitíade, sobrinha ou filha adoptiva de Hérmias, de acordo com diferentes fontes, com quem teve unha filha também chamada Pitíade. Por razóns desconhecidas, mudou-se para Mitilene, na ilha de Lesbos, de onde era oriundo Teofrasto. Ali fundou outra escola, à imaxem e semelhança da Academia, que se manteve aberta durante mais dous anos. Nesse período, em Assos e, sobretudo, em Mitilene, Aristóteles dedicou-se ao estudo da meteoroloxía, da química, da física, da psicoloxía e, sobretudo, a investigar no campo da bioloxía, especialmente a marinha, matéria da qual é considerado o fundador. As primeiras classificaçóns de animais e prantas com um certo critério, contidas em obras desta época, serám, precisamente, unha das grandes contribuiçóns de Aristóteles para a ciência, que demorarám quase dous milénios a serem superadas. De facto, o “fixismo biolóxico” defendido polo Estagirita, segundo o qual as espécies nunca mudam, polo contrário, som fixas e inalterábeis, manteve-se vixente durante mais de vinte séculos e recebeu o apoio da Igrexa, visto que ia ao encontro da sua ideia da criaçón e de negaçón da evoluçón das espécies.

P. RUIZ TRUJILLO