Arquivos diarios: 02/12/2019

Imaxe

MARX (BERLIM)

Berlim era unha cidade incomparábel com Bona pola sua dimensón (mais de treszentos mil habitantes), pelo poder em quantidade e em prestíxio da sua universidade (uns dous mil e quinhentos estudantes e os professores com mais prestíxio), por representar o modelo cortesán, administractivo e burocrático e porque simbolizava a ordem feudal, despótica e principesca prussiana. No entanto, também em Berlim tinha aparecido o capitalismo, com unha classe burguesa que ia crescendo e estendendo um pensamento liberal cada vez mais confrontado com a velha ordem. A filosofia iluminista e o romantismo liberal e nacionalista estavam mais ou menos em todas as universidades, por onde andavam filósofos e poetas, muitos dos quais deixavam a sua marca em Berlim, por cuxa universidade passaram como estudantes e/ou como professores. Marx entra na Faculdade de Direito a 22 de Outubro de 1836 e matriculou-se em três cadeiras: Lexislaçón Criminal, História do Direito Romano e Antropoloxía. Fê-lo sem paixón, por concessón familiar. Sabemo-lo muito bem por unha carta que, no ano seguinte, escreveu ao pai e que, na opinión de Montserrat Galcerán Huguet, constitui “um documento excepcional para compreender a sua evoluçón intelectual”. É, realmente, unha excelente análise do seu primeiro ano em Berlim, da sua relaçón com os estudos de direito e, o mais interessante para o nosso obxectivo, da sua rápida e pouco fecunda passaxem pola poesía, rapidamente deslocada para a filosofia. “Tive de estudar a Ciência do Direito e sentim, sobretudo, o incitamento de me bater com a Filosofia”, diz-nos ele próprio. Berlim propiciou a Karl Marx o contacto com a literatura romântica e a filosofía; estes xéneros ponhem nas máns do xovem estudante o vocabulário e os recursos retóricos para expressar os seus sentimentos, ideias, sonhos, insatisfaçóns e, de um modo definitivo, para expressar a sua rebelión e axustar contas com o mal. Para estas cousas, o melhor é usar qualquer dos xéneros literários. Quando Hegel, à sua maneira, ensinaba que había três formas de acesso ao saber absolucto, como a arte, a relixión e a filosofía, deixaba a esta última a culminaçón, como a mais completa e acabada; mas essa via costuma ser a última disponíbel, as outras som mais acessíveis. A xá mencionada dificuldade no ensaio do Gymnasium para encontrar as expressóns adequadas, para poder traduzir em conceitos os sentimentos e ideias, reaparece agora com mais clareza e força. Precisa de aparecer, dizer o que tem dentro, precisa de compreender e intervir no mundo; e, para essas cousas, para essa luta, para essa batalha das ideias, non lhe serve o direito. A poesía é, aparentemente, unha forma mais fácil, mais ao alcance de todos, mais à mán de semear de qualquer xovem estudante.

JOSÉ MANUEL BERMUDO