Arquivos diarios: 19/07/2017

O VALOR DAS COUSAS QUE TEÑEN UN LUME

.

O valor das cousas que teñen un lume

escondido.  Os homes que miran

o cenit e o horizonte chorando de ledicia.

Miro pola fiestra as almas que me queren.

Canta un melro, canta.

¡Qué gracioso ouvir uns pasos que falan

cando a pel sinte tristura!

 

francisco candeira

A GUERRA DOS TRINTA ANOS (VIII)

.

               O pano de fundo no continente era a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), que opunha soberanos católicos, como os Habsburgo da Austria e de Espanha, a luteranos e calvinistas.  O epicentro deste conflicto estava em terras alemâs, mas a guerra acabaria por afectar directa ou indirectamente muitos outros países, como a Dinamarca, a Suécia, a Holanda, a França, a Rússia, o império turco ou os mencionados estados italianos.  A guerra foi motivada por conflictos de interesses religiosos, embora em breve estes fossem substituídos por outros de carácter político e se tenham formado blocos que agrupavam naçoes de diversos credos.  Este clima bélico, como se de uma tempestade se tratasse, ia-se aproximando também das Ilhas Britânicas.  Devido ao envolvimento da Inglaterra, no conflicto e ao seu financiamento (o Parlamento negou-se a conceder fundos, o que levou o rei Carlos I a cobrar impostos sem a sua aprovaçao e a encarcerar todos aqueles que se recusassem a pagá-los), a Camara dos Comuns conseguiu por fim que em 1628, o rei aceitasse a Petiçao de Direitos (Petition of Rights), uma limitaçao do poder real em forma de uma série de garantias invioláveis dos súbditos.  Porém, um ano depois, o rei reagiu e mostrou-se tao intransigente como o pai ao encerrar a porta do Parlamento, que foi fechada literalmente com correntes e cadeados e se manteve assim durante onze anos.  Criaram-se entao dois partidos: os favoráveis ao poder real e os defensores da soberania dos súbditos.  As disputas entre eles diziam respeito ao dever de reconhecimento do direito divino dos reis, ás atribuiçoes do Parlamento, á tolerância religiosa e a questoes muito mais prosaicas, mas de peso, como a cobrança de impostos.  Pouco a pouco Hobbes foi intervindo na vida pública devido á estreita relaçao que mantinha com os seus patronos.  Naquela época, além disso, publicou as suas primeiras páginas, por exemplo, a introduçao á sua traduçao da “História da Guerra do Peloponeso” de Tucídides.  (…)  No entanto, o efeito de Tucídides sobre Hobbes foi o contrário do que os amigos venezianos teriam desejado, pois reforçou ainda mais as suas convicçoes monárquicas.  É certo que, no programa do humanismo, Hobbes nunca foi seduzido pelo republicanismo clássico, motivo pelo qual atacará tanto a democracia como o seu ideal de liberdade.  Em meados da década de 1630, outro ramo da família Cavendish reclamou os seus serviços.  Neste caso, tratava-se do conde de Newcastle, cavaleiro e general (chegaria a ser um dos mais destacados na guerra civil que estava a ponto de rebentar), que o incluiu na sua folha de pagamentos.  Esta circunstância foi definitiva para que Hobbes ampliasse as suas inquietaçoes intelectuais, deixando de lado a vertente mais humanista que o ocupara até entao.  O conde e o irmao estavam a trabalhar em assuntos eminentemente militares, pelo que pediram ao novo conselheiro, como se de Leonardo da Vinci se tratasse, que os ajudasse a melhorar a sua tecnologia bélica.  Foi a partir desse pedido que Hobbes deixou de ser unicamente um homem de letras para se tornar também um cientista.  Deste modo, começou a ocupar-se de questoes prácticas, como a óptica, a dinâmica aplicada á balística ou a equitaçao -a este assunto dedicará um opúsculo nunca publicado, de valor residual.  Durante esse período vao-se cristalizando em Hobbes uma série de influências que, até ao momento, tinham aparecido de forma dispersa.  Tomou, sobretudo, consciência da importância do método na ciência moderna, do poder da deduçao e da melhoria da qualidade de vida que pressupoe a sua aplicaçao práctica.  A partir de entao dedicar-se-ia por completo a colaborar, na medida das suas possibilidades, no desenvolvimento das diversas discíplinas.  Especialmente esclarecedor foi o estudo da obra de Galileu Galilei, dedicada também á dinâmica, e que estabeleceu os fundamentos da física clássica (anterior a Newton).

 

ignacio iturralde blanco

O LUME NO FORNO

.

O lume no forno

e o fumo que sobe como néboa.

Os azulexos con paisaxes brancas

sobre a terra escura.

Os que foxen pra esconderse dos pozos.

Aquel que esconde as mans pra fuxir do odio.

¡Son un neno a mirar pró corazón

deitado nun regueiriño!

 

francisco candeira