.

A passagem da física medieval para a moderna foi a mudança de paradigma mais decisiva da história científica. Non só porque o Universo e o mundo se virom de unha maneira completamente diferente, mas porque se introduziu um método rigoroso que incluía tanto a experiência como a abordaxem deductiva matemática. A passaxem da teoloxia para a ciência levantou complexas questóns filosóficas: possíbel conciliaçón (ou non) das conclusóns da ciência e dos dogmas cristáns, situaçón e sentido do home na ordem xeral das leis universais (entre a submissón total e a liberdade) e a pergunta epistemolóxica sobre o conhecimento: ¿como se pode alcançar um saber certo e sólido da estructura matemática do mundo? Chega o momento em que o pensamento filosófico debe assumir as perguntas colocadas pola nova ciência e tentar encontrar unha resposta para elas. É Descartes quem assume o desafio lançado pola ciência moderna de Copérnico, Galileu, Kepler e (um pouco mais tarde) Newton. Descartes é considerado, por consenso xeral, o fundador da filosofia moderna, porque realiza a primeira tentativa sistemática de assentar e consolidar o pensamento filosófico sobre uns fundamentos que xá non som tomados da teoloxia, pois som autónomos e autossuficientes. É possíbel traçar o percurso essencial do seu pensamento. Na tarefa de fundamentar a totalidade do conhecimento, o filósofo começa por pôr tudo em causa, non assume nada como adquirido. Inclusivamente o que parece mais evidente, o mundo físico exterior transmitido polos sentidos, poderia ser unha ilusón, um engano: poderíamos estar completamente enganados sobre a sua natureza. A “dúvida metódica” acaba por conduzir à primeira certeza: mesmo no momento de maior intensidade da dúvida, há algunha cousa da qual non se pode duvidar: o próprio facto de estarmos a duvidar!
JOAN SOLÉ