.

Em data discutíbel, mas provavelmente a meio caminho entre o final da última era e o primeiro século da nossa, Arístocles de Messina (pensador classificado como peripatético, mas em todo o caso defensor de Aristóteles contra os cépticos) escreveu unha espécie de história do pensamento em dez libros, agrupados baixo o título “Sobre a Sabedoria (De Philosophia), coincidente com o nome de unha obra perdida de Aristóteles, da qual teria efectuado unha espécie de síntese. O trabalho de Arístocles também se perdeu, mas restam ecos do que lá se trataba, em textos de autores posteriores, mais concretamente o teólogo, físico, matemático, gramático e astronomo Xoán Filópono (também chamado Filópono, simplesmente) que viveu em Alexandria no século VI. O texto encontra-se num comentário seu sobre os trabalhos matemáticos do neopitagórico Nicómaco de Gerasa (autor, no início da nossa era, de unha “Introduçón à Aritmética” que foi referência durante séculos) e narra os acontecimentos da humanidade a partir de um dilúvio mítico. Depois de apresentar as etapas da evoluçón da cultura humana análogas “grosso modo” às que acabei de expor, Filópono faz referência a unha posterior que constituiria, por assim dizer, o saber arquitetónico. O texto de Filópono resulta obviamente obscuro: tanto no que diz respeito a quem encarnaria este conhecimento, como ao próprio obxecto de conhecimento; trata-se de unha inspeçón do que de mais habería entre os seus traços: a imutabilidade. Pode pensar-se no “Primeiro Motor Imóvel” de Aristóteles e, inclusive, dado que Filópono era criacionista, no Deus bíblico. Mas há na atmosfera desse texto unha cousa indiscutíbel: qualquer que sexa o conteúdo da filosofia, a meditaçón pola razón e as suas escalonadas etapas constituem unha esixência absolucta. A filosofia é unha disciplina final, unha prova de que a razón humana percorreu as etapas que ván desde forxar o necessário à subsistência até ao conhecimento desinteressado pola natureza, desde a técnica elemental até à física teórica, poder-se-ia dizer. Segundo os textos acima citados do início da “Metafísica de Aristóteles”, muito úteis para a compreensón do que trata o de Filópono, na última etapa o saber descobre que, na verdade, non está debruçado sobre nada alheio, que o saber aspira apenas a si mesmo.
VÍCTOR GÓMEZ PIN