
A “prova” disto é a seguinte: ao longo da nossa vida vimos inúmeros obxectos iguais entre si a partir dos quais chegámos à ideia de igualdade; ora bem, como a “igualdade” non é algo que está no mundo da nossa experiência (non existe o obxecto “igualdade”), essa ideia non pode provir dos sentidos, polo que de algunha maneira tinha que estar na nossa alma xá antes de nascer. Conhecer (elevar-se até às Formas) é recordar: “Mas a alma que xamais observou a verdade nunca atinxirá a forma que é a nossa. E isto porque debe o home compreender as cousas de acordo com o que chamamos “Ideia”, que vai da multiplicidade das sensaçóns para a unidade, inferida pola reflexón. A tal acto chama-se “reminiscência” das realidades que outrora a nossa alma viu, quando seguía no cortexo de um deus”. Em O Banquete (Simpósio) encontramos outra doutrina tanto ou mais famosa do que a do auriga, unha doutrina que indubitavelmente preside ao pódio absolucto no grande prémio das “Ideias pervertidas e mal-interpretadas”: a do amor platónico. Mas, non estávamos a falar de ciência e conhecimento? Para que será agora para aqui chamado o amor platónico? É, e muito, porque a doutrina do amor platónico é essencialmente unha doutrina epistemolóxica, e a sua orixem pouco ou nada tem a ver com trovadores, suspiros apaixonados e baladas ao luar. No diálogo, é-nos relatado o encontro que teve lugar em casa do poeta tráxico Ágaton para celebrar a sua primeira vitória nas festas Leneias, e no qual participaram o próprio Ágaton, Fedro, Pausânias. Aristófanes e Sócrates (Alcibíades, embriagado, xunta-se no final do diálogo). Após o banquete, Erixímaco propón aos demais comensais conversar acerca de Eros, o amor, sobre o qual cada um dos assistentes deverá realizar um discurso. O último a falar é Sócrates, que nos diz que o que tem para explicar sobre Eros, aprendeu-o de unha estranxeira de Mantineia, chamada Diotima (“entendida no amor e em muitas outras cousas”), que o instruiu sobre a questón quando se encontraram anos atrás. Começa assim a descrever a xenealoxía mítica de Eros, que apresenta como sendo filho de “Penia” (pobreza) e de “Poros” (o enxenho, a oportunidade): “Condenado a unha perpétua indixência, está lonxe do requinte e da beleza que a maior parte das pessoas nele imaxina… Rude, miserábel, descalço e sem morada, deitado sempre por terra e sem nada que o cubra, é assim que dorme, ao relento, nos vâos das portas e dos caminhos: a natureza que herdou da sua nái fái dele um inseparábel companheiro da indixência. Do lado do pai, porém, o mesmo espírito ardiloso em procura do que é belo e bom, a mesma coraxem, persistência e ousadia que fazem dele o caçador temíbel, sempre ocupado em tecer qualquer armadilha; sedento de saber e inventivo, passa a vida inteira a filosofar, este hábil feiticeiro, mago e também sofista!
E. A. DAL MASCHIO













