
“Conhecer é recordar”, cantam sabiamente os poetas, diz Sócrates a Ménon quando, depois de várias tentativas falhadas, este parece desistir de dar resposta à pergunta sobre o que é a virtude. E, de facto, também o Parlamento britânico “recorda”, entón, certos aspectos deveras imprescindíbeis. Non há capital sem unha oferta de mán de obra assalariada, non há capital sem operários; mas de nada vale meter num barco os operários se non se meter também “aquilo que os faz ser operários”. Non se trata de exportar operários, mas de exportar “a operariedade”, “aquilo que faz o operário ser operário”, “aquilo em que consiste ser operário”. Todos os indivíduos sabem o que é um operário. Alguns sabem-no por experiência própria; outros, pola experiência de lidar com eles. Algo muito grave debe haber ocurrido nas colónias para que, de repente, todo este maciço de evidências se desfixésse e o Parlamento britânico se apercebesse de que se tinha esquecido do que era um operário. “Esquecemo-nos do que é um operário? Que alguém baixe à rua e nos traiga um!”, podería ter-se exclamado. Um operário é unha pessoa que assina um contracto de trabalho em troca de um salário. E, em Manchester non resulta difícil encontrar um. Basta possuir capital, dinheiro, meios de produçón e um pouco de espírito empresarial, ou simplesmente vontade de xogar na Bolsa, para que toda unha série de pessoas alinhe no xogo, tomando a decisón de serem voluntariamente operários. Um operário diria o filósofo Jean-Paul Sartre, é unha pessoa que toma a cada momento a decisón de se comportar como um operário, desde o momento em que toca o despertador e aceita levantar-se da cama para se dirixir ao seu posto de trabalho. Também o filósofo Michel Foucault asseguraria que um operário é unha espécie de mistura de xestos, órganos e desexos, convenientemente disciplinada, vixiáda e castigada, para se mover como os operários o fazem. No entanto, o Parlamento britânico non concluíu que o senhor Peel debería ter levado para o río Swan o panótico de Bentham (isto é, aquele imenso dispositivo de vixilância e controlo disciplinar exaustivo de que nos fala Foucault), nem se lhe ocorreu enviar directores de consciência que fixéssem as liberdades de lá mudar de parecer relativamente ao som do despertador. Um operário indisciplinado que, polo menos em Manchester, atira o despertador pola xanela e decide continuar a dormir, non deixa por isso de ser um operário. Transforma-se, simplesmente, num operário no desemprego. Em Manchester, non se deixa de ser operário assim tán facilmente: nem à força de liberdade nem à força da indisciplina. Desta maneira, o Parlamento britânico non se tornou nem sartriano nem foucaultiano, mas teve quase unha espécie de revelaçón “platónica” ou, se quiser-mos, estructuralista: em vez de exportar a “mauvaise foi” sartriana ou a microfísica das disciplinas foucaultianas, pôs-se a pensar em como xerar materialmente certas “condiçóns estructurais” que, sem necessidade de pôr em xogo unha intervençón continuada de exercícios de poder, fossem capazes de fazer o operário ser operário.
CARLOS FERNÁNDEZ LIRIA