
Considéra-se xeralmente como o primeiro caudilho dos gnósticos a Simón de Samaria, conhecído como Simón o Mago, aquel de quem nas Actas dos Apóstolos lê-mos que pretendeu comprar a San Pedro o dom de conferir o “pneuma” mediante a imposiçón das máns. Este Simón, modelo das especulaçóns teosóficas e máxicas do seu tempo, foi, mais que tudo, um teurgo semelhante a Apolonio de Tiana. Em Samaria era conhecído como o grande poder de Deus. O mesmo se apelidou, depois da sua separaçón dos apóstoles, “Virtude de Deus”, “Verbo de Deus”; “Paráclito”, “Omnipotente”, e incluso chegou a afirmar nalgunha ocasión: “Ego omnia Dei”, como pudéra dizer o mais cerrado panteísta xermánico do nosso século. O Ser inmutábel e permanente tinha, no conceito de Simón o Mago, diversas maneiras de manifestar-se nas cousas perecedeiras e transitórias; parecía-se à “Ideia” hegeliana, em torno da qual tudo é variedade e mudanza. Também se assemelhaba à “substância” de Espinosa, cuxos atributos som a “infinita matéria” e o “pensamento infinito”, posto que, segundo o taumaturgo de Samaria, a “raíz” do universo determina-se (como agora se diz) em duas clásses de “emanaçóns” ou desarrolhos, materiais e intelectuais, vissíbeis e invissíbeis. Noutros pontos faz Simón unha mistura de cistianismo e platonismo, atribuíndo a criaçón ao “logos” o pensamento divino. Deste “logos” fixo um mito semelhante ao de “Sophia”, supondo-a desterrada aos corpos humanos, suxeita a unha série de transmigraçóns e de calamidades até voltar à esfera celeste, e a simbolizou ou, melhor dito, a encarnou nunha escrava chamada Helena, que tinha comprado na Tróade e fixo sua concubina. Parece indubitábel que os discípulos de Simón, confundiam o “logos” com o “Pneuma” e com a “Sophia”. Polo demais, o mago de Samaria, era a todas luzes de espírito subtil e invencioneiro. Até adivinhou o princípio capital da pseudo-reforma do século XVI. Sabemos por Teodoreto que Simón exhortaba os seus discípulos a non temer as ameáças da lei, senón a que fixéssem libremente quanto lhes vinhéra em talante, porque a xustificaçón (afirma) procede da graça, e non das boas obras. Veremos quán fielmente seguirom muitos gnósticos este princípio. A seita dos “simoníacos” extendeu-se em Siria, em Frigia, em Roma e noutras partes. Dela nascerom, entre outras ramas menos conhecídas, os “dóketos” y “fantásticos”, que negabam que o “Verbo” tivésse tomado realmente carne humana nem participado da nossa natureza, e os “menandrinos”, assim chamados do nome do seu corifeo, que tomou, como Simón, ares de pseudo-profeta e se afirmaba enviádo polo poder supremo de Deus, em cuxo nome baptizaba e prometía inmortalidade e eterna xuventude aos seguidores.
MARCELINO MENENDEZ PELAYO