
Do Oriente, favorecido polo contacto directo com o legado grego, a filosofia passa para o outro extremo do mundo conhecido. Por isso, abordaremos agora Pedro Abelardo, que se distingue polo seu domínio da lóxica e pelo seu espírito crítico, traços que, como veremos, caracterizarám a “escolástica tardía”. Mas anteriormente o pensamento cristán tinha dado os seus primeiros passos. De facto, depois da patrística começou o lento desenvolvimento da escolástica. Nunha fase inicial, dominárom os seus pobres começos o “enciclopedismo” no campo da erudiçón (no qual se destaca Santo Isidoro de Sevilha, com as suas “Etimologias”), o agostinianismo em teoloxía e o neoplatonismo em filosofia. Depois surxíu um pensador relevante, Xoán Escoto Erígena (século IX, embora non tenhamos unha cronoloxía precisa), professor na escola palatina da côrte de Carlos, o Calvo, traductor e introductor das doutrinas místicas de Pseudo Dionísio e autor de um libro sobre a natureza entitulado “Periphyseon” ou “De Divisione Naturae” (Sobre a Divisón da Natureza), no qual se tenta conciliar a cosmovisón cristán e a filosofia neoplatónica, e que pode ser considerada a primeira grande obra metafísica do medievo cristán. O seu destino foi infeliz: condenado no Concílio de París em 1210, o papa Honório III ordenou que esta obra fosse queimada em público. Segundo Escoto, a razón é necessária para compreender a revelaçón: “Ninguém entra no céu sem ser através da filosofia”. Em caso de conflícto entre a autoridade e a razón, ele inclinava-se para esta última: unha escolha sempre arriscada, sobretudo na Idade Média. Outro filósofo relevante da “escolástica precoce” foi Anselmo de Cantuária (1033-1109). Nascido em Aosta (Itália), entra como monxe na abadia normanda de Bec, da qual chegará a ser abade, e acaba a sua carreira eclesiástica como arcebispo de Cantuária, desde 1093 até à sua morte. Com ele, a dialéctica reconcilia-se definitivamente com a ortodoxia. O seu lema “Fides quaerens intellectum” (“A fé em busca da intelixência”) reflete bem o espírito que domina unha nova época. Entre as suas obras debemos referir o “Monologion”, em que formula as probas “a posteriori” (isto é, dos efeitos às causas, ou através da experiência) da existência de Deus, e o “Proslogion”, em que se tenta demonstrar a existência de Deus a partir da sua própria ideia como ser perfeito; é o chamado “argumento ontolóxico”, de tán escassa aceitaçón na escolástica, mas que teve um acolhimento favorábel no racionalismo europeu até Kant, cuxa crítica resultou demoledora. Num clima incipiente de debate, as demonstraçóns anselmianas som para ele “razóns necessárias” que non coloca em questón a Revelaçón, mas que procuram compreendê-la com argumentos “invencíbeis”.
ANDRÉS MARTÍNEZ LORCA