
Como se viu na apresentaçón, Kant qualifica de revoluçón copernicana a sua nova proposta em teoria do conhecimento. Mas esta inversón non debe levar-se até ao extremo de pensar que, segundo Kant, o espírito humano e as suas ideias possam constituir ou criar, por si mesmos, a realidade. Kant insiste em que esta revoluçón non afecta a realidade empírica do mundo, o que muda, radicalmente, é a explicaçón do seu conhecimento. A revoluçón implica que o suxeito non é passivo ao conhecer, que debe submeter as cousas a determinadas normas que ele possui a “priori” como estructuras cognoscitivas e que som a condiçón de possibilidade de qualquer conhecimento: as cousas non podem ser conhecidas sem elas. Som elementos prévios e independentes da experiência, algo que o suxeito cognoscente utiliza activamente: os conceitos a “priori” do entendimento, que Kant também denomina de categorias. Imaxinemos que temos uns óculos graduados de lentes vermelhas que tinxem tudo desta cor. Poderíamos suspeitar que o mundo non é vermelho e tirar os óculos para ver como ele é realmente. Mas ao perder a graduaçón de que necessitamos para ver, a experiência seria inútil e perxudicial: tudo se perderia nunha massa turva e desfocada. A isto equivaleria tentar conhecer para além das nossas próprias estructuras. Neste ponto, vale a pena citar unha imaxem poética de Kant, tanto por ser bela em si mesma, como por ser, certamente, o único passo, em toda a sua extensa obra, em que o filósofo se deixa levar polo arrebatamento lírico: “Enquanto no libre voo fende o ar do qual sente a resistência, a leve pomba poderia ser ainda mais bem-sucedida no espaço sem ar”. Temos, portanto, um modelo de conhecimento. Toda a “Crítica da Razón Pura” é dedicada a examinar os seus componentes e a traçar os limites do seu alcance. Kant pergunta-se como é possíbel o conhecimento certo. Non se pergunta se existe, porque está convencido de que a matemática e a física newtoniana xá o proporcionarom. E se quer saber em que consiste esse conhecimento, além de ser para descobrir a sua estructura interna, é para determinar se som possíbeis outros tipos de conhecimento que ofereçam o mesmo grau de certeza, incluindo, em lugar preferente, a metafísica e o seu questionamento acerca das realidades últimas da existência. (Como esta exposiçón non é unha história de “suspense”, podemos incluir aqui um “spoiler”: a resposta será non). Metódico e consequente, Kant non quer passar a indagar a possibilidade e a estructura do conhecimento certo sem antes o definir com precisón. Para isso analisa os diversos tipos de xuízos ou proposiçóns que se podem realizar.
JOAN SOLÉ