Arquivos diarios: 24/04/2023

RUSSELL (DA MATEMÁTICA DOS TRANSFINITOS À MECÂNICA QUÂNTICA)

Bertrand Russell representa a actitude “fundacionalista” na filosofia “analítica”. No dealbar do século XX, o sentimento de crise xeneralizou-se em todos os campos da cultura: nas ciências, na política e na arte – da matemática dos transfinitos à teoria da relatividade e à mecânica quântica; da termodinâmica à xenética das populaçóns. Foi a era em que os grandes impérios intelectuais – París, Viena, Berlim, Londres – se axitarom com as criaçóns modernistas e inovadoras de xornalistas, escritores e pintores. Bertrand Russell está no centro deste furacón. Non se pode entender Russell sem o “modernismo” nem o “modernismo” sem Russell. O seu desexo de encontrar fundamentos tem de enquadrar-se nesta era. Assim o víron aqueles que compreenderam imediatamente a sua mensaxem, como o “Círculo de Viena”, de que Russell se distanciou, e Wittgenstein, cuxo pensamento non se pode apreender sem a sua obsessón por superar a filosofia “fundacionalista” russelliana, que absorvera. O “fundacionalismo” é unha filosofia constructiva, ou sexa, propón-se como actividade básica, reconstruir unha parcela do conhecimento humano sobre bases sólidas (aviso: unha filosofia constructiva non é necessariamente unha filosofia construtivista; a filosofia “construtivista” defende que quase tudo é unha “construçón social”, ou sexa, producto de convençóns culturais e de interesses, e a filosofia “construtiva”, polo contrário, é um método para analisar o complexo nas suas partes e relaçóns). Nesta actividade de construçón debem distinguir-se dous problemas e as duas soluçóns respectivas: o primeiro é o problema da base, ou sexa, o problema dos materiais com que se vai realizar a construçón, os materiais que assentam no chán formado polos fundamentos. O segundo é o problema da construçón em si, isto é, da forma como se articula a trama que transfere a xustificaçón ou força epistemolóxica da base até ao vértice. Se non se distinguirem estes dous aspectos pode acontecer que unha crítica a um deles se dirixa erradamente contra todo o sistema. No caso do pensamento de Bertrand Russell, esta diferença é muito importante porque, ao longo da sua extensa carreira, mudou de forma substancial o seu modelo “construcionista” à medida que ia tendo em conta as críticas que as suas propostas suscitaram. No que diz respeito á base da construçón, começou por ser defensor dos dados sensoriais no conhecimento empírico e dos axiomas da lóxica no conhecimento formal, e posteriormente especificou ou mudou aspectos essenciais da base. Em relaçón aos instrumentos de construçón, em xeral manteve a sua confiança nos recursos que axudou a descobrir e que abordaremos neste capítulo e no próximo: a teoria das relaçóns, a teoria dos tipos lóxicos e a teoria das descripçóns definidas. O conxunto constitui aquilo a que chamou “atomismo lóxico”, unha das grandes contribuiçóns para a filosofia contemporânea.

FERNANDO BRONCANO