
Marx apontava mais alto na sua crítica, bem para além do tema xudaico. E o que questiona é a suficiência da libertaçón política e, portanto, a ideia do estado como lugar dela. Nesses momentos, para Marx, a relixión e a estado som duas manifestaçóns das “lacunas ontolóxicas” do home real, que revelam a sua incapacidade para controlar as rédeas da sua vida, a sua impotência para gobernar a sua existência e satisfazer as suas aspiraçóns naturais. Essa lacuna do ser humano concreto lança-o para fora de sí e do seu mundo (é a proposta feuerbachiana), empurra-o para a libertaçón de sí; compensa ilusoriamente a perda de sí mesmo com a esperança noutra vida, noutro mundo, perante um xuiz exterior e transcendente. O estado e a relixión som, assim, duas formas de alienaçón da nossa vontade, duas maneiras de a submeter a forças e figuras transcendentes criadas por outros. Essas duas instâncias exteriores às quais o ser humano se submete, e nas quais deposita as suas esperanças, ás quais presta culto, qual referência de sentido da sua vida, som na realidade duas formas de se perder a sí mesmo definitivamente. Marx deixa de pensar no estado e na relixión como meios de reconciliaçón e recuperaçón de sí para passarem a ser mediadores de unha emancipaçón imaxinária e, eventualmente, mecanismos de reproduçón da alienaçón. Mas Marx non só iguala a funçón do estado à da relixión, e reivindica a crítica a âmbos, como parece convencido de que é o momento de centrar a crítica na ilusón política. Daí que afíe a sua pluma e faça sair o seu talento, tentando mostrar que, no fundo, o estado non só é criticábel porque se contaminou de particularismo, negando o seu próprio conceito, non só é criticábel nas suas imperfeiçóns, mas é igualmente criticábel na ideia, na sua apresentaçón ideal como universal que trata a todos da mesma forma, sem reconhecer nenhuma particularidade. Marx dirá que a forma universal com que o estado se apresenta é a melhor maneira que tem de servir a particularidade; ou sexa, a perversón do estado non reside nas suas imperfeiçóns accidentais, mas na sua essência ideal, no seu conceito, nessa universalidade que oculta e nega a particularidade a que serve. O último segredo do estado, onde radica a sua inquietante eficiência, está em tratar-nos como cidadáns na esfera pública enquanto nos consolida como indivíduos privados na esfera civil; declarar-nos alí iguais, emquanto aquí reproduz a nossa desigualdade. E, assim, o conceito filosófico hegeliano de estado, dá lugar a outro, xá marxista, no qual a sua funçón real, oculta e intrínseca, é a de manter e sacralizar as particularidades e diferênças que non reconhece publicamente. Descoberta esta verdadeira funçón do estado como necessária, xá non é possíbel a esperança na libertaçón por esta vía.
JOSÉ MANUEL BERMUDO