
Se os filósofos contarom para algunha cousa no mundo moderno foi em boa medida graças a Kant, que agarrou no testemunho legado por Hume e respondeu com nada menos do que a “Crítica da Razón Pura”, um enorme (perto de setecentas páxinas de letra pequena) e denso volûme de teoría do conhecimento e metafísica. Kant esteve, obviamente, à altura do desafio e, embora tivesse levado o seu tempo (como xá se indicou, doze anos), a resposta foi contundente. Entre as ciências de vanguarda deste século XXI, unha das duas ou três mais avançadas e inovadoras é a da neurociência cognitiva, que examina os processos neuronais implicados na actividade do conhecimento; pois bem, a obra de Kant non é inferior quanto ao alcance, profundidade e complexidade da neurociência. É um dos grandes monumentos erixidos pola intelixência humana e um momento ineludíbel da história da filosofia. Tenta determinar que tipo de conhecimento racional é verdadeiro e que pode considerar-se como científico, que condiçóns requer para se produzir e quais som os seus limites, além dos quais xá non se pode falar de conhecimento sólido. É pois, um tratado de epistemoloxía, ou teoría do conhecimento, e de metafísica (mas temos de advertir que, como veremos, “metafísica” em Kant tem um significado diferente do que lhe é atribuído polos filósofos anteriores). Na primeira parte da “Crítica”, Kant questiona-se como é possíbel o conhecimento certo e sólido, próprio da matemática e da ciência física; na segunda, mostra que as grandes questóns escatolóxicas (imortalidade, liberdade moral e necessidade natural, existência de Deus) non podem ser obxecto de conhecimento teórico ou especulativo, e que, ainda assim, à natureza humana non lhe é possíbel deixar de pensar neles, polo que debem ser tratados num âmbito diferente do da razón teórica. Com isto estende unha ponte entre a “Crítica da Razón Pura” e as duas obras de ética kantiana: “Fundamentaçón da Metafísica dos Costûmes” e “Crítica da Razón Práctica”. Kant propón-se, na “Crítica da Razón Pura”, elucidar que tipos de conhecimento som certos e fiáveis num sentido forte, filosófico. A anterior tradiçón racionalista non tinha dito nada de satisfactório sobre o nosso conhecimento do mundo e Hume ficava aquém no seu reducionismo empírico, porque non explicava como é que a ciência física de Newton tinha proporcionado esse conhecimento certo e fiável. Kant aspira a descobrir como e até que ponto conhecemos. O efeito mais claro do cepticismo de Hume em Kant foi fazer com que ele desconfiasse do princípio de causalidade. Os cientistas baseavam-se nele para explicar a sucessón de causas e efeitos, mas podia muito bem ser que esta causalidade se encontrasse apenas no seu pensamento, que non operasse no mundo exterior a ele. Como pode determinar-se se tal princípio interpretativo e explicativo fundamental tem validade e efectividade obxectivas? Da resposta a esta pergunta depende a compreensón da actividade científica e, de um modo xeral, a lexitimidade da aspiraçón para conhecer o mundo físico.
JOAN SOLÉ