DESCARTES (OLHAR DIRECTAMENTE PARA O MUNDO)

Mas, ao mesmo tempo, no meio do clima liberal renascentista, alguns estudiosos tinham aproveitado para “olhar directamente para o mundo” sem passar pola biblioteca e encontrar nos seus fenómenos, especialmente nos movimentos dos astros, padróns e proporçóns de um tipo matemático. Dessas operaçóns nasceu o heliocentrismo de Copérnico (que postulava o movimento da Terra à volta do Sol, o que era absurdo visto na perspectiva tomista) e, pouco depois, a observaçón da Lua por Galileu, através do telescópio, que verificou no seu “Sidereus Nuncius” (“O Mensaxeiro das Estrelas”, que surxíra em 1610) que nela había vales e montanhas, derrubando assim, quase vinte séculos de taxativa divisón aristotélica entre Céu e Terra. Assim, misturadas frequentemente com essa fébre renascentista por ler o libro da Natureza sem intermediários, apareceram as sementes daquilo a que posteriormente chamaríamos “ciência moderna”. E os seus protagonistas, os “pais fundadores” como Copérnico, Bacon, Galileu ou Kepler, muitas vezes non se distinguíam demasiado de outros erudictos que hoxe tomamos por excêntricos: também para eles as leis físicas eram o modo de Deus se expressar (vexa-se Galileu), ou os átomos, as “notas e letras” com que estaba composto o “Poema do mundo” (vexa-se Giordano Bruno, queimado na fogueira, acusado de ser atomista e ateu).

ANTONIO DOPAZO GALLEGO

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