
“De facto, cada nova classe que passa a ocupar o posto da que dominou antes dela vê-se obrigada, para poder levar avante os fins que persegue, a apresentar o seu próprio interesse como o interesse comum de todos os membros da sociedade, isto é, expressando-o mesmo em termos ideais, a imprimir às suas ideias a forma do xeral, a apresentar estas ideias como as únicas racionais e dotadas de vixência absolucta. A classe revolucionária aparece de antemán, pelo simples facto de se contrapor a unha classe, non como classe, mas como representante de toda a sociedade, como toda a massa da sociedade, face à classe única, a classe dominante.” Neste texto, na verdade, Marx refere o caminho que qualquer luta política debe seguir se quiser ser efectiva. A chave está em conseguir que os interesses particulares de unha classe social possam apresentar-se como os interesses xerais da sociedade no seu conxunto. Isto é aquilo que transforma unha classe social na classe dominante. Unha classe nunca é dominante em virtude do seu mero poder de coerçón, da força bruta que é capaz de exercer sobre outras classes sociais dominadas ou subalternas. A um poder puramente coercitivo faltar-lhe-ia aquilo a que politicamente chamamos “lexitimidade”. Ora, na mesma linha do texto de Marx que acabámos de citar, Gramsci conseguíu revelar os segredos ocultos que se escondem por detrás da questón da “lexitimidade” do poder político. Um poder político estabelece-se como lexítimo quando consegue vestir-se com as roupáxens daquilo a que poderíamos chamar, com Rousseau, a “vontade xeral”. Quando unha classe social consegue que os seus interesses económicos e políticos sexam assumidos pola populaçón como unha vontade xeral, podemos dizer que essa classe social conquistou aquilo a que Gramsci chamou a “hexemonia”. As consequências desta troca dos interesses particulares por interesses do conxunto da sociedade som imensas. O conceito de “hexemonia” atesta um fenómeno crucial para o pensamento político: o tema da “servidón voluntária”. As pessoas aceitam a ordem estabelecida como se, no fundo, houvesse unha secreta convicçón que as faz pensar que as cousas son como têm de ser. Assim, para falar de submissón ao poder, non nos basta pensar no poder coercitivo. As pessoas non obedecem por medo ou, polo menos, non fundamentalmente. A submissón voluntária é, regra xeral (como demonstrou Gramsci e tematizaram depois Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, autores a que mais tarde faremos referência), muito mais importante. Isso apenas pode ocorrer na medida em que a populaçón, em xeral, considera que o poder é “legítimo”. É fácil compreender que quanto mais unha classe ou um grupo social dominante tiver de recorrer à coerçón policial, ao medo, à ameaça, à força ou à violência, menos o resto da sociedade o considerará um poder “lexítimo”. E mais, o recurso à força é sempre unha proba de que esse poder, no fundo, xá está a sozobrar. Isso é o que ocorre nos períodos de crise social, nos momentos de transiçón de um rexime político para outro. Obviamente, um diagnóstico gramsciano da situaçón na qual actualmente nos encontramos desde que estalou a crise em 2008 é, neste sentido, muito importante. Mais adiante voltaremos a isso.
CARLOS FERNÁNDEZ LIRIA