Arquivos diarios: 06/01/2023

ARÍSTOCLES (ENTRE O UNO E O MÚLTIPLO)

Xá non temos desculpas para adiar o nosso encontro com a filosofia de Platón. Portanto, a partir daquí entraremos em pleno no que constitui propriamente o núcleo do “Corpus platónico”. E, como se isso fosse pouco, fá-lo-emos pela porta grande, pois com este capítulo começaremos a ocupar-nos das concepçóns ontolóxicas e epistemolóxicas do filósofo. Dito desta forma pode causar pânico, mas que ninguém se assuste. Como é bem sabido, o termo grego “logos” designa tanto o raciocínio (o pensar) como a palabra (o discurso), pelo que as palabras que em português acabam em “-loxía” costumam referir-se ao discurso ou ao estudo de “algo” indicado pelo termo que precede o sufixo “-loxía”. Assim, a arqueoloxía é o discurso acerca do antigo, a filoloxía, o estudo da língua, e a antropoloxía, o estudo do home. Desta forma, a ontoloxía é o estudo do “ser” (o que é a realidade e quais som as suas propriedades) e a epistemoloxía o discurso acerca da “epistême”, a ciência, ou, de forma mais xeral, o que hoxe em dia chamaríamos teoria do conhecimento (o que nos é dado a conhecer, como se produz o conhecimento). Estes âmbitos están estreitamente relacionados, pois, ao fim e ao cabo, conhecer significa descobrir o que é e como é a realidade (aquilo que é), pelo que dificilmente se pode separar o tratamento de unha questón do da outra. Tanto assim é que quase poderíamos dizer que a escolha de unha posiçón ontolóxica determina unha teoria epistemolóxica. A ontoloxia platónica nasce com o propósito de resolver o dilema que ameaçava dividir e conduzir até a um beco sem saída a xovem filosofia grega: a contraposiçón entre o “Uno” e o “Múltiplo” (a pluralidade). Os mais acérrimos defensores do primeiro elemento da dicotomia, os “monistas”, contavam-se entre as fileiras dos “eleatas”, a escola de Parménides, enquanto os “pluralistas” eram, sobretudo, os “pitagóricos” e os “heraclitianos” (se é que os hoube, e se non, em última instância, pelo próprio Heraclito). Unha luta estéril e sem quartel à qual Platón quis pôr fim com a sua famosíssima teoria das “Ideias” ou das “Formas”, com a qual pretendia conciliar os dous extremos de tán dramático dilema e, consequentemente, dar razón ao mesmo tempo tanto a Parménides como a Pitágoras, dous pensadores com unha enorme influência sobre o pensamento de Platón. Portanto, começemos por ver em que é que consistia o problema.

E. A. DAL MASCHIO