Arquivos diarios: 25/04/2022

¡¡QUE NADA SE SABE!! (51)

Xá vês que grandes motivos de ignorância se nos brindam nas cousas. Melhor o verás quando passemos a expô-las, pois isto foi dito somente em xeral, mas ainda non demostra que non se saiba nada. Tampouco me propuxem demostrá-lo (usando o têrmo “demostrar” no sentido que tú lhe dás), nem podería fazê-lo, pois nada se sabe! Bastante foi ter posto dificuldades. Se logras superá-las, algo saberás. Mas non poderás, a non ser que de improviso outro espírito tenha descendido a escondidas sobre tí. Talvez puidéra acontecer isso, mas eu todavía nunca o ví. Em todo o caso, agora trataremos do que é, non do que pode ser. Por outra parte, os obstáculos que existem nas cousas som mínimos comparados com os que há referênte ao cognoscente. Porque quem estivéra dotado de unha mente perfeita e agudíssima, así como de uns sentidos irreprochabeis, talvez pudera vencer todos esses obstáculos (por concederte isto graciosamente, ainda que non sería capaz de vencê-los, incluso ainda que tivéra alcanzado todas as máximas perfeiçóns). Mas o que se vê resulta tudo o contrário. O segundo que había na definiçón da ciência é, pois, o conhecimento, no qual cabe considerar três elementos: a cousa conhecida, da qual xá nos ocupamos antes; o cognoscente, do qual trataremos mais adiante, e o conhecimento mesmo, que é o acto do cognoscente dirixido à primeira. Agora irémos tratar do conhecimento, mas com a maior brevidade possíbel, xá que tem o seu lugar próprio no tratado “De anima”. É na verdade deficilíssima e cheia de perplexidade a contemplaçón da alma, das suas faculdades e das suas acçóns, se é que se trata de cousas diferentes. Xusto é neste conhecimento, que acostumamos buscar, as dificuldades acrescentam-se: e como nada há mais digno que a alma, nada haberá mais excelente que este conhecimento sem par, porque, se tivera tal conhecimento perfeito, sería semelhante a Deus. Mais ainda: sería Deus mesmo, pois ninguém pode conhecer perfeitamente o que non criou, nem Deus tería podido criar nem gobernar o criádo sem tê-lo conhecido de antemán perfeitamente. Só el, por tanto, é a sabedoria, o conhecimento, o entendimento perfeito; penetra tudo, sabe tudo, conhece tudo, entende tudo, porque é todas as cousas e em todas está; todas as cousas som el e nel estám. ¿Mas como o imperfeito e miserábel homenzinho vai conhecer as outras cousas, quando nem a sí mesmo pode conhecer, ainda que esté em sí e consigo?

FRANCISCO SÁNCHEZ