Arquivos diarios: 19/04/2022

BERKELEY (ILUMINISMO E MORAL)

O Iluminismo inglês abordou também a reflexón crítica sobre a moral. E fê-lo de unha forma orixinal e atrevida, servindo-se muitas vezes da sátira, da ironia ou do sarcasmo para criticar as crenças e as tradiçóns morais, num contexto social caracterizado por conflictos relixiosos nada pacíficos. Foi o caso de Anthony Ashley-Cooper (1671-1713), conde de Shaftesbury, que defendia a ironia e a sátira como armas contra o fanatismo. “O espírito nunca será libre se a libre ironia for suprimida”, afirmaba. O seu obxectivo era reduzir a relixión à moralidade e adxudicar à moral unha autonomia própria instalada nos sentimentos. Antecedendo Kant na proposta da autonomia moral, afigura-se interessante a sua crítica a Hobbes, contra quem afirmaba que a natureza humana non está impregnada de um espírito egoísta e que o homem é um ser social por natureza. Egoísmo e altruísmo non só non se oponhem, como aliás se complementam de forma equilibrada. A amizade e o amor som manifestaçóns desta equivalência, xá que aliam o sentimento de altruísmo para com os outros ao do egoísmo da autosatisfaçón. Berkeley refere-se explicitamente à concepçón optimista que Shaftesbury tem da natureza humana e à importância do sentimento no início de “Alciphron”: “Se o temor de certo escritor muito admirado de que a causa da virtude provabelmente sofrerá menos dano destes enxenhosos adversários do que das suas ternas amas, capazes de a ocultar e matar, com um excesso de cuidado e carícias, e de fazer dela unha mercadoria, ao falar tanto da sua recompensa; se este temor, digo, tem algum fundamento, o leitor poderá decidi-lo”. A sátira, a ironia, a autonomia moral e as actitudes éticas e estécticas no mesmo campo moral implicavam um “volte-face” radical na moralidade tradicional. Impregnado de optimismo tal como Shaftesbury, Francis Hutcheson (1694-1747) também non aceitava o pessimismo hobbesiano em relaçón à natureza humana. A sociedade organiza-se politicamente porque assim é esixido pola imperfeiçón dos homes que, em essência, som xustos e bons, xá que “a melhor acçón possíbel é aquela que procura unha maior felicidade para a maior quantidade de pessoas”, afirmaçón na qual ecoa a máxima do utilitarismo moral, segundo a qual o bom é o útil, e a moral é concebida em funçón do resultado final.

LUIS ALFONSO IGLESIAS HUELGA